terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O petróleo ilumina-os, a energia eléctrica apaga-nos




Esta Angola é obra de generais, porque que se saiba parece que nenhum soldado lutou por ela.
O texto que se segue é a mesma justiça aplicada em Angola. Só que tem uma grande desvantagem: é que onde há petróleo, é do Estado, tudo é de um tal estado do Estado, e como tal tudo se espolia. Os cidadãos que vivem onde há petróleo são escorraçados, e mais: todos os seus bens são pilhados como se fossem um troféu do inimigo, pois o povo angolano é considerado inimigo do Estado.
“Um farmeiro americano no Ohio, EUA, recebe três milhões de dólares americanos pelos direitos de exploração de petróleo nos seus 700 acres, cerca de 283 hectares de terra. É o que se pode ler no NYT (New York Times) de 30/12/2012. Evidentemente que as leis em diferentes países diferem e que o valor pela exploração de recursos iguais não é o mesmo em todo o mundo.” In Noé Nhantumbo. Canalmoz
Quanto tempo nos falta para a Idade Média?
O problema de Luanda é que tem vampiros a mais, e a existência de sangue é insuficiente, não chega para todos.
Como chove intensamente, a barragem de Kapanda afogou-se, o que nos impossibilita o acesso à energia eléctrica, e daí os constantes cortes, as restrições no seu fornecimento. Mas o fornecimento regular dos biliões de dólares nas contas bancárias fazem-se sem restrições.
Luanda é uma ilha cercada de quadrilhas perigosas por todos os lados?
Entretanto estamos esperançados que os chineses liguem a luz.
O fantasma de Jonas Savimbi?
Mais um… apagão, e outro, e mais outro e ainda outro, sempre os apagões.
Os cabos eléctricos estão todos podres, a queimarem-se, como a governação. Para quê continuar com as falsas promessas de que o abastecimento da electricidade vai melhorar, se está muito a piorar?
Por cada apagão, quanto é que eles ganham de comissão nas vendas de geradores?
A energia eléctrica extinguiu-se definitivamente?
Oremos irmãos, para que “Deus Nosso Senhor” abandone o poder. Claro que Nosso Senhor na próxima estatística dirá que Angola, e particularmente Luanda, nunca lhes faltou energia eléctrica.
E os mercenários da informação nacionais e estrangeiros apoiarão, que é um facto. Eles garantirão que nunca lhes faltou electricidade nas suas casas, ou nas suas empresas. O dinheiro chega e sobra-lhes para quantos geradores necessitarem. E que estão muito felizes com a sábia e divina governação do nosso Deus.
O fantasma de Jonas Savimbi persegue os postes das linhas de alta-tensão e inviabiliza o fornecimento de energia eléctrica a Luanda.
O petróleo sempre a jorrar, a energia eléctrica sempre a apagar. A água sempre a faltar. E as contas bancárias deles sempre a… abarrotar.
E pomposamente a nossa vanguarda revolucionária oferece-nos as mesmas condições de guerra: a luz a tartamudear, a água a pingar, a telefonia móvel celular e Internet similar e tudo o que é mal-estar. Corrompem a Nação, finalmente corrompem também a religião. Eram ateus, agora convertem-se, corrompem o cristianismo. Só pode ser a doença de Alzheimer?
O nosso divino Partido conseguiu um feito notável. A luz está terrivelmente pior do que no tempo dos postes de Jonas Savimbi.
Não é a oposição que utiliza a estiagem como um facto político, como acusa o causador das nossas desgraças, o Minoritário. Há quase quarenta anos que estamos na estiagem da luz, da água e da miséria. E isto por si só é um facto político bem esparramado. Trata-se apenas de corrupção, fraude, factos políticos permanentes.
Angola, independência trinta e sete anos depois. Mais colonialismo, mais escravidão, mais miséria, mais racismo, menos luz e água e muito enriquecimento ilícito.
E também a EDEL esclareceu que Luanda esteve nos últimos dias sem luz porque uma empresa de construção civil danificou o cabo. Omitiram o nome da empresa porque é chinesa, ou foi a Teixeira Duarte?, devido aos fortes laços de amizade que unem os dois partidos?
Este Poder é um gerador, e quando o responsável de o ligar/desligar se esquece de o ligar, o Poder não funciona, claro. É por isso que as falhas de luz e água são constantes, e não tarda muito a cem por cento.
E depois do fim do dia, nasce a noite, claro, que mais pode nascer, acontecer?, e na fazenda do latifundiário, os escravos recolhem-se nos seus casebres iluminados na felicidade da luz de velas, porque energia eléctrica há quarenta anos que o fazendeiro a promete, de uma grande barragem que funciona no papel.
No país dos mwangolés, a miséria parece propagar-se à velocidade da luz.
Porque é que há restrições no fornecimento de energia eléctrica e água, e nos biliões de dólares do petróleo não?
Artigo A1 da nossa Constituição:
Estão garantidos os direitos mais elementares dos cidadãos no fornecimento com restrições da energia eléctrica e da água, este direito é uma mais-valia transversal. Estas e outras restrições, como as das manifestações, só passarão a estado democrático de pleno direito, quando a revolução triunfar, quando nós garantirmos definitivamente o bem-estar em Angola. Até lá, para vós, população, garantimos de vez em quando alguma energia eléctrica e água.
Definitivamente compreendam: nós não somos todos iguais. Somos como equipas de futebol. Nós jogamos na primeira divisão, e vós jogais na terceira. Portanto, tendes que manter-vos no vosso lugar, porque nós há muito que estamos no nosso.
Olhem para o que fazemos, porque aquilo que dizemos não tem nenhum valor.
Depois de tanto orar, ajoelhar segundo os santos ensinamentos dos nossos santos prelados, já de mãos e joelhos infestados de reumatismo, o Senhor finalmente lembrou-se de nós e contemplou-nos com o santo sofrimento da escuridão, isso da energia eléctrica é coisa só para demónios,  e do carregar água se a houver, mas como agora chove, Deus é mesmo infinitamente bom, enviou-nos um mar de água. Oremos pois manas e manos, porque Deus está connosco e a miséria também.
Antes era a falta de água, a estiagem, agora é água a mais, depois será o consumo excessivo de energia eléctrica, depois, depois, é (já é) o caos. Porque não fazem como o presidente Hollande da França que numa conferência de imprensa denunciou que o seu país afinal está no desespero? Ah, aqui não é necessário porque na religião dos desesperados, já há quase quarenta anos que oramos, e o nosso Senhor dos Desesperados já desespera, quarenta anos de imposição da miséria não lhes chegam?
Segundo a EDEL, na Rádio LAC, no bairro Rocha Pinto, em Luanda, cerca de seis mil habitantes estão há dias sem energia eléctrica, porque um cidadão (?) construiu a sua casa em cima dos cabos eléctricos. E parece que a coisa se complica, porque o senhor é do Minoritário, só pode ser, e faz finca-pé. Também nada surpreende, isso faz parte da cientologia do partido mais inteligente do mundo.
A minha dúvida adensa-se: foi o Minoritário que fez fraude eleitoral, ou a oposição é que nos defraudou?
É claro que o caos eléctrico se deve a que por detrás destes constantes cortes de energia eléctrica, uma grande negociata se esconde. Quase que já nem sei o nome que se deve dar a isto. Tudo menos país é um facto. Um reino de trevas povoado por monstruosos dragões que surgem do céu para nos devorarem? O extermínio da oposição e da população? Um governo que se preze, habitualmente investe no futuro dos seus cidadãos, em Angola com um governo muito especial, há quarenta anos que se investe no passado.
Amanhã não sabemos se teremos água, energia eléctrica, Internet. Mas uma coisa sabemos: o petróleo e a corrupção jorram sem parar, sem nunca faltar.
Há por aí democratas que são tão democratas, tão democratas, que até a democracia lhes foge.
Outra vez, um bajulador numa das rádios de Luanda. “Angola é o país que mais cresce. Angola, a sua economia, cresce muito.” Entretanto, já se assaltam supermercados para roubar comida. Sim, Angola cresce muito. A miséria que o diga, confirme.
Para cada desastre social o seu povo. Para cada abastado poder o seu petróleo. Se a energia eléctrica e a água são uma fraude, tudo é uma fraude, claro que o processo eleitoral também é uma fraude.
Viver num ambiente de terror, onde o ar que se respira é um cemitério de doenças, de epidemias, poluição de magnatas do Partido UPPC - Um Pouco de Paciência e Compreensão, que apagam a energia eléctrica para venderem geradores, a fome, a desgraça, o abandono, a tortura diária de carregar água e outras cargas, claro que as crianças desmaiam nas escolas, apavoradas pelo bicho-papão UPPC.
E por estas bandas só se pode aplicar a regra do dividir a pobreza, mas o mais correcto é dividir a corrupção.
Por cada expatriado que ganhe dez mil dólares mensais, os custos sobem, pesam nas empresas, e quem paga esses valores? Somos nós, claro, os otários, na subida dos preços de venda ao público. É uma mais-valia.
 “A construção está proibida devido à urbanização.” Onde está o erro?
Há pouco tempo a Sonangol levou a cabo um simulacro para prevenir incêndios. E para quando um simulacro do combate ao grande incêndio da corrupção? Já não é necessário porque as chamas já consumiram tudo, e nada mais resta?


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