Esta Angola é obra de generais, porque
que se saiba parece que nenhum soldado lutou por ela.
O texto que se segue é a mesma justiça
aplicada em Angola. Só que tem uma grande desvantagem: é que onde há petróleo,
é do Estado, tudo é de um tal estado do Estado, e como tal tudo se espolia. Os
cidadãos que vivem onde há petróleo são escorraçados, e mais: todos os seus
bens são pilhados como se fossem um troféu do inimigo, pois o povo angolano é considerado
inimigo do Estado.
“Um farmeiro americano no Ohio, EUA,
recebe três milhões de dólares americanos pelos direitos de exploração de
petróleo nos seus 700 acres, cerca de 283 hectares de terra. É o que se pode
ler no NYT (New York Times) de 30/12/2012. Evidentemente que as leis em
diferentes países diferem e que o valor pela exploração de recursos iguais não
é o mesmo em todo o mundo.” In Noé Nhantumbo. Canalmoz
Quanto tempo nos falta para a Idade
Média?
O problema de Luanda é que tem vampiros
a mais, e a existência de sangue é insuficiente, não chega para todos.
Como chove intensamente, a barragem de
Kapanda afogou-se, o que nos impossibilita o acesso à energia eléctrica, e daí
os constantes cortes, as restrições no seu fornecimento. Mas o fornecimento
regular dos biliões de dólares nas contas bancárias fazem-se sem restrições.
Luanda é uma ilha cercada de quadrilhas
perigosas por todos os lados?
Entretanto estamos esperançados que os
chineses liguem a luz.
O fantasma de Jonas Savimbi?
Mais um… apagão, e outro, e mais outro e
ainda outro, sempre os apagões.
Os cabos eléctricos estão todos podres,
a queimarem-se, como a governação. Para quê continuar com as falsas promessas
de que o abastecimento da electricidade vai melhorar, se está muito a piorar?
Por cada apagão, quanto é que eles
ganham de comissão nas vendas de geradores?
A energia eléctrica extinguiu-se
definitivamente?
Oremos irmãos, para que “Deus Nosso
Senhor” abandone o poder. Claro que Nosso Senhor na próxima estatística dirá
que Angola, e particularmente Luanda, nunca lhes faltou energia eléctrica.
E os mercenários da informação nacionais
e estrangeiros apoiarão, que é um facto. Eles garantirão que nunca lhes faltou
electricidade nas suas casas, ou nas suas empresas. O dinheiro chega e sobra-lhes
para quantos geradores necessitarem. E que estão muito felizes com a sábia e
divina governação do nosso Deus.
O fantasma de Jonas Savimbi persegue os
postes das linhas de alta-tensão e inviabiliza o fornecimento de energia
eléctrica a Luanda.
O petróleo sempre a jorrar, a energia
eléctrica sempre a apagar. A água sempre a faltar. E as contas bancárias deles
sempre a… abarrotar.
E pomposamente a nossa vanguarda
revolucionária oferece-nos as mesmas condições de guerra: a luz a tartamudear,
a água a pingar, a telefonia móvel celular e Internet similar e tudo o que é
mal-estar. Corrompem a Nação, finalmente corrompem também a religião. Eram
ateus, agora convertem-se, corrompem o cristianismo. Só pode ser a doença de
Alzheimer?
O nosso divino Partido conseguiu um
feito notável. A luz está terrivelmente pior do que no tempo dos postes de
Jonas Savimbi.
Não é a oposição que utiliza a estiagem
como um facto político, como acusa o causador das nossas desgraças, o
Minoritário. Há quase quarenta anos que estamos na estiagem da luz, da água e
da miséria. E isto por si só é um facto político bem esparramado. Trata-se
apenas de corrupção, fraude, factos políticos permanentes.
Angola, independência trinta e sete anos
depois. Mais colonialismo, mais escravidão, mais miséria, mais racismo, menos
luz e água e muito enriquecimento ilícito.
E também a EDEL esclareceu que Luanda
esteve nos últimos dias sem luz porque uma empresa de construção civil
danificou o cabo. Omitiram o nome da empresa porque é chinesa, ou foi a Teixeira
Duarte?, devido aos fortes laços de amizade que unem os dois partidos?
Este Poder é um gerador, e quando o
responsável de o ligar/desligar se esquece de o ligar, o Poder não funciona,
claro. É por isso que as falhas de luz e água são constantes, e não tarda muito
a cem por cento.
E depois do fim do dia, nasce a noite,
claro, que mais pode nascer, acontecer?, e na fazenda do latifundiário, os
escravos recolhem-se nos seus casebres iluminados na felicidade da luz de
velas, porque energia eléctrica há quarenta anos que o fazendeiro a promete, de
uma grande barragem que funciona no papel.
No país dos mwangolés, a miséria parece
propagar-se à velocidade da luz.
Porque é que há restrições no
fornecimento de energia eléctrica e água, e nos biliões de dólares do petróleo
não?
Artigo A1 da nossa Constituição:
Estão garantidos os direitos mais
elementares dos cidadãos no fornecimento com restrições da energia eléctrica e
da água, este direito é uma mais-valia transversal. Estas e outras restrições,
como as das manifestações, só passarão a estado democrático de pleno direito,
quando a revolução triunfar, quando nós garantirmos definitivamente o bem-estar
em Angola. Até lá, para vós, população, garantimos de vez em quando alguma
energia eléctrica e água.
Definitivamente compreendam: nós não
somos todos iguais. Somos como equipas de futebol. Nós jogamos na primeira
divisão, e vós jogais na terceira. Portanto, tendes que manter-vos no vosso
lugar, porque nós há muito que estamos no nosso.
Olhem para o que fazemos, porque aquilo
que dizemos não tem nenhum valor.
Depois de tanto orar, ajoelhar segundo
os santos ensinamentos dos nossos santos prelados, já de mãos e joelhos
infestados de reumatismo, o Senhor finalmente lembrou-se de nós e
contemplou-nos com o santo sofrimento da escuridão, isso da energia eléctrica é
coisa só para demónios, e do carregar
água se a houver, mas como agora chove, Deus é mesmo infinitamente bom,
enviou-nos um mar de água. Oremos pois manas e manos, porque Deus está connosco
e a miséria também.
Antes era a falta de água, a estiagem,
agora é água a mais, depois será o consumo excessivo de energia eléctrica,
depois, depois, é (já é) o caos. Porque não fazem como o presidente Hollande da
França que numa conferência de imprensa denunciou que o seu país afinal está no
desespero? Ah, aqui não é necessário porque na religião dos desesperados, já há
quase quarenta anos que oramos, e o nosso Senhor dos Desesperados já desespera,
quarenta anos de imposição da miséria não lhes chegam?
Segundo a EDEL, na Rádio LAC, no bairro
Rocha Pinto, em Luanda, cerca de seis mil habitantes estão há dias sem energia
eléctrica, porque um cidadão (?) construiu a sua casa em cima dos cabos
eléctricos. E parece que a coisa se complica, porque o senhor é do Minoritário,
só pode ser, e faz finca-pé. Também nada surpreende, isso faz parte da
cientologia do partido mais inteligente do mundo.
A minha dúvida adensa-se: foi o
Minoritário que fez fraude eleitoral, ou a oposição é que nos defraudou?
É claro que o caos eléctrico se deve a
que por detrás destes constantes cortes de energia eléctrica, uma grande
negociata se esconde. Quase que já nem sei o nome que se deve dar a isto. Tudo
menos país é um facto. Um reino de trevas povoado por monstruosos dragões que
surgem do céu para nos devorarem? O extermínio da oposição e da população? Um
governo que se preze, habitualmente investe no futuro dos seus cidadãos, em
Angola com um governo muito especial, há quarenta anos que se investe no
passado.
Amanhã não sabemos se teremos água,
energia eléctrica, Internet. Mas uma coisa sabemos: o petróleo e a corrupção
jorram sem parar, sem nunca faltar.
Há por aí democratas que são tão
democratas, tão democratas, que até a democracia lhes foge.
Outra vez, um bajulador numa das rádios
de Luanda. “Angola é o país que mais cresce. Angola, a sua economia, cresce
muito.” Entretanto, já se assaltam supermercados para roubar comida. Sim,
Angola cresce muito. A miséria que o diga, confirme.
Para cada desastre social o seu povo.
Para cada abastado poder o seu petróleo. Se a energia eléctrica e a água são
uma fraude, tudo é uma fraude, claro que o processo eleitoral também é uma
fraude.
Viver num ambiente de terror, onde o ar
que se respira é um cemitério de doenças, de epidemias, poluição de magnatas do
Partido UPPC - Um Pouco de Paciência e Compreensão, que apagam a energia
eléctrica para venderem geradores, a fome, a desgraça, o abandono, a tortura
diária de carregar água e outras cargas, claro que as crianças desmaiam nas
escolas, apavoradas pelo bicho-papão UPPC.
E por estas bandas só se pode aplicar a
regra do dividir a pobreza, mas o mais correcto é dividir a corrupção.
Por cada expatriado que ganhe dez mil
dólares mensais, os custos sobem, pesam nas empresas, e quem paga esses
valores? Somos nós, claro, os otários, na subida dos preços de venda ao
público. É uma mais-valia.
“A construção está proibida devido à
urbanização.” Onde está o erro?
Há pouco tempo a Sonangol levou a cabo
um simulacro para prevenir incêndios. E para quando um simulacro do combate ao
grande incêndio da corrupção? Já não é necessário porque as chamas já
consumiram tudo, e nada mais resta?
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