segunda-feira, 31 de julho de 2017

Biografia de José Eduardo Agualusa





José Eduardo Agualusa Alves da Cunha (Huambo, Angola, 13 de Dezembro de 1960) é um jornalista, escritor e editor angolano de ascendência portuguesa e brasileira.
Neto materno de Joaquim Fernandes Agualusa, Oficial da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial Classe Industrial a 13 de Maio de 1960.[2]
Estudou agronomia e silvicultura no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa. Colaborou com o jornal português Público desde a sua fundação; na revista de domingo desse diário (Pública) assinava uma crónica quinzenal. Escreve crónicas para a revista portuguesa LER, para o jornal brasileiro O Globo e para o portal Rede Angola. Na RDP África foi realizador do programa A Hora das Cigarras, sobre música e poesia africana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Em 2006 lançou, juntamente com Conceição Lopes e Fatima Otero, a editora brasileira Língua Geral, dedicada apenas a autores de língua portuguesa. Numa entrevista, o escritor responde a pergunta, "Quem é o Eduardo Agualusa? "Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil." Perguntado se se diverte escrevendo, Agualusa explica: "Escrever me diverte, e escrevo também, porque quero saber como termina o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e no entanto é verdade."
Obras
A Conjura (romance, 1989) - Prémio Revelação Sonangol (1989
O coração dos Bosques (poesia, 1991)
A feira dos assombrados (novela, 1992)
Estação das Chuvas (romance, 1996)
Um Estranho em Goa (romance, 2000)
Estranhões e Bizarrocos (literatura infantil, 2000)
Catálogo de Sombras (contos, 2003)
O Vendedor de Passados (romance, 2004)
Passageiros em Trânsito (contos, 2006)
O filho do vento (novela, 2006)
As Mulheres do Meu Pai (romance, 2007)
Barroco Tropical (romance, 2009)
Milagrário Pessoal (romance, 2010)
Nweti e o mar: exercícios para sonhar sereias (infantil, 2011)
A vida no céu (romance, 2013)
A Rainha Ginga (romance, 2014)
O Livro dos Camaleões (contos, 2015)
A Sociedade dos Sonhadores Involuntários (romance, 2017)
Outros: • Geração W (peça de teatro montada em Portugal em 2004) • Chovem amores na Rua do Matador (peça de teatro escrita juntamente com Mia Couto, estreada em Portugal em 2007) • Aquela Mulher (texto para monólogo teatral estrelado por Marília Gabriela e direcção de Antônio Fagundes, montado em São Paulo, Brasil, em 2008 e Rio de Janeiro, Brasil, em 2009) • Lisboa Africana (reportagem, 1993—com o jornalista Fernando Semedo e a fotógrafa Elza Rocha)
Prémios
Em 2007 recebeu o prestigioso "Prémio Independente de Ficção Estrangeira", promovido pelo diário britânico The Independent em colaboração com o Conselho das Artes do Reino Unido, pelo livro O Vendedor de Passados. Foi o primeiro escritor africano a receber tal distinção.
Beneficiou de três bolsas de criação literária: a primeira, concedida pelo Centro Nacional de Cultura em 1997 para escrever Nação Crioula; a segunda em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa, Índia, durante três meses e na sequência da qual escreveu Um Estranho em Goa; a terceira em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst. Graças a esta bolsa viveu um ano em Berlim, e foi lá que escreveu O Ano em que Zumbi Tomou o Rio. Em 2009, foi convidado pela fundação holandesa Fonds voor de Letteren a passar dois meses em Amesterdão, onde escreveu Barroco Tropical.
Recepção crítica
Pires Laranjeira descreve o autor assim: "Agualusa alia à sua capacidade de fundamentação histórica a facilidade de fluência da enunciação, cauterizadas com episódios burlescos, sentimentais e maravilhosos.”
Estudos sobre a obra de Agualusa
Karimi, Kian-Harald: "Sempre em viagem: nações deslizantes como formas do pensamento no romance ‘Nação Crioula’ de José Eduardo Agualusa." Identidades em Movimento. Construções identitárias na África de língua portuguesa e reflexos no Brasil e em Portugal (Hrsg. Doris Wieser, Enrique Rodrigues-Moura). Frankfurt/Main, TFM (Biblioteca luso-brasileira), 2015, pp. 141-172. ISBN 978-3-939455-12-7
Salgado, Maria Teresa. "José Eduardo Agualusa: Uma ponte entre Angola e o mundo." África & Brasil: letras em laços. Ed. Maria do Carmo Sepúlveda. Rio de Janeiro: Atlântica, 2000. pp. 175–196.

domingo, 30 de julho de 2017

NO PAÍS MALDITO




República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos

A crise é geral, maldita, total e por isso mesmo chove miséria a cântaros.
No país maldito, creio que é prodígio uma criança crescer e chegar à idade adulta. É um milagre, dizem os religiosos. É um mistério das forças ocultas do Universo, dizem os feiticeiros.
Aqui tudo continua teimosamente a ser um problema, – muitos, muitos problemas - é uma fábrica onde se fabricam, inventam problemas.
O sentimento actual é como se uma pessoa retrocedesse no tempo e fosse parar a uma ilha cheia de monstruosidades que a todo o momento nos perseguem para nos devorar.
Quase que sinto a minha alma a arder porque convivo com gente que não tem alma, que nunca ouviu falar nisso. Meu Deus!, estão a fabricar pessoas sem alma. É por isso que são almas do outro mundo. São como plantas cuja raiz não está bem assente no solo e por isso mesmo desabam.
“Após um bom jantar estamos dispostos a perdoar a todos, até mesmo os nossos parentes.” (Oscar Wilde)
Hoje, creio que pela primeira vez exclamei: “meu Deus, tira-me daqui!” Estamos, vivemos na tragédia diária.
Parece que não, mas estão a dar cabo das crianças, antes, aos poucos, mas agora muito rápido.
E quando se nomeia uma comissão de gestão, deve ler-se: comissão de má gestão.
Deve-se legislar para que nas empresas, organismos públicos, escolas, etc., para que seja obrigatório ter pelo menos um conjunto de primeiros-socorros.
E desde quando é que cabeças no ar resolvem alguma coisa? Desde nunca!
E o famoso seriado há quarenta e dois anos que deslumbra plateias. Ganhou, criou muita fama devido às suas promessas nunca cumpridas. Falo do maior êxito de todos os tempos: OS NOSSOS ALDRABÕES.
Os sedentos de justiça há muito que estão reprimidos, depois de libertados o chão tremerá, treme sempre.
Por aqui já caiu tudo, de modos que não há mais nada para cair.
Não entendo porque é que as pessoas se surpreendem com a prostituição de menores, pois se há muito as condições estão criadas. Estão distraídas ou fingem que nada sabem, que nada veem?
Se uma pessoa é, vive abandonada, claro que não liga, despreza o que lhe dizem.
E eis as nuvens do intenso nevoeiro eleitoral que cada vez mais se adensam. Depois das eleições de 23 de Agosto, o que se aguarda com muita ansiedade é a reposição da justiça, pois que há muito que ela desapareceu deste Texas. Será possível que continue tudo na mesma, pior? No rumo da nova vida sem futuro, sem esperança?
Quando o militarismo partidário se intromete, o diálogo acaba e começa a intolerância.
Bajular é a arte de conseguir ganhar o pão sem trabalhar.
Para onde vai Angola? Para lado nenhum!
Há muitos e muitos milhares de anos nada mudou, está tudo na mesma: guerras, desgraças, fome, constantes assassinatos de crianças, ditaduras, perseguições políticas, terrorismo, etc. Que belo panorama, não é? E nos reinos da selvajaria obrigam-nos a viver como animais selvagens.
Creio que o mais terrível que nos pode acontecer é ficarmos manietados pelo poder de uma oligarquia tribal africana. A corrupção e os novos-ricos são a tribo principal e viver na subjugação de uma tribo é o fim de tudo.
Não custa nada lembrar a conhecida frase, o destino é muito cruel.
Estamos sempre na mesma, sempre a recuar. Vida de recuos é vida sem esperança, de miséria, fome.
Devidamente colonizados pela miséria e fome. Mais uma vitória total e completa. Outra frase muito conhecida, não há mal que sempre dure. Mas por aqui já há demasiado que dura, será que veio para ficar?
Eis alguns excertos da cultura que caiu no esquecimento. Se não caiu, pouco falta. É a crise geral, total, como um banco sem sistema: A audiência é pública, aberta a toda a comunidade, à excepção dos não iniciados e das mulheres em impureza menstrual. Em Angola, serve de fórum a praça aberta debaixo da mulemba, a árvore heráldica e tutelar das chefias bantus, que plantam cada vez que se inaugura uma nova chefia ou se estria uma povoação. O chefe eleito crava, diante de sua casa, várias estacas da mulemba ficus, dedicadas aos seus antepassados ilustres e como testemunho permanente da sua nobreza. Se alguma delas não pega, os antepassados não estão satisfeitos; tornam-se urgentes os sacrifícios propiciatórios de animais.
Costuma estar presente em muitos grupos, o «árbitro da justiça», «grande mestre em questão de direito», que no Nordeste angolano, se denomina «nganji». Intervém, não como conselheiro, mas como guarda legal do depósito jurídico comunitário. É um jurisconsulto, cuja sabedoria e prudência acumulam os códigos tradicionais.
Nos ordálios, o adivinho mistura o veneno com água e obriga os presumíveis culpados a pegar numa colher de e a ingeri-lo com água. Devem tomá-lo em jejum. Passado pouco tempo, um dos acusados vomita com fortes convulsões; a sua inocência está provada. Outro morre. Embora a morte seja rápida, não deixa de ser horrorosa, porque chega entre convulsões e vómitos de sangue, com a boca cheia de espuma e os olhos injectados de sangue.
Segundo os Bacongos, o homem é composto de corpo (nitu), sangue (menga) que é a sede da alma espiritual (moyo), o princípio específico do homem. O «moyo» sobrevive à morte e passa a viver com os antepassados. A alma dupla (nfumu nkutu), alguma coisa semelhante à alma sensitiva, completa a personalidade humana, pois é o princípio da percepção sensível. Reside no órgão auditivo e anima ouvidos e vista. Pode andar errante durante as síncopes e o sono. Origina a sombra que segue o homem. Desaparece à hora da morte. O nome, quarto elemento, deve mudar sempre que se dá uma mudança substancial na pessoa.
O «muxima», coração em quimbundo angolano, encerra toda a riqueza do universo pessoal do homem. «Não é a origem e o conjunto das emoções e dos afectos sensíveis, nem o motor da vontade, nem a fonte do pensamento, nem a própria pessoa na sua originalidade individual: é tudo isso de uma vez».
O «muxima» distingue-se do coração físico do homem. O delicado humanismo banto: hospitalidade, calor humano, solidariedade, agradecimento e cortesia revela o refinamento do «muxima». Por isso, a grande aspiração é possuir um «muxima» poderoso, viril, que dirige, em definitivo, define e valoriza o homem. Analisar o coração equivale a analisar a totalidade do homem.
Certos grupos bacongos asseguram que alguns génios, cujo habitat é a água, podem introduzir-se no corpo do banhista. Pela cópula encarnam e originam filhos anormais, como os albinos e gémeos. Outras vezes, atribuem o nascimento anormal à infidelidade materna, pois que um pai não pode gerar dois filhos. Os gémeos são considerados, em muitos grupos, anormais e perigosos para a sociedade. Daí as cerimónias propiciatórias exigidas pela comunidade ameaçada. A mãe dos gémeos fica sujeita a tabus especiais. Há que advertir que nem todos os grupos bantos realizam estes ritos de iniciação. Mesmo em Angola, há grupos que desconhecem e outros que a praticam parcialmente. Por isso, as nossas afirmações referem-se aos grupos que exigem os ritos de iniciação.
Os companheiros de iniciação ficam unidos para sempre por laços indestrutíveis. Ajudam-se e defendem-se uns aos outros. Nasce um sólido sentimento de fraternidade, chamam-se «irmãos». Estes laços podem prevalecer sobre os familiares e clânicos, porque os preceitos da iniciação são sagrados. Juro pela «muhanda» (nome quimbundo destes ritos de passagem), é uma expressão sagrada. O grande rito termina por juramentos solenes: «Nem à mulher com quem dormires poderás contar o que fizestes na muhanda; esconde, nega, desfigura, senão morrerás». (Cultura Tradicional Bantu. Pe. Raul Ruiz de Asúa Altuna. Edições Paulinas.)


domingo, 23 de julho de 2017

DEPOIS DAS ELEIÇÕES



República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos


E depois das eleições com uma vitória arrasadora dos partidos políticos da oposição, o Mpla proclama vitória por maioria relativa ou simples (a que reúne um número de votos superior àquele dos outros concorrentes, mas inferior à maioria absoluta). A oposição contraria e mostra provas. Porém, o versado matreiro Mpla desarma argumentando que a sua vitória é por demais evidente e que não oferece dúvidas. E mais esclarece que os resultados eleitorais da oposição são uma pura invenção, mais uma fraude, pois o Mpla nunca perdeu, nem jamais perderá um pleito eleitoral, pois a esmagadora maioria da população angolana confia e segue cegamente o Mpla desde e antes dos gloriosos tempos da independência. E mais adianta que a oposição tem que se habituar a contentar-se com as suas derrotas e com a sua vulgar e reles insignificância. E a oposição em bloco contesta e diz que vai levar o pleito para o Tribunal Constitucional. E assim fez. Entretanto o Mpla esfrega as mãos de contente, pois que tal tribunal parcial há muito que é um órgão partidário e foi instituído para sempre julgar a seu favor. A oposição (mais uma vez, muitas vezes) viu contrariados os seus desejos. Depois de infindáveis dias, uma eternidade, tecnicamente falando viu o seu pedido rejeitado, mais tecnicamente viu o seu pedido indeferido. Confesse-se que nada aconteceu de anormal pois tal veredicto já era de contar, normal. Vai daí, a oposição recorre à instância máxima da Lei, o TS, Tribunal Supremo. Muito confiante aguarda que se faça justiça, pois tudo está a seu favor. De facto está mais que provado e a nação inteira sabe que a oposição derrubou o célebre contendor Mpla, pois tudo e todos estavam já demasiado fartos (isto é favor, o correto é dizer-se demasiado fartíssimos) de o aturar. Mas, para quê espantar?, o TS declarou perenptoriamente da sua suprema justiça, a injustiça de que o Mpla é de facto e de jure o aclamado, o proclamado vencedor das eleições de 23 de Agosto. Logo de seguida e perante tão flagrante injustiça, a oposição ameaça sair às ruas numa grandiosa chuva de manifestações. O Mpla aconselha que não, pois a oposição tem que felicitar o vencedor e não fazer marchas tumultuosas. A oposição tem que aceitar, se contentar com a sua derrota. O Mpla faz sair um comunicado onde nele realça que se a oposição quer fazer confusão, então o seu devido lugar é na prisão. Mas a oposição não desarma, forte, poderosa, nunca desarmou, como a isso sempre nos habituou, que fará uma surpresa, que vai mesmo sair para as ruas, porque o poder sempre esteve, lá mora. O Mpla replica que não tolerará nenhuma agressão interna e externa e invoca que um governo devidamente constituído tem o supremo direito de se defender, a si e às populações que democraticamente o elegeram. As coisas sobem de tom pois outra coisa não seria de esperar. O Mpla convoca todos os seus instrumentos de defesa e segurança e envia-os para prenderem os insurrectos e preferencialmente eliminá-los para sempre sob o escudo da acusação de células terroristas devidamente implantadas e organizadas. Mas a oposição não se deixa intimidar, porque batalhadora como nunca, pois contra qualquer injustiça sempre lutou. Começam os tumultos com barricadas nas ruas, com muitas nuvens de fumo provenientes de pneus e outras tralhas a arder. São milhões de manifestantes que não aceitam, dizem, mais o jugo do comunismo. O Mpla decide-se pela sua vitória certa, final, ordenando a todas as forças de ar, mar e terra que disparem a esmo, sem dó nem compaixão contra tudo que se mova. Sente-se no ar a pólvora e o cheiro acre dos corpos queimados pela fornalha de tão colossal metralha. Os nossos santos Bispos declaram que Angola optou pela solução da RDC, nada mais tendo a declarar ou reclamar. Como sabido, de lei, a diplomacia internacional é a arte da hipocrisia internacional. A comunidade internacional volta, faz o seu papel, cumpre o seu dever, a olhar de soslaio finge tomar conta da situação. Mostrando-se impotente deixa andar, é o deixa-andar, deixa-disso universal, excepto um não perenptório quando lhe interessa, quando os seus poderes e interesses geoestratégicos estão directamente ameaçados, retira-se sub-repticiamente e é o nascimento de mais um estado africano que cai, que se entrega à barbárie, à mais elementar crueldade onde as crianças ficam, são aos milhões, biliões?, sem UNICEF.
Crónica de uma morte eleitoral: “Todos os intervenientes do processo eleitoral afirmam que querem um processo eleitoral livre e justo, implicando por conseguinte um processo transparente. Para falarmos de transparência necessariamente temos de exigir o cumprimento da lei. É exactamente nesta questão (do cumprimento da Lei) que a CNE tem deixado muito a desejar. Neste momento, faltando 38 dias para o pleito eleitoral, o plenário da CNE quer agora aprovar o Regulamento sobre a Organização e Funcionamento dos Centros de Escrutínio, estabelecendo a lei que "A Comissão Nacional Eleitoral deve estabelecer e publicitar no prazo de 30 dias a contar da DATA DA CONVOCAÇÃO DAS ELEIÇÕES, a estrutura, a organização e o funcionamento dos centros de escrutínio, bem como os sistemas de transmissão e tratamento de dados e os procedimentos de controlo a utilizar nas actividades de APURAMENTO e ESCRUTÍNIO, em conformidade com os artigos 116.º e 117.º da Lei Orgânica Sobre as Eleições Gerais". Estive a citar o número 1 do artigo 30.º da Lei n.º 12/12, de 13 de Abril - Lei Orgânica sobre a Organização e
O Funcionamento da Comissão Nacional Eleitoral Não cumpriram com a lei de propósito e agora querem a correr aprovar um regulamento que viola a Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais no que à transmissão das actas diz respeito, pois pretendem que essa transmissão seja feita a partir das ADMINISTRAÇÕES MUNICIPAIS e não das Assembleias de Voto (será que querem adulterar os resultados????? E já agora por que razão escolhem as Administrações Municipais e não as Comissões Municipais Eleitorais???). POR FAVOR CUMPRAM SÓ COM A LEI!!!!” (Mihaela Webba, deputada da Unita)
Propaganda eleitoral da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Luanda: “ministérios da criança. “Convite. O ministério da Criança convida-o a participar na semana de oração infantil que acontecerá de 15 ao 22 de Julho na Igreja Central de Luanda. Será uma semana repleta de bênçãos celestiais. Participe! Traga a sua visita. Abrace este ministério!”
Viver no reino da mentira é permanentemente viver na miséria e assim continuando acaba-se no reino do inferno da fome. Antes era o colonialismo, agora é o colonialismo. “O estrangeiro vem, tem emprego. O português vem, tem emprego. O brasileiro vem, tem emprego. O chinês vem, tem emprego. O angolano anda aí na rua a vender a jinguba. (Isaías Samakuva, em Ondjiva, Cunene)
A crise não é de agora, já vem de longe, já há quarenta e dois anos que nos invade.
Em Angola chove muito, há quarenta e dois anos que as casas estão inundadas de miséria, pelo mar, pelo dilúvio de fome.
A coisa mais pavorosa que me é dada a observar, é o ver exércitos de famintos que a única riqueza que têm, claro, é a fome. E ver alguns novos-ricos a desfilar com os seus carros de luxo, ostentando e esbanjando o que ilicitamente conseguiram e conseguem. Creio que isto é sem dúvida alguma a essência da revolta e do terrorismo que eles provocam. Este é um Estado declarado de expropriados.
No país dos expropriados a terra não é de quem a trabalha, é de quem a rouba com metralha. E o mais importante é criar pretextos para fazer cortes de energia elétrica e com isso vender mais alguns geradores. É que a diversificação/diversão/desertificação da economia resolve-se com o uso massivo de geradores. Com o sistema de geradores domésticos ou industriais, dentro de pucos meses esta economia será imparável. Até qualquer bajulador do FMI declarará que ela inigualável será.
E esta torpe sociedade vai evoluindo com festas muito barulhentas a qualquer hora do dia ou da noite. Beber até desmaiar, até morrer, até não mais levantar.
Trabalhar é criar, inovar. Quem isto não faz, não trabalha, desfaz. Está a brincar, é como um autómato teledirigido.
É bazar porque não deixam, é impossível pensar, trabalhar. Quando quiserem, deixarem pensar e trabalhar, então é hora de voltar. Mas receio que seja demasiado tarde.



segunda-feira, 17 de julho de 2017

DESTRUIR TAMBÉM É UMA ARTE



República das torturas, das milícias e das demolições

Diário da cidade dos leilões de escravos

 

Sim, destruir também é uma nobre arte. Assim o afirmam os destruidores de tudo, incluindo as nossas vidas. Convém notar que também se destaca muito bem a actividade de destruir o outro, tornando-se assim o elemento chave da destruição física ou não. O jogo da intolerância encaixa-se muito bem nisto porque quando o diálogo não funciona devido à fraqueza do intelecto, a intolerância salta para fora com força em cima do outro. Pois, ser intolerante é a disciplina principal que nos causa muito mal. Tal uso sistemático de destruir é o principal pilar que sustenta a desgraça, a escravidão, a miséria e a fome que são os filhos da destruição.

Povo abandonado é povo renegado. 

Sonhei que estava preso. Na prisão declarava a todo o momento que fui preso por engano mas ninguém me dava atenção. Insistentemente perguntava qual era a acusação, mas também ninguém me respondia. Parecia que eram todos surdos e mudos. Mais tarde alguém foi ter comigo e disse-me que fui preso por engano. Que seria imediatamente solto o que aconteceu. Foi-me apresentado um pedido de desculpas. Ainda no sonho, declarei em gritaria que, Angola para mim acabou!!!, não quero mais ouvir esse nome. Amigo leitor, não é difícil de imaginar quando acordei com tal pesadelo bem fresco ainda a pesar-me na mente. O chato é que se parece com uma coisa tão real que é passível de nos acontecer.

Ao que chegámos! Por incrível que pareça, os “governos” democraticamente eleitos são os garantes da instabilidade política, económica e social. É que os ardilosos conseguiram o disfarce da frágil capa da democracia.
Sobretudo, seja um indivíduo culto, esforce-se, pois sem isso o futuro é-lhe muito incerto, leia o Jornal de Angola.
E os aventureiros das guerras vão deixando, vão semeando cadáveres pelos campos. É isto que agora se chama agricultura.
E a literatura do petróleo está bem servida, guarnecida pelos génios escritores, poetas e outros campos de prospecção petrolífera/literária, pois, sem petróleo jamais existiria tal imensidão de génios ligados às artes.
Há homens que fundam a democracia, outros afundam-na.
Não será nada mau se em Angola existirem dois ou três democratas.
Por mais que se tente evitar a escalada da desgraça angolana, Angola não é igual nem melhor que os outros países africanos mergulhados na debandada dos seus povos como errantes, como farrapos humanos.

Há mais de quarenta anos que o governo está em testes, e até agora não passou em nenhum, e parece que nunca vai passar, porque comete sempre os mesmos erros. Quem no erro reincide nada decide e sempre na mesma aposta apostar é delirar.

Não dá mesmo viver com um povo prisioneiro da feitiçaria. Não, não é possível.

Implementar a corrupção é a chave para a diversificação/desertificação da economia.

Aqui nunca há descanso porque todos os dias são o inferno.

Há constituições que são como uma casa muito bonita por dentro, mas por fora cai aos pedaços, vai desabando.

Aqui vive-se como se estivesse numa sessão de tortura numa prisão.

Uma coisa notável que tenho visto é a fuga generalizada do pessoal à responsabilidade. Assumem os compromissos mas muito raramente os cumprem. Sempre de cabeças no ar, os únicos compromissos que assumem são os da feitiçaria. Povo na feitiçaria é epidemia, é razia. Assim não dá para se safarem, e como já é demasiado tarde para o fazer, é óbito que vamos ter.

Seguindo o exemplo de África, Angola também aposta na produção da fome: Cerca de 38% das crianças angolanas apresentam malnutrição crónica.” Mas acredito que seja o dobro.

… coincidiu com a recepção de um email onde nos era apresentada publicidade de um casting, imaginem os nossos leitores, um casting para a escolha de candidatas e candidatos que participem na "1ª edição do concurso Miss e Mister Literatura Angola"... !!! Inqualificável? Absurdo? Inacreditável? Não. Entre nós, tudo é possível... Como escrevemos atrás, há fronteiras que têm de ser urgentemente delimitadas. Há urgência em pôr um travão em desmandos como o atrás contado. Angola não é esta gente nem pertence a estes espécimes, cuja actividade cerebral não é certamente igual à da esmagadora maioria da nossa população. (Editorial, In Novo Jornal 07/07/17)
Entretanto Angola, África, ardem. Por incrível que possa parecer a África só serve para saquear, não serve para mais nada, e as elites políticas são um desastre. Isto não é nada de novo, toda a gente sabe, mas nunca é demais lembrar, a desgraça anunciar.
Quando as igrejas se intrometem na política como entidades privilegiadas, e Angola tem muito disso como se fosse tradição. O país retrocede mostrando as nuvens brumosas do passado da corrupção inquisitorial.
E o mais preocupante que pode acontecer a um país, é as igrejas servindo-se do nome de Deus e de Jesus, manobrarem os políticos para conseguirem algo em troca. Isto é o que se pode chamar de divina corrupção. Pois, é a diversificação/desertificação da economia angolana. 
Oh! Oh! Oh! Como é assustador ver os jovens fugirem de África, mas é bom confessar que não fogem de África, fogem do inferno sem esperança sem liderança, fogem do continente do presente sem futuro, do agigantar dos problemas sem solução. Os tagarelas não resolvem, não decidem nada, incitam à desordem, criam a violência no enxame africano, como se fosse uma milenar maldição.
Então a África vive e vai vivendo de doações como se fosse lei aprovada por um parlamento. Ah! África sempre de celeiros vazios. E não se avista algo que ponha fim a isto. Portanto, em África nada melhora, tudo piora.
Esclarecimento: fome também é guerra, por isso não adianta falar que estamos em paz, que a guerra acabou, etc.
Quando se mistura política com comércio… estamos em Angola.
Mas cavam-se tantas sepulturas para quê?, para quem? Não se preocupem porque em breve verão satisfeitas as suas preocupações.
“Nos Camarões, damos alguns exemplos, e na Nigéria recordam certas mulheres que dirigiram migrações, fundaram e conquistaram reinos. Ainda permanecem na galeria dos heróis nacionais. No antigo Ruanda, a mãe do Mwami, a «Umu-Gabe-Kasi», era corresponsável no governo. São famosas as rainhas Jinga de Angola, Anima dos Haussas, Aura Pokú de Bule, Lovedu na África do Sul, a rainha viúva de Baganda e as celebradas amazonas do Benim, temíveis guerreiras que se lançaram em guerras de conquista e resistência, apesar de os monarcas do país costumarem exercer tiranias extremas. A «Mafo» dos Bamiliké era considerada mulher-chefe. Entre os Bemba, a «Caudamukulo», parente uterina mais velha do rei, gozava de grande poder político; fazia parte do conselho dos anciãos e regia numerosas aldeias. No reino Ngoyo, Cabinda, as princesas gozavam de estatuto especial. Eram livres na escolha do marido, que não podia recusar, pois passava à condição de semiescravo; saía sempre guardado à rua. Em Angola, como em outros países bantus, encontram-se mulheres-chefes. Assim as Sobasmmaholo e as Muangana luenas; também aparecem com frequência entre lundas e ksokwes. Os cuanhamas recordam as rainhas Nekoto e Hanyanha.” (Cultura Tradicional Bantu. Pe. Raul Ruiz de Asúa Altuna. Edições Paulinas.)


terça-feira, 11 de julho de 2017

O ÚLTIMO COMBOIO DE LUANDA



República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos

Finalmente, o abismo está concluído.
“A oposição cala-se. Não vai à rua. Não se mobiliza. Não protesta. Esconde-se... Reclama e reivindica, em “soft”, regra geral, no conforto das poltronas dos gabinetes com ares condicionados ou refastelados nos Lexus. Por todo este descaso, mais uma vez, desconsigo acreditar estar o país tão sem rumo, face aos bilionários e vergonhosos roubos financeiros, que poderá avocar a tese tão cândida no socialismo, face às dificuldades económicas e sociais, porque vive a maioria da população: “Estão criadas as condições objectivas para a revolução”. (William Tonet in Folha 8, edição 1324, 01/07/17)
Importante, fundamental, uma sociedade sem regras não sobrevive, comete suicídio, e esta é a tragédia de Angola que dá por concluído o seu abismo final. Pelo catastrófico avolumar para outra RDC vamos navegar. E por isso mesmo o abismo, o fim está próximo., a chamar.
Para onde vai este comboio sem democracia? Para a grande desgraça que se anuncia. Em Angola o comboio da democracia não para porque não tem estações, e não se sabe quando as terá. Talvez que a inspiração da RDC seja a solução, ou que o fim da democracia está próximo. E também se esqueceram que o comboio da democracia para circular necessita de carris, até disso se esqueceram porque as mentes estavam – estão – demasiado ocupadas no saque. O comboio sem democracia só transporta lagosta, a mandioca atira-a para os cães que a olham de lado rosnando de raiva, muito desconfiados pois até a mandioca desapareceu, já não é dos pobres, é também dos lagostas, não é comida de pobre, é comida de ricos. 
Não havendo oposição há corrupção. Na verdade tal oposição é o sustentáculo do comboio da corrupção.
Se um partido político resolve tudo pela violência, não dá para ver como ou qual será o futuro de Angola. Quando o poder é violento a violência o esmagará.
Aqui diz-se que se defende tudo, incluindo a liberdade, só não se vê quem defende a liberdade dessa liberdade.
O RETRATO DE LUANDA: E o muangolé continua notável na sua destruição. Por exemplo, consegue alugar o seu apartamento, a beneficiária costuma ser uma amante – são tantas – parte os mosaicos e os azulejos recentemente instalados pela anterior amante, para tirar o feitiço da outra, só pode – numa altura destas como conseguem tal fortuna para tão vultuosos gastos? – o apartamento do vizinho é destruído, tudo bonito por dentro e por fora a desabar. Assim continuando – claro que vão continuar pois se não sabem fazer mais nada – e devido à penúria financeira vigente prevê-se que os muangolé viverão como ratos, desculpe amigo leitor, as populações já não são pessoas, são ratos, piores que eles pois os roedores têm regras que respeitam, enquanto os roedores humanos não respeitam regras… nada nem ninguém. Por isso os ratos sobrevivem e os seres humanos não. No apartamento das obras, está por baixo outro que, como foi dito aos jovens que executam o trabalho de partir tudo e até erguer mais paredes, o que conforme lhes foi explicado não dá para suportar mais peso. O prédio já ronda os cinquenta anos, foi erguido até ao terceiro andar. Depois o proprietário decidiu fazer aqui morada. Ergueu mais dois andares, o quarto andar destinado a arrendamento e o quinto andar fez dele um escritório. Ambos têm como característica o não serem construídos em betão armado o que leva a que a qualquer momento desabem. A varanda das traseiras está com três fendas, uma delas a mais saliente, vai até ao meio da casa de banho. Na cozinha tem uma fenda de um metro de comprimento por cima da chaminé. Os tectos da cozinha e da casa de banho estão a desabar, já se vê o tijolo. A varanda que dá para a rua tem duas fendas, uma delas chega quase a meio da sala. Num dos extremos da varanda a parede está-se a desfazer, e no outro extremo um pilar tem uma fenda a toda a altura. Num quarto que dá para as traseiras tem uma fenda preocupante que chega a meio do tecto. Por baixo da viga tem também uma fenda que a acompanha a todo o comprimento, cerca de cinco metros. Mas os jovens não estão interessados nisso, o que querem é facturar conforme um deles anuiu de cabeça quando confrontado com a desgraça à espreita. Foi-lhes dito que mostrassem a licença da obra, disseram que está com o encarregado. Então que digam ao encarregado da obra que há que falar com ele para a responsabilização dos prejuízos que aí vem. Passam os dias e nada de encarregado. Devido à envergadura da obra facilmente se fica a saber que o apartamento foi vendido a uma senhora que trabalha num banco, conforme dito por vizinhos. Também se pediu a sua comparência mas não resultou. Há fuga intencional, só que a senhora e quem possa estar por trás dela ainda não sabem que irão residir como se estivessem num navio prestes a afundar-se. Ela quando disto tiver conhecimento decerto desmaiará ou terá um ataque cardíaco. Claro que está a fazer um muito mau negócio, a deitar dinheiro para o lixo. Contas feitas por alto a obra é capaz de estar nos cinquenta mil dólares. E de novo vem o assombro: as empresas estão com impressionante contenção nos gastos, e como este ano a coisa não melhora, mais despedimentos serão feitos. A crise é de tal monta que faz com que os investimentos fujam, e quando isto acontece há a inevitável fuga de divisas que aqui fica muito fácil de fazer devido à república da corrupção instalada. Claro que chovem perguntas: Como é possível tal esbanjamento? Tal dinheiro foi ganho honestamente? Como foi conseguido? Como é possível num ambiente de miséria e fome haver quem ostente riqueza tão agressivamente? Num ambiente quase de pleno desemprego há para quem o dinheiro caia do céu. Escravidão, desgraça, miséria e fome deveriam ser as palavras de ordem seguidas. Neste teatro de plena injustiça milhões de almas clamam por justiça, e quanto mais ela tardar mais os próximos dias serão de arrepiar. Como isto é incrível, ao nível que esta gente chegou, sem cérebro, onde construir é destruir. Há dez dias que não se consegue trabalhar porque a barulheira é por demais infernal. Isto passa-se na rua Rei Katyavala, no prédio 109, no quinto andar direito.
No noticiário da rua, um cidadão mal ou bem informado, disse que se a Unita ganhar as eleições, o Mpla vai retirar todo o dinheiro dos bancos – pessoalmente não sei que dinheiro porque isso é coisa que não há, como se diz na gíria, o dinheiro está muito difícil porque está a ser desviado para a campanha do Mpla – para que a Unita no poder encontre os bancos vazios.
Se os democratas de fingir continuarem na democracia de fingir, decerto que na hora da prestação de contas vão fugir, sem saberem onde cair não conseguirão se redimir.
Isso de falar e não fazer nada fica grotesco, é palhaçada. E palhaços não nos faltam, tudo isto se encaixa perfeitamente na tragédia final do palco infernal. Democracia sem democratas é isso o futuro que nos querem presentear, ludibriar, na miséria e na fome continuar.
Pelos vistos os muangolé ainda não conseguem conviver com o próximo, e se até hoje não o conseguem jamais o conseguirão. Isto faz parte da grande tragédia de África que se desintegra a olhos vistos, como se caminhasse para o fim da sua civilização.
X-FILES: “Noutros ordálios fica inocente quem consegue extrair uma agulha do fundo de uma panela de água a ferver. Outras vezes, submetem-se à «prova da agulha»: se não sai sangue depois de picar a língua, o lóbulo da orelha ou as pálpebras, fica provada a sua inocência. Também é inocente quem consegue pisar com lentidão, várias vezes, as brasas, sem queimar os pés. Mais perigosa, aterrorizante e frequente a prova do veneno, usada sobretudo para esclarecer a acusação de feitiçaria. Em muitas regiões de Angola denominam-se «mbambu». o adivinho conhece as propriedades altamente venenosas de certas plantas.” (Cultura Tradicional Bantu. Pe. Raul Ruiz de Asúa Altuna. Edições Paulinas)
Majores pennas nido: asas maiores que o ninho. Expressão de Horácio (Epístolas, I, 20-21), que se aplica aos que, vivendo em condição medíocre, aspiram a altos destinos. Malesuada fames: a fome ruim conselheira. Virgílio (Eneida, VI, 276), enumerando os monstros que guardam a entrada dos Infernos, qualifica a fome de ruim conselheira, isto é, de inspiradora de crimes e de más acções. (Dicionário Lello)  


quarta-feira, 5 de julho de 2017

IRRESPONSÁVEIS +HIPÓCRITAS = OUTRA RDC



República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos

Faz com que todos os dias não sejam iguais. Não te deixes ir nas ondas onde todos navegam. Nunca penses no dia de hoje, pensa sempre no dia de amanhã.
Aviso! Aqui não se criam empregos, só se aposta no desemprego em larga escala.
E que o dinheiro está difícil, mas para alguns está muito fácil. Porquê? Vê-se no esbanjamento.
Nelson Gonçalves Bastos: Normal. Também já passei por isso. Duas idas ao Lubango e devido ao mau tempo não conseguiam aterrar. Quando fui reclamar em Luanda o "chefe" estava com uma bebedeira que nem se segurava. Nem viagem, nem bagagem... Berrar até aparecer a polícia e resultado: a culpa foi minha. Falta de respeito. Raul Costa: Esse é o estado geral em Angola. Indiferença em vésperas de eleições. Cada um por si.
Se o partido no poder faz o que quer e bem lhe apetece, isso revela que a oposição é fraca. O que esperamos da oposição é uma atitude construtiva que mostre aos cidadãos que há genuína vontade em resolver problemas. Pois, pois, tudo se resolve com o voto em 23 de Agosto. Lamento que a oposição seja débil, senão vejamos o desempenho negativo do líder da Unita, Samakuva, em que, por exemplo, nos seus discursos sobre a fraude eleitoral prometeu uma chuva de manifestações, antes prometeu uma surpresa, ainda antes jurou que não aceitaria as empresas Indra e Sinfic, mas elas foram adiante. As repetitivas conferências de imprensa que por isso se tornam cansativas, porque sempre a ouvir a mesma coisa não dá, etc. Isso cheira a esturro porque quem promete agora e não cumpre o que diz fica tudo na mesma. E que se vencer as eleições promete que logo o povo angolano será feliz, quando isso é muito fácil de provar como uma grotesca mentira eleitoralista. Serão muitos anos de recuperação económica, e se os investidores internacionais fingirem que apoiam então será uma eternidade. Hoje de manhã fartei-me de rir quando ouvi na TPA do vizinho, como muangolé do exército de surdos e de sem noção de convivência, põe o som muito alto. Escutei então que no noticiário desfilava mais uma vez, e sempre, a propaganda do Mpla, ri-me muito, porque os partidos da oposição lamentam-se – lamentam tudo, apenas lamentam e isso não resolve nada - que os órgãos de informação do Mpla só fazem propaganda desse partido, mas até agora a oposição não conseguiu mudar o quadro e até ao final das eleições não o conseguirá. A Unita não é confiável. DA CASA, o que tenho notado são as intervenções, creio que sem interesse eleitoral, quero dizer, não convencem o eleitorado por não dizer nada de novo e também entrar na órbita do cansativo. Já lá vai um mês que não oiço estações de rádio nem vejo TVs e similares. Limito-me a ouvir os títulos dos noticiários do almoço e da noite. Definitivamente não ouso ouvir mais políticos da praça porque são confrangedores e um atentado ao meu e nosso intelecto. Claro que não estou só, comigo comungam muitas almas. Vamos para outra RDC? Parece-me que sim, oxalá que não.
"Para fortalecer os sistemas de saúde, garantir a segurança sanitária e proporcionar um melhor acesso aos serviços de saúde, os países devem esforçar-se por alcançar o mínimo de oito dólares por habitante recomendado pela OMS" (Rebecca Moeti da OMS In Novo Jornal 28/06/17)
E andam todos e todas no frenesim dos quimbandeiros para ficarem ricos e ricas. Ela queria ser rica e para o conseguir foi no quimbandeiro. Ele disse-lhe para arranjar um peixe grande e entregá-lo na mãe para o escamar. Ela entrega o peixe na mãe que se recusa a escamá-lo. Insiste mas a mãe continua a não aceitar. É então que surge o neto ainda criança e sussurra no ouvido da avó, “avó, eu ouvi a conversa da mãe com o quimbandeiro, não escames o peixe porque a mamã quer ser rica.” E a avó devolveu o peixe. Então a mãe escamou o peixe e depois morreu.
Esta ouvi numa rodada de cerveja que creio revela profundamente o busílis da sociedade angolana: “Se os políticos de uma maneira ou de outra são todos corruptos, então prefiro continuar com os habituais corruptos porque já sei como eles são, e por isso vou votar no Mpla.”
Mãe angolana abandona filhos na embaixada do Canadá em Luanda, na rua Rei Katyavala. As crianças que aparentam ter, uma, nove e outra cinco anos de idade foram abandonadas hoje 26/06/17 na embaixada. As crianças foram vistas a brincar em frente da embaixada. Uma funcionária foi-lhes comprar comida. O pai, canadiano, foi-se embora para o Canadá e também as abandonou. Entretanto, do Canadá, o pai mandou recado para a mãe a dizer-lhe que virá a Luanda para levar os filhos para o Canadá. É muito triste ser criança em Angola, não é?
Além disso temos buereré de políticos, os tais democratas/opositores, que muito falam, falam, mas não dizem nada. E quem perde tempo com eles é pior que eles. Esta gente durante dezenas de anos viveu na ilusão dentro de um castelo de nuvens. E demasiado tarde, já o rebanho no precipício, se apercebeu disso.
Jamais se esqueçam disto: tudo o que é repetitivo cansa. E sobretudo, mamos e manas, também jamais se esqueçam de como David venceu Golias.
Viver com primitivos é regressar para o tempo das cavernas.
Quanto mais tempo se perder com a falsa religião mais burros ficarão. Não, não estou a sonhar não, está tudo falido.
No início o amor é como um escritor que também no início escreve muitos livros, depois desse intenso fulgor desvanecem na procura mística de outras asas para outros ninhos.
Estes manos cada vez estão piores: então quem não fizer todos os meses recarga do pré-pago da energia eléctrica leva multa. Isto é Angola, é África cada vez melhor. E os cortes da energia eléctrica continuam como que obedecendo à estratégia das venda de geradores. A propósito, desde Janeiro até Junho de 2017 em cortes no fornecimento foi um ror de 517 horas.
Angola, o país onde as pessoas andam sempre com as calças nas mãos. Creio que é fácil de adivinhar, como Angola vai acabar, pois se anda tudo a roubar.
Não são só os cães, mas também: as cadelas ladram mas a caravana passa.
E já se destacam os sinais da nova vida, do tudo vai melhorar. A mana Santa, que é quinguila, como o negócio já há muito tempo não anda, está a vender cigarros e saquinhos de uísque. Mas não é só ela não, são muitas, muitos que brevemente farão com que a designação oficial de Angola mude de nome para: república do exército de famintos de Angola.
Ainda sobre o abandono das crianças de pai canadiano e mãe angolana: Hoje 28/06/17 a mãe voltou com os filhos na embaixada canadiana. Ela não vive, está numa Igreja com as crianças porque o pai não lhes deixou nada e a família não a quer, não lhe liga devido aos filhos serem mestiços, daquelas famílias racistas. Apesar de o Canadá ser um dos países mais avançados do mundo, o pai abandonou as crianças e não lhes manda nada, não quer saber. Entretanto os coitadinhos vestidos com roupas encardidas e muito magros o que indica estarem a passar mal, brincam indiferentes, sorridentes perante a maldade humana, neste caso canadiana. Mais tarde um carro da embaixada levou as crianças para, segundo dizem, falarem com o pai via Internet.
Noticiário da grande tragédia: Se não conseguem fazer nada, por exemplo, o alho já ronda os seis mil kwanzas o quilo, uma cebola duzentos kwanzas, é pá, entreguem isto aos brancos. Caramba! Porra!
“Um país que só olhava para o "ouro negro" esquecendo tudo o resto. Nunca quiseram saber de Pescas, Agricultura, principalmente a agricultura, Ensino, Saúde, Turismo...” (Comentário de Mário Metelo no Facebook)
Um homem na Argélia foi condenado a dois anos de prisão, depois de ter pendurado uma criança na janela de um prédio, só para conseguir "gostos" nas redes sociais. "1.000 gostos ou vou deixá-lo cair", foi assim a descrição que o homem usou na fotografia publicada no Facebook. (Sic Notícias)
O regresso do infernal tempo da escravatura, do tempo em que a fome mata: em Benguela, jovem empregado é morto à pancada pelo patrão por ter roubado um quilo de arroz.