sexta-feira, 25 de julho de 2014

Espezinhar zungueiras para acabar com a miséria





Eles chegam ao que chamam de paraíso
É verdade, porque escravos não lhes faltam

Às zungueiras tudo o que elas merecem
Aqueles por quem eles e elas lutaram
E agora de tantas maldades padecem
E à ideologia da miséria abandonaram

Isto é como um jogo tem que se apostar
Só que somos premiados com a desolação
E que muita miséria é à violência incitar
O petróleo é o imperador da maldição

Quem prega a maldade não acaba bem
Não sei que seria desta cidade sem sirenes
Todos os nossos direitos nos inibem
No poder das vigílias religiosas tão solenes

E que as zungueiras seriam independentes
Na mãe-pátria terra finalmente libertadas
Receberam o castigo merecido: indigentes
E de tantas outras injustiças inusitadas

Até já dizem que zungueira é corrupção
Há que carregar nelas sem compaixão
Estão proibidas de lutarem pelo pão
Em qualquer esquina espera-as o bastão

É facto que ser zungueira é ser mulher
E não tratá-la como uma coisa qualquer
Desgraçar-lhes a vida é o que se quer
Mais vicissitudes e o que de mau houver

Ela até serve de treino de saco pancada
E da força contra mulheres indefesas
Dos exércitos do petróleo na derrocada
Tantos rastilhos tantas chamas acesas

“ O nosso povo continua na miséria”
Há muito disseram os nacionalistas
Afinal não passam de gente galdéria
Que imitam muito mal os colonialistas

Já tem catedral o petróleo Deus
Os reis e seu séquito lá vão orar
As igrejas fabricam em série ateus
E promessas que a miséria vai continuar

Ao petróleo devemos obediência absoluta
E aos nossos príncipes a devida bajulação
Nele está a continuação da nossa luta
Onde está a independência da população?

Porque venderam Angola e o seu povo?
Se venderes ovos acabarás com a pobreza
A riqueza está na venda de um ovo
Assim enriqueceu uma milionária princesa

Imagem: Em Luanda a vida não tem valor, tudo é tragédia.
Vila Alice, Luanda... a felicidade do petróleo é para quem o vende, e a infelicidade é para os que ele abandona. Porque está escrito: só os donos do petróleo têm direito à riqueza, a população à mais hedionda pobreza.








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