A
Dite ficou sem casa, sem nada
Escapou
de ser enforcada
Coitada
A
Dite está desolada
Como
o seu futuro será
Ninguém
saberá
Nos
caminhos incertos andará
Mas
sempre sonhará
Este
mundo é uma perdição
Oh,
não chores mais, não
Muitos
mais males te acontecerão
Não,
não chores mais não
Que
fazer sem dinheiro
Até
acabar num pardieiro
Corruptos
sempre no lugar cimeiro
A
Igreja e o seu deus sempre primeiro
Já
fiz quilapis, sem dinheiro
Agora
é que vai ser porreiro
Nunca
nenhum plano se executou
Nunca
nenhuma lei funcionou
Vale
mais tarde do que nunca
Mas
acordar tarde tudo se trunca
Quando
a corrupta Igreja acabar
Então
sim haverá lugar para amar
Quem
tem, tem
Quem
não tem come dendém
Onde
há desdém
Não
se vive bem
Uma
desgraça nunca vem só
A
pobreza mete dó
A
miséria está comovente
E
a fome muito insolente
Quando
se perde a esperança
Deixa-se
de acreditar em nada
Resta
da família a lembrança
Antes
da derrocada
A
intolerância está muito presente
Quem
comanda está ausente
Não
quer saber da gente
Nada
sente
Perde-se
o alento
Na
tristeza do olhar desatento
À
espera de algum alimento
Imagem:
Ermelinda Freitas
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