10
de Janeiro
A África ainda é uma criança?
E disse o mais-velho: Não vale a pena
fazer mais filhos, porque depois eles acusam os pais de feiticeiros e
matam-nos.
A última do feitiço: Agora, quem quiser
ficar rico vai no feiticeiro e ele receita que durante uma semana o seu
paciente tem que comer a merda que caga, e depois a riqueza aparece.
Os chineses estão por toda a Angola, no
mar, em terra, no ar não sei. É um saque jamais visto. Recursos marinhos,
incluindo as areias das praias?, está demais, têm ordens para desbravar, isto
é, rapinar o mar de Angola. E em terra andam nos montes e montanhas à procura
de minérios. Angola é deles.
O indiano chegou com muitos sacos de
compras. Dominou um escravo segurança para lhe carregar os sacos até a um
quarto andar, e no fim do trabalho recompensou-o com… cem kwanzas. O mwangolé
segurança não aceitou o dinheiro e troçou-lhe: «Não é preciso, que Deus lhe
pague.»
11
de Janeiro
Lá se foi outra vez aquilo que ainda
chamam de luz, abandonou-nos às 10.04 horas.
Continuo a ver nas ruas, brancos e
brancas acabadinhos de chegar a este paraíso. Na realidade é um inferno, mas
parece que não se apercebem disso, nota-se pela cor alvar. E facilmente também
se nota que são portugueses pelo andar e pela indumentária. A questão é: se não
há mais empregos, isto está superlotado, até já se tornou lugar-comum, o que
fazem eles por estas portagens? Expressam-nos o apoio da solidariedade da
miséria portuguesa?
E quando se corta a energia eléctrica é
para incrementar o desenvolvimento económico. Essa mais-valia que se realiza,
pois Angola há muito que descobriu que sem energia eléctrica conseguem-se bons
níveis do PIP – Produto Interno do Petróleo
12
de Janeiro
E o fanatismo político e religioso não
deixam que um país e muito especialmente o seu povo, alcancem a paz, a
democracia, o desenvolvimento económico e a harmonia social, muito pelo
contrário, basta ver os cemitérios da miséria.
13
de Janeiro
Aí mais ou menos a meio da manhã, as
manas kinguilas fugiram, porque da embaixada do Canadá saía muito fumo. Elas
disseram que era do gerador. Lá dentro o chão estava muito escuro.
O problema principal de Angola é a
inundação de igrejas universais.
Quando nos primórdios da frustrante luta
de libertação se garantiam condições justas para o povo angolano, hoje sabemos
que houve um erro de gramática. Queriam dizer que lutavam pelas condições mais
injustas do povo angolano.
Observação de uma cidadã sem cidadania:
nós não temos luz, mas os prédios deles estão sempre iluminados.
O problema de todos os dias é sempre o
mesmo: Será que amanhã terei água, luz, Net, serei assaltado, espoliado pela
Sonangol e pelo seu partido UPPC?
Ao que chegámos: os chineses fabricam
lixo e obrigam-nos a comprá-lo, devidamente legalizados e apoiados pelo UPPC –
Um Pouco de Paciência e Compreensão, que deles depende.
21.13 horas, e a luz lá voltou. Sabem
uma coisa? Tudo isto mais parece uma brincadeira de crianças, um parque
infantil.
14
de Janeiro
Isto não é uma cidade, é uma mina com
mineiros chineses sempre em prospecção de qualquer coisa.
15
de Janeiro
Disseram-me há pouco para não comprar as
garrafas de gás dos chineses – mas pode-se comprar alguma coisa que seja
chinês? - que eles andam a vender garrafas de gás - não consegui ainda saber
que tipo de garrafa e para que serve o gás, espero que não seja gás de cozinha
– e que logo que se utilizam, explodem.
Isto está numa impressionante
selvajaria, indescritível. Mas aqui ocorre-me o seguinte: então, porque é que
os chineses agem tão criminosamente e ninguém os prende? Assim não sei como
esta trampa terminará, também não é muito difícil de imaginar. Mas que será
pior que a explosão dessas garrafas de gás dos chineses, é sim senhor! Isto
está de meter as mãos na cabeça e ninguém ousa reverter tal barbárie. E eis-nos
finalmente abençoados na designação adequada para este estado de coisas. RSA –
República da Selvajaria de Angola.
Será que o nosso
glorioso defensor das massas mais exploradas, os angolanos, já instaurou a
sharia em Angola?
Dos últimos
acontecimentos: Polícia investe contra a UNITA em Benguela. A zungueira que é
morta a tiro por um polícia tipo campo de concentração nazi, e depois se põe em
fuga, o usual. Ontem, 14 de Janeiro, pelas vinte e três horas ouvi dois tiros
de pistola, o que também é usual, o que significa que alguém foi assaltado,
resistiu e foi baleado mortalmente. O comandante nacional da Polícia é sócio
de uma empresa que importa pistolas do Brasil, conforme divulgado por Rafael
Marques de Morais em makaangola. O filme conseguido na prisão de Viana,
arredores de Luanda, e que passa no Facebook, que mostra imagens de puro terror
dos castigos infligidos aos presos, como no norte do Mali pelos
fundamentalistas islamitas, será que: já ultrapassámos tudo o que é crueldade e
instalámos um Estado de Terror? Quem é que pode viver, sentir-se seguro num
ambiente destes? Que será de Luanda e de Angola nos próximos dias? É que
qualquer um da nomenclatura tem a sua lei privada, desde o chefe de secção, do
banco millennium Angola que mata pessoas com o seu gerador, do general que
constrói o que quer, onde quer e arrasa com as construções que lhe estão
próximas. Dos chineses que impunemente praticam os mais variados actos
criminosos, e que na prática já são os donos de Angola, e muito, muito mais.
Será que os
franceses também virão aqui perseguir estes “terroristas”?
16 de Janeiro
Por volta das
nove horas de hoje, recebi um telefonema a pedirem "Socorro"...
Um elemento da Segurança no seu posto de trabalho no Kikolo/ Cacuaco, baleou mortalmente um jovem, depois de uma discussão das suas vidas privadas!
O problema consiste em porem Armas nas mãos de indivíduos que nem sequer passam por uma formação profissional... Assim se tira a vida a uma pessoa. In Ermelinda Freitas. Facebook
Um elemento da Segurança no seu posto de trabalho no Kikolo/ Cacuaco, baleou mortalmente um jovem, depois de uma discussão das suas vidas privadas!
O problema consiste em porem Armas nas mãos de indivíduos que nem sequer passam por uma formação profissional... Assim se tira a vida a uma pessoa. In Ermelinda Freitas. Facebook
Porque será que
os chineses cortam, cortam, cortam, serram, serram, tubos de ferro e similares
horas a fio, é para depois os “exportarem” para a China?
17 de Janeiro
E como as coisas estão a correr mal, os
franceses no Mali dizem que afinal os rebeldes islamitas estão fortemente
armados e lhes oferecem resistência.
Só um pequeno comentário: ou não
percebem nada de África, claro que não, isso é mais que sabido, agora essa do
afinal estão fortemente armados, é mesmo para ludibriar a opinião pública do
desaire inicial. Até porque a coisa começou muito mal, com o estrondoso
falhanço na tentativa da libertação de um refém francês na Somália. Quer dizer,
é o deixa andar, até que quando já estão na nossa porta, no complexo de gás da
Argélia, decidem intervir, tal como Hitler quando invadiu a Polónia.
Mas esta coisa está muito complicada,
porque são milhões e milhões de espoliados, de abandonados, de escravos do
capitalismo e do tal milagroso neoliberalismo Ocidental que fabrica tudo,
incluindo terroristas.
A Europa que não consegue resolver os
seus problemas económicos, que são de tal monta que já se conhece o fim do
drama, pois que com a continuada protecção aos bancos, o fim está à vista, pois
os bancos são entidades criminosas protegidos pelos partidos políticos que os
apoiam nas eleições, agora intervém para resolver os problemas de outros
países?
Há 17 dias que o banco millennium Angola
continua na matança tipo 27 de Maio, na rua Rei Katyavala. Como é sócio da
Sonangol e da Teixeira Duarte SA, nada mais há a declarar, excepto que num não
Estado, onde proliferam redes que movimentam biliões de dólares, o fim destas
coisas é sempre muito incerto. Hoje está-se bem, amanhã muito mal.
De igual modo, de vez em quando na mesma
área, os três geradores gigantescos do prédio do ex/ ministro das finanças,
José Pedro de Morais, criminalizam quem vive na área. Um Estado que vive na
ilegalidade e na mortandade das suas populações também assim se finará. Não se
esqueçam do fim de Kadafi.
Imagem: Ermelinda Freitas
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