Ano 2 A.A.A. Após o Apocalipse dos Angolanos.
Ano da diversão da economia com corrupção e sem
energia eléctrica. Ano em que a oposição ameaça sair à rua.
República das torturas, das milícias e das
demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
Nota de abertura: A Unita já ganhou as eleições!
Canta a vox populi, a voz do povo na rua.
Do que eu me havia de lembrar: se em Luanda
acontecer um tremor de terra de baixa intensidade, acredito que os depósitos de
combustíveis espalhados por todo o lado incendiarão e se despejarão nos
depósitos de água que tombarão e em chamas os combustíveis arrastarão. Uma
terrível dantesca visão, não?!
Sediangane Mbimbi no programa Angola e o Mundo
da Rádio Despertar de 28/05/17: “O Hospital Maria Pia (em Luanda) não tem nada,
nem um livro onde os médicos passam as receitas, que são receitadas para o
paciente que têm que memorizá-las.”
À noite, a mana Mónica costuma ir ao mercado dos
congolenses comprar as coisas para fazer comida para depois vender. Mas teve
que fugir porque os fiscais como a fome aperta cada vez mais saqueiam as
vendedoras. É a lei do cerco da fome a ditar as suas regras. Mas na realidade
isto passa-se em todos os mercados. E quanto mais a fome apertar muito mais há
que saquear. E daqueles empresários e outros tais democratas fúteis que por
qualquer motivo fútil vão para o estrangeiro, incluindo em gozo de férias, e
que depois têm o desplante de dizerem que isto está muito duro, e que durante
três meses, ou mais (?!) deixam os trabalhadores abandonados à fome,
deixando-os sem salários porque na sua omnipotência só eles é que sabem assinar
cheques. E não há lei que lhes caia em cima porque o colonialismo e a
escravidão ainda não acabaram. A propósito, alguém sabe quando acabarão? Nesta
sociedade sem regras, sem lei, onde qualquer dita a sua lei, como é que
acabará? Outro Congo? Outra República Centro-africana?, etc.
Sentem-se fortíssimas as vibrações da
destruição. Da cátedra do só formar políticos mas não homens, há o embate de
colossos que tudo despedaçam. Creio que Angola tem o cenário ideal, final da
sua destruição, talvez lembrando os últimos dias de Pompeia, como reza o
slogan, total e completa aniquilação. É só políticos em cada berma que fazem
prenunciar o que tão mal vai recomeçar. Desgraça, miséria e fome. Salvo as
habituais honrosas excepções, Angola não formou ninguém, só deformou, prova-o a
total dependência de técnicos estrangeiros e da sua tecnologia. Angola continua
totalmente dependente do estrangeiro, como por exemplo, o continuando a
importar sal, o que é revelador da tragédia sem fim. Os problemas avolumam-se
como que formando montanhas. Ninguém resolve nada, é o apenas paladar habitual
do desgostoso falar, porque ninguém parece capacitado para saber resolver
problemas. Quando a cabeça não funciona tudo à nossa volta se desmorona. Angola
é uma inigualável república de charlatães e de cambalacheiros que lutam, roubam
e se devoram entre si como habilitados predadores. E por isso mesmo é o vale-tudo.
E assim Angola é pátria zumbi. Esta é a Angola da população que sem o saber
caminha para a sua autodestruição. Já outro réquiem se toca por ela porque de
tal modo involuiu que em associações de malfeitores se uniu. De gente fingida
que por fora são grandes democratas, mas que por dentro têm o vírus da maldade.
Viver e depender de irresponsáveis é impossível, é ver a sociedade como um todo
a se desfazer. Pois, a impressão que se tem é que Angola está refém de
associações de malfeitores. Como é isto possível? Pois, onde a mediocridade
humana impera os malfeitores fazem fila de espera.
Uma mãe com duas crianças, uma de colo e outra,
uma menina de sete anos, que lhe implora que tem fome. Vão incertas pela rua à
espera que alguém lhes dê alguma coisa para comer. A mãe pára e bate com raiva
na menina que indefesa e sem compreender que afinal pedir comida significa
tortura. A mana Mónica que assiste à tragédia diz para a mãe que não bata assim
na criança, porque senão vai chamar a Polícia. A mãe olhou para ela e logo de
seguida foi-se, escapuliu-se para outro local de outra tragédia.
Como é que uma pessoa vai aqui viver sabendo que
não tem futuro. Mas que grande chatice. É proibido fazer planos para o dia de
amanhã.
Luanda, a cidade do santuário da corrupção. Luanda,
a cidade dos mártires da neocolonial repressão. Nunca sabemos se amanhã temos
água, energia eléctrica, nunca se sabe o que nos vai acontecer porque vivemos
no constante terror de sermos assaltados fora ou dentro de casa. Mais uns anos
assim governados e nem uma raiz de capim vai sobrar.
É do meu conhecimento que numa empresa – claro
que existem mais, por exemplo, as da nomenclatura ou não, é norma – exige que
os seus trabalhadores trabalhem sábados e domingos sem lhes pagar horas
extraordinárias. Com a agravante de também não lhes pagar o subsídio de férias.
E é verdade sim senhor que não existe sindicatos, há sim senhor alguns pobres
diabos que dizem que são sindicalistas. Estão claramente sob comando,
empregados das ordens superiores. A relação entre empregados e patrões lembra a
de capataz com escravos. Aqui creio que Angola ainda não acabou com a
escravatura e o colonialismo. A liberdade não se decreta. A democracia e a
liberdade conquistam-se. Quem nada na miséria afoga-se. Isto está uma grande trapalhada,
e como tal ninguém entende nada. E onde tudo é a fingir, torna-se impossível
discernir.
“Famílias
despejadas no condomínio do Banco de Poupança e Crédito: Questionado
sobre o local onde vão ser alojadas as mais de 100 pessoas expulsas a partir de
segunda-feira, (29/05/17) Luís Canje respondeu que "não é responsabilidade
da administração arranjar lugar para abrigar estas famílias". (Gaspar
Faustino. In Novo Jornal 26/05/2017)
Tens que te livrar do monstro
senão ele vai-te devorar.
“Artur Pestana “Pepetela”, que, numa premonição
impressionante, para além da diabolização, previram todo o cenário posterior.
Pepetela é um escritor reconhecido no exterior, aqui mesmo, em Portugal, ganhou
prémios, mas tem as mãos manchadas de sangue, por ele passaram muitos atirados
para os campos de fuzilamento, pois foi um dos ideólogos da célebre Comissão
das Lágrimas. Não lhe ficava mal, pelo contrário, um pedido de desculpas às
vítimas e aos filhos, sobre a sua nebulosa participação no genocídio.” (William
Tonet in Folha 8 edição 1319 de 27/05/17)
Economicamente a coisa pode ser vista assim: se
um banco não tem um bilião de dólares, então está falido.
Parece não haverem dúvidas o porquê de ninguém
já confiar nos bancos da maiua. Há fugas nos depósitos em kwanzas e em divisas
porque o dinheiro entra nos bancos, mas depois para o levantar é um grande
problema. Por isso se prefere que o dinheiro fique guardado em casa. E por isso
mesmo se diz que os bancos estão falidos. A mana Ema vive momentos de aflição,
porque há mais de um mês que não consegue movimentar a sua conta bancária em
divisas para viajar e fazer tratamento médico num país da Europa. O mano Dito
também está na mesma situação. O seu jovem filho está com problemas, necessita
de uma intervenção médica no estrangeiro e não consegue movimentar a sua conta
bancária.
Os sinais perturbadores, reveladores já existem:
está muito raro, acabou, o tempo de quem carregava sacos com muita comida. Isso
acabou. Os cantineiros aqui da banda estão de prateleiras vazias. Há muitos
portugueses com muitos meses que não conseguem apanhar divisas para
transferirem para Portugal. Estão convictos que a intenção é correr com eles.
E pode-se dizer que as eleições que se aproximam
a passos muito rápidos serão eleições das trevas porque Angola está entrevada.
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