Eles
chegam ao que chamam de paraíso
É
verdade, porque escravos não lhes faltam
Às
zungueiras tudo o que elas merecem
Aqueles
por quem eles e elas lutaram
E
agora de tantas maldades padecem
E
à ideologia da miséria abandonaram
Isto
é como um jogo tem que se apostar
Só
que somos premiados com a desolação
E
que muita miséria é à violência incitar
O
petróleo é o imperador da maldição
Quem
prega a maldade não acaba bem
Não
sei que seria desta cidade sem sirenes
Todos
os nossos direitos nos inibem
No
poder das vigílias religiosas tão solenes
E
que as zungueiras seriam independentes
Na
mãe-pátria terra finalmente libertadas
Receberam
o castigo merecido: indigentes
E
de tantas outras injustiças inusitadas
Até
já dizem que zungueira é corrupção
Há
que carregar nelas sem compaixão
Estão
proibidas de lutarem pelo pão
Em
qualquer esquina espera-as o bastão
É
facto que ser zungueira é ser mulher
E
não tratá-la como uma coisa qualquer
Desgraçar-lhes
a vida é o que se quer
Mais
vicissitudes e o que de mau houver
Ela
até serve de treino de saco pancada
E
da força contra mulheres indefesas
Dos
exércitos do petróleo na derrocada
Tantos
rastilhos tantas chamas acesas
“
O nosso povo continua na miséria”
Há
muito disseram os nacionalistas
Afinal
não passam de gente galdéria
Que
imitam muito mal os colonialistas
Já
tem catedral o petróleo Deus
Os
reis e seu séquito lá vão orar
As
igrejas fabricam em série ateus
E
promessas que a miséria vai continuar
Ao
petróleo devemos obediência absoluta
E
aos nossos príncipes a devida bajulação
Nele
está a continuação da nossa luta
Onde
está a independência da população?
Porque
venderam Angola e o seu povo?
Se
venderes ovos acabarás com a pobreza
A
riqueza está na venda de um ovo
Assim
enriqueceu uma milionária princesa
Imagem:
Em Luanda a vida não tem valor, tudo é tragédia.
Vila Alice, Luanda... a felicidade do
petróleo é para quem o vende, e a infelicidade é para os que ele abandona.
Porque está escrito: só os donos do petróleo têm direito à riqueza, a população
à mais hedionda pobreza.
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