Tantos
recuos que dizem são avanços
Que
mais pretendem estes ranços
Com
provas de monstruosos falhanços
E
de milhares de estrondosos rapinanços
Os
bancos levam a cabo a sua missão
Do
sistema financeiro a sua destruição
Vivem
dos casebres e da sua demolição
Nada
lhes resta nem a tábua da salvação
Todos
estão decompostos de podridão
Quem
mais esperam ludibriar então?
Nunca
se conheceu tamanha judiação
Com
hinos não se combate a corrupção
E
nunca jamais quarenta anos de servidão
Ninguém
mais quer ouvir essa canção
O
poder do petróleo vive na imensidão
Os
sacerdotes seguem-no como religião
Nas
homilias pregam a sua rendição
Petróleo
mais igrejas é igual a nação
É
o voltar aos tempos da discriminação
“Embora
nesta terra de pretos” bênção
Cá
estamos outra vez para a evangelização
A
nossa arma da cantiga da dominação
Por
aqui canta-se a miséria por toda a parte
A
riqueza do petróleo sempre bacamarte
Nunca
se cansam, não há nada que os farte
Que
grandiosa miséria é Angola essa arte
Agora
é a moda do empreendedorismo
Do
voltar aos tempos do saudosismo
Não
conseguem disfarçar o racismo
Os
neocolonizadores e o seu catecismo
Governar
é pois pela força destruir
Com
as barras de ferro a construir
Há
uma vontade louca de tudo partir
Não
é por acaso que tudo está a ruir
O
futuro da nação dorme ao relento
Disseram-lhe
que esse é o seu sustento
É
a pureza nacional o nosso monumento
É
uma das sete maravilhas do sofrimento
O
nosso futuro está no petróleo a desabar
Ecoam
nas vozes da miséria o exacerbar
Se
esta desgraça assim continuar
É
fácil de ver como isto vai acabar
Com
paz e com tantos desalojados
Diariamente
perseguidos tiranizados
Sem
terra e pelo poder humilhados
Não
é povo é um bando de esfarrapados
Imagem:
desalojados da Chicala II, Luanda.
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