Não
me chames, pai
Não
me procures
Não
me chames
Nem
desejes o meu regresso.
Estamos
num caminho desconhecido
O
fogo e o sangue apagaram a rota.
Voamos
nas asas dos relâmpagos
Para
não mais desembainhar a espada.
Todos
nós tombamos em batalha
Para
não mais voltarmos.
Haverá
um reencontro?
Não
o sei.
Sei
apenas que devemos
Continuar
a lutar.
Somos
grãos de areia no Infinito
E
nunca mais veremos a luz.
Adeus,
meu filho
Adeus,
minha consciência.
Minha
juventude e meu consolo
Meu
único filho.
Que
esta despedida seja o fim
Da
vasta solidão.
Pois
não há ninguém mais só.
Lá
permanecerás
Para
todo o sempre
Longe
da luz e do ar.
A
tua morte não será contada.
Não
contada e não atenuada a morte
Para
não mais ressuscitar.
Para
todo o sempre
Um
rapaz de 18 anos.
Adeus,
então.
Nenhum
comboio chega dessa região
Com
ou sem horário.
Adeus,
então
Nenhum
avião pode aí chegar.
Adeus,
meu filho
Pois
milagres não acontecem.
E,
neste mundo
Os
sonhos não se realizam.
Adeus.
Sonharei
contigo
Quando
eras bebé.
Caminhando
pela terra
Com
passos fortes.
Pela
terra onde já tantos
Estavam
enterrados.
Esta
canção, meu filho,
Chegou
ao fim.
In
O Mundo em Guerra, 11ª parte. A Rússia 1941-1943.
Imagem:
Lago Baikal, Rússia. Wikipedia
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