Divisa
do MPLA: Colocar as pessoas erradas nos locais errados.
Angola
reforçou a cooperação com a China, a Coreia do Norte e Cuba.
Eu
respeito a Constituição mas ela não me respeita, despreza-me.
Tudo
a subir, como se a população forçada se atirasse do alto de uma montanha
acossada por feras humanas fardadas e por armas acossadas, fuziladas. Ontem foi
o pão, hoje o autocarro. O pão passou de quarenta para cinquenta kwanzas. O
autocarro de trinta e cinco para cinquenta kwanzas. Os preços de tudo sobem anarquicamente
como se Angola fosse governada por um zé-ninguém. O homem que costuma carregar
água em recipientes de 20 litros ameaçou que iria cobrar duzentos kwanzas por
cada. A recolha do lixo vai subir de quinhentos até dez mil kwanzas para a população
e até cento e cinquenta mil para as empresas. Claro que é uma medida comunista
– mais uma – porque quem faz muito lixo e quem quase não o faz paga a mesma
coisa, comunismo é mesmo assim, nele não existem pessoas, apenas objectos,
morte indiscriminada. Numa população desempregada, de impostos da impostura sobrecarregada,
não têm dinheiro para comer, como irão sobreviver. Neste exército de famintos a
fome não pára de crescer. Se os empregos são só para estrangeiros, então eles e
os seus amigos corruptos que paguem a factura.
Pois
é, o super general que governa Luanda até agora não falou nada – e não falará –
sobre como acabar com a corrupção e com os corruptos na província de Luanda.
Pois é, vai continuar tudo na mesma, pois é, não é?!
Isto
está de tal maneira que nem se consegue respirar fundo.
O
que me preocupa imenso nesta república do mata intelectos, é que está quase
impossível pensar. E isso é de grande aflição, a extinção dos intelectos. E
isso fortalece a religião e a corrupção.
Se isto não consegues
ver, sentir, então és mais uma vítima da conspiração do poder dos corruptos.
Não
ouves o som das gotas de água da chuva a caírem nas folhas das plantas que
antes estavam verdes sujas e que agora estão verdes da cor da natureza.
O
choro da tenra criança aterrorizada à procura da sua mãe que a abandonou.
Um
gato a saltar para um rato dando-lhe o golpe final sem misericórdia.
Um
corrupto com a roupa inchada de dinheiro.
População
a morrer de fome enquanto o seu governo aposta que no próximo ano haverá muita
comida porque há muitos projectos de agricultura. Só que há quarenta anos que
esse governo repete sempre as mesmas palavras. E não haverá agricultura
nenhuma, haverá sim mais fome.
Uma
criança de três anos a perguntar se uma rolha de cortiça com um rosto humano
desenhado, morde.
Hospitais
sem médicos e sem medicamentos inundados de doentes e sem nada, absolutamente
nada, nem uma folha de papel para registar as suas mortes.
Corruptos
intensamente a falarem, a apelaram ao patriotismo, quando na verdade forjam
células terroristas como colmeias, perante a passividade e apoio descarado da
comunidade internacional.
Um
governante a jurar que vai acabar com o desemprego quando gasta milhões de dólares
em mobiliários de ouro para equipar o seu palácio.
Mães
indigentes abandonadas pelo partido em que votaram e que pelo erro cometido são
presas e acusadas de distúrbios na via pública.
A
gaivota no clarear da manhã a passear na margem muito calma da baía estudando
os alvos de minúsculos peixes para o seu café da manhã, e que ao ver alguns
seres humanos dos pesadelos alcoólicos das noites da vida da desolação, sem
esperança, alçam voo aterrorizadas por mais um encontro do máximo grau do
terrorismo humano, onde nenhuma espécie animal lhes escapa, anunciando o
apocalipse de todas as espécies, incluindo a humana.
Até
hoje ainda não consegui entender o porquê da apetência humana em matar. É que
matam tudo, nada do que é vivo lhes escapa incluindo – a coisa mais atroz – o
seu semelhante.
A
criança horrorizada perante a morte, sem entender o que fez, o porquê do
castigo, indefesa, antes de ser degolada por um estado islâmico.
A
papoila também horrorizada antes de ser transformada em ópio.
Tarzan
na sua eterna luta na selva africana contra os brancos caçadores de animais e
escravos negros para exibição nos circos da civilização ocidental.
Um
regime democrata que publicita aos quatro cantos do mundo que é o garante da
democracia e dos direitos humanos, mas que as suas prisões estão lotadas de
presos políticos e que garantem que vão construir mais prisões, sob a alegação
que as actuais são insuficientes para milhares, milhões de presos políticos.
Os
pais na desesperada procura da criança raptada pela selva humana.
Um
par enamorado nas ruínas de uma cabana abandonada no alto de uma montanha
contemplando o que resta da civilização humana.
Recém-casados
que antes juraram amor eterno mas que agora descobriram que se esqueceram do
amor, e que vão terminar a sua relação porque do amor não têm noção.
Sacerdotes
em oração permanente para que a corrupção seja a sua embarcação na ilha da
perdição, e que Deus seja a sua salvação.
As
grandes amizades da infância que mais tarde nos brindam com o inexplicável
desprezo.
No
mar, bem cedo num dia de nevoeiro a enfrentar o frio com uma cana de pesca à
espera de um peixe.
A
ver os anos passarem rapidamente, - um mistério, o porquê dos anos começarem e
acabarem tão rápidos – e o corpo a envelhecer, irremediavelmente a despedir-se
da vida.
E
que antes de partir a sentir imensas saudades do verde da vegetação como se
fossemos plantas.
E
do não mais ouvir pela manhã o piar, o despertar do cancioneiro dos pardais
antes de devorarem as plantas, o hino da natureza.
O
não ouvir mais o bater das ondas do mar antes de dormir, como se a cama
estivesse na praia.
O
não ouvir mais o som da chuva.
Apelar
aos amigos perante o aceno da fome, e descobrir que afinal isso é uma quimera.
O
não poder mais brincar com os netos e netas, e ensinar-lhes alegremente as suas
constantes dúvidas, e evitar-lhes as armadilhas das teias da vida.
Lutar
para escapar das constantes vigarices dos homens maus.
Ver
depois de uma vida inteira a família destruir tudo o que se edificou com muito
sacrifício.
E
numa desdita verificar com imensa surpresa e desilusão, que apeles que mais
apoiámos, são os que mais nos desprezam.
A
criança abandonada pela mãe na esperança de que alguém a leve, e lhe dê comida
e um lar acolhedor.
Um
governo que jura respeitar a democracia mas que se inunda de presos políticos.
Entretanto,
bajulando os pintos vão piando, e sem asas inúteis voos vão alçando.
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