terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Cavaleiro Luaty e Mana Laurinda na Demanda da Santa Corrupção (06



“Dat veniam corvis, vexat censura columbas. A censura poupa os corvos e persegue as pombas. Verso de Juvenal (Sátiras, II, 63). Cita-se todas as vezes que são perseguidos os inocentes e se deixam impunes os culpados.”

Num país onde se mata a bel-prazer, onde se dispara a matar pelo mais fútil motivo contra as populações. Um governo moribundo no seu estertor dispara indiscriminadamente sobre a população. A ordem é o terror, matar, matar. É muito urgente extirpar esse terror. Nós temos, vemos por todo o lado o poder da morte instalado. O banco millennium na rua rei Katyavala é um dos agentes da morte do CAOS, corruptos angolanos organizados em sociedades. O fumo dos geradores já faz palpitações cardíacas. Isto é só para loucos Com o fumo do seu gerador a trabalhar dia e noite, cumpre a palavra de ordem do Grande Inquisidor, que é espalhar a morte sobre toda a população e que dela ninguém escape. E não há onde nos queixarmos porque a justiça está toda politizada, está tudo politizado. E como tal surgem de imediato os pelotões da morte para nos fuzilarem. Não é possível viver num país de chacinas e de prisões/cemitérios. E isto arrasta-se prevendo o seu fim não com rosas mas com petardos e violentas explosões, que pelos vistos é isso que se quer. Os reinados chegam ao fim, mas para muitos reis não, têm que levar tudo à sua frente a tiros de canhão. E como eles se sentem felizes ao contemplarem as carnificinas finais dos seus reinados. Com repressão permanente não é possível o diálogo, e se o poder pensa que pode ir mais além com tão imparável violência está redondamente enganado porque quem assim procede está acabado. Uma família real que quer preservar as suas riquezas e as suas inúmeras empresas, proprietária de Angola e dos angolanos, o futuro não lhe pode ser promissor, muito pelo contrário será o seu estupor.
A Igreja é por excelência o veículo da miséria e da corrupção porque onde ela habita tudo ao seu redor se corrompe, se injustiça. Chamando a si o controlo absoluto do poder, porque religião é o supremo poder, a Igreja corrompe as mentes e sente-se felicíssima quando correm para as igrejas multidões de miseráveis e de esfomeados que ela sancionou através do poder de uma ditadura, da qual ela beneficia, pois ditadura e corrupção fazem parte da sua instituição. E assim a Igreja sobrevive, podendo-se facilmente concluir que a actividade da Igreja é criminosa, porque não defende os injustiçados, também na religião os prende. Oh!, como a Igreja se sente divertida e felicíssima em ver o sofrimento de presos políticos sabendo de antemão que eles são inocentes. E a Igreja o que faz? Nada! Mantém o seu criminoso silêncio sepulcral.
Já o Cavaleiro Luaty se tinha libertado do comité de especialidade dos bajuladores, eis que outro comité se apresta na vã tentativa de o demover do seu direito de livre expressão consagrado na Constituição, dizem. Uma personagem trajada de negro, com um colarinho branco e com uma falsa bíblia na mão, vê-se logo quem é e o que pretende, ludibriar as pobres almas que neles não acreditam, mas perante a descomunal hipocrisia os prelados tecem as malhas da sua fantasia. A Igreja é a permanente visão do Apocalipse e dela não se espera mais nada. A Igreja é o bocado de madeira em cruz com que ela abençoa os náufragos da vida que ela apadrinhou. E extasiados os desgraçados contemplam essa coisa sem valor, pois mais nada há para os socorrer. E com sorriso de lobo matreiro aproximou-se da pobre ovelha Luaty e logo teceu o seu sermão:
- Meu filho, sou um enviado especial do comité da Igreja e das igrejas, o todo-poderoso deus Grande Inquisidor encomendou a tua pobre alma e estou aqui para testemunhar isso. Deus nunca te abandonará. Trago-te a Boa-nova, a anunciação do nosso eleito por Deus, o divino Grande Inquisidor, o nosso Redentor Moisés que salvou, libertou o povo angolano da escravidão e lhe concedeu a independência. Meu filho Luaty, não abandones o rebanho do nosso senhor Grande Inquisidor. Ele é o ponto de partida e de chegada dos povos da nação angolana. Amem-no e ele se inspirará para nos orientar, mostrar o caminho da eterna salvação. Todas as obras que ele concebeu, orientou e mandou executar são obras-primas de Deus, pois só Ele sabe quem são os verdadeiros homens da fé inquebrantável. E sem tais homens, Angola e o mundo há muito teriam perecido nas trevas do demónio. É bem verdade que com a baixa do preço do petróleo Brent, as coisas estão podres, muito, muito podres, mas o nosso deus Grande Inquisidor encontrará como sempre a solução, a saída airosa. O rumo a um futuro melhor, à nova vida. Acredita meu irmão em Deus que as coisas vão melhorar, aliás com a diversificação da economia – e o Grande Inquisidor conseguiu mais esse milagre – já há milhares de empregos. A construção civil está a renovar-se em força e os milhares de despedidos já retomaram as suas actividades. Angola e o nosso Grande Inquisidor são a nossa salvação. Deus não permitirá que Angola e os angolanos sejam abandonados e entregues ao braço secular da fome que a todos quer levar para o seu abismo. A vitória da nossa economia será certa. E dando graças aos nossos senhores, Deus e o nosso Grande Inquisidor, em sua homenagem e por eles inspirados a Igreja de Angola construirá mais uma imponente catedral, e muitos locais da sua estrutura serão guarnecidos com ouro. Para isso já temos o terreno, mais população será espoliada das suas terras, mas isso não importa porque tudo o que se faz em nome de Deus, a Ele devemos dar graças.
Luaty engoliu em seco algumas vezes, pensou que enquanto tais aberrações persistirem, Angola será palco das chamas dos tumultos dos abandonados à fome pelo poder da Igreja e pelo poder do Grande Inquisidor. Nem as suas ruínas escaparão à depredação tal como os abutres fazem com os cadáveres abandonados na terra ensanguentada depois de uma sangrenta batalha. O Cavaleiro respirou fundo, decidiu que tinha que dar uma resposta ao enviado do cataclismo humano.
- E se acontecer uma manifestação de criancinhas, as coitadinhas gritarão: «Queremos, exigimos flores, porque elas são os nossos esplendores, os nossos amores, os nossos futuros, puros.» Claro que também sofrerão violenta repressão, e se decretará a sua extinção. Serão crianças presos políticos. A Igreja todo-poderosa/ é muito mafiosa/ é muito maldosa/ sempre muito criminosa. No jardim zoológico da Europa reina a felicidade, fora dela reina a barbaridade. Fora da Europa há muitos estados islâmicos e Angola é um deles. No mercado dos congolenses os taxistas têm medo de lá entrar e deixam os seus passageiros afastados, porque as multidões de esfomeados de que ninguém fala varrem tudo. Um esfomeado é como um animal monstruoso, sequioso de sangue que tudo faz para saciar a sua sede de fome.
O clérigo não ligou, a prédica de Luaty desprezou, pois para quem só vê Deus em tudo, de mais nada sabe. Afinal a bíblia nas mãos desta gente não é sagrada é demoníaca. É como os especuladores imobiliários que quando chegam também vêm com a bíblia convencer que trazem a felicidade das populações que vão desalojar, mas que depois surge o demónio e os sacerdotes apressam-se em convencer os pobres idiotas que têm que rezar muito para que Deus ouça as suas preces e os livre da miséria.
- Meu irmão, acredito que és um fervoroso crente de Deus e como tal não passas de mais uma ovelha tresmalhada na demanda do seu santo nome. Jamais te esqueças. Ama o senhor teu Deus acima de todas as coisas, caso contrário não serás escolhido no dia do Juízo final.
Luaty não estava mais para o aturar, pois onde há hipocrisia há corrupção e vice-versa. Tratou de o despachar com a sua teologia.
- Se o preço do petróleo faliu, a Igreja e as igrejas são como as empresas mwangolés, são empresas falidas. A democracia sempre esteve envenenada. A Polícia é do terror. O m agoniza como uma ratazana dos esgotos moribunda. Num país de presos políticos, de fome e pretender aniquilar por falta de intelectos os seus opositores políticos, é a derrocada, é o dilúvio que sem dó nem piedade vos afogará.


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