domingo, 26 de junho de 2016

O SUBMARINO ANGOLA (06)



E o Submarino Angola está nas profundezas abissais do mundo mais profundo. E por total incompetência do seu comandante jamais à superfície virá, verá.
O comandante do Submarino não sabe o que fazer. Muito antes jurou nacional e internacional que Angola abraçaria a democracia. Para tal mandou confeccionar uma constituição e demais legislação que passados poucos anos ninguém sabe para que servem tais leis. Entretanto pelo nepotismo declarado surge a certeza de que Angola será por vontade própria mais uma monarquia em África. Angola será mais um país da desestabilização em África. Mais um país para retalhar. Pelo andar das monarquias que renegam a democracia, África será o continente dos retalhos.
Actue global na impunidade global.
Isto está tudo podre, e em todo o lado cheira mal.
Parece que não, mas o estado islâmico está aqui bem implantado.
A única coisa que justifica a não libertação dos presos políticos, sob nenhuma acusação, excepto o terem opiniões divergentes dos que pensam como no ano de 1975 e dele não conseguem sair porque há muito ultrapassados pelas ideias da modernidade, não querem acabar com o tempo da governação da pistola, neste caso, os tempos mudam, mas estes homens não, jamais mudarão, porque estão constantemente a engendrar artimanhas do viver em conflito, em guerra permanente para justificarem um inimigo que já não existe, o inimigo são eles, e criarem pretextos para se manterem eternamente no poder. É o Angola ter um comportamento de estado islâmico. O terror do radicalismo está sempre presente, desde os preços que não param de subir, não poderemos comprar comida porque o dinheiro não vai chegar, já não chega. E aqui lembro-me dos portugueses quando antes da independência foram obrigados a fugir da destruição geral, e pelos vistos está outra vez a acontecer, até parece que a História é a sucessão dos mesmos funestos factos ao longo dos tempos, apenas as personagens e as técnicas de exterminação mudam. A História Universal é a história da crueldade humana. Até ao marido que numa aberrante naturalidade, manda sentar a sua esposa de cintura nua na rua em frente à sua casa, e castiga-a dando-lhe chapada com uma catana nas costas. Depois, é a vez de um homem que parece de meia-idade ser também impunemente flagelado com público a assistir. A onda do fazer justiça por mãos próprias está flagrante. Isto vi num vídeo – vi pouco porque não consegui suportar as imagens chocantes – de um telemóvel de uma amiga. À mínima coisa sai a violência à estado islâmico. Angola é um estado islâmico, e por isso mesmo Angola é um Estado sitiado, pela escravidão, miséria e fome radicalizado.
Outra das maravilhas de Angola é a actividade bancária. Oh, como são maravilhosos os serviços prestados pelos bancos. Tudo arrasam como um ciclone da escala 5. Que maravilha.
Sonhei que ia por uma rua de Luanda e forças de segurança fizeram-me parar e pôr as mãos no ar. Havia muitas filas de pessoas nas mesmas condições de um estado totalitário.
O governo das fachadas, das derrocadas.
A partir deste momento… de todos os momentos, o Submarino Angola está sem soluções, esgotado pelo mal, pelo poder da maldade, o poder sobrenatural.
Estão tão contaminados, tão desesperados que viver com esses muangolés é impossível porque eles não deixam pensar… porque não pensam, então obrigam que ninguém pode pensar.
As três vizinhas estão de atalaia porque se sente o cheiro da super actividade policial que paira como cães de caça devidamente treinados para sacarem dinheiro de quem troca e vende divisas na rua. Por toda a cidade não se fala de outra coisa, a espoliação das desgraçadas quinguilas, o roubo legalizado, senão vejamos: as ordens superiores são para sacarem os dólares das pobres coitadas, fazendo delas os bodes expiatórios da crise da corrupção, como se alguns milhares de dólares fossem os responsáveis pelo descalabro económico e social de Angola. Mas o que acontece é que os policiais (?) encontrando ou não dólares também surripiam os kwanzas. Quarenta anos depois tomam-se estas medidas, claro que o negócio de divisas é ilegal, mas porquê só agora? E o porquê também do só agora se iniciar a tal diversificação da economia que se sabe de antemão não funcionará, tal como nada até agora funcionou porque são os mesmos que arrasaram Angola. Bom, quem apreende quantias monetárias a mulheres, são elas os alvos preferenciais, deve-lhes lavrar um auto de apreensão com a quantia e os nomes das espoliadas, data e hora, e esses meios monetários têm que ser depositados no Baco Nacional de Angola, abrindo contas e nelas depositar os montantes das saqueadas. Assim continuando – continuará, ao acaso terminará - esta nação será o monopólio da perdição.
Quem vem com qualquer coisa na cabeça é suspeita de vendedora ambulante e também ninguém pode estar junto à entrada do seu prédio ou residência porque é altamente suspeito e logo tudo lhe é espoliado em nome da lei. Tudo serve de justificação para o terror da espoliação, para a fome vencer de qualquer corporação.
O sol vem e possui a manhã que já vai a meio, parece que pinta tudo de amarelo, a tela característica africana, a cor da miséria e da fome. Vultos humanos vasculham o lixo na esperança de encontrarem qualquer coisa para comerem porque acreditaram nas promessas de libertação, que jamais haveria opressão e exploração do homem pelo homem. Mas dezenas de anos depois o panorama é sombrio, e por incrível que pareça a libertação suplantou a colonização. É de pasmar a miséria e a fome que há para contemplar. Como é possível um país independente do colonialismo subjugar as suas populações à constante morte, desordem e caos absoluto? Custa afirmar, mas estes são piores que os colonos. Quem salvará as populações do exército de famintos de Angola? Ninguém o sabe, creio que perecerão, desaparecerão e no futuro os esqueletos serão estudados por arqueólogos.
O comité central das três vizinhas quinguilas está reunido para o debate da comissão económica irreal. Até agora estão com sorte porque apenas lhes carregaram as cadeiras onde se sentavam à espera dos clientes. Mas a coisa está muito, muito mal, porque os preços sobem, subirão até atingirem a altura do Morro do Moco, localizado no Huambo, e quando isso acontecer, não falta muito, esta terra será o sorvedouro final da pátria abarrotada de cadáveres. Uma vizinha consegue apanhar uma banana de uma amiga, será o seu mata-bicho e faz a sua apreciação económica da actual pérfida situação “ Os preços sobem, sobem tanto que não dá para aguentar. Não se vai conseguir comprar nada”. Outra vizinha religiosamente diz que “ o governo tem que ver isso.” Aqueloutra vizinha é pendular, transversal porque está convicta de que “ sim, vai abrir muitas covas para enterrar os mortos.”
E o submarino Angola mergulha no seu rumo peculiar, particular, até atingir o zero, coisa que pouco lhe falta, pois em terra a fome abunda. Assim o Submarino Angola cumpre com êxito a sua missão secreta que é FODER TUDO E TODOS!
A miséria e a fome não se devem à baixa dos preços do petróleo, devem-se à corrupção. E diversificar a economia é diversificar a corrupção. Os presos políticos são vítimas da corrupção. A corrupção é o abismo da nação. Onde há fome não há, não pode haver valores morais.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

O SUBMARINO ANGOLA (05)



Na imensidão do Submarino Angola, que mais parecia uma cidade submarina, nada faltava. A área mais imponente era a das reuniões do comité central do partido, e também o espaço de compartimentos dedicado aos presos políticos que estava sempre repleto, pois onde há muita repressão há muitos presos políticos.
Antes das reuniões do comité central, fazia-se um rigoroso controlo de tudo e de todos, de tal modo que nas ruas circundantes ninguém se atrevia a caminhar, os habitantes da área ficavam bem escondidos sempre à espera do pior. É que até não se ouvia o mais leve rumor de ratos ou baratas, tal era o controlo absoluto. E quando se ouvia algum ou mais disparos significava que mais alguém perdeu a vida porque assim a revolução o exigia. E na zona do cais de embarque estavam posicionadas forças militares de ar, mar e terra. O aparato era impressionante, esperava-se uma invasão de um país estrangeiro, - diziam - ou um ataque das forças imperialistas que pretendiam a todo o custo o retrocesso dos gloriosos caminhos socialistas, adiar a felicidade eterna do povo angolano.
É claro que os membros do comité central antes de se reunirem despediam-se dos seus familiares e até passavam a orar a Deus, pois não sabiam se regressariam das profundezas marinhas, ou em caso de desgraça se os seus corpos viriam à superfície, pois por motivos de segurança, o Submarino Angola mergulhava muito fundo e a maioria dos membros do comité central ficava aterrorizada, em estado de choque, e quando regressavam à superfície iam para as clínicas médicas e outros para estâncias de repouso. Muitos queriam renunciar ao comité central inventando os mais díspares pretextos, mas sem efeito porque de imediato sumariamente acusados de alta traição à pátria e logo rumavam para os calabouços do Submarino Angola, ou também sumariamente fuzilados por abandono dos ideais socialistas e da corrupção, assim como uma espécie de estado islâmico.
A estrutura de apoio ao aparato submarinista quase que consumia o orçamento-programa, e o pouco que restava fingia que a saúde apoiava e na educação muito pouco dava, faltava. Portanto era impossível resgatar, edificar o tal homem novo, que passou a homem doente, sempre deprimente, muito dotado, desesperado esfomeado.  
Claro que a vida não se movia, na desesperança se engolia. As noites estavam catastróficas com constantes assaltos, pois perante o marasmo social e económico atribuído à crise do afundamento do preço do petróleo, quando na realidade palpável a corrupção solavancava a nação. Há muito que existiam provas mais que evidentes, – alguns diziam descaradamente que a corrupção era um fenómeno impossível de combater, e como tal o melhor era encostar-se a ela, assim como outros diziam que a melhor forma de combater o capitalismo era encostar-se a ele – mas os partidários do sistema afirmavam categoricamente que sem provas não era possível levar ninguém a julgamento, e a coisa caía no esquecimento até à próxima rodada de outro rombo nos cofres privativos do familiar Orçamento Geral Familiar, até que a galinha dos ovos de ouro fosse abandonada por já não os pôr.
Até que a vida já não caminhava aos solavancos, mas aos saltimbancos que usando diversos trejeitos assaltavam e as nossas mentes e os nossos esqueléticos corpos espoliavam de acordo com as leis da corrupção instituída, desmedida pelos países amigos de Angola e da África  
Apoiar as guerras civis em África é o supra sumo ocidental e mundial porque os seus governantes são a mão-de-obra ideal.
A morte pela fome da população africana é o novo mapa cor-de-rosa. Quer dizer, antes dividiu-se a África com régua e esquadro, desta vez não, é a solidão da exterminação pela fome. Amigo leitor, desculpe-me mas não me posso calar perante tão atroz silêncio mundial, um conluio demasiado evidente, neocolonial: o desejo mais que acentuado de exterminar a raça negra e recolonizar a África Negra servidos pelas populações das negras servidões. Onde só funcionam os palácios dos vilões.
Desde o dia 10 de Junho de 2016 que uma pobre e pacata transferência bancária foi ordenada do Banco Bai Directo por um amigo para a minha conta no Banco Sol, uns míseros quinze mil kwanzas, e até agora, 17 de Junho de 2016 nada. Isto é ou não a falência do sistema bancário?! Claro que é! Angola é o país das falências sucessivas, do imponente esclavagismo praticado por um punhado de indivíduos que ainda sobrevivem graças à manutenção, ao desvio do erário público para a sua eternização no poder, mas tudo isso são quimeras, porque ninguém enriquece a vender ovos. E o principal veículo dessa transferência destinava-se a alimentar o meu telemóvel e o acesso à Internet, porque actualmente – e no futuro - ninguém consegue sobreviver sem Net, e é por isso que sem ensino e Internet é muito fácil governar, pois povo informado sob a égide da Igreja corrupta e de um governo que a alimenta com o sangue da população, essa Igreja vive opulenta, cercada de bandidos perigosos que a todo o momento procuram sobreviver, pois sem o dinheiro do petróleo e dos dízimos é impossível viver. O dinheiro petrolífero cai nos sacos dos donos de Angola, e presentemente a população nem direito tem a esmola, pois tal é considerado subversivo.
O meu filho passa fome, foi recrutado pelo exército dos famintos, há quatro anos que não lhe pagam o subsídio de férias do trabalho escravo nas empresas e do país pertença de generais. Já disse ao meu filho algumas vezes que aqui é impossível viver, temos que bazar enquanto é tempo porque com esta gente só a morte prevalece, e só a fome se enaltece.
A jovem vizinha de trinta anos escapou da morte por estrangulamento porque conseguiu abrir a porta e vir para a escada mostrar o espectáculo habitual de matar com a total impunidade que caracteriza um qualquer governo africano, angolano. Eram vinte horas e o seu avô estava com as mãos prontas para a estrangular, ela já não tinha forças para lutar, no portão de ferro gritei com toda a força: “vizinho, deixa a tua neta não a mates. Pára, pára!” Na atrapalhação consegui abrir o portão de ferro, pois tal assassinato presenciado não é tarefa fácil de se ver, viver, logo, mais dois vizinhos chegam e o vizinho avô vê que já não consegue matar a neta – isto é uma matança diária – arrasta a neta para dentro e ouve-se o barulho de vidros partidos. Os vizinhos do quinto andar esquerdo, os únicos, perguntam-me o que se passa, digo-lhes que é o vizinho que está a matar a neta. Ligo para o 113 da Polícia, o número do azar, pois raramente é atendido, típico do africanismo onde a vida não tem valor, e isso faz com que a África desapareça sem esperança, só os tolos acreditam na esperança, uma invenção da Igreja e da sua religião. E claro, desisti de ligar para o 113. E a vizinha não tendo mais para onde ir, depois de ser desalojada da casa onde habitava quase há trinta anos, carregou o seu recheio junto com o seu filho de sete anos, também abandonado pelo seu avô, e abri-lhes a porta da minha casa e cá estão refugiados desde o dia 14 de Junho de 2016. Não adianta apresentar queixa na Polícia porque ninguém liga a essas coisas. Afinal, o avô quer meter em casa algumas mulheres e gozar os prazeres do sexo, e por isso correu com a neta e com o seu filho. Angola, África onde estas coisas são tão banais, não se dá nenhum valor à vida, já não se sabe o que isso é, e então, Angola, África, é o continente da morte, da fome, o continente sem futuro, o continente da extinção, o continente de outros colonizadores.   
Carlos Gonçalves: “E estamos assim… Boião de sangue no hospital... se precisas pagas 30 mil Kzs senão não tens direito a ele! Vacina da Febre Amarela...18 mil Kzs
e é preciso que haja disponível… Marcação de Consulta de Dentista... se não trouxeres luvas e máscara não te fazem a marcação...”


quarta-feira, 22 de junho de 2016

Exclusivo: activistas angolanos escrevem da prisão



Depoimentos de sete activistas, enviados ao PÚBLICO a partir da prisão. "Não há borracha que apagará a tinta da liberdade, a tinta da nossa história", diz um deles. Há um ano foram detidos numa casa em Luanda por estarem a debater política.
 Luanda, há precisamente um ano, 13 jovens angolanos reuniam-se, como era hábito, para discutir política. Era sábado e estavam numa das salas de aula ligadas à residência de Alberto Neto, líder do extinto Partido Democrático Angolano e o terceiro candidato mais votado nas eleições de 1992.

PUBLICO

Nesse dia, tinham na agenda um dos capítulos do livro/brochuraFerramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura – Filosofia Política da Libertação para Angola, do académico Domingos da Cruz, criada a partir de discussões da obra de Gene Sharp, Da Ditadura à Democracia. Nem uma hora tinha passado desde o início do debate quando cerca de uma dezena de homens armados entraram na sala, dando-lhes ordens para deitarem a cabeça nas carteiras e levantarem as mãos (houve quem filmasse a operação e colocasse o vídeo na Internet).
Na sala estavam os activistas Sedrick de Carvalho, Fernando Tomás "Nicola Radical", Luaty Beirão, Afonso Matias "Mbanza Hamza", Hitler Jessy Tshikonde "Samussuku", José Gomes Hata, Benedito Jeremias "Dito Dali", Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nito Alves, Nuno Álvaro Dala, Inocêncio António de Brito "Drux" e Albano Evaristo Bingo Bingo.
Sem mandado de captura, os polícias anunciaram que os jovens tinham sido presos em "flagrante delito". Domingos da Cruz e o tenente Osvaldo Caholo seriam detidos nos dias seguintes. Rosa Conde e Laurinda Gouveia, as únicas mulheres, aguardaram julgamento em liberdade, mas acabariam por ser condenadas também a 28 de Março: os 17 tiveram penas de entre dois anos e três meses e oitos anos e meio de cadeia pelos crimes de "actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores".
Há um ano detidos, os activistas foram, desde então, transferidos várias vezes de prisão em prisão – chegaram a aguardar julgamento em domiciliária. A maioria está agora no Hospital Prisão de São Paulo, em Luanda. Publicamos alguns testemunhos do que tem sido este ano, enviados em exclusivo ao PÚBLICO. Entre textos mais poéticos e outros mais duros, o sentimento presente é que não se arrependem de lutar.

O depoimento é curto, mas nele Nelson Dibango, 33 anos, confessa que a prisão e injustiça, aliadas ao emaranhado jurídico, o ajudaram a ter um maior "sentimento de conexão". Num testemunho muito pessoal, diz: "Estou atento porque durante anos tornaram-me em ovelha capaz de conviver com os lobos e saber o seu uivo. Batem em mim e retribuo com um sorriso não fingido. Partem-me a cabeça e terei provas para mostrar no dia do vosso julgamento. Até agora o meu maior crime foi tirar a venda dos olhos do povo, pedindo justiça e justeza na governação. Os ferros e nomes feios foram sempre as respostas vindas do cadeirão máximo."
Clarifica que em nenhum momento pediu ou desejou "morte ao tirano", mas apenas que "seja devolvida a dignidade" ao povo angolano. "Não pararei de clamar até que a lei funcione para uns e para outros como uma só. Os meus clamores só pararão quando os intelectuais deixarem de ser reféns dos políticos só porque estes detêm o poder económico. Mesmo que isso me custe a morte, cadeias, porrada. Sou pela fé e creio que, quando menos se esperar, a mudança acontecerá e então se cumprirá o que alguém previu como profecia: a causa justa dos povos triunfará."
Até agora o meu maior crime foi tirar a venda dos olhos do povo, pedindo justiça e justeza na governação
Nelson Dibango, 33
Nuno Álvaro Dala, professor universitário de Pedagogia, que esteve em greve de fome durante um mês, escreveu duas páginas onde diz que “estar preso e acusado de actos preparatórios de rebelião e atentado contra o Presidente é uma dura experiência que demonstra o estado de conflito e ruptura”. Ruptura “entre os angolanos como povo e o regime ditatorial de José Eduardo dos Santos”. Defende: “Em democracia não há presos políticos, logo a presente situação reflecte o carácter autoritário, cleptocrático de um regime perverso cuja agenda consiste em satisfazer os interesses, desejos e caprichos pessoais do ditador e seus asseclas.”
“(…) A presente experiência evidencia o profundo desinteresse e falta de compromisso do regime em respeitar os direitos, liberdade e garantias dos cidadãos, o que justifica que os angolanos exerçam o direito natural de resistir à tirania e à opressão e recuperar e devolver Angola aos angolanos”.
Relata também este ano como uma experiência de várias realidades: “De um estado inenarrável de sofrimento físico (doenças diversas) e psicoemocional (à data de detenção fui separado da minha filha, então com três semanas de vida, e da minha família)” a um “estado de tremendo desenvolvimento da minha estrutura de valores e princípios, assim como de um acrescido sentido de responsabilidade em ser coerente e consequente com a causa pela qual me bato há anos.”
NUNO FERREIRA SANTOS
A verdade é que “nunca estive tão determinado e seguro da minha luta como agora”, afirma. “Ao mesmo tempo compreendo que o melhor caminho para Angola consiste na construção e implementação de um pacto de nação funcional no qual o sentido de Estado e o perdão sejam elementos fundamentais. A transição do período eduardiano para o período de renascimento de Angola deve ocorrer sob o princípio da participação inclusiva, isto é, todas as sensibilidades devem contribuir para que a salvação de Angola seja uma realidade”. Para isso “é necessário que todas as representações da sociedade tenham voz e acção no esforço de transformar Angola num Estado-nação com instituições fortes: um Estado verdadeiramente democrático de direito e de bem-estar social.”
Luaty Beirão, rapper, o primeiro a entrar em greve de fome chamando a atenção internacional para o caso ainda em finais de 2015, refere-se a estes 12 meses como um “ano tão estranho”. Descreve: “Num repente vi-me compulsivamente privado do meu tesouro, Luena [a filha], da minha mulher, da minha família, da minha rotina, dos amigos, dos palcos e cingido a limites murados percorríveis com três passos. Como se tivesse sido raptado por aliens e transportado para alguma dimensão paralela. (…) Claro que tive a vida muito facilitada pelo amor incondicional dos meus e pela solidariedade dos demais, servindo-me de estímulo e tranquilizante, reforçando as minhas convicções.”
Conta as condições da sua detenção de há um ano em que foi “propositadamente colocado, com seis companheiros, na cadeia mais distante do centro, com as práticas de revista mais humilhantes para os visitantes, incluindo a obrigação de se porem nuas, para revista, senhoras de idade avançada. Deduzo, e pode ser que esteja equivocado, que tudo era feito para desencorajar os nossos familiares e amigos de nos visitarem – mas, estoicamente, eles nunca desarmaram.”
Recorre à lei, explica que ela “estipula limites tanto ao confinamento à solitária como aos prazos de prisão preventiva renováveis mediante fundamentada solicitação do Ministério Público”. Mas, “como é apanágio de gente arrogante que nos desgoverna há 40 anos, nenhum destes prazos foi observado: 21 dias passaram a 90 e 90 a 180 dias, só porque sim.”
Houve “um diversificado bouquet de protestos” e em Dezembro “o regime decidiu dar um pouco de folga à corda e tornar-nos os primeiros beneficiários de uma lei aprovada às pressas, concedendo-nos a ‘generosidade’ de uma medida de coacção mais ligeira: a prisão domiciliária.” E enfim, os activistas puderam passar o Natal com a família. “Nada paga o poder reencontrar-me, ainda que com prazo de validade, com a maior riqueza que possuo nesta vida, a minha Luena. Parecia magoada pela inavisada, súbita e prolongada ausência e pôs-se a berrar como se estivesse diante de um fantasma vindo do além. Partiu-me o coração e tive de empenhar-me numa reconciliação que, felizmente, não levou muito tempo.”
Em democracia não há presos políticos, logo a presente situação reflecte o carácter autoritário, cleptocrático de um regime perverso
Nuno Álvaro Dala
Depois veio o julgamento, que foram “levando da única forma que ele devia ser encarado: uma charada judicial mal-amanhada e incapaz de disfarçar a sua natureza política ou, por outras palavras, uma autêntica palhaçada”. Pelo tribunal compareceram “descalços, com inscrições nas camisolas, com roupa branca ou com estampagens do próprio rosto maquilhado de palhaços”. E o tribunal “considerou suficientemente provado que teríamos cometido o crime, pelo qual não fomos julgados, de associação de malfeitores, o que justificaria as penas que acabaram por nos ser aplicadas.”
Convicto, Luaty Beirão diz: “É claro que pensando no sofrimento pelo qual as nossas famílias e aqueles que nos amam têm de suportar (….) é uma tragédia. Mas se nos focarmos naqueles que são os nossos objectivos maiores, os nossos sonhos para este país, é um pequeno sacrifício que conseguimos com a nossa dignidade intacta. Sinto-me mais livre dentro do meu cárcere sabendo que vim aqui parar por assumir as minhas convicções, do que a maior parte dos meus conterrâneos presos e escravizados pelo medo de pensar e de verbalizar as suas ideias”.
José Gomes Hata, licenciado em Relações Internacionais, professor do 1.º ciclo, também confessa que seria capaz de repetir “todas as vezes que fossem necessárias” a experiência da prisão se esse for "o preço a pagar pela democracia.” Congratula-se com o facto de existirem “angolanos dispostos a unir esforços em prol de valores nobres para a construção do Estado de direito e democrático, distante do nepotismo, clientelismo e presidencialismo informal”. E acrescenta que “o momento exige atitude concreta da nossa parte (jovens). Após a tomada de consciência, acções enérgicas exigem-se. Não esperamos nada de ninguém senão de nós mesmos.”
Hata acredita que falta pouco para o fim do regime ditatorial “e a sua atitude concorda com isto mesmo, semelhante a um gato encurralado que aparenta ser leão”.
MIGUEL MANSO
Nito Alves, estudante, e um dos primeiros a ir para a prisão ainda antes de o julgamento terminar, pelo crime de injúria aos magistrados, diz que a cadeia de Calomboloca foi o momento mais difícil por que passou, sofrendo ele e a família várias humilhações. Diz-se “sereno, calmo, tranquilo”. Afirma que tem a consciência de que a sua liberdade depende da vontade do Presidente da República. “Não acredito no poder judicial do meu país.”
Benedito Jeremias (Dito), funcionário público, licenciado em Administração Pública e Ciência Política, escreveu a carta mais extensa – seis folhas. Lembra que a sua prisão foi motivada por questões políticas e que os jovens estavam reunidos para debater as “técnicas de luta não violenta nos escritos da obra do norte-americano Gene Sharp”, um exercício que é legal segundo a Constituição. “O único crime cometido até agora é pelo facto de expressar um pensamento diferente contra o sistema opressor que há muito se instalou no meu país.” E contesta: “O crime pelo qual fomos indiciados não se provou junto daquele vergonhoso tribunal. A representante do Ministério Público pediu ao senhor juiz Januário Domingos que fossemos absolvidos [de actos preparatórios de atentado contra o Presidente] por entender não haver provas suficientes para o efeito. Mas pede ao juiz para sermos condenados com as penas que vão de dois anos e três meses a oito anos e meio de prisão efectiva por formarmos uma associação de malfeitores!”
13Número de pessoas que há um ano foram detidas por cerca de uma dezena de polícias armados, sem mandado de detenção
A condenação tem como objectivo justificar e legitimar “as acções arbitrárias que o regime tem levado a cabo constantemente”, afirma. “Faz parte da natureza deste regime criar factos, cenários para desviar a atenção do povo dos assuntos mais importantes (…) O regime destruiu os princípios fundadores da separação de poderes, (...) converteu os magistrados judiciais em lacaios, serve-se da tradicional polícia, da lei, do exército e dos tribunais para combater e oprimir todos os defensores de direitos humanos em Angola”.
Diz estar calmo e com energia para continuar a lutar para conquistar a sua liberdade e a dos angolanos. “A vantagem da cadeia é que ela te dá tempo suficiente para reflectir e redesenhar tácticas de luta contra o verdadeiro opressor”. E conclui: “Não há nenhuma borracha que apagará a tinta da liberdade, a tinta da nossa história. A história do povo angolano também é marcada pela luta contra a dominação, exploração, a defesa do solo e pela dignidade de todo o angolano. Neste contexto, não será diferente com o regime eduardista, vamos continuar a lutar para a democratização do Estado angolano.”
Inocêncio de Brito, estudante na Faculdade de Economia na Universidade Católica de Angola, em Luanda, diz sentir-se “cada vez mais consciente” dos seus direitos e “da necessidade urgente de se ter uma Angola melhor, sem miséria, sem corrupção, sem repressão, livre de todos os males que ainda a enfermam”.
O único crime cometido até agora é pelo facto de expressar um pensamento diferente contra o sistema opressor que há muito se instalou no meu país
Benedito Jeremias
Confessa que a “nível pessoal e familiar muitos projectos ficaram relegados com a prisão e tortura psicológicas” e que isso o afectou a si e à família. “Sinto-me livre de consciência pelo facto de não ter cometido nenhum crime.”
Por outro lado, considera que a sua prisão contribui “para que se mude o estado de coisas que se vive em Angola”. E conclui: “Não tem sido fácil enfrentar esta situação calamitosa. Mas a solidariedade nacional e internacional têm-me fortificado bastante, assim como têm contribuído para o crescimento interior, reafirmando a ideia de que quando lutamos por uma causa justa nunca estaremos sós”. Com Ana Dias Cordeiro


A SOCIEDADE DOS ALCOÓLICOS DE ANGOLA, ILIMITADA



Alcoolismo, a miséria moral
Social
Intelectual
Normal

Os cangalheiros os vão transportar
Enterrar
A fraude eleitoral outra vez a avançar

Para quê votar
Se já se sabe quem vai ganhar
O poleiro muito vai falar
E a população mais chorar

A vala comum da miséria se acentua
Como se nunca chegássemos à Lua
Das eleições do mais votado
Maioria absoluta do voto defraudado

Se não se acabar com a corrupção
As eleições serão mais um desastre
Antes de votar
Já se sabe quem vai ganhar

Está na hora
De nos irmos embora
Do que se sonhou
Não dá, Angola acabou

E de tanto remar em vão
Já não há maré de feição
O alcoolismo está de ocasião
Faz de Angola o seu brasão

A tal vanguarda revolucionária
O alcoolismo da mente ordinária
Da tal classe operária
E da classe camponesa perdulária

É o Estado do alambique
Do navio a pique
Em álcool naufragado
No caos económico soterrado

Em Angola nada se resolve, tudo se adia
Onde viver é um milagre, agonia
Álcool, fome, malária, monotonia
E outra eleitoral epidemia

O Mpla faz a oposição dormir
E ele há 40 anos a sorrir
Sociedade dos bêbados, da opulência
E logo da extrema violência











terça-feira, 21 de junho de 2016

O SUBMARINO ANGOLA (04)



Confesso que não sei como é que Angola sairá do impasse do caos económico e social. A oposição é incapaz de fazer frente ao partido no poder que a todo o momento zomba da democracia e muito claramente dos democratas, e da palhaçada política em que Angola se atascou, com a oposição muito atrapalhada. Basta ver o caso de Isabel dos Santos, nomeada para presidir por seu pai, o presidente da República de Angola, a quase falida Sonangol, que numa palavra, tem Angola em seu poder. E se alguém da oposição refilar, dá-se-lhe umas porretadas ou eliminação física e logo, logo se vai calar. Veja-se também o caso dos presos políticos, onde a oposição pouco ou nada fez, faz, apenas tirar dividendos políticos. Dá a impressão que a oposição luta por interesses pessoais e partidários, o sofrimento da população que se dane.
David Mendes, o célebre advogado dos injustiçados e sedentos de justiça, e mais alguns juristas, já lançou o anátema para a impugnação de Isabel dos Santos da Sonangol. Claro, que no palácio presidencial, o PR e sua comitiva rirá mais uma vez, creio que passa a maior parte do seu tempo a rir, pois fazer queixa nas estruturas de justiça do PR é como crianças a brincarem num parque infantil.
Há vários anos que Justino Pinto de Andrade, presidente do BD-Bloco Democrático, disse que ia apresentar queixa contra as milícias que espancaram com barras de ferro, Filomeno Vieira Lopes, o ex/secretário-geral do BD. Até agora a presidência do BD nunca esclareceu como está o processo-crime, ao menos que promovesse uma conferência de imprensa, como é da praxe, mas nem isso. Desde a altura em que o Filomeno escapou milagrosamente das barras de ferro, até agora nada. E não devia ser assim, creio que a presidência do BD terá que vir a público explicar o porquê desse silêncio e também o do Vitória Pereira, outra vítima das barras de ferro.
É a vida do muangolé: miséria, fome, doenças, morte, desemprego, exclusão e espoliação de bens. E a miséria e a fome triunfarão. Angola não passa de mais um pobre país africano a mendigar à comunidade internacional, já muito cansada de ver os seus governos a abandonarem à sua sorte as suas populações ad infinitum.
Vitor Rebelo. “Não têm Kuanzas? A um preço justo arranjo-lhe alguns milhões...”
A solução da crise na visão de uma portuguesa: Maria De Jesus Silveira. “ E esperando á meses!!!!!! Para pagar contas, mas com o FMI, isso vai acabar, preciso calma, tudo tem tendência a terminar, mas que andam muitos a encher os bolsos, isso ninguém tenham duvida, deveriam eram assaltar essas senhoras, mas todas ao mesmo tempo.”
Francisco Magalhães Coelho. “Quando a revolução chegar só espero que os portugueses estejam fora.”
É certo que os partidos políticos da oposição procuram por todos os meios convencer a população eleitora a votar neles, e por isso dedicam grande parte do tempo a falarem das próximas eleições. Pois bem, isto é, pois mal, os preços da comida, de tudo, não param de subir até atingirem máximos insuportáveis, obrigando a que seja impossível a vida sobreviver. Faltando cerca de catorze meses para as eleições, até lá quantos eleitores sobreviverão? Quantos? Catorze meses de fome extrema, o que já acontece, farão um imenso e tenebroso cortejo de cadáveres, e mortos não votam. A não ser que a oposição consiga que eles votem. Portanto, o que há a fazer é o primordial, lutar para que a população tenha direito a alimentação com preços compatíveis, pois sem isso as eleições serão um grande fiasco. Os locais de votação serão como cemitérios, com imensas filas de zumbis e esqueletos a aguardarem a sua vez de votarem.
No Diário Económico: Valter Filipe, governador do Banco Nacional de Angola (BNA) acusa “grupos empresariais estrangeiros e bancos de matriz portuguesa de práticas de corrupção e de suspeitas de financiamento do terrorismo internacional”.
Só agora?! Porque há muito tempo que tal acontece, conforme acordado com Portugal no tempo do PP, Passos/Portas, em que o dinheiro saído de Angola seria lavado em Portugal e como reciprocidade de vantagens os portugueses invadiriam Angola, saqueando – tipo, viquingues modernos - os empregos, saqueando tudo. De qualquer modo, a trama pode sintetizar-se assim: primeiro, o comunismo russo, segundo, o comunismo cubano, terceiro, o comunismo chinês, quarto, a miséria e a fome dos angolanos sempre. E a propósito, mais milagres do comunismo chinês: o detergente em pó que queima as mãos. A escova de dentes que com apenas três utilizações desfaz-se. E muito, muito mais vindo do falso milagre chinês.
E as coisas não funcionam, já se atingiu o caos, um exemplo, é o dos fiscais e polícias espoliarem descaradamente nas ruas os bens das cidadãs. Basta uma desgraçada andar com uma banheira na cabeça, ou dos armazéns sair com caixas de produtos alimentares que comprou, também é espoliada pelos fiscais ou policias. A fome aperta e os fiscais para conseguirem dinheiro pegam nesses bens espoliados e vão vendê-los nas praças.
O problema é que se anda sempre ao contrário, quer dizer, começa-se sempre por baixo, quando deveria começar-se por cima, como mandam as regras de uma boa governação. Refiro-me à espoliação nas ruas na vã tentativa de arranjar culpados para a crise, como é o caso das quinguilas e os corruptos estão como peixe na água. E se estas coisas continuarem, claro que se vão agravar, Angola vai parar, já parou.
E como tudo está centralizado, controlado num politburo, não é necessária contabilidade nacional, porque o politburo já tem tudo planeado, devidamente orçamentado. Daí o não ser necessária a contabilidade, para quê?, pois se ela está omnipresente. Há a contabilidade de fingir que é só para o FMI.
O silêncio da nossa governação é muito conspirador.
“É mais fácil subir para as costas do tigre, do que descer delas.” (Ditado mongol)

E o submarino Angola prossegue no seu rumo escoltado pelos monstros das profundidades abissais.

sábado, 11 de junho de 2016

CORRUPÇÃO É NAÇÃO




Onde há corrupção
A Igreja é tubarão
Como o chinês lá vão
Assuntos internos sem intromissão

A corrupção
É o ganha-pão
Da nação
Da extrema podridão

Não é possível uma nação
Viver sem corrupção
A Igreja também não
Da judiação

Um país que vive na ilusão
Sem tábua de salvação
40 anos de rápida corrosão
De presos políticos que se libertarão

E move-se a corrupção
Por escancarado portão
Escorrega no corrimão
Estatela-se no chão

A Igreja da corrupção
Não nos dá salvação
A nossa alma é eterna aflição
Só os corruptos têm absolvição

Presos políticos só com corrupção
No petróleo da maldição
A riqueza só numa mão
E a fome na população

Só há riqueza com corrupção
Da pobreza dizem que não
Que é uma invenção
Da oposição

E pela corrupção
Os da ignomínia cairão
Sem remissão
Jamais voltarão

Esta nação
É campeã da corrupção
Os bajuladores não têm noção
Do que é governação

Da perseguição
Não escaparão
E da prisão
Não se soltarão














segunda-feira, 6 de junho de 2016

O SUBMARINO ANGOLA (03)



“Como se pudesse matar o tempo sem lesar a eternidade.” (Henry David Thoreau. (1817-1862.)
O silêncio da oposição é a fortaleza da insensibilidade da ditadura.
Oh, como é horrível viver neste chiqueiro humano.
E já se constrói uma gigantesca jangada, melhor, outra arca de Noé, no rumo da Europa, essa pátria salvadora, da esperança de uma vida minimamente melhor, porque a África negra acabou.
QUADRO DE HONRA: Ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges. Há sessenta e dois dias que aqui na zona do Zé Pirão, Ingombota, a energia eléctrica não teve nenhum corte.
“Estuda o teu inimigo se o quiseres derrotar.” (Mao Tse-Tung. (1893-1976)
“Cada cidadão é e deve sentir-se necessariamente um soldado.” (Agostinho Neto)
Oh, como me sinto felicíssimo em viver neste celeiro vazio.
Na realidade Luanda é como uma gigantesca prisão, porque o seu governador submete-nos ao estatuto de presidiários, e nada mais podemos exigir ou reclamar.
Aos quarenta anos de quarentena a que o poder nos submete: Na realidade estou-vos muito grato pela demonstração do vosso império intelectual.
A crise: “João Porfírio: Boa tarde. Preciso de contactos com urgência para transferências de dinheiro para Portugal. Obrigado”
Maria De Jesus Silveira:  “Continua uma vergonha e vejo que os Portugueses, ganham dinheiro á custa dos outros, viva a candonga.”
Precisa-se de um comandante para o submarino Angola. Os interessados devem contactar o submarino Angola algures no abismo económico em que Angola mergulhou.
A solução final do genocídio da Unita e do que resta da oposição? O genocídio da Unita e do habitual, infernal desenvolvimento dos acontecimentos, o último agora em Benguela, lá no Cubal, onde os deputados da Unita com o seu presidente do grupo parlamentar, Adalberto da Costa Júnior, e demais população da Unita que escaparam ao genocídio, foi accionado o plano da solução final, está em preparação o genocídio da Unita e demais oposição. O partido no poder pretende a todo o custo impor o comunismo ortodoxo, como sendo a principal exigência para o estabelecimento do seu aliado comunismo chinês? Serve os interesses e exigências do comunismo chinês? E a situação agrava-se de tal modo que Angola vai parar? Segundo a Rede Angola, mais de quarenta quilómetros de terras no Cunene foram esbulhadas, as populações estão entregues ao silêncio do genocídio da Igreja sem Deus, à milenar ditadura da religião que tudo faz para que as populações dependam da Igreja e pela vontade de Deus sejam escravizadas, espoliadas, esfomeadas. A desgraça de Angola e da África chama-se, IGREJA.

Um banco tem que facturar
Tem que nos matar
Tem que nos gasear
Tem que a lei pisar

A lei é muito clara e simples: quem trabalha em Angola tem que chacinar muangolés. Se a energia eléctrica está a funcionar normalmente, será que não pagam à ENDE?, é que não é a primeira vez que tal acontece. Banco millennium atlântico, mais um instrumento da morte ao serviço das ordens superiores. Então se esta gente comete um crime grave porque não se prende? Porque facturar para matar é uma actividade legal, e nós somos coisa ilegal.
O banco millennium, agora por força das circunstâncias de evitar falência, uniu-se ao atlântico e agora chama-se millennium atlântico. É apenas um banco das matanças angolanas porque há vários anos que instalou um potente gerador nas traseiras do prédio na rua Rei Katyavala, junto à Igreja Adventista do Sétimo Dia, espoliou o terreno, pois é pertença dos moradores do prédio, coisas do comunismo ainda vigente. É um crime ter um gerador industrial a funcionar nas traseiras de um prédio, coisa orquestrada por mercenários portugueses desses do vamos saquear Angola. Do saque sempre presente porque está tudo bem, este banco só obedece às ordens superiores que mandam aniquilar, assassinar as nossas vidas, as inocentes crianças brincam sem saberem que vão morrer asfixiadas. Mesmo com as janelas e portas fechadas sente-se o gás da morte de mais uma chacina patrocinada pelas tais ordens superiores. Isto não muda, não, está cada vez pior. O que interessa é facturar para matar.
Ó MUANGOLÉS!
Do alto desta pirâmide de caveiras, quarenta anos de chacinas vos contemplam.
Entretanto o banco millennim atlântico solidariza-se com as chacinas em Angola, chacinando os moradores dos prédios da rua rei Katyavala em Luanda. O seu gigantesco gerador é uma obra-prima da chacina. Por aqui ganhar dinheiro é chacinar, a população vai-se evaporar, assim será muito fácil governar, porque não há ninguém para chatear. Como se isso fosse possível, mas claro que não é, porque Angola vai parar. Ao que isto chegou, mas ainda será pior, muito pior. Aqueles que nos matam estão protegidos, impunes pela lei do poder. Não acredito que isto continue assim por muito tempo, porque a miséria e a fome não esperam, libertam-se.
E o submarino Angola prossegue na sua abismal desventura.


sábado, 4 de junho de 2016

ANGOLA VAI PARAR… JÁ PAROU



Angola vai parar
Já parou
Angola vai acabar
Já acabou

África o berço da fome, da desgraça
Da Angola dos últimos dias
Há muitos que riem com graça
Ao ver o povo nas enxovias

E nestas governanças
Das matanças
As bestas enchem as panças
E de nós não há lembranças

No dia da criança
A fome avança
A governação
Diz que não

Aqui vive-se às mil maravilhas
Cercados por quadrilhas
Das mascarilhas
Das camarilhas

Nesta república das torturas
Às farturas
De presos políticos nas agruras
Nas prisões que são sepulturas

Um país muito rico sem dinheiro
Porque a corrupção está primeiro
Sem justiceiro
À mercê de qualquer trapaceiro

Sob os constantes ataques das milícias
E de outras sevícias
A fome está presente
E o governo ausente

A negociata das demolições
Segue os trâmites das orientações
Tudo e todos para as prisões
Sem contemplações

As crianças sem futuro nesta podridão
A que alguns chamam nação
As crianças morrem de subnutrição
E a Igreja dá-lhes a extrema-unção

Angola vai parar, já parou
A corrupção tudo levou
A Igreja tudo abençoou
A Igreja tudo abandonou