terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

É muito fácil conduzir um país para a Idade Média





República das torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade dos leilões de escravos
11 de Dezembro
Isto aqui é como um castelo em plena Idade Média em que os suseranos têm poder ilimitado sob os seus súbditos, e então como não têm nada para fazer, passam o tempo a inventarem o opróbrio.
Cada português que chega é mais uma família angolana que fica na miséria?
A miséria em Angola é muito lucrativa, pois faz aumentar o número de milionários.
Angola nos últimos tempos evoluiu tanto, tanto, que até os corruptos dizem que instauraram a democracia.
O Jornal de Angola diz que a inflação está a descer. Bom, não sei como, se neste mês de Dezembro os preços subiram, subiram. E mais bom, para os seis mil e quatrocentos milionários angolanos a inflação desce, para os milhões de miseráveis a inflação sobe, senão eles nunca seriam milionários.
12 de Dezembro
Chiquita Bacana Kundi. Facebook. “Por isso é que alguns livros das conservatórias, em Luanda e algumas folhas onde cidadãos angolanos estavam registados, desapareceram e as folhas de alguns livros foram rasgadas/destruídas pura e simplesmente. Até vários angolanos, não podem tratar os seus documentos por causa disso. E segundo consta, estrangeiros estão a comprar certidões de registo de nascimento a 5.000.00 USD. Os jornalistas e governo que façam essa investigação. Pelo menos a conservatória da avenida do Brasil e Combatentes. Tem tb alguns malianos e guineenses que já têm documentos angolanos com esse esquema.”
A caixa de carapau subiu de quatro mil para dez mil kwanzas. In Rádio Ecclesia.
E o Jornal de Angola diz que a inflação está a descer. Isto chama-se nazismo!
No Facebook:
Catarina Alves. Boa noite, alguém sabe porque razão o SME não está a emitir recibos? A mim disseram me que era um problema no sistema... Obrigada
Nádia Corado.  Houvi dizer k fizeram mais uma "limpeza".
Nádia Corado.  Sei disso pk tenho uma amiga nessa situação.
Sílvia Vartan Cruz.  Houve uma "auditoria severa" e tanto quanto sei, muitos são os que estão por de trás das grades.
13 de Dezembro
Mas, de qualquer modo é extremamente anedótico: então os tugas e angolanos que fugiram – compreensivelmente – de Angola, lançaram chuvas de raios sobre quem ficou, Angola não abandonou. Então, agora tecem mil maravilhas e militância ao partido do coração da coacção, que lhes partiu o coração, e agora não?! Até lhe tecem os mais acalorados elogios sobre os feitos da exemplar governação, e que Angola está sempre a melhorar como um doente crónico. A isto chama-se importar, implantar a desordem, a corrupção e o caos. Com tais bifaciais é muito perigoso conviver, porque nem dá para sobreviver.
Isto tem que acabar, JÁ! É necessário denunciar que os portugueses que abundam nas empresas tratam os angolanos como seres inferiores. As relações são ditatoriais, de capataz e escravo. Mais um exemplo: numa empresa sabiamente dirigida por tugas, obrigam os mwangolés a moverem longas distâncias a pé, no mais abjecto, nojento, podre regresso do colonialismo. Querem fazer de Angola outro Portugal. E como isto se vai arrastando sem solução, quanto mais tempo demorar, mais as consequências serão de atormentar. Sim, porque ao que não se dá solução, acaba em violenta explosão.
Viver sempre no pânico de me retirarem a água e a energia eléctrica, é a pior tortura que me podem fazer. Na realidade é como viver numa prisão, acusado de um crime que não cometi.
O destino de um homem é o destino de todos os homens.
Quando Angola estiver totalmente em poder dos estrangeiros, então sim, será verdadeiramente livre e independente.
14 de Dezembro
Tiago Ribeiro. Facebook. “Eu não sei mas acho que muitos de vocês nunca estiveram em angola eu trabalho na casa dos Frescos e tenho grandes condições e o meu ordenado são 5,000 usd com tudo pago e não sou nenhum Eng.”
Angola continua exactamente como no tempo colonial. Os portugueses chegavam da Metrópole, desembarcavam na sua colónia de Angola, e facilmente conseguiam empregos com o apoio dos seus conterrâneos. Tinham direito à licença graciosa, férias gozadas na metrópole. Aos indígenas restava o engraxar de sapatos e o trabalho de moços de recados. Incentivava-se o consumo de álcool, pois assim era fácil argumentar para dominar: «Como é fácil os negros alcoolizar, para assim os estigmatizar, indolentes os dominar, escravizar.» Brevemente veremos os portugueses também a sapatos engraxar, e os mwangolés – fundamentalistas – na sobrevivência do assaltar?
15 de Dezembro
Aconteceu no Uíje: um mais velho infestado de feridas, e como se não bastasse também infestado de andrajos, numa aldeia, bate de porta em porta a mendigar água para beber, mas consegue apenas desprezo e insultos, pois ele é como a peste do Apocalipse, só lhe atendem com repulsa e desdém: «Oh! Sai daqui seu velho maluco, não sabes que com essas feridas purulentas vais-nos infectar? Desaparece mas é daqui seu imundo de merda! Vai-te mas é lavar pá, nós não queremos apanhar doenças!» E ele continua a bater de porta em porta na esperança de que alguém lhe atenda, lhe dê um pouco de água para beber, pois a sede está insuportável. Para moribundo pouco falta. E ao bater na derradeira porta eis que uma jovem senhora se condói e lhe oferece um copo de água que sôfrego bebe, como a melhor coisa que lhe podia ter acontecido na vida, e de muto agradecido pelo gesto, segreda-lhe: «Olha, tu e a tua família saiam daqui rapidamente que esta aldeia vai desaparecer.» E ela acreditou, assim fez e bazou dali com a sua família. Pouco depois a aldeia desapareceu e no seu lugar nasceu um lago, que ainda hoje existe e se pode ver muito bem.
Os portugueses ao invadirem Angola nem tomaram em consideração que – pois não, eles não tomam em consideração nada, a não ser o, eu devoro-te, tu devoras-me, ele devora-me, pronto, devoram-se – fariam com que o mercado de trabalho se desmoronasse. E com ele bem desmoronado teimam na implantação de um lugar das brutas fotos do pôr-do-sol numa tarde africana, angolana. Criaram – claro que tinham que criar, pois esta geração não pensa, apenas pena – um excedente de mão-de-obra escrava nunca vista em Angola. Então, servindo-se deste mercado já de milhares de portugueses, uma tremenda reserva de trabalho excedentário, o que acontece? É simples! Há uma disputa acérrima para se conseguir emprego, o que faz com que os salários baixem… baixem até à condição da escravidão. Sim, é verdade, neste momento e seguintes os portugueses em Angola estão à mercê, aprisionados pelas empresas que lhes pagam salários de miséria. A miragem de uma Angola em que se enriquecia facilmente expirou. Mas mesmo assim eles incitam-se na procura da Angola do bem-estar impossível. A mina de Angola já não dá, é uma miragem, mas mesmo assim vêm como mineiros a escavarem numa mina que já não existe, esgotou-se.
16 de Dezembro
O que ainda acontece na Síria, é a bestialidade humana que não tem fim. Tornou-se tão normal a matança de crianças que até já parece um desporto. Inventaram um novo jogo: assassinar crianças com uma impunidade tal que não sei o que virá a seguir. A vida humana perdeu o seu significado e o seu valor?
17 de Dezembro
Quase dezassete horas. A tarde acaba com um concerto de um pregador que nos espeta os santos ensinamentos do Senhor, em vão. O homem, ou o demónio? berra, berra num táxi Hiace improvisado com gerador e uma aparelhagem sonora das tais que faz estremecer os prédios. Berra, berra, com sotaque brasileiro para seguirem o Senhor, em vão. Ao que a religião chegou. Além da poluição sonora o pregador parece um vendedor de peixe podre, ou de qualquer outra coisa reles, sem valor. A religião está a apodrecer, e como tal também nos quer apodrecer. Não há regras, não há limites, porque qualquer um é o representante, o eleito de Deus na imundície do podre poder humano. Vender peixe podre é pregar a religião podre. Pobre MPLA que se vende a qualquer merda de aventura, a lembrar que o que se passa na República Centro Africana também aqui chegará, e daqui não sairá.

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