Diário da cidade dos leilões de escravos
03
de Setembro
O estado islâmico não precisa de cá
chegar, há quarenta anos que ele já cá está. Somos os primeiros em califados.
Não são emissoras de rádio que temos,
são narcóticos para nos adormecerem, os neurónios apodrecerem.
Onde o chinês está é só pó e fumo, como
se fosse o fim do mundo, e barulho, muito barulho.
04
de Setembro
Orlando Castro: “ÁFRICA. O suicídio em
Moçambique é assustador. É o número mais elevado do continente africano e é um
dos mais elevados do mundo. Em Angola o suicídio tem vindo a aumentar
brutalmente, afirma o psiquiatra português Ricardo Gusmão.”
05
de Setembro
Se as estradas não se arranjam teremos
um pequeno país.
Acho piada mórbida quando falam –
dramatizam - nas nossas rádios (?) sobre os outros países e pintam um quadro
arrepiante com situações de alto risco, guerra, miséria, fome, ditaduras, falta
de liberdade de informação, refugiados, terrorismo, instabilidade crescente,
desemprego, economia em baixo, etc., dando a entender que Angola é um paraíso
divino. Sim, de facto aqui vive-se muito bem… para alguns, para os outros
milhões é o fabrico de terroristas em curso.
Para mim, rádio é a FM-Stereo da RNA,
estou sempre lá. Entretanto, o melhor financiamento do terrorismo é a falta de
informação, a desinformação, ocultar a verdade, ocultar o que se passa alimenta
fantasmas que depois se transformam em desolações humanas.
06
de Setembro
É oficial. Depois das televisões seguem-se
as rádios. Exceptuando a Rádio FM-Stereo da RNA que só transmite música, deixei
de sintonizar as outras rádios. Que o Santo demónio nos proteja. Mas, ainda
assim dou um louvor ao programa Vector da LAC onde se consegue aprender alguma
coisa.
Nem tudo está mau. Há oito dias que a
energia eléctrica não falhou nem um segundo. Obrigado ministro, João Baptista
Borges.
A famosa democracia sem rádios, sem
televisões, sem jornais, sem informação. Angola posiciona-se na confrontação,
na permanente desestabilização. Tendo como suporte a Igreja corrupta, Angola
torna-se um estado totalitário onde todas as maleitas que acontecem são
atribuídas a Deus porque ninguém reza, ou se o faz, fá-lo com desleixe. É a
Igreja do rumo da desgraça que nos aponta o fim do mundo, a pior solução
encontrada para o túmulo de Angola e o seu moribundo povo. O petróleo é só para
a elite e para estrangeiros que facilmente conseguem arranjar, emprego roubar.
A maratona da igreja universal do reino
de deus: Até padres estrangeiros espoliam os nossos maravilhosos cânticos
umbundus. O que resta de Angola, a Igreja e as igrejas destroem. Cantemos um
hino de louvor ao demónio nosso senhor pela mediocridade e analfabetismo
conseguidos. Onde as igrejas estão é só muita confusão e muita poluição religiosa,
sonora e teológica. Parecem boates ao ar livre. Em Angola o que é destruidor é
sempre bem-vindo. O terrorismo religioso implanta também o seu califado. Às
07.30 da manhã começa mais uma sessão do martírio adventista na rua Rei
Katyavala em Luanda. Reiniciou – no sábado anterior também aconteceu maratona,
e pelos vistos parece que teremos sessões de martírio todos os sábados – as
suas actividades de boate com cânticos entoados por um qualquer padre espanhol
com sonoridade musical muito medíocre, é que o homem padre não sabe cantar e
depois em… espanhol. Igreja que faz barulho é igreja do demónio. Os padres
estrangeiros desempregados também têm emprego garantido em Angola. Padres, a
religião deste povo é a feitiçaria. A religião é a mãe do demónio da nossa
desgraça, e evangelizar é escravizar, é obscurecer os nossos espíritos para que
obrigados sejamos a lhes obedecer a mais um falso poder. A Igreja e as igrejas
demonstram muito bem a sua ciência da decadência, e o Islão engole-as. Acabaram
os cânticos em umbundu? Ouve-se também uma voz feminina em espanhol. O
principal veículo da colonização e da neocolonização é a religião. Às 12.30 o
inculto religioso terminou mas – pouca sorte – a barulheira retornou às 13.58
horas. Às 16.13 parecendo igreja alcoólica ou drogada, as paredes dos prédios
tremem porque algum demónio colocou o som nos graves ou agudos no máximo, ou lá
como lhe chamam. Às 18.00 horas o terramoto religioso terminou, escutando-se
barulho de baixa intensidade. Às 18.44 são maravilhosos cânticos em umbundu
muito inspiradores mas de curta duração.
07
de Setembro
Depois de elogiar os oito dias sem um
segundo de falha no abastecimento de energia eléctrica, eis que nos caiu um
corte de oito horas, o mesmo é dizer que a venda de geradores é prioritária e
mesmo com os biliões de dólares gastos não serve de nada. É só conversa fiada.
Tiram-nos a energia eléctrica, a água, o emprego, tiram-nos tudo para
entregarem de bandeja nos estrangeiros, e já não sabemos o que nos cabe neste
poço de petróleo. Nada! Só temos direito aos assaltos e à morte.
Banco millennium Angola, o banco do
forno crematório nazi. O banco do gerador da morte. A engenharia criminosa dos
portugueses que tudo fazem para nos exterminarem por todos os meios para que
consigam empregos. É correr e fechar portas e janelas porque vem aí terríveis
toneladas de fumo do gerador da morte horrível. As crianças bebés
condenaram-nas a morrerem cancerosas dos pulmões. Este banco da morte e quem
governa assim ordenou. Sem matar não se pode facturar. Luanda é a fábrica da
morte onde estes tugas para facturarem têm que nos matar, em todos os
apartamentos nos gasearem. Há terrorismo bancário porque a corrupção
escancara-lhe as portas. Neocolonialismo sangrento apoiado pelos sectores mais
retrógrados do Poder. Em Luanda o crime compensa, é por isso que há muitos
criminosos à solta. É na rua rei Katyavala em frente à Angop que este banco
mata. É a vitória ou morte! O mais importante é a facturação e para isto o que
conta, o que é válido é destruir as nossas vidas por todos os meios possíveis.
Porque se institucionalizou que nós somos merdas para abater. Luanda é a
moderna baixa de Kassanji onde se massacram populações com extrema facilidade.
Os crimes da colonização terminaram em 11 de Novembro de 1975. Pouco depois
continuaram sob o disfarce da liberdade e da democracia, preparando-nos para
outro 11 de Novembro que sob o símbolo do terror contra quem se manifestar,
diferente pensar ou criticar. Quem oprime desalmadamente impondo a fome, a
miséria da escravidão das crianças por parte de chineses e dos espoliados dos
empregos pelos portugueses – o regresso a galope do colonialismo português que
vivendo desempregado em Portugal, aqui aterrado logo misteriosamente enriquece
furiosamente, gabando-se de que em Angola vive-se muito bem e os mwangolés
vivem muito mal, pobres mas muito felizes. Que vem transmitir conhecimentos
porque em Luanda não há nenhum angolano que saiba trabalhar – claro, sem
empregos ninguém sabe trabalhar – numa visão colonialista da sociedade. São os
construtores do terrorismo, da revolta outra vez sempre latente. E por isso
mesmo o ciclone humano da fome deixará Luanda em escombros. Vão gozando com o
repasto do petróleo, cavando as sepulturas que esperam impacientes. Estamos,
vivemos escravizados, mas desta farsa independentista nos ergueremos, nos
libertaremos. Exigimos os empregos que nos espoliaram e que continuam como os
abutres a devorar o que resta dos ossos dos nossos corpos. No ar sente-se o
intenso cheiro do descontentamento geral que reina neste califado, tão
torturado, ignobilmente desempregado. A batalha da liberdade acena-nos
vitoriosa, já os portões do terror se encerram e um novo capítulo da riqueza da
meia dúzia dos ovos acabará. A corrupção espera-a o cangalheiro que já lhe tira
as medidas para a depositar no féretro merecido. É a vitória ou morte.
Importar é fácil, exportar só petróleo é
muito fácil.
Este ano está difícil. O cacimbo não
quer sair, acabar, a humidade mantêm-se elevada, na varanda ronda sempre à
noite os oitenta, já chegou aos oitenta e quatro por cento. Por certo é o fim
da picada, inicia-se outra era bem gelada.
Ditadura democrática, igreja democrática
e jornalismo religioso não! Civilização dos padres não! Assim ficamos num
jornalismo à Ruanda.
Hoje de manhã ouvi na Rádio Ecclesia o
jornalista Reginaldo Silva afirmar que a energia eléctrica alternativa por
turbinas a gás consome setenta milhões de dólares por mês.
Sem comentários:
Enviar um comentário