Diário da cidade dos leilões de escravos
27 de Abril
Na verdade vos
digo, manos e manas, que o MPLA já não existe, desapareceu. Dele só lhe resta
as letras na lápide funerária, abandonada, empoeirada, a cair aos pedaços como
as obras chinesas.
Mais uma vez
elegem-se maravilhas incorrectas, pois no lugar da eleição das sete maravilhas
de Angola, o correcto será eleger as sete misérias de Angola.
28 de Abril
Luanda e a
chuva. “Não mexam nas terras, deixem-nas estar como estão.” Mexeram e agora?!
Um exemplo: o bairro da Terra-Nova desapareceu.
Era uma vez uma
cidade chamada Luanda que desapareceu misteriosamente. Uma equipa de
arqueólogos estrangeiros, porque saiba não existe nenhum angolano, luta
arduamente para decifrar o mistério.
Parafraseando o
adágio popular: quando os cães são burros, ladram, mas a caravana dos corruptos
passa.
E a beleza da
Marginal de Luanda, reconstruída pelos inteligentes corruptos, também
desapareceu, ou quase? Foi arrastada pelas águas? Alguém sabe informar?
Muito
confrangedor. Os nossos políticos perderam-se no tempo, estão ultrapassados.
Nova classe política precisa-se urgentemente. Isto estende-se também ao nosso
jornalismo, que alguém se lembrou de o chamar como tal, mas não, não tem nada
que se pareça. Mas como insistem que isso é jornalismo, deixem-se andar a
enganarem-se uns aos outros, enquanto os estrangeiros se apoderam de Angola nas
calmas e depois serão – já o são – meros escravos deles.
Num incêndio de
grandes proporções na sua base, a TCUL- Transportes Colectivos Urbanos de
Luanda, mais de setenta autocarros arderam. In Rádio Ecclesia.
Porque é que o
nosso PR não consegue que a sua guarda presidencial desfile, marche e cante,
por exemplo, o “Zamina” dos Camarões?
As vozes dos
burros chegam ao céu do petróleo de Angola.
Respondam-me se
tiverem coragem: quem tira um curso de jornalismo é jornalista? Uma moça de
corpo sensual é jornalista? Uma modelo é jornalista? Só quem tem o cartão de
militante do MPLA é que sabe escrever, e logo só ele pode ser jornalista? A
locutora e o locutor são jornalistas? Quem não domina o português, e logo não
sabe escrever, também pode ser jornalista? Se assim for, estamos perante um
jornalismo da tuji.
Mais um recorde:
Angola, a pátria dos autocarros queimados.
E Angola será
por vontade de Deus o país mundial das peregrinações. De quilómetro a
quilómetro haverá um santuário. E um deles será o eleito de milhões de
peregrinos que caminharão, reverenciarão o canonizado do Vaticano, santo
Apolónio de Luanda. O santo defensor da religião do petróleo corrupto. E no dia
da sua canonização, todas as torneiras do petróleo lançarão um jacto de forte
pressão, e o petróleo o inundará, e esta terra corrupta de poluição se
abençoará.
Onde há muitos
prelados, o demónio está sempre presente.
A República de
Angola é um Estado de direito ou um Estado de concubinato?
20.07 horas.
Mais outro dilúvio em acção? Parece que sim, a chuva está como ontem, poderosa,
como se um castigo de Deus se abatesse sobre os governantes, prelados e
políticos corruptos. Mas a miséria abate-se sempre sobre os indefesos, porque o
dinheiro do petróleo não é deste mundo, é do Diabo. Outra arca de Noé
precisa-se para Luanda. Uma não, várias.
E para a
destruição provocada pelo nosso ciclone Katrina, o nosso Governo sempre na sua
majestosa magnanimidade edificará centros de acolhimento condignos para os
desgraçados vítimas das chuvadas que cercam Luanda e arredores. Para já do saco
especial dos rendimentos petrolíferos que só beneficiam a nossa nomenclatura,
sairá um bilião de dólares, isto para as primeiras impressões, que se
reforçarão quando necessário pois o saco não tem fundo. Nele, os dólares
crescem como que por magia. É claro que isto nunca acontecerá.
29 de Abril
07.40, renovação
do dilúvio, chove, chove!
A eleição da
primeira das sete misérias de Angola. É o povo angolano num imenso jardim
zoológico como atracção turística de Kabinda ao Kunene. E os turistas não se
cansam de tirar fotografias a tanta gente enjaulada e atiram-lhes com jinguba e
banana, e riem, e riem.
08.46, o dilúvio
retorna. Esta cidade vai desaparecer.
Há uma coisa que
me espanta nos “Portugueses em Angola” no Facebook. É que até agora nem uma
palavra ou foto sobre o dilúvio que ataca Luanda. Porque será? Censura? Matumbice?
Por mais voltas que dê na cabeça não entendo esta gente. Também não são para
entender.
Ruas sem
esgotos! Isso também é obra da Natureza? É! Da natureza chinesa!
Sinceramente que
não entendo! Claro que entendo! Então o nosso Governo só se preocupa com a
construção de jardins zoológicos para os angolanos e que pomposamente lhes
chama de zangos. E para os estrangeiros constrói condomínios expulsando à força
– até com a morte – os legítimos proprietários milenares da terra angolana.
E o nosso
Governo já tem agendado para a próxima sessão a reconstrução integral de
Luanda, a cidade submarina devido às chuvas da época. Um projecto ambicioso,
aliás como todos, basta ver as consequências que todos sabemos e que ele não
sabe, coisa absolutamente natural para quem apenas se preocupa com os sacos dos
rendimentos do petróleo. Vai daí, para a implementação de tão imponente
projecto, como se fosse um gigantesco santuário igual a esse da Muxima, serão
importados cerca de um milhão de chineses e quinhentos mil portugueses. Claro
que isto é ficção, mas pode bem ser verdade. Até porque a seguir seremos
vendidos aos franceses, e mais jardins zoológicos serão construídos porque os
franceses adoram a fauna africana e em especial a angolana. É só petróleo.
Eugénio Costa Almeida,
no Facebook. “Ainda
há quem admita o fim da pobreza extrema em 2015, embora já prepare uma Agenda
para 2063...” Hoje, com a experiência adquirida como técnico de contas, sorrio
daqueles que impingem isso e dos que os seguem. Há muito nazismo disfarçado. O
nazismo está no poder em muitos países.
30
de Abril
Mais um terrível dia nos espera em
Luanda. Para nós a cidade do inferno, para os lordes do petróleo e
estrangeiros, o paraíso eleito por Deus.
Um português na sua missão civilizadora
junto dos infiéis mwangolés, alugou um apartamento no terceiro andar do prédio
muito bonito por dentro, mas por fora aos poucos a desabar devido à provável
epidemia chinesa das fendas, está sem energia eléctrica há buéréré de dias, mas
o prédio tem-na. Então o português vive de gerador na varanda, liga-o, ontem
foi à uma da manhã, acordei assustado, porque o gerador faz muito barulho. O
tipo não tem o mínimo respeito pelos vizinhos que comentam: «Quando estiveres
aflito não contes com os vizinhos porque não te ajudaremos.» Um casal português
também alugou um apartamento no primeiro andar do prédio, já alugado a um
português que lhes realugou, também em missão de civilização aos selvagens
mwangolés. Não tem esgoto e resolveram com um tubo quase de dez metros que sai
da varanda das traseiras e escoa algures por aí. Se a matumbice pagasse imposto
esta cidade estaria carimbada. Há também um indiano que de vez em quando pelas
seis da manhã reza a gritar. Nas traseiras, entre as seis e as sete da manhã, e
todos os dias a qualquer hora, ouvem-se também gritos ferozes de chineses
lançados aos jovens mwangolés que com eles trabalham, melhor dito, que eles
escravizam. Depois serão os franceses?
Angola tem
muitos poetas, muitos escritores, muitos jornalistas, muitos políticos, muitos
economistas, muitos cientistas políticos, muitos advogados, muitos bajuladores,
muitos corruptos, muitos hipócritas, - nisto é imbatível, recordista mundial –
muito petróleo, muitos portugueses, muitos chineses, mas não tem engenheiros.
Há uma intensa
actividade neocolonialista em Angola tão descarada, que se nota claramente que
muitos países estrangeiros, incluindo tudo o que é igrejas, aceitam a oferta de
venda de Angola, em troca da livre corrupção e aniquilação do mwangolé. Os
mwangolés estão irremediavelmente perdidos na terrível escravidão que já lhes
cai em cima com muita violência. Creio que uma nova luta de libertação nacional
se inicia.
E então, manos e
manas preparem condignamente as nossas sete maravilhas da miséria, para
recebermos mais enxurradas, mais invasões que aí vêm, desta vez de franceses e
de missionários do Vaticano.
Em Angola a
religião é como o álcool, inebria-nos.
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