quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Já tenho cartão de militante






Já tenho o cartão de militante
Bem documentado estou
Com o diploma do intolerante
Onde em 40 anos nada mudou

Já sou do petróleo afortunado
Já sou poeta, tudo, e escritor
Já sou jornalista do clube afamado
E sobretudo um hábil bajulador

A tua inteligência será suprimida
Mas dirão que és muito inteligente
Nesta terra da miséria prometida
Onde estamos fartos dessa gente

Na desgraça do bes/besa local
Os bancos fingem que funcionam
Que estão na actuação global
E o nosso futuro desmoronam

Onde há miséria não há controlo
No Hospital dos Cajueiros é assim
É a embaixada tuga do descontrolo
Bicha às quatro da manhã sem fim
Como se tudo fosse gente vadia
Para atender os doentes no outro dia

Já tenho o cartão sou muito feliz
Já ando por aí a atirar atoardas
A garantir que o povo seja infeliz
Conduzido pelas forças das fardas

E como consegui o cartão
Que se cuide a oposição
Isto não é brincadeira não
Coisas más lhes acontecerão

Com o cartão o salu não me falta
Escrevo muitas baboseiras
O tal apanágio da nossa malta
Dos ornamentos das nossas viseiras

Cartão do viver e do encanto
Ilusões das falsas propagandas
Ruirá outro banco Espírito Santo
E tudo o mais por estas bandas

É o cartão do homem novo
Do homem finalmente libertado
Antes se apelava muito ao povo
Agora só estrangeiro importado

E assim alcançámos a hecatombe
Impura como a corrupção nacional
À espera que de vez a Pátria tombe
No seu sorvedouro inconstitucional

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