sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

A ILHA DO TUBARÃO



Ano 2 A.A.A. Após o Apocalipse dos Angolanos.

República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos

É um país numa ilha que antes estava dominado por um tubarão que conseguiram matar, mas que depois como numa linha de sucessão logo foi substituído por outro muito mais perigoso, terrivelmente poderoso. Grande, terrivelmente assustador. Até ganhou laivos de adoração como se fosse um deus enviado por Neptuno. E o tubarão ia fazendo vítimas, quem ousasse aproximar-se a modos como que de manifestação, apanhava, pois o tubarão já dera sinais de que tal não seria permitido nos seus domínios. Atacava sem dó nem piedade e num ápice devorava os desrespeitadores das suas ordens superiores. Os partidos políticos da oposição bem protestavam e nos tribunais se queixavam, mas qual quê, tudo ficava em banho-maria. Perante tal paralisia política o tubarão atacava com à-vontade, fazia o que queria, o que bem lhe apetecia. Na contabilização dos desmandos facilmente se verificou que eram de tal monta que a oposição decidiu que já não engolia mais sapos, desconhecendo-se qual anfíbio anuro a seguir se engoliria. Mas numa reunião muito importante – porquê que todas as reuniões são sempre muito importantes?, - depois de longos debates decidiu-se que não se engoliriam – agora desta vez - mais rãs, porque já não havia sapos.. Sinceramente que sinto imensa pena destes pobres anfíbios anuros que não fazem mal a ninguém, mas como é o país das epidemias, tudo é para extinguir. E a oposição decidiu finalmente que com a imposição de engolir rãs que seriam tomadas medidas drásticas. Claro que ninguém sabe que medidas serão. Casais revolucionários de uma casa assim como uma espécie de divorciados apostavam que como alguém disse, um político tipo incendiário que, “tinham tudo para ganhar”. Mas também não se sabe o quê, talvez uma barbatana do tubarão para fins afrodisíacos. Era simplória conversa de descasa, porque tinha, vinha de fracos alicerces. Mas, ao tubarão ninguém atacava, ninguém ousava, só se conversava e daí não se passava. Ninguém tomava iniciativa porque o tubarão reagia com força muito repressiva. De longe os mirones contemplavam o tubarão e chamavam-no de todos os nomes: que era corrupto, grande adepto do nepotismo, porque passou a ilha para os seus filhos dando-lhes plenos poderes, que dali jamais sairia porque como tubarão na água se sentia. Até uma estação de rádio despertou e muito do tubarão falou, a população lá nessa rádio muito badalava, nunca se cansava. E nada se resolvia, logo nada se decidia, o tubarão ninguém vencia. De todos os pontos do país/ilha vieram muitos revolucionários e sacerdotes que pregaram a revolução ao tubarão, mas ele agitava fortemente o mar fazendo altas ondas que invadiam a praça dos pobres diabos oposicionistas obrigando-os à debandada geral. Depois da fuga iam para a rádio apelando à população que despertasse pois isso não compete aos líderes da oposição é obrigação da população. Mas, um iluminado contra-argumentou que assim não dá porque é uma singularidade isolada, e que assim não se resolverá nada, porque com cabeça de carneiro tresmalhado tudo é esfumado. Ninguém sentia a democracia, ou disso quase ninguém sabia, o que isso significaria. Todos queriam o poder, mas não sabiam o que dele fazer. E os verdadeiros intelectos deles se afastavam porque com gente assim não pactuavam. Sem liderança não há democracia, não há resistência, não há revolução, não há esperança. Ser corrupto é ser patriota, tudo o mais é antipatriota. Numa sociedade corrupta até as moscas são corruptas, é o ambiente ideal para os revolucionários de meia-tigela. Quem está no poder é a miséria e a fome, e a oposição fecha os ouvidos.
Isto aqui não dá para suportar tanta maldade vinda de todos os quadrantes. E na noite alta, a miséria e a fome são péssimas conselheiras. Aumenta o número de jovens, pode-se dizer quase crianças, que assediam os caixotes do lixo na azáfama de lá encontrarem algo para comer, ou qualquer utensílio que ainda tenha utilidade ou que mesmo estragado dê para recuperar. No zango 4 em Viana, arredores a Norte de Luanda, o meu neto de cinco anos estava a brincar no largo próximo de casa com outro neto de dez anos, irmão, quando quatro miúdas se atiram no neto de cinco anos e o arrastam. O neto mais velho em socorro do irmão levou chuva de pedras, mas com sorte saíram ilesos. “Olhe o lobo com pele de cordeiro. Já te devorou!”
Quatro horas da manhã, oiço o gritar horroroso que pela voz é de uma criança, talvez de seis a oito anos, misturado com palavras que se não conseguem perceber, próprio de quem está a ser torturado, ou vai para um matadouro. Levanto-me e corro na direcção da varanda para ver o que se está a passar, mas oiço ao longe o grito que desaparece na noite. Quer dizer que ia num carro.
Segundo o doutor Maurilio Luiele que falou na Rádio Despertar, sobre o vírus Zika com três casos em Angola, que é a ponta do icebergue – o ministro da saúde doutor Luís Gomes Sambo, disse que Angola está vulnerável, eu diria, muito vulnerável, a epidemias – porque a ponta do icebergue será de trezentos a quinhentos casos. E que Angola continua com a mais alta taxa de mortalidade infantil do mundo. Já agora, a epidemia da cólera está esquecida? Porque não se divulgam números diariamente?
No programa Angola Fala Só, da VOA-Voz da América, do dia 03/02/17 dedicado à infâmia das Lundas, os contactos telefónicos foram cortados, “não se consegue falar com Angola” disse Santa Rita.
Amigo leitor, pode e deve acompanhar as minhas três séries que estou a publicar no meu blogue gilgoncalves.blogspot.com, porque no Folha8 não há espaço para as publicar, ei-las: A Economia Sem Mercado. Ficção Científica As Crónicas do Marcos, e A Ocidente do Paraíso Perdido, não perca.
“Sempre faça tudo que você pede daqueles que comanda.” (George Smith Patton 1885-1945)
No mês de Janeiro de 2017, aqui na área tivemos um total de dezasseis horas sem energia eléctrica.
Isto é tudo deles, por isso têm o direito de nos matar. Disse um cidadão, que devido à ingestão de milhares de sapos ganhou uma grave indigestão, e que está em risco de apoplexia por causa da intensa propaganda da TPA-Televisão Pública de Angola.
Sapos, mais uma espécie em vias de extinção porque a Unita, e não só, mas porém, todavia, engoliu-os todos. Creio que a seguir serão os lagartos que seguirão o mesmo caminho da extinção.
“Nem o MPLA, que é o Estado, tem manifestado vontade política, nem a oposição, que está paralítica, nem a sociedade civil, que está sufocada, têm revelado possuir capacidade e fôlego para dar um murro na mesa e desalojar as raposas que assaltaram e se apoderaram do nosso galinheiro.” (Gustavo Costa no Novo Jornal 04/02/2017)
Ruptura na CASA-CE: Coligação desmente comissário que acusa Chivukuvuku de pagar milhões de Kz para manter liderança. "O companheiro Abel, para evitar a crise, tinha de tomar uma posição. Então chamou algumas pessoas que achou conveniente para discutir a preocupação dos partidos que suportam a CASA. Chegaram à conclusão que cada presidente tinha de receber 500 mil kwanzas por mês e os partidos, outros 500 mil", garante o dissidente, para quem a liderança de Chivukuvuku está "presa a esses acordos secretos, que nunca vão permitir que a CASA se transforme em partido". (Novo Jornal 06/02/17). A grande fortuna que William Tonet gastou e gasta na CASA já é do domínio público. Entretanto, foi dito na Rádio Despertar que Lindo Bernardo Tito foi ruado do partido PRS por desvio de fundos.



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