terça-feira, 21 de junho de 2016

O SUBMARINO ANGOLA (04)



Confesso que não sei como é que Angola sairá do impasse do caos económico e social. A oposição é incapaz de fazer frente ao partido no poder que a todo o momento zomba da democracia e muito claramente dos democratas, e da palhaçada política em que Angola se atascou, com a oposição muito atrapalhada. Basta ver o caso de Isabel dos Santos, nomeada para presidir por seu pai, o presidente da República de Angola, a quase falida Sonangol, que numa palavra, tem Angola em seu poder. E se alguém da oposição refilar, dá-se-lhe umas porretadas ou eliminação física e logo, logo se vai calar. Veja-se também o caso dos presos políticos, onde a oposição pouco ou nada fez, faz, apenas tirar dividendos políticos. Dá a impressão que a oposição luta por interesses pessoais e partidários, o sofrimento da população que se dane.
David Mendes, o célebre advogado dos injustiçados e sedentos de justiça, e mais alguns juristas, já lançou o anátema para a impugnação de Isabel dos Santos da Sonangol. Claro, que no palácio presidencial, o PR e sua comitiva rirá mais uma vez, creio que passa a maior parte do seu tempo a rir, pois fazer queixa nas estruturas de justiça do PR é como crianças a brincarem num parque infantil.
Há vários anos que Justino Pinto de Andrade, presidente do BD-Bloco Democrático, disse que ia apresentar queixa contra as milícias que espancaram com barras de ferro, Filomeno Vieira Lopes, o ex/secretário-geral do BD. Até agora a presidência do BD nunca esclareceu como está o processo-crime, ao menos que promovesse uma conferência de imprensa, como é da praxe, mas nem isso. Desde a altura em que o Filomeno escapou milagrosamente das barras de ferro, até agora nada. E não devia ser assim, creio que a presidência do BD terá que vir a público explicar o porquê desse silêncio e também o do Vitória Pereira, outra vítima das barras de ferro.
É a vida do muangolé: miséria, fome, doenças, morte, desemprego, exclusão e espoliação de bens. E a miséria e a fome triunfarão. Angola não passa de mais um pobre país africano a mendigar à comunidade internacional, já muito cansada de ver os seus governos a abandonarem à sua sorte as suas populações ad infinitum.
Vitor Rebelo. “Não têm Kuanzas? A um preço justo arranjo-lhe alguns milhões...”
A solução da crise na visão de uma portuguesa: Maria De Jesus Silveira. “ E esperando á meses!!!!!! Para pagar contas, mas com o FMI, isso vai acabar, preciso calma, tudo tem tendência a terminar, mas que andam muitos a encher os bolsos, isso ninguém tenham duvida, deveriam eram assaltar essas senhoras, mas todas ao mesmo tempo.”
Francisco Magalhães Coelho. “Quando a revolução chegar só espero que os portugueses estejam fora.”
É certo que os partidos políticos da oposição procuram por todos os meios convencer a população eleitora a votar neles, e por isso dedicam grande parte do tempo a falarem das próximas eleições. Pois bem, isto é, pois mal, os preços da comida, de tudo, não param de subir até atingirem máximos insuportáveis, obrigando a que seja impossível a vida sobreviver. Faltando cerca de catorze meses para as eleições, até lá quantos eleitores sobreviverão? Quantos? Catorze meses de fome extrema, o que já acontece, farão um imenso e tenebroso cortejo de cadáveres, e mortos não votam. A não ser que a oposição consiga que eles votem. Portanto, o que há a fazer é o primordial, lutar para que a população tenha direito a alimentação com preços compatíveis, pois sem isso as eleições serão um grande fiasco. Os locais de votação serão como cemitérios, com imensas filas de zumbis e esqueletos a aguardarem a sua vez de votarem.
No Diário Económico: Valter Filipe, governador do Banco Nacional de Angola (BNA) acusa “grupos empresariais estrangeiros e bancos de matriz portuguesa de práticas de corrupção e de suspeitas de financiamento do terrorismo internacional”.
Só agora?! Porque há muito tempo que tal acontece, conforme acordado com Portugal no tempo do PP, Passos/Portas, em que o dinheiro saído de Angola seria lavado em Portugal e como reciprocidade de vantagens os portugueses invadiriam Angola, saqueando – tipo, viquingues modernos - os empregos, saqueando tudo. De qualquer modo, a trama pode sintetizar-se assim: primeiro, o comunismo russo, segundo, o comunismo cubano, terceiro, o comunismo chinês, quarto, a miséria e a fome dos angolanos sempre. E a propósito, mais milagres do comunismo chinês: o detergente em pó que queima as mãos. A escova de dentes que com apenas três utilizações desfaz-se. E muito, muito mais vindo do falso milagre chinês.
E as coisas não funcionam, já se atingiu o caos, um exemplo, é o dos fiscais e polícias espoliarem descaradamente nas ruas os bens das cidadãs. Basta uma desgraçada andar com uma banheira na cabeça, ou dos armazéns sair com caixas de produtos alimentares que comprou, também é espoliada pelos fiscais ou policias. A fome aperta e os fiscais para conseguirem dinheiro pegam nesses bens espoliados e vão vendê-los nas praças.
O problema é que se anda sempre ao contrário, quer dizer, começa-se sempre por baixo, quando deveria começar-se por cima, como mandam as regras de uma boa governação. Refiro-me à espoliação nas ruas na vã tentativa de arranjar culpados para a crise, como é o caso das quinguilas e os corruptos estão como peixe na água. E se estas coisas continuarem, claro que se vão agravar, Angola vai parar, já parou.
E como tudo está centralizado, controlado num politburo, não é necessária contabilidade nacional, porque o politburo já tem tudo planeado, devidamente orçamentado. Daí o não ser necessária a contabilidade, para quê?, pois se ela está omnipresente. Há a contabilidade de fingir que é só para o FMI.
O silêncio da nossa governação é muito conspirador.
“É mais fácil subir para as costas do tigre, do que descer delas.” (Ditado mongol)

E o submarino Angola prossegue no seu rumo escoltado pelos monstros das profundidades abissais.

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