segunda-feira, 23 de outubro de 2017

TERRA CORRUPTA



Todos os anos havia um concurso de corrupção na terra corrupta, e claro que a ele só podiam candidatar-se corruptos, daqueles famosos, e outra vez, claro, que só um corrupto o podia ganhar. E foi anunciado o vencedor, era quase sempre o mesmo, e a imprensa corrupta falada, escrita, televisionada, na Net, teceram rasgados elogios ao corrupto que conseguiu tal feito. Que isso, usando o conhecido slogan, “isto não é para quem quer, é para quem merece.” E o vencedor corrupto, parece que pela vigésima vez, agradecia: “Estou muito grato a todos os que votaram em mim, a todos os que acreditaram em mim. Muito obrigado a todos pela confiança que em mim depositaram. Não há futuro sem corrupção. Aproveito para dar uma sugestão a todos os corruptos nacionais e internacionais: Que tal mais uma cadeira no nosso ensino, ou melhor, criar universidades para o ensino da corrupção? Saibam que professores, e dos melhores, não faltam por aqui e por esse mundo fora. Muito grato pela vossa atenção. Viva a corrupção!”
Vamos diversificar a economia! Qual economia?!
Ocorre-me que a corrupção é como um iceberg, onde só se vê um pouco à superfície e por baixo não se vê nada.
“Renunciar à tarefa de reformar a sociedade é renunciar à responsabilidade de um homem livre.” “O único que tem o poder totalmente é o amor, porque quando um homem ama, não busca o poder, e portanto o tem todo.” (Alan Paton, escritor sul-africano anti-apartheid, 1903-1988)
Enquanto a corrupção não acabar, não haverá economia… não haverá nada. Nada de nada.
E fatalmente terminámos na prisão da poluição política.
Será possível que um governador não saiba o que se passa nos bancos da sua província? Por exemplo, na Rádio Despertar foi anunciado que funcionários do BCI-Banco de Comércio e Indústria, em Benguela, torturaram um empresário porque ele teve a coragem de denunciar a máfia de divisas praticada por esse banco.
O dinheiro não está difícil, vai ficar impossível.
Nos noticiários da corrupção noticiam-se as desgraças pelo mundo fora, enquanto por aqui as notícias dizem-nos que vivemos num mar de felicidades. Omitir a carga de infelicidades que já não se pode mais suportar, isto é fazer a corrupção. Custa a acreditar que com tantos e notáveis avanços científicos conquistados ainda existam impérios da corrupção. E isto, parece que não, é um acto de desestabilização nacional, mundial.
O mistério de Samakuva continua a atormentar-me quando ele disse num discurso para os seus correligionários, “conquistámos mais lugares no parlamento.” Até agora ainda não consegui decifrar este mistério. Quer dizer, penso que os partidos políticos nos desiludiram porque afinal não cumpriram nada do que prometerem na campanha eleitoral. Se constantemente reiteram que desta vez não haverá fraude, então porque a aceitaram e se acomodaram? Mas, bem visto, isto também é fraude, não é amigo leitor?
Onde há escravidão, miséria, fome, não há patriotismo. A sociedade desaparece porque fica sem regras. Fica a luta pela sobrevivência, a lei da estafada selva, salve-se quem puder, a selvajaria, que já demoniacamente se instalou.
E quando há qualquer problema, seja ele qual for, as igrejas mandam rezar. Sim, rezar, há mais de dois mil anos que mergulhamos nisto, atolados na oração. Quanto mais se reza há um fortalecimento da desgraça que sorridente agradece. É mais este absurdo que comanda a vida humana.
Quando o muangolé um dia souber o que é um democrata, distinguir o verdadeiro de um falso democrata, então sim haverá democracia.
Se não derem condições à massa cinzenta e estrangeiros residentes devotados aos interesses de Angola, não vale a pena pensar Angola como país do futuro. Vale mais pensar em país sem futuro. E não é isso que há muito acontece? Caminhamos para a falência do Estado?
Sem contabilidade a corrupção é um êxito.
Até parece que a principal actividade dos serviços secretos angolanos é a implacável perseguição a jornalistas. Aconteceu com o “pobre” jornalista do Folha 8, Pedro Teca, que cobria a tomada de posse do PR João Lourenço. O “coitado” ficou como que preso, interdito, durante um tempo por ser jornalista do Folha 8. Há interesses obscuros em acirrar os ânimos? Voltamos ao tempo dos bolcheviques (maioria) e mencheviques (minoria? Se disto não passaremos ao dia de amanhã não chegaremos. Se não se pode suportar, se não se pode ter opiniões divergentes, críticas e coisas similares, então continuaremos com os estatutos de Lenine.   
Orgulhosamente sós, não, orgulhosamente sempre acompanhados pela nossa inseparável amiga corrupção.
Vamos combater a corrupção! Dizem, mas não se sente nenhum mecanismo para a combater. Isto quer dizer que é só para muangolé ver.
Já vai para um mês que não consigo assistir, (a única coisa que restava) ao rodapé dos noticiários da TPA-Televisão Pública de Angola. Definitivamente, TPA nunca mais. Isto está a ficar bonito, está.
A minha última descoberta: Angola ainda não tem classe política. Por enquanto tem uma classe de palradores políticos.
Para manter a corrupção sempre no activo há que afastar os indesejáveis, isto é, os opositores e os críticos.
Principal regra de um bom corrupto: lutar pela corrupção é fazer revolução. Como as cosias andam sob o domínio completo da corrupção, há, como já dito atrás, que declarar a falência do Estado, da nação.
Outra coisa que não se entende é o deixar as lâmpadas acesas noite e dia nas residências. Será isto mais um caso de saúde mental? Inclino-me que sim, e é mais uma epidemia de débeis mentais, onde a corrupção é lei. E quem mais sofre, sempre, são as crianças que ficam como que abandonadas em campos da morte. Toda a gente sabe disto, fazem-se os habituais belos discursos… e nada mais.
Quem se manifesta contra as arbitrariedades de um incapaz regime, cai-lhe em cima a acusação de perturbador contra a ordem pública. De sublevação contra a autoridade constituída. Isto para que a corrupção continue impune, num Estado não de facto, num Estado não de direito. Uma nação envolta em corrupção, nada nos tem para dar, não.
Trabalhadores do Porto do Lobito em greve à Rádio Ecclesia: “não têm dinheiro para nos pagar, mas têm dinheiro para pagar aos estrangeiros.”
Custa a crer mas é a pura verdade. Na Rádio Despertar, ouvi um membro da Omunga de Benguela em entrevista na DW, que os professores no Bocoio, em Benguela, estão a ameaçar de morte as crianças nas escolas porque os seus pais são da Unita. Francamente, então o que é que as indefesas crianças têm a ver com isso? Estamos em presença de tribalismo político? Para onde vai Angola? Pelos vistos vai para o desterro político. Mas tem mais: foi acrescentado que a Omunga recebe dinheiro dos americanos para desestabilizar a população. E que o governador se mantém indiferente Claro que fiquei, estou muito apreensivo porque isto me faz lembrar aqueles tempos em que mostrar uma nota de dólar ou vestir uma camisola com a bandeira dos EUA, era logo acusado de agente do imperialismo. Assim a desagregar-se para onde é que Angola vai? Sempre para o partido único? Sempre com os mesmos ideólogos e logo sempre com a mesma ideologia? Não se pode pensar a não ser de acordo com o pensamento oficial das estações de rádios, de televisões e jornais da lavagem cerebral, da alienação total? Os azares estão lançados, diria hoje o célebre romano Júlio César. Vai haver mais perseguições, mais purgas políticas? Pelos vistos creio que sim.


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

ILUSÕES




Para a Lúcia
Com muito amor

É quase meia-noite
O vento sopra com força
As folhas secas das árvores voam
Da chuva miudinha
O vento continua a soprar as folhas
Que perdidas se espalham
Nas crateras das ruas
É a crise que faz isso
Não ter valores não é da crise
É a mediocridade que o determina
Só os desfiles de armas têm valor
Os da paz não
A ética e a moral baixam-se
A perversidade eleva-se
Com valores tão baixos
A baixeza ergue-se
Perturba-se o silêncio da noite
É uma voz alcoólica
Que jura não beber mais
E também se ouve forte tossir
De alguém que jura não fumar mais
Mas tudo cai no vazio
Porque nos dias que correm
Ninguém respeita a honra
Parece que ninguém se lembra
De que lugar de palhaço é no circo
O som de um tiro
Fere o silêncio da noite
Tudo tão habitual, tão anormal

A mediocridade vê-se avançar
Sem que ninguém a ouse enfrentar
Parar
Os decretos-lei são para queimar
Ainda se ditam ordens
Mais desordens
Desde que dê para saquear algum dinheiro
É sempre porreiro
Serve bem ao aventureiro, justiceiro
Viver é enfrentar as injustiças
Dos abundantes esgotos
Onde nascem democratas putrefactos
Tantos revolucionários que vi
E nada senti
Deles fugi
Me afligi
São perigosos
Os presunçosos










quarta-feira, 4 de outubro de 2017

GLÓRIA, ALELUIA! ABDERA JÁ TEM UM PRESIDENTE ELEITO




Abdera foi uma cidade grega na costa da Trácia, perto do rio Nestos, quase frente a Tasos. O ar de Abdera tornou-se proverbial entre os gregos antigos que afirmavam que tornava as suas gentes particularmente estúpidas. (In Wikipédia)
República de Abdera, algures no Golfo da Guiné.

“Não é possível destruir uma opinião com a força, porque isso bloqueia todo o desenvolvimento livre da inteligência." (Che Guevara, "Il piano i gli uomini", Il Manifesto n° 7, deciembre del 1969 p. 37.)
Pessoalmente estou deveras embaralhado com este estado de coisas: Se os partidos políticos da oposição aceitam a eleição e governação do partido do Senhor, é porque não houve fraude eleitoral. Então está tudo legal e de acordo com a Constituição. Houve ou não fraude eleitoral? Parece que não porque está tudo acomodado, no parlamento sentado.
Glória, aleluia, bendito seja o Senhor porque Abdera conseguiu um presidente eleito democraticamente. E foi eleito por Deus porque Ele não é intolerante, porque tanto apoia as ditaduras como as democracias. Ainda temos muito que aprender com Ele. A palavra do Senhor é amor e bendito seja o seu nome.
O exército de padres foi até ao céu em carruagens celestiais conduzidas por anjos. Lá chegados pediram audiência a Deus que logo os fez entrar para o seu gabinete divino, porque Ele tem como prioridade do seu governo celestial tudo o que se passa em Abdera. Aliás, Ele já muito antes advertiu os arcanjos seus ministros que os assuntos de Abdera são prioritários. Ele até nomeou um arcanjo como ministro-presidente para os assuntos abderas. Já sentados em poltronas rodeadas de anjos para os servirem, a delegação de padres abderas abriu a sessão com o consentimento de Deus. Com as mãos em oração rogaram ao Santo dos santos, ao Rei dos reis, ao Presidente dos presidentes, que desse a vitória eleitoral por maioria absoluta ao partido do Senhor. Convém notar que esse era o único ponto da agenda de trabalhos. Deus deixou transparecer um certo aborrecimento porque isso há muito já estava decidido, isto é, como fez recordar aos prelados que desde as primeiras eleições a vitória eleitoral seria sempre do mesmo partido. E o exército de padres do Senhor partiu de Abdera com mais um documento divino que testificava mais uma vez, e sempre, a vitória nas eleições para o partido eleito do Senhor. Já em Abdera foram dadas instruções rigorosas a todas as igrejas da congregação cristã ou não, que havia boas maquias, lautas fatias monetárias a quem mais arregimentasse votos para o partido do Senhor que abria desmesuradamente os seus cordões da bolsa, o tal chamado saco azul. Mesmo que os cofres públicos secassem isso não seria problema porque se culparia a crise, e dir-se-ia que se conseguiria angariar divisas na agricultura sem investimentos em divisas. Assim que os cordões da bolsa se rebentaram, os padres chegaram nas igrejas e vá de ameaçar os fiéis, que se não votassem no partido do Senhor seriam excomungados das igrejas… escorraçados e que seriam atirados para o inferno. Também ameaçaram os crentes que se não votassem no partido do Senhor, Ele depois saberia porque mandou instalar câmaras de vigilância que filmariam quem e onde escreveria o X do voto. Chegada a hora da contagem dos votos que o Senhor previamente tinha contabilizado fácil foi achar o vencedor. Ninguém podia tecer dúvidas sobre os resultados eleitorais do Senhor, porque a ira Dele cairia como aquelas brutas chuvadas no tempo das chuvas de Abdera. E depois da proclamação do vencedor tudo voltou à normalidade, à anormalidade, como antes… e sempre.
Abdera tem muitos políticos que falam muito e não resolvem nada. E usando o lugar-comum: de promessas está o inferno cheio.
“Serás um grande líder, um dia. Pensa nos outros antes de pensares em ti.” (In, filme Drácula, a história não contada, 2014.)
Entretanto Abdera moderniza-se, agora os mortos são enterrados com os seus telemóveis para no caso de algum deles despertar, pega no telemóvel, liga e salva-se.
E lá estamos sempre com o dedo na mesma tecla, isto é: isto não mostra ponta por onde se lhe pegue. Não acredito em autodidatas, dizem-me. Não acredito em falsos letrados, digo-lhes.
É sempre assim, então o que é que se há-de fazer. Há pessoas que no princípio nos parecem leais, sinceras e honestas. Mas algum tempo depois verificamos que tais pessoas são o oposto, mostram-nos que não têm dó nem piedade. Nem sequer têm noção que estas coisas existem. Imaginemos por um pouco tais pessoas com as rédeas do poder nas suas mãos. É uma coisa terrível, não é?
É domingo, quinze horas, do cacimbo que há cerca de quase um mês se foi. Afastada do mar, uma gaivota poisa num caixote de lixo e com o seu bico agita-o. Apanha qualquer coisa, que devido à distância não dá para ver o que é. Levanta voo e poisa numa árvore, pois lá está segura dos outros animais de duas pernas. Tudo leva a crer que está nessa vida porque lhe ocuparam o seu habitat natural. Mas por aqui ninguém se preocupa com isso porque as pessoas também estão a ficar sem o seu habitat natural. Está tudo demolido, porque as inteligências vivem para patrocinar o mal.
Abdera tem um gigantesco complexo industrial que produz miséria ininterruptamente.
Em Abdera é assim, os cães ladram e a caravana passa porque os escravos têm muito medo dos cães.
Eis os doutores abderas, que em vez de dizerem: tal como está escrito, dizem, ipsis litteris. Textualmente, dizem, ipsis verbis. Pelo próprio facto, dizem, ipso facto. Por força da lei, dizem, ipso jure. Creio que são as novas regras da imposição da democracia.
Vivemos sempre no eterno problema ainda não resolvido, que é o trabalhar e o patrão não pagar.
“ O mal caça o fraco, pois teme o forte.” (provérbio colombiano.)
A selvajaria consolida-se. Nas traseiras do prédio apareceu um gato morto com as patas amarradas. Os adeptos da selvajaria apanharam o gato, amarraram-no e atiraram-no para a morte. Para a agonia da morte lenta. O terrorismo está por todo o lado.
E este povo está tão fanatizado pela religião que em qualquer conversa logo surge o nome de Deus e de Jesus, fazendo com que seja impossível qualquer debate de ideias. E cada vez mais os abderas impressionam, porque são pastores, reverendos ou padres. Por todo o lado se prega a Deus, mas a palavra Dele está adulterada, como lixo já muito vasculhado. E na multidão de pregadores há mais que um exército de impostores. Religião e alcoolismo misturaram-se como um coquetel e em consequência muitos maus ventos sopram por aqui, originando violentas tempestades religiosas. Pobres tresloucados que gritam demoniacamente a palavra incendiária em nome do Senhor, enquanto na mão arremessam a Bíblia como arma mortífera. Tal Deus não é vida, é morte.
As jovens de Abdera não gostam nada que lhes falem em público dos seus filhos, porque isso é muito prejudicial para a vida da caça ao homem. O destino da mulher é embarcar, para os seus sonhos realizar.
Porra! E conseguiram atirar com este povo para as profundezas da Idade Média.
Uma coisa é certa: com a maldade implantada, isto não vai dar em nada.
Quanto mais o tempo passa, mais aumenta a nossa desgraça.


terça-feira, 3 de outubro de 2017

A REPÚBLICA DE ABDERA FOI MAIS UMA VEZ A ELEIÇÕES ADMINISTRATIVAS



Abdera foi uma cidade grega na costa da Trácia, perto do rio Nestos, quase frente a Tasos. O ar de Abdera tornou-se proverbial entre os gregos antigos que afirmavam que tornava as suas gentes particularmente estúpidas. (In Wikipédia)
República de Abdera, algures no Golfo da Guiné.

Nestas eleições a oposição jurou aos seus eleitores que desta vez não haveria lugar a fraudes como nas eleições anteriores. Os votos seriam rigorosamente controlados e assim o escrutínio não teria hipótese de fraude, pois as cópias das actas seriam contabilizadas e facilmente se saberia quem seria o vencedor. Sim, já se sabia quem de antemão seria sempre o mesmo vencedor. Palavra de oposição não vale um furado tostão.
Foi dito pelo Abel da CASA que desta vez não seriam admitidas fraudes. O paladino, qual mau profeta, Isaías da UNITA, disse que haveria uma chuva de manifestações, - bom, até pode ser que esteja corecto, pois no tempo do cacimbo não há chuva, - pouco antes da publicação dos resultados que há muito já se sabiam, disse que o povo seria o juiz e soberano e que a sua decisão é que seria válida, seguida para a resolução da contenda da fraude. Mas rapidamente fazendo ouvidos de mercadores, Abel e Isaías também defraudaram os seus eleitores ao afirmarem que iriam tomar lugar no parlamento, validando assim as fraudes anteriores, isto é, tudo a ficar na mesma com a oposição a fazer a estudada figura de palhaços. O Abel, tal como no discurso das anteriores eleições, limitou-se a dizer que não tomaria lugar no parlamento para se dedicar mais aos interesses da CASA. Reforçando que na anterior fraude, ele disse precisamente o mesmo. Sou de opinião que os manos Abel e Isaías devem pedir a sua demissão e entregarem os lugares a quem os mereça, porque de continuados espantos já estamos cansados, estupidamente habituados. Aconselho-os a irem no guiché único de empresas e legalizarem um circo, porque isso sim, é algo de útil, é a vocação que têm para entreter os eleitores com as suas palhaçadas, e abandonem a política, deixem-na para os que têm aptidões para tal. Mas, como disseram, que iriam para outras formas de luta, quais… quais são?! Não sabem, porque lhes falta capacidade para tal. Dou-lhes um exemplo sem a necessidade de manifestações. As greves, e várias coisas sem necessidade de manifestações. Mas eu não sou, nem pretendo ser vosso conselheiro, era só o que faltava.
Então se a oposição conforme provas documentais apresentadas ganhou as eleições, entrega o poder de mão beijada e aceita outra vez a imposição da vassalagem? Isso também é uma fraude eleitoral aos eleitores que muito esperançados votaram na mudança… da escravidão. Isso tem um nome: mentalidade de escravos que ainda não lhes saiu das cabeças.
A actuação da oposição deixa-nos em estado de estupefação. Oh, como me sinto triste ao colocar-me no lugar dos eleitores que votaram nos partidos da oposição e viram o logro em que se meteram, porque os seus presidentes não têm qualidades que certifiquem serem defensores do povo, dos seus eleitores. Então porque é que andaram toda a hora a implorar que votassem neles, que a miséria acabaria e que a felicidade viria? Apenas para conquistarem mais alguns lugares por via administrativa no parlamento e assim conseguirem mais dinheiro para engordarem.
As eleições em Abdera são qualquer coisa assim como numa empresa onde os trabalhadores chegam e marcam a sua presença no livro de ponto.
Se antes já estava céptico, agora com estas eleições digo definitivamente adeus à democracia porque se instaura a selvajaria. Basta ouvir os noticiários e que aqui e ali diariamente os maridos matam gratuitamente as esposas… matam tudo. A violência cresce, se fortalece. É uma gigantesca avalanche que faz com que haja muitos desmoronamentos de selvajaria. Abdera está a desabar.
Com políticos ingénuos não há democracia. Oposição, mais povo abandonado, igual a, república da selvajaria.
A lei é para os pobres.
Porque será que Abdera tem muitos doutores? Pergunto isto porque nas rádios e televisões só se ouve, doutor disto e daquilo. Creio que é mais uma epidemia, ou melhor, muitos doutores e engenheiros não. Não é por acaso que chamam os abderas de estúpidos, pois só têm doutores e engenheiros não.
Hoje e todos os dias há circo, e a atração principal é os palhaços da oposição, nada mais natural, sem igual.
As sanguessugas, os abutres e os vampiros apressam-se em reconhecer os resultados eleitorais. A pilhagem está a recomeçar.
Depois de tanta propaganda à bolchevique que com a barragem de Lauca a energia eléctrica estaria definitivamente restabelecida, eis que a partir do início do mês de setembro de 2017, quase todos os dias a energia eléctrica falha. Sempre a andar para trás como um viajante do tempo que nele se perdeu. É inacreditável como Abdera funciona, mas perfeitamente aceitável pois se os seus habitantes são todos estúpidos. 
No cabeçalho da minha caixa de correio e bem carregado de vermelho: “Aviso: a Google detetou uma tentativa de roubo da sua palavra-passe por atacantes apoiados por um governo.” Não sei para quê que perdem tempo com estas coisas, pois se querem a minha palavra-passe eu dou-lha, sem makas, não tenho nada a esconder.
Já não me restam dúvidas de que há um complô internacional para a condução dos destinos de Abdera outra vez na escravidão e na colonização, sem rebelião da oposição, que destas coisas nem merece compaixão.
Povo nas eleições defraudado é povo subjugado, às gales condenado. Mas como o povo abdera é pela comunidade internacional considerado estúpido, logo fácil de dominar, de modos que mais um império colonial de quinhentos anos se vai renovar. E para isso se vai continuar a votar.
Os abderas são tratados como se não tivessem pátria, como estrangeiros, como desconhecidos que de muito longe vieram para aqui.
Haja ou não energia eléctrica, os abderas vivem sob constante bombardeamento de fumo dos geradores. Tal fumo mata, mas como são proverbialmente estúpidos deixam-se matar nas calmas como se isso fosse uma fatalidade do destino, e deixam-se estupidamente morrer, dizendo depois que isso é obra dos feiticeiros superiores e que da morte deles não se pode escapar. E as crianças que nada disso estendem? São oferecidas em sacrifícios humanos para apaziguar a ira dos deuses feiticeiros superiores? Quando é que proíbem os geradores nos terraços dos prédios? Estão à espera que morra muita gente? É exagero? Claro que não, porque apenas dois exemplos bastam: No terraço do primeiro andar do prédio da Pomobel, na rua rei Katyavala, estão posicionados doze, isso mesmo doze, geradores com reserva de bidons de combustível armazenados junto aos geradores, e também com outras coisas armazenadas. Soube por um vizinho que uma caixa de plástico dessas da cerveja, estava encostada ao gerador, começou a aquecer e antes de incendiar ele sanou como que por milagre o incêndio. Mas os outros abderas não ligam, continua tudo na mesma, pior, à espera de um incêndio de fatais proporções. Isto é nas traseiras e na parte frontal do prédio, de outros prédios, na rua em frente está também um terraço no primeiro andar do prédio do ministério da juventude e desportos que alberga também doze, sim, doze, geradores. Se rapidamente não se puser mão nisto, será pior que o incêndio de Roma no tempo de Nero. Não é necessário a Coreia do Norte lançar nem um míssil para aqui porque a cidade de Abdera tem um muito mais poderoso: milhares de geradores espalhados por todo o lado, como se fossem vários misseis armados com ogivas nucleares.
O problema é que Abdera não tem líderes, mas tem muitos falsos líderes.
A luta… continua! A vitória… é muito incerta, porque ainda não se sabe quando nascerá o messais que libertará Abdera.


HOLOMODOR, A MORTE PELA FOME



Parafraseando Winston Churchill (1874-1965): estou na varanda da minha casa, é quase uma hora da manhã, olho para o profundo da noite e vejo que depois das eleições de 23/08/17, caiu sobre Angola uma desastrada cortina de chumbo eleitoral.
Mas vai ficar tudo na mesma? Isto é, pior? Então sirvam-se que o banquete do demónio está servido.
Eis a fome que pela força das circunstâncias do desaire económico e social, também açoitará Angola com tremenda força.
 “Apenas alguns poucos conseguiram fugir para a liberdade. A inanição soviética de 1932/33 imposta aos ucranianos é conhecida agora como “morte por fome” ou holomodor. Essa fome foi um acto de genocídio soviético direcionado contra a nação ucraniana. O verdadeiro horror dessa política intencional foi revelado somente depois da desintegração da união soviética em 1991. Em 2003 a Rússia assinou uma declaração confirmando que o genocídio custou cerca de 7 a 10 milhões de vidas ucranianas inocentes. Hoje o genocídio é reconhecido como um dos grandes crimes contra a humanidade.” (Do filme Bitter Harveste 2017, Colheita Amarga.)
Perante o consenso popular os que perdem as eleições não sabem, não querem perder.
Mantenham-se calmos porque os resultados definitivos das eleições são muito fiáveis. Porque as eleições foram exemplarmente organizadas e apenas um partido ganha sempre por maioria absoluta ou qualificada. É como se fosse um partido sem oposição para desgraça da nação. Só que no tempo presente, e antes, os eleitores votaram nos partidos da oposição porque estão fartos de aturar os vexames perpetuados do partido da desgraça da situação. Honra e glória aos eleitores que votaram na oposição porque a ocasião não mais fará o ladrão.
O lugar dos padres é nas igrejas, fora delas são demasiado vulgares cantineiros eleitorais.
Quando um partido no poder faz da população um exército de famintos, quando chega a hora do voto, claro que não vão votar nele. Mas isto é tão demasiado elementar que até um reles cão vadio, desses abandonados que farejam os caixotes do lixo, entendem. Portanto é preferível falar com um cão do que falar com tal gente.
O que é necessário é manter o exército de escravos para que os seus amos e os seus grandes amigos, os pastores das igrejas demoníacas e dignitários de alguns países enriqueçam facilmente.
Vida do ser humano é vida de guerra. Uma coisa é certa e disso tenho plena certeza: depois das eleições de 23/08/17, Angola jamais será a mesma.
É mais um povo abandonado tal e qual como foi por deus anunciado. A corrupção faz ceder os pilares desta nação. E não há ninguém que lhe ponha cobro não. São tantas as desgraças que já não dá para as contar. As eleições já deixaram a porta, mas a porta de quem? Sem votação o partido da situação proclama-se vencedor, e o povo é outra vez o perdedor.
Mas, que diabo, porque é que a África negra não sai da Idade Média? E esforça-se muito para retroceder ainda mais até à Idade da Pedra. O continente da miséria, da fome. O continente dos exércitos famintos dos assaltos, o continente dos tiros. O continente dos políticos charlatães.
Pais burros, filhos burros.
As portas deste inferno estão escancaradas para o exército de famintos. As multidões deste exército, muito rápidas entram e muito rápidas saem.
Angola está como que perdida na selva amazónica à espera que um arqueológo a descubra. Mas mesmo a esvair-se na desgraça total e completa, os abutres não param, muito pelo contrário, devoram com os seus bicos blindados os despojos finais. Para ver o futuro de Angola, basta ver a campanha eleitoral do tempo de antena dos partidos políticos na televisão bolchevique onde um deles se afirma como o detentor da verdade absoluta., que sendo o partido do dinheiro acredita que tudo e todos lhes cairão e beijarão os pés. Também isto é o estalinismo holomodor.
Se todos os empresários viviam na acolhedora sombra do bananal do petróleo e assim se formavam, quer dizer, empresários formados na fraudulenta universidade do petróleo, não têm absolutamente nada de empresários, pois limitam-se ao comprar e vender como vulgares cantineiros. Claro que obedecendo aos sãos princípios da contabilidade desorganizada, é assim que se realiza o caos de Angola. Bom, Angola depois da independência nunca teve, não tem classe empresarial. Neste aspecto a única coisa que tem é o comité de especialidade dos empresários ávidos, que oram às receitas do petróleo para que lhes caiam grossas gotas. Empresário que vive dessas receitas não é empresário, é um parasita. Angola está definitivamente troglodita. Esta nação está ao serviço da corrupção.
Creio que isto não é uma democracia, é uma morgue eleitoral.
Então se há o receio dos partidos políticos da oposição fazerem manifestações porque, como dizem, o exército e a polícia estão ao serviço dos oligarcas que se aferram ao poder como rêmoras grudadas no corpo dos tubarões, porque não temerários não ousam enfrentar o belicoso poder, então não têm, nunca pensaram, nunca estudaram uma alternativa válida para manietar, enfrentar o “inimigo”. Então, assim a democracia não sobreviverá. Torna-se por isso necessário criar uma força de contenção que enfrente de uma vez por todas a destruição da nação que se aproxima a grande velocidade, qual ciclone. É preferível morrer de fome, que aí vem com mortal força, que morrer pela democracia? Então vamos ficar como antes. Aceitam-se os resultados eleitorais para que não haja mortes, como se a democracia assim o exigisse. Vamos ficar animais de caça abatidos ao gosto dos caçadores, dos senhores dos gatilhos. Oposição cheia de hesitações é ter na democracia fechados os seus portões. Não vale a pena esperar pelas forças do Além porque de lá não virá ninguém.
A democracia é o poder do povo, só que em Angola não existe povo.
Será patético ficarmos reféns do eterno poder e da titubeante, demasiado hesitante oposição que não consegue ir além da fraude, e assim continuaremos… cada vez piores, sem solução à vista. A não ser a fuga em embarcações rumo a um porto seguro na Europa. Esta também é uma das maravilhas de Angola. Vamos ficar outra vez reféns do poder e da oposição. Só que desta vez nem os ossos nos sobrarão. Assim sendo quem é que vai acreditar em Angola? Só os aventureiros, como sempre, como se estivessem no faroeste vivendo os gloriosos tempos das coboiadas da cidade do Texas.
“A porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Júlia Ferreira, disse ontem que os resultados já divulgados, que são provisórios, e que dão uma esmagadora vitória ao MPLA, não foram produzidos apenas a partir das acta-síntese, mas também de "um conjunto de outros elementos".
(O atiçar da fogueira para a manutenção da escravidão): “O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou hoje uma mensagem de felicitação pela eleição ao Presidente eleito, João Lourenço.”
Eleições: CASA-CE admite recurso a "actos de contestação de massas", UNITA remete posição para depois de reunião de hoje
Eleições: MPLA exorta angolanos a não aderirem a tentativas de distúrbios e instabilidade.” (Novo Jornal Online 26/08/17)
Aprendi de um português que, “se estás fora de Portugal num país estrangeiro e tens dificuldades financeiras para beberes uma cerveja, então sai, vem-te embora para Portugal.”

À primeira vista não parece, mas creio que facilmente se percebe que vivemos num potencial feudo de uma sucursal do estado islâmico.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

O TELEJORNAL ESTÁ A COMEÇAR






"'Uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer”. Eu acredito que este governo não pode suportar, permanentemente, ser metade escravo e metade livre. Eu não espero a dissolução da União, eu não espero ver a casa cair, mas espero que deixe de ser dividida.” (Abraham Lincoln, 1809-1865. 16º presidente dos Estados Unidos da América)
O Tribunal Constitucional chumbou em bloco o pedido de impugnação dos partidos políticos concorrentes e perdedores das eleições, tendo entretanto as suas pretensas provas depois de uma profunda análise eivarem de fraude, de montagem por meios eletrónicos. Não sendo competência deste tribunal qualquer peritagem ou arbitragem, assim tais partidos políticos têm que se conformar com tal decisão que é soberana e como tal denega provimento cautelar, nada mais tendo a exigir ou reclamar. Está a começar o telejornal.
O cacimbo terminou, o sol voltou, o tempo da chuva recomeçou. Um casal de gralhas poisa nos beirais, embosca pardais que se refugiam nos quintais, aterrorizados, como nas actas síntese eleitorais, burlados.
Amigos telespectadores, temos nos estúdios um sacerdote do comité de especialidade de todas as igrejas que convidamos de imediato para uma análise religiosa, também política, porque não, pois quem disse que um sacerdote não se deve intrometer na política de um país? E como estamos no terceiro mundo, mais concretamente no baixo mundo, os sacerdotes são quem de facto domina porque isso é apanágio do direito canónico das igrejas que é, quanto mais burros, isto é, quanto mais analfabetos melhor, porque são presa fácil das garras das igrejas, porque mesmo a morrerem de fome entregam as suas parcas quantias aos sacerdotes para que eles façam um milagre, o que também acontece com a feitiçaria, mas isso é outra história que prometemos ficará para uma das nossas próximas edições do nosso e vosso telejornal. Muito boa-noite senhor sacerdote Céu dos Anjos da igreja dos mil templos: “Sim, muito boa-noite caro jornalista e muito grato pelo convite que me foi endereçado, o qual em nome dos mil templos agradeço do fundo da alma de Deus e dos meus mil templos e extensivo ao nosso comité de especialidade, aos quais estendo a bênção do Senhor.” 
Senhor reverendo Céu dos Anjos, como analisa a estrondosa vitória do Mpla e do seu candidato a presidente já declarados vencedores por maioria… direi que absoluta. “Caro jornalista, isso de maneira nenhuma nos surpreende porque já estava traçado na rota de Deus. Como sabe, os caminhos de Deus são sempre os de escrever por linhas tortas e compete a nós sacerdotes, desvendar, aclarar essas linhas e as endireitar. Em nome de Deus Nosso Senhor, digo que Ele nos enviou uma mensagem do longínquo céu onde ainda nenhum ser humano chegou e jamais chegará, que o Mpla e o seu candidato venceram as eleições por maioria… e que no fim da mensagem uma nota de rodapé confidenciava que não vale a pena realizar eleições porque o Mpla será sempre o declarado vencedor antecipado. Bom, como reza a práxis é de todo conveniente que haja eleições para mostrar à macacada dos partidos políticos da oposição e ao pseudológico mundo democrático que em Angola a democracia há muito que está consolidada.”
Senhor reverendo Céu dos Anjos, mas apesar da veracidade dos factos, e contra eles não há argumentos, os partidos políticos da oposição insistem em não aceitar os resultados eleitorais das eleições como livres e justos. Entretanto, amigos telespectadores o telejornal está a continuar.
“Vejo que não há aqui consideração pelo mens legis, isto é, a finalidade da lei, e por isso em nome da paz e demais actos consistórios apelo aos partidos políticos para que aceitem sem condições o reconhecer das eleições ganhas com transparência e justeza. Em nome de Deus, mais guerra não! Por favor vejam o que já aconteceu em eleições num passado de carnificina não muito distante. Insisto e os mil templos que represento também, que quem ousar se manifestar Deus vai-lhe castigar. Com Deus não se brinca e muito menos com o seu poder bélico. Na verdade vos digo meus irmãos telespectadores que quem ganhou as eleições foi o patrono Deus e que delegou o seu poder na terra de Angola aos seus humildes crentes fiéis Mpla e ao seu já proclamado presidente da república”.
Mas, senhor reverendo acha correcta a posição da oposição em contestar os resultados que por força da legis do conceituado defensor da Constituição, refiro-me mais uma vez ao Tribunal Constitucional nas vestes de Tribunal Eleitoral. Mas isto é moda, é notório, é vício, é mais uma epidemia, como se não bastassem as inúmeras que já temos em toda a África. Um partido sai vencedor e a oposição não aceita, inclusive inventa cobras e lagartos, vicia provas, etc, etc.
“Bom, aos partidos da oposição oro para que sejam humildes e se declarem perdedores. Que cumprimentem os vencedores tal como reza a democracia e que não desesperem pois esperem mais cinco anos, quem sabe talvez consigam ganhar. Quem sabe, talvez a maré de Deus se vire para o vosso lado. Democracia é saber perder, e só um pode ganhar. Se é sempre o mesmo ou não, isso depende da vontade de Deus. Rezem muito, muito, amiudadas vezes para que Deus os faça vencedores. Mas é de duvidar porque saiba até agora nenhum partido político da oposição pagou o seu dízimo devido a Deus, e Ele não gosta nada disso, é por isso que nunca ganham, nunca ganharão as eleições. Seus tolos, Deus gosta de ser corrompido”.
Senhor reverendo Céu dos Anjos, e quais são os conselhos que os eleitores devem seguir? “Os eleitores são filhos de Deus e sem Ele não podem fazer nada. O que devem seguir é absterem-se de qualquer atitude negativa que perigue o processo de paz tão duramente conquistado. Como crentes de Deus tudo devem fazer para segui-Lo. Vejam o que está na Bíblia, cito Crónicas II 20: “ E, pela manhã cedo, se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa; e, saindo eles, pôs-se em pé Josafat, e disse: Ouvi-me ó Judá, e vós, moradores de Jerusalém: Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e sereis prosperados.” Portanto, para finalizar, tudo o que acontece em Angola rege-se pelas leis de Deus, o supremo legislador do Céu e da Terra que tem competência para nomear presidentes, condutores de nações. E jamais se esqueçam que quem não estiver com Ele é contra Ele. Muito obrigado a todos os telespectadores e estamos juntos na graça do Senhor.”
Já há vozes agoirentas que olham para o céu e dizem que virá muita chuva, veremos.
Todos falam de democracia, mas pelos vistos ninguém a quer. E há quem diga que isso faz parte da cesta básica das coisas importadas do demo.
É necessário termos muito cuidado porque vem aí o tal olho do ciclone, uma república da selvajaria.
E os tais analistas políticos da confraria que no uso da palavra sujam de um lado e depois limpam do outro. E muito cuidado com a lavagem cerebral que estes senhores fazem.
E por força das circunstâncias, Angola é mais um país africano à mercê da pilhagem nacional e internacional. Na África da miséria, da fome, da escravatura e dos tiros. Fica-lhe muito bem o cognome de, o continente dos tiros.
Isto não é um país, é um bando de abutres. Isto não é uma nação, é um navio de piratas.
Este povo só sabe dizer: eu vou-te bater!
Vou embarcar, o navio da miséria espera-me.
Estou fodido, sinto-me só, sem ninguém, sem amigos, sem família.
“Não sei o que posso parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me em encontrar de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente desconhecido à minha frente.” (Isaac Newton, 1643-1727)



domingo, 1 de outubro de 2017

OS LAGOSTAS E OS MANDIOCAS



O que as mulheres dizem na rua, “nós agora só queremos homens do Mpla, porque só eles é que têm dinheiro.”
Depois de uma vida inteira de sonhos, de lutas, de sacrifícios para manter, dar felicidade à família, uma pessoa chega ao ponto de não acreditar em nada, porque afinal de contas é tudo uma grande macacada. E que tudo aquilo em que acreditávamos era um fosso de ilusões.
A riqueza dos Lagostas destrói o mundo, a pobreza dos Mandiocas edifica-o.
A justiça tarda a chegar, mas quando chega começa muito violenta.
Os Lagostas não deixam os Mandiocas sobreviver porque este mar de petróleo é só deles.
Os Lagostas facilmente tomaram o poder porque os pobres dos Mandiocas deixavam-se levar por qualquer promessa. Os Lagostas em plena campanha de tomada do poder afirmavam que sob domínio Lagosta nenhum mandioca precisava de trabalhar, porque a nação Lagosta era riquíssima de petróleo. Até alguns Lagostas, daqueles mais esclarecidos, africanavam que até o céu da nação Lagosta jorrava petróleo. E para os Mandiocas viverem na felicidade plena, só o petróleo chegava e sobrava, não sendo necessário investir em mais nada, e como era uma matéria-prima eterna, outros da nata dos Lagostas ludibriavam os Mandiocas convencendo-os, o que era muito fácil pois mais burros que os Mandiocas não existia, nem jamais existiu sob a face da Terra, que as reservas petrolíferas dariam para um bilião de anos, ou mais. E os Mandiocas antevendo os lucros do petróleo logo organizaram festas, daquelas que duravam meses, ou mais, pois eles nisso eram altamente especializados. Com quilápis daqui e dali, claro que altamente se endividaram, pois os Lagostas puseram-lhes rios de dinheiro à disposição, assim tipo como os chineses fazem, o pior é depois. Aliás, este provérbio chinês, creio que se adapta muito bem a tal imbróglio: “Se o problema não tem solução, não canse a cabeça. Se o problema tem solução, não canse a cabeça.”
E como os Mandiocas não tinham, não conseguiam, nem jamais conseguiriam pagar os astronómicos empréstimos dos Lagostas, aconteceu o trivial, o que sempre acontece nestas coisas. Os Lagostas penhoraram todos os bens dos Mandiocas, a começar pelas terras que passaram a reservas fundiárias do Estado Lagosta. Espoliados de tudo, inclusive das suas mulheres que passarem a concubinas dos Lagostas, os Mandiocas viram-se forçados à escravidão na sua terra. “O autor havia publicado uma série de ensaios sobre o tratamento que os árabes recebiam por parte dos franceses na Argélia, pois os árabes não eram considerados cidadãos franceses e portanto eram subjugados por um governo no qual nem ao menos podiam votar. Crianças árabes morriam de fome, não tinham atendimento médico. Camus dizia com frequência que nada era mais escandaloso do que a morte de uma criança e nada mais absurdo do que morrer num acidente de automóvel”. (Albert Camus 1913-1960)
 A água deslizava como que sorrateira acariciando as pedras e caía parecendo um volumoso fio de prata, que a cerca de dez metros de altura libertava-se formando um lago sempre rejuvenescido. O lago estava ladeado por mangueiras que vaidosas ostentavam suculentas mangas, e aves viuvinhas passeavam, saltavam de ramo em ramo brincando tranquilamente.
Do lado oposto estava como que encomendada uma saliência de pedra natural que servia para dar mergulhos tipo prancha de piscina, para sentar, descansar ou admirar tão magnífica paisagem que obrigava os sentidos a se enfeitiçar.
Depois de uns mergulhos, os jovens, Lukeni e Mita, sentados na saliência conversavam ao mesmo tempo que balançavam as pernas que pendiam no vazio. Pararam de balançar e acto contínuo decidiram os corpos encostar. Lukeni segredou no ouvido dela, “és mesmo tu que eu quero, jamais te esquecerei, jamais o teu amor abandonarei. Prometo amar-te para sempre. Prometo que serás para sempre a fonte da juventude do nosso eterno amor que jamais secará.” E ela sentindo arrepios de amor por todo o corpo, esfregava as pernas e acariciava o corpo entregando-o à irresistível lascívia. Abraçaram-se e beijaram-se convictos de que para eles o tempo parou, e que o mundo era só deles como se fosse uma gigantesca ilha, a aldeia global do amor.
Era no tempo da estação quente. O apogeu do calor incomodava os corpos, Lukeni e Mita caminhavam de mãos entrelaçadas no início da tarde na direcção de um grande lago abundante de cacussos (Tilapia rendalli). Lukeni retirou a sua pequena cana de pesca previamente anzolada, iscou-a e lançou-a para o sorteio da água. Não demorou quase nada e logo um cacusso se prendeu num anzol. Pescou mais um, encostou-o ao outro e passou-lhes pelas bocas um fio de tecido vegetal. Continuaram a caminhada, colheram da terra fecunda duas brutas batatas-doces garantindo o maná do dia. Mita, esticou as mãos e colheu duas orgulhosas mangas.
De repente, como que por magia o céu escureceu, nuvens escuras moviam-se rapidamente, não tardaria e a chuva presente se faria. Correram para o refúgio de um casebre estrategicamente edificado para o efeito, instalaram-se e viram o dia a se transformar em noite, tal era a intensidade do breu. Antecedendo a chuvada, o vento assobiava e soprava de tal modo que parecia que tudo pelo ar voaria. Parecia uma procela, era tal o ímpeto da chuva que fazia lembrar o déjà-vu. Mita começou a preparar os cacussos com a água da chuva, enquanto Lukeni preparava a fogueira com a lenha seca retirada do improvisado aprovisionamento. Depois de saciados deitaram-se bem colados, sentia-se frio porque a temperatura baixou. Taparam-se com uma manta a tresandar a pó. A chuva continuava a bater forte e sem se darem conta adormeceram profundamente.  
A Aldeia do Lago era muito pacífica, os seus habitantes viviam em – pode-se dizer – harmonia absoluta. O sustento diário estava garantido, miséria e fome eram totalmente desconhecidos, e talvez também porque não existiam partidos políticos nem feitiçaria, porque as contendas eram geridas pela jurisprudência do Sábio do Lago, assim cognominado porque vivia no penedo do lago. Ele também educava as crianças e os adultos dando-lhes instrução primária, secundária e até superior, porque era da tradição e ele detinha os conhecimentos do legado dos antepassados.
Lukeni e Mita cedo se levantaram e já pela aldeia circulavam a distribuir os bons-dias pelos aldeãos. De mãos entrelaçadas iam para o seu poiso habitual, o Lago da Cascata.     
Já lá estavam quando de repente o céu foi abalado por um barulho muito conhecido, ouvia-se distintamente o som característico de hélices de helicópteros. Eram três que de imediato se fizeram a terra, enquanto vários camiões estacionavam e deles saíam tropas especiais, e dos helicópteros desembarcavam paraquedistas. Pela movimentação a aldeia ficou pejada de pó, como se de um nevoeiro apocalíptico se tratasse. Estranhamente, a cena lembrava o filme Apocalipse Now de 1979, do célebre realizador Francis Ford Coppola, só lhe faltava o napalm. Um militar com um megafone em punho fazia-se ouvir muito estridente “petróleo à vista!” Os aldeãos em pânico corriam de um lado para o outro sem saberem o que fazer, acreditando piamente que as suas vidas chegaram ao fim.  
Antes dizia-se “terra à vista!” agora é “petróleo e outras riquezas à vista!”
Creio que uma das principais funções dos Lagostas é destruírem os paraísos dos povos, ainda há quem lhes chame de descobertas, mas descobrirem o quê? Mas como se pode dizer que se descobriu um país, um povo? E indo nessa, serve-lhes de jurisprudência para colonizarem outros povos, alegando que eles são inferiores, que andam vestidos com um pequeno pano a tapar-lhes os órgãos sexuais, alcunhando-os de pagãos e com a tenaz da religião e a união de uma ditadura, estão lançados os dados da jurisprudência para a anexação subtil ou não desses países e povos. Modernamente usa-se o paradigma da cooperação vantajosa e a amizade entre países e povos.
“As folhas de uma árvore são muitas, mas a raiz é uma só. (Provérbio chinês.)