sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na demanda do Santo Graal (12)


E tudo os bancos nos levaram e lavaram na gigantesca lavandaria global.

Quando a beleza é imensamente profunda, rareia como o amor num dia enevoado à procura de claridade. O olhar move-se tentando perscrutar o enigma humano do porquê do vento soprar forte para arrastar as sementes que irão fecundar-se na terra. Como a terna e eterna beleza de uma mulher naufragando na ilha perdida do amor. É isso que também se chama um doce reencontro.
Mas existe mesmo alguma outra música pelo mundo afora que ultrapasse as nossas baladas “sulanas”, as nossas sunguras?

Mas que diabo de sindicatos são estes, tão representativos dos trabalhadores, que a única reivindicação é um mísero aumento salarial? E onde estão as convocações para greves? Estão proibidas desde 1975, mas antes desta data faziam-se greves todos os dias. Pretendia-se a tomada do poder pela destruição de todo o tecido empresarial e assim a derrocada da economia, e conseguiu-se, até hoje nada funciona. Para que o petróleo dê dinheiro para encher os bolsos de alguns particulares, o resto que se dane. Mas que revoluções são estas que nos conduzem, nos perdem no tempo da Idade Média?

E onde existir oposição e qualquer manifestação do contra, lá estarão os nossos bravos Ton Macoute, e Mau-Mau para os eliminarem. A nossa democracia é una e indivisível. Nós somos por mérito próprio os únicos democratas da democracia.
E as ruas de Jingola mudam de nomes, adpatam-se aos tempos da exterminação, do genocídio dos povos: Rua da Morgue1, Rua da Morgue2, Rua da Morgue3, e assim sucessivamente.
Ó senhores da oposição! Perante tal descalabro que acomete, a cidade de Jingola arredores, com brutais ataques desferidos contra tudo e todos que são oposição, ou quem manifeste opiniões contrárias, não é chegado o momento de se unirem numa só força e organizarem uma manifestação? Se não conseguirem, então abandonem a política e vão, por exemplo, pastar gado, ou vender quinquilharias nas ruas, que são actividades dignas de seres humanos. A oposição tem que fazer manifestação, se não o fizer, não passa de uma ilusão.

E a toda a espoliação não há lugar a indemnização. Em Jingola solicita-se a intervenção urgente do TPI? Dos preços dos bens alimentares sobem, e a miséria vai a galope, a galope. O que resta da oposição é um perfume enjoativo, antidemocrático.

De vez em quando desligam a Internet, será por causa dos mosquitos?

De país, de reino, já não aparenta nada, tem mais é ares de uma ilha de caçadores de cabeças. Como o nosso Jornal do Povo Jingola, órgão oficial dos caçadores de cabeças. Já está, o nosso governo encontrou a fórmula mágica do combate à pobreza. São as parcerias político/privadas. Bem-haja, nosso esclarecido e governo instruído. E com todos os meios de informação em seu poder é possível a campanha eleitoral para as eleições? Creio que não, porque não se podem criticar os deuses que nos governam, e aos quais devemos subserviência.
Jingola é como uma caverna onde nela vivem pterodáctilos. Há sempre um tribunal especial para julgamento de casos especiais. Os tribunais que julgam e condenam os opositores e aqueles que os defendem. Para cada opositor o seu tribunal.

Afinal o nosso desenvolvimento social só necessita de uma alavanca? É necessário e urgente que nos libertemos da ditadura, mas que não nos precipitemos noutra miséria da corrupção democrática. Porque há muitos lobos maus disfarçados de democratas, que querem sair da selva ditatorial e entrar na selva democrática.
E isso da guerra da luta de libertação há muito que terminou. Agora, é a grande luta, a grande guerra da espoliação. E nesta contenda quem no final será o vencido? E o vencedor?
Nenhuma lei se cumpre, excepto a da corrupção, que tem sempre eefitos retroactivos. Definitivamente, o que se pretende com as leis é a privatização da liberdade, unipessoal, barbaramente repressiva. O regresso ao passado dos imperadores. Portas escancaradas à escravidão, pela venda de Jingola a estrangeiros. Na realidade o que se passa é a explosão da paranóia governativa. Façam o que fizerem e entenderem, Jingola não voltará aos tempos da cortina de ferro colonial. Jingola será democrática por vontade própria, e a reacção não passará. É o fim anunciado de mais uma ditadura benigna. Enunciado de mais uma calamidade inumana. Como se o desastre da Costa do Marfim não fosse relevante nem eloquente. As masmorras estão abertas para encerrar a democracia. É o momento para se manterem no poder eternamente.

Ainda há pouco exteriorizavas todos os teus sentimentos em terra, na tua terra, da tua e nossa eterna luta. E agora já estás, ou estarás no céu, no rumo do réu mundano. Tu partes, eu fico, ficamos, mas brevemente regressarás e dar-te-ei o abraço que não consegui agora dar-te. Tu partes, outra vez, qual Fawcett, Indiana Jones, na perseguição dos esconderijos arqueológicos que revelam o enigma humano, que afinal não tem nada de enigmático, pois todos o conhecemos. Só não sabemos quando e como ele se manifesta, isso sim, é o grande enigma. Mas os caminhos abrem-se-nos, basta procurá-los e encontrá-los no derradeiro momento em que dizemos adeus à vida, e nela oferecemos o repouso das nossas obras inesquecíveis, o farol das gerações juvenis vindouras.

Em Jingola o assédio sexual não é crime, e a pedofilia até se encoraja perante a leveza das sanções criminais.
Quando eles nos falam em números e não apresentam provas da sua evidência, então esses números não têm qualquer utilidade.
Porque é que muitas das empresas em Jingola não apresentam as suas contas em divisas?
Porque é que as empresas em Jingola apresentam prejuízos, ou lucros mínimos, quando na realidade têm lucros?
Porque é que grande parte, ou todas?, das empresas em Jingola falsificam documentos nas suas contabilidades?
Quando no tempo da tropa colonial alguém me confidenciou algo que até hoje, quando de vez em quando me recordo, e me deixa estupefacto: «Olha, esta gente, eles quando nascem, quase todos morrem por causa da vida que levam, a que já estão habituados. Mas aqueles que não morrem, os que conseguem salvar-se, esses tornam-se muito fortes, muito resistentes».
Não há ninguém insubstituível?! Que o Santo Purgatório me valha! Então, o pai e a mãe o que são?! A guerra acabou ou as armas é que são diferentes?
A nação Jingolana está dividida em duas forças: a força de alguns democratas da liberdade e a força da ditadura leninista. Os novos-ricos venderam Jingola aos Tsin, porquê? Porque tudo o que existe por aí nas ruas vem com o rótulo, made in Tsin, tudo vigarizado claro, contrafeito. É que não dá para comprar nada nesse made, porque é uma descomunal vigarice.

Os ditadores são como os alcoólicos. O ditador diz que é democrata, defende e zela a democracia, o alcoólico jura que nunca bebeu.
Não é o simples acto de entrega de uma casa que liberta os espoliados da miséria. Na realidade é muito, muito mais do que isso. Temos que nos preparar devidamente para enfrentar esta ditadura, retribuir-lhe com as mesmas armas repressivas com que pretende esmagar-nos.
Quando o fim de um regime brutal se aproxima, nasce constate repressão que conduz à mobilização popular, à convulsão e mais revolução.
Quando um regime ditatorial não permite a livre expressão, é só prisão, todos os métodos de luta são válidos. O ditador genuíno é aquele que vive com a sua família na opulência, enquanto a população definha na extrema miséria. Até a água potável o ditador lhe explora. Quando um ditador reprime uma manifestação de descontentamento, mais uma, duas… várias se sucedem até que o ditador sucumbe de vez. É perfeitamente natural que com estas agressões de cunho animalesco à democracia, nasça, é sempre assim, células de movimentos de terror contra o regime. O poder não está interessado nem um pouco em promover a democracia. Quem promove o terror é sempre o poder que não cede perante as reivindicações dos ostracizados. Algemar alguém para o silenciar, é provocar o sublime revoltar. Parece que não, mas todos os momentos das nossas vidas são de revolução. E enquanto a ditadura passeia as suas promessas de uma vida pior, os militantes do partido do lixo agitam-no sofregamente, alguns resquícios sobrarão, nesta vida sem degraus, sem pão.
Temos que lutar, não contra os ocidentais, mas contra as ditaduras africanas. É necessário que as pessoas conheçam os seus direitos. O direito da manifestação é um deles. E a moda instituiu-se: o adversário político ou de pessoas de quem não se gosta. Para cada ditador a sua ditadura, para cada seu filho o seu banco.
Correm-se com os vendedores das ruas para se esconder a miséria reinante. Os campos de concentração nazis eram bonitos, acolhedores no exterior. Mas no seu interior era o inferno.

Em quase quarenta anos de poder, exceptuando as bibliotecas das maratonas alcoólicas, o nosso grande líder nem uma biblioteca municipal inaugurou.
E pergunto-me: mas como é que alguns palermas conseguem comprar carros no valor de cento e cinquenta mil dólares ou mais?
Um só reino uma só empresa, um só chefe, uma só família.
E o reino foi entregue a uma fraudulenta empresa mineira que escraviza as populações nas suas minas.
E os mercados municipais não se constroem, no seu lugar nascem novas centralidades para nelas chafurdarem os lavabos da lavagem da corrupção.
Quanta mais repressão maior a explosão da lava do vulcão. Os vulcões explodem porque a repressão do seu cone é quando a pressão do cume do vulcão é insustentável, ele explode, alguns demoram dezenas de anos, outros, alguns anos, alguns poucos anos, mas inevitavelmente todos explodem. E no seu avançar, Jingola retrocede, estamos a pressionar demasiado no tempo da miséria.

Antes de imaginar, já te imaginava.

É isso! Viver na fantochada de um mundo onde nada nos pertence.
Olho para todos os lados e só vejo, recebo ameaças. Insisto em olhar para o céu, pode ser que lá me safe, mas também não, porque há muito que sou ameaçado. Para o altíssimo, resta-me olhar, safar-me aonde? Na sepultura? Será que consentirão? Se não fores verdadeiramente independente, nunca serás ninguém
A questão é que normalmente o jornalista não consegue ver, escrever para além da imagem que viu e no-la transmite. O verdadeiro jornalista é o que nos consegue desvendar o esconderijo das imagens jornalísticas, a essência da informação.
O mais importante não é governar, é espoliar. O pior inimigo da democracia é o medo.
A nossa miséria não é de causas naturais, foi-nos imposta pela força da tirania.
Tudo isto é a mesma coisa que construir um magnificente palácio no meio de um grande deserto.
A guerra ainda não acabou. Está mais desumana do que nunca. Concederam-se umas tréguas durante escassos anos para preparar armas mais sofisticadas, como a da informação para aniquilar de vez o inimigo. E entretanto é o vale-tudo.
É frequente ouvir: um bêbado bateu no meu carro. Como um facto assente e aceite como normalidade. Ou ainda mais aterrorizante: os bêbados estão a bater nos médicos.
Não é um, são milhares de barris de pólvora que explodirão como nunca antes vistos.

Quando acontece a recolha das receitas dos postos de venda de uma conhecida empresa de venda de telemóveis parece a guerra do Iraque, ou a captura de um famoso terrorista mundial. Paz onde estás?
Já vi estes tempos, poucos anos antes da revolta dos cravos em Lisboa. A marca registada é que a energia eléctrica e a água nunca faltaram. A revolução em Jingola é inevitável nesta náusea sempre perseverante nos que antecedem a libertação.
Vi uma minúscula multidão de animais selvagens acabados de fugirem do jardim zoológico em extinção, e a prometerem mundos e fundos à população. E conseguiram quase, outra vez, atingir o poder. Mas já não dava porque as outras espécies animais estavam cansadas de os aturar. Já ninguém acreditava no que eles diziam. Escapavam no último momento das fogueiras que lhes preparavam. Tiveram um fim muito infeliz. Todos foram supliciados nas mãos da população louca de revolta.

E da fonte escorria a beleza do eterno amor. E os jasmims-dos-poetas lhe rodeavam mas nunca a alvoroçavam. No ar sentia-se - ou ouvia-se? – o perfume jasmináceo que insistia, confundia, a memória colectiva dos nossos sentidos do amor. E uma borboleta-azul de voo indeciso, ora subia, ora descia, parecendo que ia poisar, mas não, só desejava voar. E por algum tempo os raios solares perfuravam os interstícios verdes e projectavam, revelavam a magia dos seus focos luminosos. E o sussurro monótono da água que escorria, não… se movia, atraía-nos as profundezas neuronais. Era o Universo da beleza da realeza da profundeza do amor. Por vezes no cenário parecia ouvirem-se vozes de crianças, o que fazia com que o nosso espírito se despistasse, porque queríamos regressar à realidade mas não conseguíamos. Um casal de beija-flores aproxima-se a trinar como que a anunciar, eis que estamos a chegar. Um pequeno bagre deslizava num ponto mais fundo e analisava, experimentava as ofertas culinárias que estavam ao seu alcance.

Imagem: Não é fácil ser um homem só. Foi uma decisão tomada aos poucos, ...
osretratosdamente.blogspot.com

1 comentário:

  1. ANTES DE IMAGINAR, JÁ TE IMAGINAVA 9 QUE VERSO BELISSIMO QUERIDO, SOA COMO SUBLIME MAGIA DO AMOR).ESTE ÚLTIMO PARÁGRAFO EH SOBERBO TB.E da fonte escorria a beleza do eterno amor. E os jasmims-dos-poetas lhe rodeavam mas nunca a alvoroçavam. No ar sentia-se - ou ouvia-se? – o perfume jasmináceo que insistia, confundia, a memória colectiva dos nossos sentidos do amor. E uma borboleta-azul de voo indeciso, ora subia, ora descia, parecendo .....amo seus textos, Lady Marli lhe agradece o carinho.Bj

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