Sedrick de Carvalho, um dos dezasseis presos políticos de Angola.
INTRODUÇÃO
“A violência aparece onde o poder está em risco,
mas deixada a seu próprio curso, conduz à desaparição do poder.”
(Hannah Arendt, 1906-1975)
Quando um país é uma empresa privada
A população vive desempregada
Os presos políticos são abundantes
Porque muitas são as vozes discordantes
Onde o poder da corrupção se espalha
Tudo vive na grandeza da bandalha
O poder auto eleito é ilimitado legitimado
E mais um preso político é algemado
Onde há fraca oposição há férrea ditadura.
Pelo andar das ditaduras, este mundo será uma
prisão de presos políticos.
Um regime altamente corrupto corrompe a
comunidade internacional e qualquer voz que o denuncie é acusada de tentativa
de golpe de estado. E qualquer pretexto serve para encher as prisões de presos políticos.
Não me lembro de quem me disse que a humanidade
caminhava a passos firmes e seguros para a democracia.
Mas é com profunda preocupação e tristeza que
verifico a todo o momento o ressurgir das feras adormecidas que despertam das
trevas e disfarçadas de seres humanos vão tomando de assalto o poder e com as
suas garras impõem-nos regimes sanguinolentos. A asfixia dos regimes democráticos
segue o seu curso, porque tudo já é composto de absinto.
A democracia oscila e é exactamente isso que os
regimes ditatoriais, vampíricos, executam. O assalto comunista ortodoxo ao
poder revigora-se perante o silêncio e o sorriso sarcástico de quem se julga
seguro dentro das suas fronteiras. De um lado o assalto totalitarista, do outro,
o assalto das hordas radicais islamistas. O Ocidente adormecido que - ninguém
sabe quando definitivamente despertará – desperta de vez em quando, e o comunismo
ortodoxo martela nas nossas cabeças que só com ele nos libertaremos da miséria
e da escravidão, quando é exactamente o contrário, pois nele a população
serve-o como escrava, caindo moribunda no chão amontoado de cadáveres. Os islamistas
da ferocidade radical também se servem da estratégia do terror estalinista para
atingirem o poder. O Ocidente mantêm-se na eterna espera de que estas duas
forças com o tempo se aniquilem, desapareçam como um vírus sazonal. Foi assim
com Hitler e não resultou. As muralhas do Ocidente abrem brechas que se alargam
dia após dia, porque não é possível combater nenhum invasor com um exército de hipocrisia.
E a minha nação vê-se engolida: de um lado o
monstro do comunismo e do outro o monstro islamista. E a África não
sobreviverá, um monstro após outro a
devorará, a afogará nas chamas da fome.
Continuo profundamente abalado com o saque da
Europa dos quinhentos anos, e da continuação de outros quinhentos. A Europa
branca segue hipocritamente no saque do Continente Negro. Nem o mínimo sentimento
tem pelos bebés, pelas crianças que a todo o momento são vitimadas por balas e
por catanas importadas. As meninas e mulheres são usadas como caça fácil da
prostituição infantil, juvenil e adulta. E a Igreja e as igrejas reinauguram a
sua inquisição e quem protestar e não quiser rezar será para queimar. A Igreja
e as igrejas são os veículos preferidos das ditaduras africanas. Porque quem
mata por elas será para sempre abençoado no jardim do paraíso das mil delícias
esperado. Onde há ditadura a Igreja e as suas irmãs vivem numa ilha paradisíaca
abençoada pelo diabo. Pois, onde corre sangue, mais cedo ou mais tarde tudo
será queimado, o crucifixo será desmontado, pois quando a Igreja e os seus
anjos demoníacos apoiam a morte indiscriminada dos seus fiéis alegando que foi
Deus quem o ordenou, estamos na presença das duas ditaduras mais ferozes do
Universo: a ditadura de Deus e a dos ditadores terrenos, os seus legítimos representantes
na Terra.
Nos primórdios da humanidade, a Igreja disse que
os africanos não eram pessoas, e por isso mandou-os queimar para que ficassem
negros, da cor do demónio. E ainda hoje isso continua. Negro é o demónio,
branco é o Deus. Em troca de umas míseras alvíssaras, a Igreja apoia a prisão,
a perseguição e a tortura dos presos políticos
A Igreja é a desgraça das nações, a benfeitora
dos conflitos, porque obriga os seus crentes a seguirem fielmente a escravidão
do chicote dos governos ditatoriais, enquanto os seus sacerdotes se enchem do absinto
do petróleo. Enchiam-se, porque o dinheiro do petróleo acabou, a Igreja se esfumou.
Essa Igreja do Deus ditador que afirma que todo o ditador é por ela eleito,
pois enquanto o petróleo dá, colhe-se o seu maná. E quando o petróleo não der,
abraçaremos outro ditador que nos convier. Igreja com democracia é pura hipocrisia,
é demonologia
E na África negra a mensagem que se pretende
passar é que os negros são incapazes de governar, são alguém que não se pode
confiar. E por isso mesmo, negro é para escravizar, para chicotear, para queimar,
para chacinar. E os estrangeiros apoiam fortemente a ideia que já se decretou:
vamos chacinar os negros para que tenhamos carta-branca para espoliarmos Angola.
Para que cada um fique com o seu latifúndio.
Todos os dias o terror recebe homens e
crianças-bomba, e o Ocidente alega que não os pode combater, pois que se movem
como lobos solitários. Ora, tudo tem uma origem e as ditaduras são a colmeia
dos grupos de abelhas suicidas, porque a Europa ao fechar-se, ao apoiar as
ditaduras africanas, ou quaisquer outras, alimenta as ditaduras mundanas.
Os presos políticos são a solução adequada para
impor a cruzada contra a democracia. Perante a hesitação da democracia, todos
os dias são maus dias.
Se a Europa não acabar com as ditaduras ao redor
do mundo, elas acabarão com a Europa. Aguardar por um mundo onde a única
solução é ver cadáveres de seres humanos empilhados por todo o lado, como outra
solução final, isso é dizer que a história universal é um livro de mortos. Um
conto onde desde as nossas origens nos matamos uns aos outros.
Os estrangeiros estão felicíssimos porque podem
saquear à vontade, porque quem denunciar a roubalheira é acusado de tentativa
de golpe de estado, e como tal de imediato detido sem acusação formada, sem
julgamento e encarcerado na prisão dos presos políticos.
Chegou o saque chinês!
“Se os homens são puros, as leis são
desnecessárias; se os homens são corruptos, as leis são inúteis.”
(Thomas Jefferosn)
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