domingo, 15 de janeiro de 2012

A fonte da eterna beleza do amor




E da fonte escorria a beleza do eterno amor. E os jasmims-dos-poetas lhe rodeavam mas nunca a alvoroçavam. No ar sentia-se - ou ouvia-se? – o perfume jasmináceo que insistia, confundia, a memória colectiva dos nossos sentidos do amor. E uma borboleta-azul de voo indeciso, ora subia, ora descia, parecendo que ia poisar, mas não, só desejava voar. E por algum tempo os raios solares perfuravam os interstícios verdes e projectavam, revelavam a magia dos seus focos luminosos. E o sussurro monótono da água que escorria, não… se movia, atraía-nos as profundezas neuronais. Era o Universo da beleza da realeza da profundeza do amor. Por vezes no cenário parecia ouvirem-se vozes de crianças, o que fazia com que o nosso espírito se despistasse, porque queríamos regressar à realidade mas não conseguíamos. Um casal de beija-flores aproxima-se a trinar como que a anunciar, eis que estamos a chegar. Um pequeno bagre deslizava num ponto mais fundo e analisava, experimentava as ofertas culinárias que estavam ao seu alcance.

E o céu escureceu, a natureza enobreceu, e o dia de tão escuro como que pereceu. Alguns pingos de água caídos nos nossos rostos obrigavam-nos a recordar, para o alto do céu olhar. Despertar-nos, que afinal por cima de nós existe algo, e que só nos lembramos disso quando a chuva beija os nossos corpos. E o acampamento dos jasmins-dos-poetas sentindo-se açoitado pelas vagas ventosas que recrudesciam teimosas, agitavam-se tenebrosas. Os pobres troncos suportavam as ramagens que nos movimentos ondulados frenéticos lembravam um navio em alto-mar boxeado pelas montanhas marítimas. E a ventania redobrou de força, já se ouviam os assobios da sua orquestração. A chuva subiu e o seu tom emitiu, como no Whole Lotta Love, dos Led Zeppelin.

E o amor esconde-se no segredo do silêncio dos lábios de uma mulher. Ela é o Universo e a sua reencarnação. Nada mais valioso existe à superfície terrena, logo, planetária, do que a profundeza do terno sorriso de uma mulher. E quando ela está presente tudo se desvanece. Ela é o presente de aniversário permanente da espécie humana.
Há quem lhe alugue por algum tempo o seu amor, mas ela quando nisso apercebida depressa lhe move uma acção de despejo do seu coração.
E a tragédia do puro amor em muito suplanta a do Titanic.
Há sempre alguém muito, muito famoso, mas que soçobra na solidão, porque lhe é impossível viver sem amor no coração.
Quando o olhar de uma mulher irradia a perenidade da fortaleza da sua intimidade, tudo ao seu redor se extasia, se alumia, porque está muito para além da mística do amor.
Quando contemplamos uma flor, deixamo-nos prender pelo seu ar cândido, atraente. É assim que funciona o amor.
Não deixemos o amor entregue à sua sorte
Dizem que existe algures uma cidade perdida do amor, e que todos os apaixonados sentem-se atraídos misteriosamente por ela. E vocês? Não desejam desvendar o mistério dessa cidade?

Amar é esperar serenamente que o mar finalmente se decida enviar Ulisses para a sua deusa do amor, Penélope.
E desejo que doravante todas as mulheres do mundo se chamem Penélope. E todos os homens, Ulisses.
Ela, a mulher, é, será, e para todo o sempre permanecerá, a fonte da eterna beleza do amor, onde os sedentos de amor nela se banharão, se apaixonarão, e o amor jamais trairão.



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