Ano 1 A.A.A. Ano do Apocalipse de Angola
Em Angola não existe classe política.
A questão é que não há solidariedade, e não a
havendo esta sociedade não tem hipótese de sobrevivência. Analfabetismo é
vandalismo. Não parece que estamos em 2016 e custa a acreditar ver um povo,
mais um país caminhar para a destruição, porque dela já não se consegue sair. A
classe política está cada vez mais enjaulada, macacada. Uma classe que perdeu o
fôlego, afoga-se no redil do refrão “vamos ganhar as eleições!” Não se
importando se a população morre à fome ou não. Os capitães da oposição
discursam para o vento que se encarrega de transportar e lançar a oratória na
irremediável poeira do tempo. Com tal liderança oposicionista não se vai a lado
nenhum. Está-se mesmo a ver que até à chegada das eleições, antes haverá
seguramente derrocada. Tal obsessão pelas eleições e nada mais, a população que
se dane, revela que há interesse pelo poder mórbido, isto é: cai um anacrónico
poder para outro se levantar. Ainda falta um ano para mais uma desgraça
eleitoral. Povo moribundo não pode votar. Antes do votar há que lhe dar emprego
para se alimentar. Com tal classe política as eleições de nada servirão, porque
apenas a hipocrisia e a mentira vencerão. Um exemplo: onde está a oposição nos
actos de demolição. Casas demolidas e de recheios atirados às chamas do ímpeto
da paixão da especulação imobiliária. Já não se fabricam cérebros. Onde a
maldade campeia tudo se incendeia. Tudo o que é irresponsável é bem-vindo.
Angola está à mercê do demo. Cada um puxa a brasa para a sua sardinha. Sem
espírito de solidariedade não há mudança. A bandeira da maldade desfralda os
tons das exéquias da falsidade maquiavélica. E a promessa da liberdade e da
democracia foi atirada para o lixo, onde os famintos a afastam com desprezo na
luta diária para conseguir seja o que for, porque no lixo dos contentores jaz a
bandeira da nossa liberdade e da nossa democracia. E o ganha-pão da religião
está na cada vez mais miséria e fome da população. A religião necessita
urgentemente de purificação. O pobre político que fala partidário, logo sem
ideias, é mais uma mortalha da próxima metralha. Todos juntos mas separados na
defesa dos interesses pessoais. Estes políticos parecem anormais. Estes políticos
são como os padres a pregarem nos seus púlpitos que é necessária mudança, mas
sob a batuta do mesmo deus. De Angola só restam sacerdotes sem sacerdócios e
políticos sem políticas. Já destruíram Angola, o que mais querem destruir? Em
Angola o comboio não apitou três vezes e por isso mesmo aguarda-se pelo último
comboio do Katanga. Está tudo tão deprimente, tão ausente, que já nada mais se
sente. O insípido presente perde-se no nevoeiro não dissipado do passado. Não
acreditar no falso palavreado dos padres e dos incipientes políticos que fingem
que nos defendem, pretendendo convencer-nos que são esmerados revolucionários,
grandes e honestos líderes, quando no contacto pessoal são sacanas, malvados e
desonestos. Mas há sempre alguém que é honesto, o difícil é encontrá-lo. E por
aqui também não adianta nada andar com uma candeia à procura deles porque muito
dificilmente algum se encontrará.
Quem não se beneficiou e esbanjou o dinheiro da
corrupção que levante a mão. Sem oposição há estagnação. Os carneiros aguardam
a voz de comando, isto é: bíblia numa mão e na outra a corrupção. Que tempo tão
corrupto. Corromper é preciso, viver não é preciso. Já não há receitas, só
despesas.
Existe sempre um dia, assim como existem anos e
silêncios. Talvez que o nevoeiro do infinito do tempo se dissipe e o tempo se
lembre de ti. Existe sempre um dia.
É preciso podar as árvores e as pessoas porque
nas próximas chuvas, que já não falta muito, pois o cacimbo já está a morrer, e
as pobres árvores que tanta falta nos fazem desabarão porque não suportarão o
peso das chuvas e a consequente fúria das tempestades. Uma árvore é muito
importante, comparada com um político, este é insignificante, pois a árvore
revela a sua grandeza e o político a pequenez da sua fraqueza.
No campeonato mundial da fome, Angola aposta,
luta pela conquista do primeiro lugar, e vai consegui-lo.
Quando nos metemos com as pessoas erradas, sai
tudo errado.
Projectos megalómanos sim, microempresas não!
Se não há tecido empresarial das microempresas,
então Angola está moribunda.
A Igreja é o pilar das ditaduras, com ela
ninguém sobrevive. As ditaduras terrenas elevam-na para a ditadura do Céu. A
Igreja e as ditaduras suas amigas são as destruidoras das famílias e das
nações.
Nas lixeiras de Viana, arredores de Luanda,
aumenta o fluxo de eleitores nas urnas do lixo. Muito rápido será multidões a
aguardarem pelos carros do lixo a despejar para comida procurar. Exercer o seu
direito de voto, isto é: no lixo votar, para da fome escapar. E já em várias
províncias há relatos de mortos por intoxicação alimentar devido a comida
imprópria para consumo.
E os submissos carneiros da oposição escutam os
seus conselhos com atenção.
Enquanto Angola depender, viver da propaganda
nazi, acabará como a Alemanha na segunda guerra mundial. Quando as falências
empresariais e a fome se generalizam, quando definitivamente se instalarem,
falta pouco ou quase nada, então a propaganda religiosa anunciará com grande
júbilo “o fim de Angola está próximo!” e as igrejas vão-se encher de gente à
espera do redentor que há mais de dois milénios tarda em chegar, e que desta vez
é que virá mesmo, está mais que certo pois ele já comunicou aos nossos profetas
que já está a desembarcar. Evangelizar é as consciências alienar.
A crise não é financeira, é de cérebros que não os há. O comboio
de Angola está a saltar dos carris. Não havendo cérebros não há instituições, e
não as havendo a miséria e a fome são a lei. A miséria e a fome são as únicas
instituições que funcionam. A saúde não pode viver da propaganda porque ela não
cura doentes, mata-os. Patriotismo que vive da corrupção é caos, é militarismo.
E mais um desastre eleitoral se aproxima. Nós temos uma política comum que é: as riquezas
de Angola são para nós, para a população é a crise. Não existe população que
goste de um presidente que a mata à fome. A falsa propaganda política conduz ao,:
o feitiço vira-se contra o feiticeiro. E vozes da população já começam a chamar
que “O Mpla é o mata povo.” Sem excepção toda a gente se queixa desta terrível crise,
desta situação.
À noite as ruas são tomadas por bandidos que
espreitam onde assaltar. Nas escadas dos prédios decretou-se o terror porque os
bandidos voam sobre as suas vítimas como morcegos. Ao que isto está a chegar,
já nem em casa se pode estar.
Sim, é muito bonito um carneiro político da
oposição dizer que “o governo é corrupto, a situação está caótica, não há
ninguém que não se queixe, a fome é o comandante do exército dos famintos,
governo das demolições anárquicas, este governo tem que sair, tem que acabar”
etc., e pronto, está tudo resolvido. E que há o receio de fazer manifestações
porque o governo das ordens superiores manda matar os manifestantes. Mas que
diatribe! Então as populações morrem fartamente de fome e de doenças provocadas
pela falta de assistência médica e medicamentosa. Que deus nos livre e guarde.
Claro que a democracia e a liberdade exigem, têm um preço a pagar.
Angola, o país dos dízimos, não surpreende que
esteja dizimada.
Regressámos ao tempo do poder popular de 1975.
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