terça-feira, 20 de setembro de 2016

NAUFRAGANDO NA DEMOCRACIA



República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos

Ano 1 A.A.A. Ano do Apocalipse dos Angolanos.

Creio que o alvo principal da lei de imprensa é para silenciar, retirar de cena e exclusivamente encerrar a Rádio Despertar, Rafael Marques de Morais, William Tonet, Carlos Rosado de Carvalho, o Club K e mais alguns que procuram igualá-los. Pretende-se acabar com o jornalismo em Angola, o qual creio que até agora nunca existiu, voltar ao tempo do uma só voz, em definitivo do tudo se resolve a tiro. Creio que por trás disto esteja a imposição chinesa do silenciar as suas actividades para que possa saquear e eliminar o que lhe apetecer e bem convier. Dá a entender que Angola vai outra vez ficar isolada do resto do mundo, assim uma espécie de cidade proibida, sempre sob a bênção da Igreja e das igrejas que para se manterem, facilmente se vendem ao demónio. Entretanto a miséria e a fome alargam vastos horizontes. A Igreja e as igrejas esclarecem que isso é a vontade de Deus. E que ninguém pode criticar os governantes que foram eleitos por Deus. Isto é pecado e Deus dá o merecido castigo. Deus não tem dó nem piedade dos críticos do regime. Angola está à disposição de Deus e dos militares. A queda do preço do petróleo é um castigo de Deus porque os muangolés abandonaram a Igreja e as igrejas, e como agora na miséria e na fome estão a abarrotar, talvez o Senhor se compadeça e faça subir o preço do petróleo. Mas para isso acontecer têm que pagar elevadas multas, isto é, os dízimos, para que os sacerdotes levem vida folgada, faustosa, porque Deus encoraja, gosta muito dessas coisas.
Quem será hoje vítima da pena de morte? Quem será hoje fuzilado? Quantas crianças serão premiadas com uma bala na cabeça? Este é o único direito que lhes resta. Vivemos sempre no receio que os nossos filhos sejam abatidos como animais ferozes. A instabilidade é de tal monta como se vivêssemos dependentes de feras sanguinárias.
E a intolerância política não é só do Mpla, porque opinei de modo desfavorável no Facebook a dois partidos da oposição e fui contemplado com o partido político da exclusão. Deixaram de aparecer no meu sítio, deixaram de comentar ou gostar. Claro que proximamente serão retirados da minha lista de amizades. Esta democracia é uma coroa de espinhos. Está tudo tão incipiente que nada garante poder olhar em frente. Onde se olha e vive para trás nunca haverá paz. Angola e a África negra continuam no mar de lama, que no tempo confundem-se com dois poderes, o poder civil e o poder militar, o que leva a que não se saiba quem dirige, e daqui surge as ordens superiores. Creio que quem dirige Angola é o partido dos demolidores. Até comandantes da polícia se envolvem na usurpação de terrenos. O caos é total e não há salvação para tal. Apenas funciona a pena capital. A situação não está nada boa, está muito má. Angola já não faz parte do mundo dos vivos. Angola é mais uma fábrica da fome no continente da fome. E os fazedores de guerra aguardam ansiosos pelo seu retorno, porque isso faz-lhes desabar volumosas comissões. E pelos nefastos desenvolvimentos, faz acreditar que Angola só vive da lei do tiro. A miséria e fome galopam e os assaltantes vão no seu encalço. E no ministério da fome e da miséria o balanço é sempre satisfatório, pior dizendo, o saldo é sempre positivo, porque as receitas da miséria e da fome são astronómicas porque são as mercadorias que mais se vendem. Um exemplo que deve ser seguido por todos os países. Na economia moderna chegou-se à conclusão que a chave do desenvolvimento económico e social é a produção em grande escala da miséria e da fome. E onde a Igreja e as igrejas (Ii) se intrometem não haverá, não poderá haver eleições livres e justas, tal intromissão faz lembrar a Idade Média. Onde Ii estão só se vende corrupção, maldição, destruição e diabolização. Ii são o principal inimigo da oposição porque o partido de Deus é partido único, logo antidemocrático. A principal força da fraude eleitoral chama-se Ii. Se a oposição “eliminar” estas duas forças políticas, a Ii, a oposição vencerá folgadamente as eleições. Não olvidem o que a Igreja fez no Ruanda!
Mas também o grande problema é o elevadíssimo índice de analfabetismo, e com isso a degradação, a não solução do que quer que seja. O analfabetismo não resolve nada, só complica, corrói como os ratos. E isto convém à Igreja e às igrejas porque ficam no seu ambiente natura, ideal. Quantas mais igrejas mais miséria.
Há padres que andam por aí nas ruas a pregar o evangelho com música de fundo tão ferozmente elevada e aos gritos que mais parece festas de bêbados e de drogados. Desceram tão baixo que até fazem de Deus outra colossal lixeira, daquelas que engolem ruas. É só lixo.
O PARTIDO MARXISTA-LENINISTA DA VANGUARDA DA CLASSE OPERÁRIA E CAMPONESA
Do modo que o sistema está montado, os partidos políticos da oposição, a Assembleia Legislativa, a democracia, o OGE, etc., tudo isso é para fingir que existe democracia parlamentar, mas na realidade não existe, é tudo, incluindo as instituições, de fingir, fazendo com que os partidos políticos da oposição e demais órgãos democráticos não existam. Existem apenas no papel para ludibriar a comunidade nacional e internacional.
Assim, com ou sem a presença da oposição no parlamento, não faz diferença nenhuma porque a oposição está lá para enfeitar. Portanto, a oposição faz figura de urso. Assim, o cenário eleitoral que se avizinha é a esmagadora vitória do Mpla, com o fortalecimento dos mesmos de sempre. O parlamento voltará, votará no circo e a pachorrenta oposição continuará como os palhaços de ocasião na mais estrita mansidão.                                                                                                                           
Já não existe credibilidade, há super impopularidade. Vi-me a meditar que o VII congresso do Mpla tem cerca de três mil pessoas para sustentar, convidados, etc. Se multiplicarmos os custos de cada pessoa vezes quatro dias, despesas de deslocações e estadias que envolvem alimentação, etc, pagamento das passagens aéreas, empresas de prestação de serviços etc., aos altos preços que não param de subir, da pior maneira que a vida está, isso dá um custo astronómico. E medito ainda que a miséria e a fome que se atravessam em larga escala, o desemprego, o sobreviver numa autêntica selva, isto não está nada bom, está muito péssimo, e é assim em todo o país. Tanta ostentação de luxo e riqueza sob o olhar silencioso de tanta pobreza. Então… há crise para quem?! Claro, só para nós para eles não. A TPD, televisão do partido no poder, transmite dia e noite em directo as imagens do VII congresso. Quando olho para as imagens sinto-me teleguiado para a Coreia do Norte, porque estranhamente, ou coincidente, em tudo a ela nos queremos assemelhar. Quer dizer, prossegue a opulência da classe dirigente e a população retrocede indigente, sempre debaixo da cor vermelha para nos infundir terror.
Não parece, mas esta crise é como um incêndio de grandes proporções.
Insisto, quantas mais igrejas mais miséria.
A vitória da fome, ou, nunca tão poucos destruíram tanto e tantos.
O crime da crise é só para nós.
Parafraseando José Afonso (1929-1987). Angola de miséria plena, a fome é quem mais ordena, nas masmorras das tuas cidades.
E nas ruínas deste castelo, vejo-me forçado por fantasmas políticos, rodeado. Sem credível oposição os fantasmas vencerão.


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