Diário da cidade dos leilões de escravos
30
de Outubro
O que é necessário é empregar os bons
hábitos de destruir tudo o que lhes apetecer. As nossas vidas para eles não
passam de merda, de dejectos. O terrorismo está aqui, mas dizem que não, mas é
o fim, pois então! Assim, o comité de especialidade da energia eléctrica
privou-nos pela incontável vez, das 09.19 até às 23.28 horas do sonho que
continua: o de jamais beneficiarmos de energia eléctrica.
Os cabos eléctricos estão sempre a
queimar/ Os postes de transformação a incendiar/ E a oposição faz comunicados/
De apoio ao partido dos aleijados
31
de Outubro
Rua rei Katyavala, Luanda. Portas e
janelas continuam fechadas e com muito cuidado para que as crianças não morram
envenenadas. Há dezassete horas que o gerador da morte do banco millennium
prossegue com a sua ordem para matar. Apesar dos protestos dos moradores, este
banco da desgraça nacional com o apoio incondicional da Sonangol e os colonos
portugueses da Teixeira Duarte, cumprindo ordens superiores do grande
morticínio nacional tudo fazem para que acabemos de vez e que tudo fique
branco, e tudo o que seja negro desapareça. Mas isso é em vão, porque nunca o
conseguirão. Assim, os tugas também investem na sua grande chacina que sem
dúvida acontecerá, pois que mais nada se esperará. Malditos que agora estão na
mó de cima, amanhã não e então chegará a vossa hora. Estamos impedidos de levar
vida normal, já estamos com problemas respiratórios. A vossa horrível hora
chegará!
01
de Novembro
E os lorpas teimam que sobe o PIB da
miséria/ Sob o paradigma de gente tão galdéria/ Sem a tal luz é o caos
garantido/ Pelo desgoverno devidamente assumido.
Hoje lá vivemos mais um dia de terror, –
e ainda falam muito do terror islâmico, quando aqui ele é igual ou mais
aterrador – sim, viver sem energia eléctrica e sob a ameaça constante da morte
por grupos terroristas estrangeiros, especialmente de um banco, do banco
millennium Angola, na rua rei Katyavala que mata a seu bel-prazer, pois o
petróleo é mentor das barbaridades e das mortes criminosas que nos assolam,
como uma peste sem cura. Assim, das 07.59 até às 15.07 horas, os terroristas da
EDEL deceparam-nos a energia eléctrica. Esta é Luanda a cidade do napalm e do caos
da energia eléctrica outra vez. Não passam de pobres vigaristas, porque andam
sempre a anunciar que o abastecimento da energia eléctrica estará normalizado.
Estará, e eles sempre anormais. Todos os anos dizem isso. Luanda a cidade
maravilha para os terroristas viverem.
Estes colonos portugueses são tão
atrasados, tão malvados que até destroem, matam outros em quatro apartamentos
alugados, - um deles é um escritório, a outros colonos portugueses. Além de nos
matarem também se matam entre eles, como se vivessem numa selva. Na realidade
não passam de selvagens pretensamente civilizados.
E foi dito mais uma vez ao branco (sic)
do banco millennium Angola, na rua rei Katyavala, que esse fumo do vosso
gerador mata-nos, e ele respondeu muito colonialmente que não, não mata de
repente, mata-nos aos poucos. Estes gajos estão a precisar de um grande monte
de surra seguido de expulsão. Isto não está nada bom, não, porque os colonos
tugas chegam aqui e já não nos deixam viver em paz, privam-nos de viver
normalmente nas nossas casas, e como o Governo os apoia pois faz vista grossa,
a coisa aquece até ao descontrolo. Continuem assim, continuem, depois verão o
que sucederá.
02
de Novembro
Do gerador da morte do banco millennium:
os moradores disseram que se eles não resolverem o problema da morte dos
moradores, numa primeira fase vão-se queixar na TVZimbo, se continuarem então
também as coisas se complicarão para o maldito banco millennium com outras
acções que os moradores não especificaram, admitindo-se manifestações. Por
exemplo, um morador disse que o melhor é atirar garrafas de plástico para a
chaminé do gerador para o incendiar.
03
de Novembro
A actividade bancária em Luanda é
altamente criminosa e irresponsável. As quadrilhas continuam em alta a
quadrilhar Luanda. Uma das mais perigosas é a quadrilha bancária, porque os
bancos da quadrilha não têm provisões para cobertura de riscos. E nesta cidade
das quadrilhas a nomenclatura saca o dinheiro dos bancos como empréstimo mas
nunca o devolve, então os bancos cairão, vão para a falência. O sistema
bancário de Luanda não é confiável porque a corrupção os dirige. Além do muito
conhecido sistema bancário sem sistema, agora temos outro sistema: os bancos
BESA de Luanda que estão falidos… a ruírem. Não é possível a banca em Luanda
sobreviver de fundos públicos das receitas do petróleo porque é só corrupção
por todos os barris, isso não são bancos, são organismos estatais, e mais: os
bancos estão dominados por corruptos portugueses e da nomenclatura. Então, se
os bancos são deles, são para falir. E mais então, os depositantes quando
consultam as suas contas bancárias verificam que lhes roubaram o dinheiro, todo
ou parte e não o conseguem reaver. De qualquer modo não dá para ter dinheiro
depositado nesses bancos BESA porque a qualquer momento jamais o verão. Tenho
dito.
República indisponível: há quase duas
horas que tento ligar para duas pessoas amigas e não consigo porque a resposta
é: “chamada indisponível de momento, por favor tente mais tarde”. Nesta
república da desgraça está tudo indisponível, mas a corrupção está sempre
disponível de noite e de dia.
04
de Novembro
Cebola importada, porque como fizeram
com o limão, acabaram com a cebola nacional. Enquanto se depender da
agricultura do petróleo, assim continuaremos. País que importa tudo é Estado da
agricultura falhado.
Os portugueses que nos invadem com ares
de extrema superioridade, – para eles somos analfabetos, e que sem eles Angola
nunca será nada – com ligações perigosas do racismo, não passam de boçais
pobres diabos, atrasos de vida que tentam implantar uma sociedade de costumes
podres. Uma sociedade inventada e imposta à força onde nela perecerão, não
sobreviverão. Da podridão só nasce destruição. E são muito hábeis na hipocrisia
do reino que fundam e onde a vida é como uma estrela cadente.
“Vamos devagar.” Significa que não
faremos nada. Continuaremos na mesma onda que nos leva à estagnação.
E os corruptos criaram um novo slogan:
“indisponível de momento.”
05
de Novembro
Alguém me sabe dizer se hoje saíram mais
malas com dinheiros dos cofres do Estado para Portugal?
Luanda, capital mundial das sirenes.
Significa que a miséria está muito desenvolvida. Bom, a explicação é simples:
São batedores que abrem caminho no trânsito corrompido, para que as viaturas
carregadas com malas de dinheiro cheguem rapidamente a bons portos, isto é, ao
aeroporto de Luanda para embarque e ao de Lisboa para desembarque. Isto porque
Lisboa pretende ganhar o concurso da cidade mais corrupta da Europa, e com mais
algum esforço de malas, campeã invicta mundial, destronando Luanda
definitivamente.
06
de Novembro
Finalmente, consegui um feito notável.
Já tenho a tripla… nacionalidade. Sou português, angolano e chinês.
Que Ordem da desordem dos Contabilistas
será esta que não consegue contabilizar a corrupção, pois ainda em preparação
eleitoral já seguem os esquemas tradicionais da corrupção dos quarenta anos.
Terrivelmente mal vai a coitada da contabilidade. Será sem dúvida mais um órgão
de financiamento à corrupção do apoio aos falsos documentos.
O problema é que aqui qualquer um com o
mínimo de poder está convencido que é a lei e que pode matar quem lhe apetecer.
Por aqui facilmente se vê o breve futuro das funestas consequências.
07
de Novembro
Naqueles nossos
tempos de glória em que cantávamos altos valores morais e sociais, nunca pensei
que chegássemos a este estádio tão alcoólico. Álcool perdoa-lhes porque eles
não sabem o que bebem.
E às 21.52 horas
lá se foi a energia eléctrica.
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