domingo, 17 de fevereiro de 2013

O OCE – ORÇAMENTO DA CAÇA AOS ESCRAVOS




Naquele campo ermo desfilam deportados
Carregados de chapas metálicas, os escravos
Persegue-os uma quarentena de anos
Um poder que nos faz de parvos

Especuladores imobiliários nacionais e internacionais
Mercadores de escravos, da escravidão
Quadrilhas sem lei matam crianças
De chicotes em punho, outra vez na servidão

Helicópteros, cães, e muitos exércitos
Atirados contra indefesos espoliados
O comandante-em-chefe ordenou
A miséria acabará com eles, os desterrados

E no orçamento da caça aos escravos
Novas contas se abriram
A dotação da caça ao escravo
Implacável perseguição aos que ainda não fugiram

E até um advogado dos pobres
Desses com carta de alforria
Que ousou defender os injustiçados
O poder impune proibiu-lhe a advocacia

Todos os caminhos conduzem à escravidão
Bairro Mayombe, Cacuaco, Angola
Em tendas, chapas de zinco, à chuva, ao sol
Angola dos campos sem futuro, como o da Tchavola

Torres e fundos marinhos petrolíferos
Enriquecem uma família imperial, a nação
Aos escravos, gotas de água e de luz
Do apoio internacional corrupto, podridão

Pelo fim do colonialismo e da escravidão
Se lutou, se sacrificou o angolano
E em quarenta anos de história
A escravidão se contempla ano após ano

Não, não, o petróleo não é do povo
É do senhor dos escravos e estrangeiros
Do turismo sexual, do estado pedófilo
Dos chineses, portugueses e brasileiros

Igrejas que favorecem o terrorismo
Deus do petróleo da abençoada fé global
E aqui qualquer um desaparece
Neste terrorismo de estado, tão nacional

Estado de facto e de jure de escravos
Nem terras têm para serem enterrados
E ninguém lhes liga, estão esquecidos
Nas contas do corrupto petróleo, devorados

E os colonos que nos governam reeditam
A invasão dos fazendeiros cafeicultores
O trabalho escravo é intenso
No cheiro a suor, chicotes neocolonizadores

E nas crianças tudo se cumpriu
As meninas são escravas sexuais
A fome e a miséria exterminam-nas
Nas ruas e nos mercados informais

Foto: Ermelinda Freitas



















Sem comentários:

Enviar um comentário