sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na demanda do Santo Graal (09)


A contemplação é o seguro caminho do divino. Olhamos para a água do nosso lago e de repente é como se despertássemos de um sonho, como se prostrados no eterno adormecido. Dormimos porque sonhamos, ou sonhamos porque dormimos e ainda não despertamos?
Despertamos e procuramos o nosso olhar. Tentamos focar o que se passa à nossa volta, mas ainda ensonados verificamos a fragilidade da nossa alma. Por vezes, muitas vezes?, tememos dormir, porque esperam-nos pesadelos que nos obrigam a gritar. Mas, lá está o amor para nos despertar, aconchegar, para nos salvar.

Foi criado um guichet especial intitulado, Diálogo com os Jovens. Assim, nos pretendem convencer que decerto os problemas dos jovens à partida e à chegada estavam resolvidos. Quer dizer que o jovem com um qualquer problema dirige-se ao guichet, e pronto. Era uma vez um problema. Nada mais fácil do que isto não há. Os bons governantes vêem-se pelas suas decisões. E onde há escuridão, há sempre um governante iluminado que nos ilumina. Há homens que vivem na luz e os seus espíritos estão sempre iluminados. Há outros que preferem a escuridão e por isso os seus espíritos estão sempre nas trevas, entrevados.

E Jingola segue com imensas dificuldades tal e qual como um navio em alto-mar apenas dirigido pelo seu comandante, porque ele está convencido que o imediato e a tripulação servem apenas para atrapalhar a mareação da boa governação.
Decididamente os emboabas não têm juízo. Então, chegam a Jingola e andam por aí a pregar-nos como se deve dirigir um país, uma instituição, uma empresa, uma cantina, como se deve abrir e fechar uma torneira de água, enfim, como se deve dirigir tudo e mais alguma coisa. Como se fossem os mestres da sapiência universal, mas na realidade é apenas medieval. Uma dúvida me domina: se o reino Emboaba está no caos, quase volatilizado, então de que nos servem esses discursos demagógicos populistas de ocasião? Nós, em Jingola, temos um índice de analfabetismo muito para além das nuvens celestiais, para quê então mais emboabas analfabetos? Vamos ficar com uma inflação de analfabetismo?

Um exemplo prático de como danificar a energia eléctrica jingolana: vemos um prédio de cinco andares a funcionar normalmente. Um banco instala-se no rés-do-chão, põe em funcionamento, além dos equipamentos normais, dez ares-condicionados. Pronto, já está… o cabo de alimentação principal de abastecimento da rede eléctrica situado na rua, no seu passeio, não aguenta e queima. Mas isto é elementar, e só não vê quem não quer, pudera! Com tantos cegos por aí.
Pelo menos que reparem os escapes dos geradores e acabem com mais esse berreiro, para que a morte seja imperceptível, suave, inodora, silenciosa.
Energia eléctrica e água em Jingola? Só no palácio real, ou melhor, no reino do Palácio da Corte de Jingola.

Tinha um médico amigo, e de repente ele abandonou-me, já não respondia aos meus emails, às minhas chamadas e mensagens que lhe enviava pelo telemóvel. Adoeci e recorri aos seus serviços, rogava-lhe que necessitava da sua ajuda urgente. E dele nada, fiquei impressionado com a desumanidade do doutor. Decerto ele prescindiu do Juramento de Hipócrates, creio que será mais um vulgar mercenário da medicina. Mas mais tarde descobri que o médico era membro do comité de especialidade dos médicos do rei. Como tal tinha benesses, carro, casa e demais mordomias. E como eu era, e sou, um crítico da governação do rei, ele achou por bem abandonar-me para que os espiões do rei não o atirassem para a rua por conviver com elementos hostis à governação, assim uma espécie de agentes do imperialismo internacional. Jingola também tem médicos intolerantes que nos lembram algumas reminiscências do eterno colega doutor Mengel.

Dantes, os anticolonialistas lutaram contra o colonialismo, claro, e derrubaram-no. Afinal era uma farsa, porque de repente desmascararam-se, estavam, usavam a máscara dos neocolonialistas. Agora, os genuínos anticolonialistas lutam para derrubar os neocolonialistas, e estes exercem, respondem com feroz repressão. É claro, mais que evidente que os verdadeiros lutadores pela democracia e liberdade triunfarão.

ANÚNCIO
Precisa-se, muito urgente!
Milhões de cidadãos necessitam urgentemente de partido político para organizarem uma manifestação contra a falta sistemática de energia eléctrica e água. Oferecemos bom vencimento e demais regalias em vigor.

Para neocolonizar Jingola, necessita-se da fraude eleitoral patrocinada oficialmente pelos reinos Emboaba, Pão de Açúcar e Tsin. Esta constatação é fácil, basta só atentarmos nos seus discursos.
Pela análise da situação, sempre actual, será que nenhum Jingolano se dá conta do caminho que Jingola segue? Ainda não viram o destino cruel do futuro que se aproxima? É o salve-se quem puder? A visão apocalíptica do campo de concentração, chamado de acolhimento, dos refugiados tchavolanos não é suficiente?

E com os biliões de dólares do petróleo, nós, os Lordes, podemos mandar matar quem quisermos, porque com esse dinheiro compramos e silenciamos qualquer pessoa de qualquer órgão político, administrativo e informativo internacional.

Moro na rua dos Serviços Prisionais. O porquê deste nome? Porque os veículos prisionais não se cansam de passar. E com as suas sirenes admoestam os outros condutores. Quer dizer, eles, os dos serviços prisionais prenderam a rua.
Estes são os últimos dias do paraíso perdido do poder que nos enlouquece.
Uma resposta à dúvida mais frequente se impõe: para quando a nomeação do ministro da propaganda de Jingola?

Porque será que os balanços de qualquer governação são sempre positivos?
Tantas vezes se muda a tripulação do navio, mas ele continua no mesmo rumo incerto, porque o problema está no seu comandante.
Poluição sonora e ambiental é uma disciplina da cadeira de miséria.
Jingola, essa imensa Tchavola onde procuro o caminho da luz para me iluminar, e a água para me saciar.
Não são as crises do capitalismo que são cíclicas. São cíclicas, permanentes, isso sim, as crises dos acéfalos e dos seus eleitores que teimam na chama do poder.
O que caracteriza os tchavolas é o seu viver na miséria absoluta.

Os caminhos do amor estão difíceis de encontrar, porque ele está mesmo ao nosso lado, a despertar. E quando encontrado dele não desejamos mais sair, fugir. O amor é a nossa divina contemplação. Porquê só o sabe, o coração? Nunca entenderei o porquê dos médicos não o receitarem, porque ele cura e previne todas as doenças. E na falta do contacto físico, resta-nos a esperança da contemplação da sua imagem, como o olhar persistente de uma foto, a pose recordada da nossa amada

O que é criado pelo ser humano, não pode ser divino. O ser humano não pode existir, viver no mundo ao mesmo tempo como pessoa e divino. Deus é uma invenção de alguns homens para dominarem os outros. Portanto, Deus não existe, porque é uma criação humana. E o homem não pode ser ao mesmo tempo também humano e divino. A bazófia que Deus está no céu humano, só pode e deve ser, o deus da hipocrisia. O cristianismo tem conduzido até agora a espécie humana para o suicídio universal.

Se Jingola não tem contabilidade organizada, significa que os discursos políticos e demais realizações da reinação são miragens num imenso deserto sem nenhum oásis. Porque, como disse Lord Kelvin, 1824-1907, o que se apresenta sem números não tem qualquer valor.

Quem há trinta e seis anos não conseguiu, não consegue organizar a energia eléctrica, a água, etc, etc, mas organizou a corrupção, é que vai organizar eleições? Serão sem sombra de dúvidas umas eleições muito concorridas, muito corrompidas.
O mais importante é reprimir de acordo com a pura selvajaria da democracia. Ao enveredarem pelos caminhos incertos da mediocracia, arrastam Jingola para o rumo da velha vida catastrófica, neste castelo do petróleo fortificado, em lágrimas derramado.
Ao instituírem Jingola um paraíso para tsins, emboabas e pães de açúcar, enquanto o povo jingolano sobrevive na penúria e nem sequer tem o mínimo direito de se expressar, ao contrário do que diz a CFJ – Constituição Fantasma de Jingola.

E o nosso reinado aprovou o projecto do edifício do museu da Tchavola, para que o nosso povo estude o desempenho do Executivo Real na melhoria da vida das nossas populações. O seu custo? Apenas quarenta e quatro milhões de euros. É sem dúvida uma mais-valia que melhorará, como sempre, as condições socioeconómicas da vida sofrível do nosso querido e neocolonizado povo.
Os anúncios de publicidade produzidos pelos emboabas nos pódios comerciais espalhados pelos locais estratégicos de Jingola, lavam a imagem degradante de quem jamais deveria ocupar o lugar da governação. Mas eles lá estão, apoiados pela suja e despótica governação da internacionalização.
Porquê? Porque as terras que restam dos tchavolas são-lhes surripiadas sistematicamente pelos Lordes e seus amigos estrangeiros. Aos tchavolas obrigam-nos a refugiarem-se nas matas como no tempo da guerra. E os Lordes e seus correligionários sempre com prazer mórbido oferecem-lhes latas de sardinha como indemnização.

As chamas dos desejos acorrentados invadem as nossas almas e os nossos corações sedentos, nunca saciados de amor.
A vida parou, abandonou-nos e o amor também. Para quê tecer considerações supérfluas, se o amor perdido jamais volta, jamais se reencontra.
Por todo o lado se vê o desespero daquilo em que acreditámos durante as aspirações das nossas vidas. Até no amor que não nos deixou nenhum resquício.
continua
Imagem: Ismael Mateus

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