sábado, 3 de maio de 2014

18-24Mar14. República das torturas, das milícias e das demolições





Diário da cidade dos leilões de escravos

18 de Março
Sabiam que há na Internet muitos anúncios de ofertas de empregos para Angola? Assim, como se Angola fosse uma espécie de Estados Unidos da América, uma potência económica mundial. Decididamente Angola já se instalou nos mais altos patamares da mediocridade. Já que “copiam” os EUA ao menos que façam como eles. Estabeleçam quotas de emigração anuais. Claro que não dá, porque estamos perante uma das mais colossais negociatas: o encher de bolsos de uma pequena elite com os vistos dos estrangeiros.
Entretanto, aconteceu mais um corte na energia eléctrica, das 14.03 às 15.08 horas.
19 de Março
De facto é uma situação deveras desastrosa a que enfrentamos. Creio que a luta pela independência foi conseguida, a questão foi, é, a sua continuação. Mas isso não é só em Angola, é, pode-se dizer em toda a África. Lembro uma frase minha: Sem formação o escravo liberto prossegue na escravidão. O marxismo-leninismo destruiu-nos, e agora o capitalismo selvagem - não esquecer que o nosso inimigo principal é... são os chineses, portugueses e brasileiros - que comanda as rédeas deste país, enquanto os seus empregados internos recebem ordens para controlar tudo o que seja informação – por exemplo, para se escrever num jornal é necessário ter o cartão de militante do MPLA - e lá colocar os habituais – sempre os mesmos - néscios da história. O que conta é a constante repetição das mesmas palavras de ordem do partido. O colonialismo ainda não acabou, muito pelo contrário, muito se reforçou. Angola, particularmente Luanda é o reservatório para a emigração dos lava-pratos, gestores de qualquer coisa e da informação nazista. A seguir ficaremos sem Facebook, sem Twitter, etc. Duvidam?!
Quem fala muito não resolve problemas.
Com tudo o que é informação controlada pelo Estado, deixa de a existir. Sem informação não há oposição. Sem oposição não há democracia. Assim neste ambiente, ficamos uma espécie de Coreia do Norte, onde qualquer um se evapora sem deixar rasto. Para quê falar de democracia se a oposição já provou mais do que uma vez que é incapaz de se defrontar com o Pégaso do Poder. Fazer piqueniques, isso sim, é oposição!
Agricultura? O que é isso? Uma palavra de ordem para enaltecer os feitos do petróleo. Porque continuo a comer cebola importada, uma coisa parecida que nada tem a ver com ela, uma coisa sem sabor. Agricultura é a palavra usada para fingir que se trabalha. Agricultura é a expressão utilizada para justificar o assalto ao Orçamento Geral do Petróleo.
Em Angola não há política. Há, é políticos que se servem da má política da distribuição dos rendimentos do petróleo.
O povo angolano está como os pardais. Basta atirar-lhes uns grãos de arroz e ficam felizes.
Futebol, religião e corrupção, a melhor lavagem cerebral que o poder inventou, democrático ou não.
De manhã cedo, mal o sol rompe e convida a passarada para cantar, anunciar mais a desgraça de um dia de corrupção, os chineses têm por hábito acabar com esta manifestação da natureza. Entre as 05.30 e as 06.30 horas, costumam fazer um cagaçal como se ainda estivessem nas grutas da Idade da Pedra, do que não duvido. Por norma é o insuportável barulho de uma serra eléctrica a serrar chapas de luzalite, de madeira ou outra merda qualquer. Hoje, às 05.30, foi o barulho da máquina vibradora que se utiliza na argamassa, durante uns dez minutos. Claro que eles são maldosos, são bandidos, porque claramente fazem isto intencionalmente. Tudo o que é merda aqui tem lugar, porque é necessário manter no poder os senhores do petróleo.
O jornalismo em Angola está fodido. É executado por funcionários públicos pagos pelo Orçamento Geral do Petróleo. Assaltado por portugueses gestores de qualquer coisa e do futebol amador. Jornalismo estatal não é jornalismo, é servilismo.
Que nome se dá a quem há quarenta anos persiste nos mesmos erros, e claro, não lhes dá solução?
20 de Março
Angola segue muito bem encaminhada no rumo da encruzilhada. Será que é mais um caso perdido e sem solução? Do alto do cesto da gávea do navio pirata avista-se muito bem que sim.
“Se não houver reacção a situação só vai piorar, porque qualquer ditador se torna mais forte com a nossa fraqueza”. Garry Kasparov, sobre a anexação da Crimeia.
Um super democrata é a garantia da estabilidade democrática. Que seria da nossa super democracia sem os nossos super democratas?
Hoje foi na LAC-Luanda Antena Comercial. Entrei e estava um debate, creio que o suportei durante uns cinco minutos. Fugi outra vez para a FM-Stereo da RNA. Os debates estão insuportáveis, é sempre a mesma coisa, não dá! Só de pensar       que também a rádio é uma potencial geradora de poluição sonora, um só povo e uma só voz?
21 de Março
Primeiro, acabem com a hipocrisia, depois pensem em Nação. É que com a hipocrisia como instituição, jamais se construirá Nação!
Primeiro, acabem com a hipocrisia, depois pensem em solidariedade. É que com a hipocrisia como instituição, jamais se construirá unidade, amizade, apenas traição.
22 de Março
Os chineses são angolanos, os portugueses são angolanos, e os angolanos são o quê?!
Os pseudo intelectos angolanos andam muito por baixo. Eles bem se esforçam mas a cabeça não dá. Há pessoas na universidade que não sabem escrever. Estou farto de lhes dizer para não comerem funji de bombó, mas eles são teimosos.
A questão não é o chinês nem  o português. A questão somos nós, que VAMOS FICAR TODOS DESEMPREGADOS! E parece-me que não entendem. Preferem assim? Então força, que se lixe!
O massacre continua. Na pizaria TROPICAL a funcionar mais ou menos há um ano, propriedade, dizem, de libaneses, ao lado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, frente à Angop, na rua Rei Katyavala em Luanda, e que também vende bolos e hambúrgueres. Os trabalhadores mwangolés não têm direito a comida, e a que sobra vai para o lixo. E ai de quem tocar na comida. Também não têm direito a beber água mineral, porque isso é exclusivo, de uso generalizado por toda a Angola, um privilégio de estrangeiros e dos senhores do petróleo. Uma escrava, disfarçada de empregada mwangolé teve a infelicidade de deixar cair um prato, este partiu-se, e logo um indiano lhe petrolizou: «Vocês nem para lavar pratos servem, só servem é para limparem as retretes.» Uma mais velha quando ouviu o relato dos acontecimentos, revoltada disse: «Os brancos têm que ir prós países deles!»
De certeza que há aqui engano: então agora tenho luz e água vinte e quatro sobre vinte e quatro horas? VIVA O MPLA!
23 de Março
De uma mais velha: Isto vai rebentar! Só a raiva?! E não há vacinas para a raiva!
Economista-chefe do Banco Mundial: “Na África a economia sobe e os indicadores de pobreza também.” Significa dizer que quanto mais crescimento económico mais pobreza.
Os apagões mantêm-se, até parece brincadeira, será, não será?! Das 09.48 até às 10.29, das 10.37 às 10.59, e das 12.28 até às 13.07 horas. 
TIREM AS MÃOS DA ÁFRICA!
24 de Março
05.50 horas. O meu sono e os meus pensamentos são perturbados. Lá está o vizinho indiano a rezar. Esta cidade, ou o que dela resta, é muito ruidosa, parece uma fábrica de ruídos.
Segundo a Rádio Ecclesia, seis jovens morreram afogados quando pretendiam atravessar o rio Cavaco em Benguela, depois de uma actividade de montanhismo. Eram escuteiros e morreram ao serviço da Igreja.

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