quarta-feira, 22 de novembro de 2017

NO ROSTO A MISÉRIA ESTAMPAVA



No rosto a miséria estampava
Nas costas o filho carregava
A mãe possuída pela loucura
De muitos anos de amargura

Vai de caminhar inseguro
Na incerteza do futuro
Como pneu com furo
Como fruto não maduro

Quando da família afastados
Sentimo-nos sós, abandonados
Por fantasmas assaltados
E outros perigos inesperados

A intolerância ofusca a mente
No passado e no presente
Que se vê, apalpa, sente
A tragédia que se consente

Como na selva perdidos
Por monstros perseguidos
Em buracos de breu escondidos
Até perdermos os sentidos

Neste campo semeado de fome
Faminto não dorme
Nos caixotes do lixo come
Caça ratos que consome

Este remar contra a maré
Faz-nos perder a fé
Beber chá de café
E ir trabalhar a pé

A apetência por destruir
Faz o futuro ruir
A esperança fugir
Sem alma deixa-se de sentir

Arrastados pela maresia
Que nos persegue noite e dia
Irreconhecível está a alegria
De mais uma noite fria

As sementes lançadas
Dos pedófilos ejaculadas
Nas crianças violadas
Pelas leis caducadas

As empresas estão a falir
Da crise não se vai sair
As divisas estão a cair
O futuro está a fugir














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