segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na Demanda do Santo Graal (38)




Porque é que fazer amor em público é considerado imoral, passível de prisão? Mas os animais fazem-no, e achamos muito natural. Quer dizer que os muros da vergonha do amor ainda não se demoliram.

Nevoeiros dos pianos mudos

E as cegonhas moviam-se sem mar
e em terra tudo enterrado
vegetado
Não, apenas findava alguém
que procurava o tempo perdido
do palavreado

As noites adormecem desumanizadas
com tantas almas espoliadas
acordadas, desalmadas

Tanto amor fingido numa dádiva a uma criança
até as flores são bastas
se desbastam
de hipocrisia?

É suficiente o sorrir de apenas uma mulher
que o Mundo se contenta
se move
E como nela o sorriso se acabou
o mundo se descontentou, avessou

E muitas de nós
se desvaneceram nas amarguras da vida
se distenderam
Um terno sorriso chega ao coração mais rápido
do que um corpo fluido, poluído

O estridente, (deixou de suavizar-se) pardal nas nossas góticas janelas
no murchar da morte das obras alquebradas, condecoradas
que nos sucumbem na poluição desta convencional civilização
o nosso futuro já foi de betão
agora é de escravidão

E aflitos caminhamos, não!
no amor tropeçamos

Sonho sempre com altas montanhas
a pairar no meu voar
desperto esforçado, aterrorizado
um caçador humano/desumanizado
mira-me, atira-me a matar

Cansamo-nos de procurar nos caminhos exteriores
porque os nossos interiores
continuam desconhecidos
ainda ninguém lhes cantou um salmo
de suspiros, de amores

Dantes a chama do amor não se apagava, porque o amor a alimentava. Hoje somos incapazes de garantir o combustível que mantenha o que resta dessa chama. O amor apaga-se, não se paga.

Houve um tempo em que o amor impunha o poder, o seu esplendor. Hoje em dia, o amor adulterou-se tanto, que de tão corrompido que está, se fala abertamente, os dois, o corruptor e o corrompido do amor.

Dantes as portas do amor abriam-se espampanantes, libertavam-se dos gonzos. Agora fecham-se hermeticamente porque já não existe nada nem ninguém para amar.

Não deixem o amor entregue à sua sorte.

Dizem que existe algures a cidade perdida do amor. Todos os apaixonados são atraídos misteriosamente por ela. E tu? Não desejas desvendar o mistério dessa cidade?
A corrupção está tão enraizada que periga de tal modo o império do amor, que pode desabar.
A fonte do amor da água divina, afrodisíaca, é o bálsamo que inspira os enamorados. Não deixes esta fonte secar, senão os enamorados vão acabar.
Havia um reino onde o rei e a rainha se amavam sempre intensamente, nunca esmoreciam. Muitos anos se passaram, até que num dia, inesperadamente a rainha morreu. E logo o reino entrou em ruínas. Vês a falta que o amor faz? É impossível viver sem ele.
Não deixem o amor entregue à sua sorte. São necessárias reformas profundas no sistema democrático do amor. Temos que criar a democracia do amor, antes que assistamos à sua grande catástrofe final.
As catástrofes humanas, matanças em holocausto, acompanham também as catástrofes naturais e ambientais. Apesar de tudo, os caminhos do amor continuam seguros.
Quando contemplamos uma flor, deixamo-nos prender pelo seu ar cândido, atraente. É assim que funciona o amor.

Meu eterno amor de folhas verdes, tão precocemente amadurecido, e logo extinguido, no vento distorcido.
As folhas verdes atapetam o teu caminho, levantam-se à tua passagem como para te saudar.
Folhas verdes são desejos de amor rejuvenescido, cândido, perdido.
Folhas verdes são correntes sem águas das nossas mágoas.
Não entendo o porquê de um só dia dos namorados num ano, quando todos os dias se deseja amor.

Ainda me sentei nas pedras que pensavam estiradas, mesmo no tempo em que o sol findava, já não irradiava. E a Lua iniciou, pouco brilhou, o que chamam de luar, que incidia, amava nas noites do fluorescente luar do plâncton do mar. O Sol arrefecia, já não sentia, despedia o mar, e a Lua arrastava o tremular, o soluçar do amor do mar humano para ti.

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