República
das torturas, das milícias e das demolições
Diário
da cidade dos leilões de escravos
Uma
senhora foi beber, depois como não tinha dinheiro para pagar, deixou lá o filho
menor como pagamento.
De um
comentador da Rádio Despertar, “a Assembleia Nacional é um teatro e a oposição
fica a assistir.”
E em
Viana, arredores de Luanda, no porto seco, foram despedidos anarquicamente
cento e quinze trabalhadores sem direito a indemnizações. (Denúncia de um
ouvinte na Rádio Despertar)
Não há
nada que aqui se faça que não tenha máfia.
Há
quarenta e um anos sempre a viver com as calças nas mãos, é o fim meus irmãos.
O
Submarino rumou para a doca para manutenção e aprovisionamento de víveres.
Durante uma semana o trânsito rodoviário e de peões esteve encerrado, porque os
serviços secretos detectaram vários indícios de fantasmas dos antepassados que
estavam muito zangados devido à fome que devorava a população.
O mais
interessante do Submarino Angola era a sua colecção de desaires ostentada a
bordo como num museu de grandes naufrágios. Que interessa falar, noticiar nos
meios de informação exclusivos que projectam o ridículo do que não se fez e do
que se aposta fazer, ou que se poderá fazer, parangonas sem nenhum significado
apenas para iludir a quem, pois se já ninguém acredita em tal propaganda
política. Mas a teimosia em publicitar coisas que não existem mais apoiava o
grande naufrágio do Submarino. Sem infra-estruturas é a mesma coisa que uma
universidade sem professores. Tudo se afundou, ninguém notou, ninguém escapou.
Onde não há liderança há divisão. Os
partidos políticos da oposição bloqueiam a população, porque dizem que a
população é que têm de tomar a iniciativa para sanar a corrupção e o caos
económico e social, e até promoverem manifestações. Portanto, reafirmo a
inutilidade destes partidos. Indefinidamente o circo político continua. Então,
os cidadãos têm que criar o seu partido político, o Partido dos Cidadãos?
Justino Pinto de Andrade é muito bom como
intelectual, mas como político é uma nulidade.
Um português sem vinho é um homem morto.
Do jornal Expansão: “Sem qualquer
justificação, o BNA deixou de divulgar as vendas mensais de divisas e a sua
distribuição por bancos, casas de câmbio e de remessas. Mais. Retirou do site
as vendas mensais até Março anteriormente disponíveis.”
Para a
oposição: tudo o que é repetitivo é cansativo. É como aquela palavra de ordem
do partido dos intelectuais: “ Vamos diversificar a nossa economia.” E estão
certíssimos, porque a economia é de uso exclusivo deles.
Este
país só vive de actividades políticas, de actividades económicas não, economia,
o que é isso?!
A
Igreja e as igrejas não fazem socialização, fazem corrupção.
Mais
de trezentos trabalhadores da empresa de recolha do lixo de Luanda, ELISAL,
foram sumariamente despedidos. E parece que têm direito a uma irrisória
indemnização.
Com a
economia no caos, como é possível diversificar a economia? Se antes com
montanhas mágicas de dinheiro não foi possível diversificar a economia, agora
sem dinheiro não é possível diversificar seja o que for, excepto a corrupção
que essa está sempre apta a corromper qualquer circuito. E com os mesmos que
nunca conseguiram fazer nada, agora farão o quê?!, absolutamente nada. Não dá!
Isto precisa de mudanças urgentes, mas atenção, mudar para pior não.
“Era
habitual, desde logo, que os governadores se enriquecessem por meios ilegais.
Logo, quando terminavam as suas funções e os provincianos apresentavam juízo
contra eles ante o Senado, era habitual que este fizesse vista grossa. Todo
senador esperava a sua oportunidade para fazer uma boa operação ou já o havia
feito. Mas o saque devia de estar dentro de certos limites, Verres não conhecia
limite algum. Bateu todos os recordes de vilania. Seus roubos eram incríveis e
até roubou a mesma cidade de Roma, pois se embolsou com o dinheiro que se lhe
havia dado para pagar os barcos carregados de cereais que os transportavam de
Sicília a Roma.” In A República Romana. História Universal de Isaac Asimov.
Ricardo
Lobo: “Olá a todos. Procuro casa, terreno, imóveis, viaturas em Portugal. No
continente ou nas ilhas. Em qualquer estado. Pago em kwanzas. Obrigado e um bom
haja a todos.”
Nos
universos paralelos da democracia existem várias dimensões, uma dimensão Folha
8, um jornal, um futuro.
Já
estão nos prédios. A meio da tarde de hoje, 18 de Julho 2016, a vizinha do
prédio ao lado do quinto andar, tinha a porta aberta, o gatuno entrou. De
pistola em punho mandou-lhe fechar a porta. Apanhou-lhe a pasta, abriu-a, viu
dinheiro e bazou com trinta mil kwanzas.
O
problema de Angola é que está tudo em poder dos estrangeiros patrocinados pelos
corruptos angolanos. Como estamos a ficar sem pão, sem nada para comer devido
aos preços que de manhã são uns, à tarde são outros, sempre a subirem numa
escala infernal o que mais se seguirá?, - creio que é lícito augurar que também
ficaremos sem combustíveis e lubrificantes?, - em 1975 e anos seguintes
tínhamos dinheiro e não havia comida, agora não temos dinheiro nem comida,
adivinha-se um final muito feliz, isto é: muito, muito infeliz, a
desestabilização total e completa. Com governo e oposição inoperantes será um
infindável teatro de operações de actos também infindáveis.
Hoje,
19 de Julho 2016, pelas seis e trinta da manhã, ouvi o jornalista António
Festus, da Rádio Despertar a falar que quando vinha para a Rádio viu pelas
quatro e trinta da manhã uma bicha num supermercado. Então comecei a pensar que
estamos a voltar ao ano de 1975 e seguintes, a lembrar-me do quando das lojas
do povo e das comissões populares de bairro. Voltámos ao tempo do dormir nas
bichas para conseguir comida. Aos tempos das Manautos, empresas de manutenção
auto. Da Egrosbal, empresa grossista de bens alimentares. Egrosbind, empresa
grossista de bens industriais. Edimbi, empresa distribuidora de bens
industriais. Importang, a célebre empresa que pretendia centralizar tudo o que
fosse importações. Abamat, abastecimento de material auto. Maquimport, empresa
que importava tudo o que fosse equipamentos e utensílios de escritório, etc.
O
Submarino Angola continuava desgovernado e mergulhava numa espécie de fossa
abissal económica e social, sem ninguém que o colocasse no rumo certo porque em
Angola os intelectos parece que também desapareceram. Só se fala até à exaustão
mas para resolver os problemas não, ninguém não. Todos falam a mesma coisa mas
ninguém é capaz de salvar o Submarino Angola e trazê-lo à superfície e o salvar
da grande e bizarra tragédia marítima, fazendo crer que só o caos interessa. O
Submarino Angola tem muitos milionários mas eles preferem abandoná-lo à sua
sorte, até já há quem o chame de, república da miséria e da fome de Angola.
Todos se empenham nos seus assuntos pessoais como se em Angola já não existisse
população. Os políticos da praça dão a impressão que estão num campeonato de
política, e que vença o pior, o incrível é que todos dos partidos políticos da
oposição dizem a mesma coisa como se fossem telecomandados, e não se apercebem
disso. Fica bonito falar de política porque eu sou o bom desta tralha, o
imbatível em retórica o resto que se lixe. Que não resolvam muito rapidamente o
maremoto dos famintos que se aproxima depois contem-me como foi.
Já não
há nada a fazer pelo Submarino Angola que repousa bem fundo no apocalipse de
Angola.
Amigo
leitor, não perca na próxima edição do Folha, a série, O Apocalipse de Angola.
Sem comentários:
Enviar um comentário