segunda-feira, 21 de julho de 2014

QUARENTA ANOS DE DEMOLIÇÕES SAÚDAM-NOS






Tantos recuos que dizem são avanços
Que mais pretendem estes ranços
Com provas de monstruosos falhanços
E de milhares de estrondosos rapinanços

Os bancos levam a cabo a sua missão
Do sistema financeiro a sua destruição
Vivem dos casebres e da sua demolição
Nada lhes resta nem a tábua da salvação
Todos estão decompostos de podridão
Quem mais esperam ludibriar então?
Nunca se conheceu tamanha judiação
Com hinos não se combate a corrupção
E nunca jamais quarenta anos de servidão
Ninguém mais quer ouvir essa canção
O poder do petróleo vive na imensidão
Os sacerdotes seguem-no como religião
Nas homilias pregam a sua rendição
Petróleo mais igrejas é igual a nação
É o voltar aos tempos da discriminação
“Embora nesta terra de pretos” bênção
Cá estamos outra vez para a evangelização
A nossa arma da cantiga da dominação

Por aqui canta-se a miséria por toda a parte
A riqueza do petróleo sempre bacamarte
Nunca se cansam, não há nada que os farte
Que grandiosa miséria é Angola essa arte

Agora é a moda do empreendedorismo
Do voltar aos tempos do saudosismo
Não conseguem disfarçar o racismo
Os neocolonizadores e o seu catecismo

Governar é pois pela força destruir
Com as barras de ferro a construir
Há uma vontade louca de tudo partir
Não é por acaso que tudo está a ruir

O futuro da nação dorme ao relento
Disseram-lhe que esse é o seu sustento
É a pureza nacional o nosso monumento
É uma das sete maravilhas do sofrimento

O nosso futuro está no petróleo a desabar
Ecoam nas vozes da miséria o exacerbar
Se esta desgraça assim continuar
É fácil de ver como isto vai acabar

Com paz e com tantos desalojados
Diariamente perseguidos tiranizados
Sem terra e pelo poder humilhados
Não é povo é um bando de esfarrapados

Imagem: desalojados da Chicala II, Luanda.

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