Tão corrompido que
está isto
E ainda há quem
acredite nisto
Como é possível
este Poder seguir
Se tudo é para
destruir?
Neste mar
naufragado lá vou como Ulisses, já várias vezes dele escapei de afundar
afogado. Há muitos milhares de milhas, quase há infindáveis quarenta anos delas,
que anseio pelos braços, familiares abraços de Penélope. Receio que nunca mais
a verei, e também da minha família que nunca mais saberei. Ordeno à minha
tripulação que escolha o rumo certo e siga os melhores ventos do mar que nos
levem de feição. Mas por mais que navegue, de milha em milha há perigos que me
esperam, terríveis homens armados saem das profundezas e impedem-me a marcha. A
nossa luta pelo viver - já não é, agora é sobreviver - é a constante batalha
contra os monstros que nos desejam subjugar, é o confronto eterno do livro da nossa
liberdade.
Eu estou longe,
muito longe, mas isso não impede que o meu espírito navegue, e te encontre,
reencontre, pois não há distâncias que separem a amizade, ela fica tão curta,
tão curtíssima, quanta mais longa a distância, mais o abraço da amizade se
conforta. Tão distantes e contudo tão próximos nos nossos inseparáveis
destinos.
Nos tempos passados
havia tempo para nos amarmos, agora resta-nos muito tempo para nos odiarmos e
nos armarmos.
Tanto tempo perdido
nas estações do ódio, nas montanhas da morte.
Sabem, já existiu
um tempo glorioso de magia com músicas maravilhosas, e que esses tempos se
perderam, mas as suas músicas perduram porque abandonaram o mundo alienado e
refugiaram-se na dimensão, Lay Down
Candles In the Rain, Here Come the Sun, In the Search of the Lost Chord, 2000
Man, Fare Thee Well 10,000 Miles etc, etc. “Oh, o corvo que é tão preto, meu
amor, mudará a cor para branco”.
E oiço uma trompete
solitária que me recorda os rios, as montanhas, as águias e outra imensidão de
aves, a pureza da chuva que regava a vegetação, agora rega poluição, as ondas
do mar que batiam nas praias, agora já não batem, desfazem-se, desfazem as
torpes negociatas das construções à beira-mar, abençoadas por clérigos que
obrigam as populações a orarem porque assim está escrito.
Os sacerdotes como
porta-vozes de Deus afirmam categoricamente, tal como Deus lhes faz crer, que
Ele gosta de todos e de tudo, excepto os homossexuais, Deus odeia-os. Mas que
sacerdotes mais libertinos, porque em boa verdade nunca lançariam tais
labaredas das suas bocas fedorentas, porque Deus ama-nos – na verdade Deus
apenas ama sacerdotes, pois foram eles que o inventaram – então se Deus é
abundante de amor, como é possível que rejeite homossexuais? Há religiosos que
não mudam o seu pensamento porque se o fizerem o seu tempo de hipocrisia
terminará. De qualquer modo a impureza da religião não triunfará, e na verdade
perecerá, porque a mudança dos tempos não perdoam, e enganar os seres humanos
analfabetos através da religião é a coisa mais fácil que existe, e a sua aliada
democracia e os seus aliados democratas testemunham-no.
Sem dúvida alguma
que os seres humanos foram inventados por um louco, o péssimo invento de todos
os tempos. Só assim se explica a extrema crueldade, a incrível selvajaria que
em nós reina. A todo o momento corremos desesperados na busca de um refúgio,
porque a selvajaria humana sempre em maioria, há milénios que implacavelmente
nos persegue.
“Sou um filho do
universo?” De qual universo? Deste não sou com toda a certeza absoluta, porque
de maneira nenhuma me identifico com os promotores das carnificinas diárias. E
aqui já não há tempo para começar porque já há muito se findou. Este nosso
tempo é de desespero, do tem cuidado, porque até já o céu não é livre, também
já o colonizaram. Já não posso declarar o que sinto, porque um exército de
forças especiais me aponta armas, porque sou um perigoso terrorista. Em nome do
terrorismo qualquer coisa que escreva que não seja do agrado dos bancos,
enviam-me para a única liberdade que agora me resta: a morte!
Tenho que me
deslocar com imenso cuidado, porque os computadores da democracia estão sempre
atentos, com os seus programas que me espiam, vigiam dia e noite. Nestas
democracias somos todos terroristas, porque já não se consegue distinguir quem
é honesto e desonesto, quem trabalha e quem não trabalha. Mas os espiões
electrónicos da democracia não conseguem detectar, vigiar os corruptos porque
deles e dos bancos é este reino democrático.
Esta democracia já
chegou ao fim, estamos à espera de quê para encetarmos os nossos caminhos da
liberdade e democracia sem políticos? Esta classe de sacerdotes que fizeram da democracia
a sua religião e colocaram as multidões como seus crentes, serventes. Este é o
tempo das multidões que governam, sem necessidade de governo, sem eleições. Aos
corruptos que destroem o nosso planeta - não é deles não, se fosse ele seria
bem estimado – façamos um abaixo-assinado e que depois eles entrem calmamente
nas prisões que os esperam, e que de lá jamais saiam. É necessária outra
Inquisição para perseguir os corruptos, e os conduzir ao moderno braço secular.
Enquanto um corrupto se mantêm activo, milhares de vidas perecem, porque os
políticos democráticos fazem parte da sua confraria.
Já virei a esquina
e não encontro a vida que lá me disseram ser a sua morada. Encontrei o terror
do nosso dia-a-dia, porque democracia há muito que está adiada.
Imagem: blogs.estadao.com.br
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