República das
torturas, das milícias e das demolições
Diário da cidade
dos leilões de escravos
20
de Janeiro
Espoliaram-nos a luz das 00.02 até às
02.58 horas.
Isto é que é inteligência nata: os estrangeiros
espoliam os empregos, Angola é a república dos desempregados, o que origina a
venda nas ruas. E a comissão administrativa de Luanda proíbe a venda ambulante
e multas a quem comprar nas ruas. VIVAM OS ASSALTOS!
Subjugam-se as pessoas para lhes mostrar
que temos poder. Domingos das Neves, comentarista da Rádio Ecclesia.
Muitos assuntos podem-se resolver pela
Internet, como por exemplo as inscrições na Universidade Agostinho Neto, mas
como a corrupção prevalece, a Idade da Pedra merece.
Às 22.07 horas a luz foi-se, outra vez
no caos?
O PIB de Angola sobe e a nossa miséria
também!
Jacarés
Um jacaré
abocanhou uma mulher e levou-a para o seu esconderijo. Afastou-se para convocar
os seus colegas para o repasto. Uma perdiz que por ali andava notou que num
pequeno buraco uma coisa se mexia. Com o seu bico furou, furou até que fez um
buraco suficiente para a mulher se salvar. Os jacarés já vinham a caminho para
o banquete. Chegados, viram que era mentira, pois que não havia comida à
disposição. Então, os jacarés sentindo-se frustrados atiraram-se ao jacaré para
o comerem. E o jacaré que ia servir de comida fugiu com todos os jacarés na sua
perseguição.
Ministro da
Saúde de Angola, José Van-dúnem na rádio Ecclesia: é preciso muito cuidado com
os medicamentos contrafeitos que vêm da China.
O regresso ao
Estalinismo em acção? Forças Armadas Angolanas nas demolições?!
Rádio Ecclesia:
Tumultos entre as FAA – Forças Armadas Angolanas, Polícia Nacional e a
população da Chicala 2 que dizem que não sabem para onde vão. Os moradores da
Chicala 2 revoltaram-se porque as forças da demolição com as pessoas ainda a
dormirem, foram surpreendidas com montes de autocarros e máquinas para lhes
partirem as casas. Entretanto, continua o braço de ferro entre os moradores e
as forças da demolição. O presidente da comissão administrativa de Luanda não
faz declarações.
Estou-me
marimbando para os tais do chauvinismo, mas que não denunciam a miséria, a
escravidão a que obrigam os angolanos, voltando aos tempos das plantações de
escravos, mas pelas informações que recolho, portugueses também estão por trás
disto, as tais corporações.
TAMBÉM CARVÃO?!
“Luis Mango.
MUITO BOM DIA A TODA GENTE! chamo-me luis e sou vendedor de carvao! e trago-vos
hoje o carvao de ultima geraçao! carvao k vai vos por o cú em brazas! Carvão
piriguete, se não usares, levas um pirete!” In Portugueses em Angola. Facebook
Então, as Forças
Armadas Angolanas foram criadas para demolirem casas? E o seu objectivo
principal da salvaguarda da Pátria é as demolições? Mas que desprestigio para o
Exército Nacional. Por favor, não me façam chorar! Que Pátria é esta que está
tão de rastos que não se consegue levantar? Tumultos diários estão na
Constituição? Pelos vistos parece que sim!
21 de Janeiro
Aquilo que eles
costumam chamar energia eléctrica regressou às 01.54 horas.
Luanda, o caos
generaliza-se. Quem está por trás disto? Durante dois meses pensei que o
paraíso finalmente chegou. Tive luz e água com fartura. Qual Quê?! Outra vez a
energia eléctrica e a água debandaram. São milhares de estrangeiros. Milhares
de chineses e portugueses. A água e a luz cada vez pior! Pergunto: o que é que
eles estão aqui a fazer? No saque, não é?!
Angola é só facturar e angolanos
aniquilar! Depois de arrasar Portugal e os portugueses, o banco millennium
Angola, na rua rei Katyavala, Luanda, gaseia crianças… e adultos. Com o potente
gerador que instalou nas traseiras dos prédios, mata à vontade crianças que – é
fácil de ver – não têm pulmões para resistir ao fumo mortal do gerador
assassino. Estes portugueses em Portugal fariam isto? Claro que não, porque a
“negralhada” pode-se matar à vontade! Isto não é incitação ao ódio? À
violência? À revolta? A tumultos?
A energia eléctrica e a água que se
lixem! Safem-se pra aí como puderem seus burros! Desde que haja petróleo, o
resto não interessa. O mais importante é resolver os problemas do petróleo.
Povo?! O que é isso? O lixo é mais valioso, rende mais, dá para negócio, para
facturar! EM ANGOLA JÁ NÃO EXISTE POVO!
E o Senhor disse para o banco millennium:
Ide para Angola e lá vos chamareis de banco millennum Angola, na rua rei
Katyavala em Luanda. E como aqui em Portugal essas coisas de bancos com
geradores da morte não são permitidas, lá em Angola podeis e deveis matar à
vontade! Lá, tudo é permitido e a morte é tão insignificante. E para um banco
como esse, quanta mais gente matar, mais se irá facturar! E chamam-nos de
selvagens!
22
de Janeiro
Os meus indicadores dizem-me que Luanda
vai virar uma selva inabitável!
De facto a EDEL tem toda a razão. É uma
nova era na distribuição… sem luz!
Se uma universidade em Angola não é
capaz de colocar na Internet se os alunos estão ou não inscritos, não é, nunca
será universidade. É uma espécie de bordel!
Hoje os apagões visitaram-me, primeiro
das 10.54 até às 12.31 horas. E depois das 12.54 até às 15.10 horas.
O caos outra vez, sempre!
Quando vi dois camiões, um com dois
geradores e outro com três – geradores grandes, potentes – logo compreendi
porque é que as faltas de luz voltaram. É que com energia eléctrica não se
consegue vender geradores, e então há que obrigar a isso, aos habituais
apagões. E daí os cortes anárquicos sem explicações de quem nos atira com o
lixo da governação. A característica fundamental de um regime leninista é a
permanência eterna no poder e sempre sem energia eléctrica, e logo sem água. E
sem estas duas coisas é impossível viver, trabalhar, mas o regime leninista –
sempre revolucionário – diz que estas coisas são próprias de uma revolução e da
corrupção… eternas!
Em Luanda, viver é destruir a vida do
outro.
23
de Janeiro
Outro apagão das 01.20 até às 03.40.
Caminhamos muito bem no rumo da desgraça!
E a desgraça volta a convidar-nos para o
seu covil com mais outro apagão das 21.58 até às 22.46 horas.
Só nos faltava mais esta: ao meu redor –
nunca aconteceu – só se ouve o barulho de partir paredes, bater em chapas,
serrar, martelar, como se todos os prédios de repente ganhassem vida como num
naqueles filmes de terror. E nos terraços também. É de facto a selva inóspita
de Luanda que se generaliza!
Creio que é mais ou menos assim: a brisa
marítima ecoava, a sua doce presença irmanava, nos enlaçava e cegonhas
convidava. A maré entretanto vazava e a comida abundava. Era o hino da alegria
de Beethoven. Um silêncio que não impressionava porque já a ele nos habituava.
Até que não se sabe de onde surgiu das profundezas uma criatura monstruosa. Pôs
tudo em debandada, porque vivemos continuamente debaixo de uma cilada!
24
de Janeiro
Angola está a perder em tudo, perde em
tudo, está perdida!
Ninguém pode dizer: não sou político,
porque este acto envolve uma política: a de não ser político.
E mais desgraça chega: outro apagão das
13.42 até às 19.32 horas. Pouco depois, às 19.40 a idiota da luz acena-nos, a
escuridão volta nesta Angola das trevas.
Mais uma de Luanda: anda para aí uma
igreja – ainda não identificada – que diz para os seus fiéis que o Governo vai
carimbar as pessoas.
Os ventos do silêncio movem os moinhos
da ditadura!
Agora também já assaltam e raptam navios
petroleiros. É verdade, aconteceu no mar, próximo de Luanda.
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