República
das torturas, das milícias e das demolições
Diário
da cidade dos leilões de escravos
Por aqui a miséria e a fome
estão à espera de reforços.
Um país atolado na maldade,
na hipocrisia, na falsidade e na corrupção nunca será democrático. E isso de
oposição é pura fantasia. Oposição é rendição. O mais notável é a hipocrisia
dessa oposição em relação aos presos políticos. Com esta oposição, não. De
qualquer modo acredito na oposição, não acredito nos actuais oposicionistas.
“Naturalmente, quando um
magistrado era enviado a governar uma província, habitualmente cuidava de que
não todo o dinheiro que arrecadava fosse enviado a Roma. Uma parte ficava em
suas mãos. Era norma que um funcionário governamental romano a quem se outorgava
uma província devia enriquecer-se. Disto se segue que, em geral, as províncias
eram mal governadas (nem sempre, por suposto, já que até nos piores tempos há
alguns funcionários honestos).” In A República Romana. História Universal de
Isaac Asimov.
No
Submarino Angola um deputado comentou que devido à crise da corrupção e para
prevenir os tumultos dos famintos, o melhor era começar já a andar atrás deles
com armas apontadas nas cabeças para evitar o pior. Outro
deputado apoiou e recomendou que nas próximas reuniões o Submarino deveria
descer mais, até aos cem metros de profundidade e se necessário descer ainda
mais porque o imperialismo nunca desarma, só deseja a escravidão dos povos, o
imperialismo é o principal inimigo da socialização, o opressor dos povos, disse
com descomunal entusiasmo lembrando-se dos anos dourados da grande revolução
que era para durar séculos, milénios, mas não, quem sabe, talvez ainda seja
possível. Há que lutar para isso, disse, sonhando com a nostalgia do passado, dos
milhares de bandeiras vermelhas com uma estrela no meio, essa estrela sempre cintilante
que guia os povos à vitória, à libertação do homem.
Todos
os caminhos conduzem a Roma. Em Angola todos os caminhos conduzem à corrupção.
Famintos
de Cabinda ao Cunene a corrupção saúda-vos! Em Angola todos os caminhos
conduzem à fome.
Ouvi
na rua que os trabalhadores da função pública vão ficar com os salários do mês
de Agosto congelados. Se é verdade ou não, não sei, também não dava para
perguntar porque eram pessoas desconhecidas. Não vale a pena arriscar porque
nunca se sabe. Mas ainda consegui ouvir de um interlocutor que “ não sei,
porém, dos executores do povo, tudo se espera.”
Entretanto
o BPC, Banco de Poupança e Crédito, sem dinheiro diz aos seus clientes que vai
fazer reforço.
A
África não produz cientistas, produz ditadores, políticos de feira, famintos, feiticeiros
e corruptos.
Denúncia
na Rádio Despertar: os presos na cadeia de Viana, arredores de Luanda, o
pequeno-almoço é apenas pão, pão com pão. O almoço é arroz, arroz com arroz, os
desmaios são constantes. Os presos morrem de fome. Água é apenas dois litros
diariamente.
"O nosso país vive de importações
praticamente, para bens alimentares, para matérias-primas, para a produção
nacional, isto é, para a indústria, a agricultura, materiais diversos para a
construção, pagamento de especialistas estrangeiros, então deixamos de ter
praticamente essa capacidade de importação" disse na província do Moxico,
José Eduardo dos Santos.
Amigo leitor, não perca tempo com a Igreja
e as igrejas e com os partidos políticos, porque são a principal maravilha da
desgraça dos muangolés.
Angola tem um imenso exército de
irresponsáveis, e outro imenso exército de “espantalhos” políticos. E devido a
isso Angola não sobreviverá.
Cuidado! Não vejam a Tpa, televisão dos “pacatos”
de Angola, porque destrói os cérebros, isso já foi provado num estudo. Nunca se
perguntaram porque é que estão assim tão burros? É da Tpa, seus burros!
Deve ter cerca de vinte anos, está bem
vestida de calça preta justa tipo colante e camisola que lhe chega até aos
joelhos. O cabelo postiço é da nova vaga, comprido, caído em cascata um bocado
para além dos ombros. Ela tem beleza de modelo. Está grávida, pelo volume da
barriga está com sete meses de gestação. Caminha com um saco plástico de cor verde-claro
fechado na cabeça com coisas para vender. Facilmente se nota que a jovem não
faz parte da arraia-miúda, do conjunto habitual das miseráveis das ruas. Esta é
de “boas” famílias. Significa que isto está no estádio final da involução… da
morte da classe média.
Há muito que faz parte do sistema, actualmente
e nos próximos dias, acho que já nem merece tal designação, o correcto será
chamar-lhe o fim da quimera, de mais uma utopia de governantes e governados que
se convenceram de que com o dinheiro do petróleo e a corrupção não seria
necessário mais trabalhar, e com o apoio militante da Igreja, Deus zelaria tal
como um segurança o futuro de quem esbanjasse o dinheiro sem nada obrar. E
todos eram ricos, riquíssimos e pareciam que tinham algo gravado porque das
bocas lhes saía a célebre frase que tudo fazia estremecer à sua volta “cuidado
não se metam comigo, não sabem quem eu sou.” E havia sempre alguém que
corroborava, ainda mais amedrontava as massas populares, “sim é verdade,
cuidado porque ele trabalha na presidência porque eu já o vi de lá sair algumas
vezes.” O patrão muangolé, tal patronato é há dezenas de anos reincidente no abandono
dos seus trabalhadores, tem vocação precoce para o empresariado, já nasceu
assim, dizem, viaja para o estrangeiro, para Portugal, com as suas mulheres,
ter muitas mulheres é sinal de riqueza, de homem muito macho, e hoje traz muita
miséria e fome, – aqui as prateleiras do minimercado Pomobel na rua rei
Katyavala quase só tem garrafas de água mineral, isso tende a espalhar-se, é
mais uma epidemia da boa governação, graças ao genial plano da saída da crise –
o empresário muangolé carrega o dinheiro com ele e deixa os trabalhadores sem
salários, e depois quando do regresso a Luanda diz com ar mais natural deste
mundo que não tem dinheiro. Da maneira que as coisas estão, vão muito piorar, qual
quê, isto é que é diversificação da economia. É mera irresponsabilidade, é
natural, habitual.
Angola foi derrotada na grande batalha das
divisas pelo exército da corrupção, porque o exército da contabilidade estava
tão mal - esteve sempre e agora nem vale a pena perder tempo porque é demasiado
tarde – organizado, tão abandonado, tão debilitado, inexistente que levou Angola
à falência, à ruína.
Contrariamente
à propaganda oficial de apoio aos camponeses para a habitual propaganda oficial
da diversificação da economia, se o saco de adubo está a trinta e dois mil
kwanzas, claro que o camponês não tem dinheiro para comer, quanto mais para
comprar adubo.
Outra
vez mergulhado na causa da estapafúrdia oposição, é que não há intelectos senão
vejamos: até agora não ouvi nenhum avatar da oposição explicar em detalhe a
situação do caos económico, e isso, parece que não, é extremamente importante. Confesso
que estou saturadíssimo de há longos anos ouvir todos os dias os mesmos
discursos de que foram desviados mais milhões de dólares do erário público, a
governação é péssima, corrupta, deixa morrer a população, abusar da intolerância
política, que em 2017 vamos ganhar as eleições. Não dá para ouvir mais, parece
a Tpa e restante família da comunicação partidária. Ó “espantalhos”políticos da
oposição, então não sabem que chegados a um certo ponto cansamo-nos de os
aturar?! É necessário inovar, criando outros modos de actuação, quais?, não é a
mim que compete isso, era só o que faltava. Se repetem constantemente o mesmo
discurso é porque não sabem dizer mais nada, não tem imaginação para criar outras
formas de luta, para aguçar, despertar, para os eleitores saírem do estado hipnótico.
Também é verdade que a fina flor da oposição, os seus oradores se esmeram para
atraírem o povo, na verdade ludibriá-lo com discursos a insinuarem que eu sou o
melhor de todos, comigo a governar não haverá mais miséria e fome. Que nós da oposição
somos a chave que abrirá as portas da felicidade e jamais haverá tristeza.
Portando-se como grandes homens de virtudes, muito honestos, extraordinários no
apoio social, quando contactados pessoalmente, descobre-se que afinal veneram o
reino da falsidade e até do desprezo. Infelizmente creio que ainda não há noção
do que é oposição. Oposição é falar, falar até nos cansar, não, chega, basta!
Os discursos da vaidade adormecem-nos como um narcótico.
Entretanto
o Submarino Angola segue no mar aberto, no rumo sempre incerto. O imediato
sonda o comandante com o olhar e ele ordena-lhe a manutenção do fatal rumo do
Submarino, afirmando que “ neste rumo incerto, tudo está certo, do abismo
estamos muito perto. Nós somos perseverantes, de espíritos indecisos, errantes.
Laboramos nos erros, abundantes.”
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