Não há diversificação da economia, há
diversificação da corrupção.
“Divide e vencerás”. (Júlio César 100-44 AC)
2016 será o ano do caos. Disse, Isaías Samakuva.
Na hediondez dos presos políticos é preciso
denunciar os políticos e figuras públicas hipócritas.
O demónio anda à solta porque a rádio ecclésia,
a rádio da hipócrita Igreja recusou que se fizesse recolha de fundos para os
presos políticos. Os peritos na arte de gerar o ódio cravam punhais no coração
de Cristo que sorri perante a monstruosidade da Igreja que Ele criou. E Pedro
jura que a Igreja é o santuário do esconderijo das actividades criminosas da
Igreja. Porque é que a lei canónica não se aplica nestes casos? Porque a Igreja
não é divina, nunca o será, porque na sua sombra esconde-se a escuridão das
trevas demoníacas.
Largo nas traseiras da igreja adventista do
sétimo dia, na rua Rei Katyavala, ao Zé Pirão, em Luanda. São vinte e três
horas e trinta minutos, pouco falta para a tal noite silenciosa. Na cidade
moribunda não se houve nenhum som, a cidade morreu definitivamente, só falta
enterrá-la. Ouvem-se choros, crianças que berram como que a enviarem uma
mensagem de socorro de um hábito que se generaliza. Porra, mas que gritos são
esses? Saio do meu quarto e vou para a varanda e afino os ouvidos. É mesmo,
passa-se algo de anormal, de terrível. Os gritos das crianças aumentam de desespero.
Onde estão são cerca de duzentos metros de distância. Ouvem-se com bastante
clareza os sons de pancadaria, as crianças, são duas ou três, aumentam os
gritos como se estivessem em risco de morte. Ouve-se mais pancada, só pode ser
nas crianças porque não se ouve mais nenhuma voz, então estão a torturá-las. A minha
esposa já está a dormir, acordo-a para ela vir depressa para a varanda ouvir
para não me deixar com dúvidas. Ela chega, ouve os gritos das crianças e
confirma que lhes estão a bater selvaticamente até à morte. Digo para ela que
temos que fazer alguma coisa senão as crianças vão morrer. Mas ela diz que não,
levanta os ombros em sinal de não querer saber. Respondo-lhe que vou ligar para
a Polícia, mas ela adverte-me que isso é perigoso porque depois corro o riso de
morte. E ela foi-se deitar. A tortura das crianças continua. É incrível como os
vizinhos não ligam ao atroz sofrimento das crianças, claro, esta cidade há muito
que está dominada por malfeitores. Estou angustiado. Durante meia hora ligo
para o 113 e nada. Uma voz feminina diz-me para aguardar, aguardar até me cansar.
Entretanto a tortura das crianças não pára. Lembro-me que tenho o número do SOS
mulher das denúncias da pancadaria em mulheres. Ligo e dão-me dois números do
comando provincial da Polícia. Ligo durante uns quinze minutos para esses dois números
e nada. Num deles é-me respondido que esse número não está atribuído. Lembro-me
que tenho o número de telefone de uma alta patente da Polícia, decido ligar-lhe
mas fico com receio, já passa da meia-noite, de receber uma resposta nada
acolhedora e desisto. Tento outra vez o 113 e continua na mesma. Vou na varanda
e ainda se ouve o barulho de surra com pouca intensidade. Os cães ladram
nervosos chamando a atenção mas ninguém lhes liga. De repente lembro-me que tenho
os números de telefone das denúncias anónimas e das esquadras da Ingombota.
Lembro-me que é um recorte de jornal, procuro-o mas não o encontro. A minha angústia
aumenta pelo receio de que as crianças já tenham falecido de tanta surra que
levaram. Vasculho na lista telefónica do meu telemóvel mas não tenho esses números.
Procuro por todos os locais de documentação e não a encontro. Mas que porra,
guardei isso onde? Continuo freneticamente à procura até que encontro o pedaço
de jornal com os números. A pressão arterial sobe-me, a angústia ataca-me de
tal modo que sinto sintomas ligeiros de querer vomitar. São 00.15 horas, a
tortura das crianças parou, creio que já devem estar mortas. Desisto de ligar
para os números da Polícia que encontrei. Que bela prenda de Natal que deram às
crianças. Que noite de Natal mais horrível lhes poderia acontecer e também a
mim. Penso: Mas o que é que estou aqui a fazer? Porra! Onde vim parar! Não,
tenho que fugir deste horror, não é possível viver assim, aqui, nesta selva a
que alguns chamam de democracia. Angola está como um bocado de carne muito
podre, nauseabunda. Depois de várias lavagens políticas e religiosas que lhe
fizeram, este povo já não é mais povo, é uma floresta tenebrosa de feitiçaria, daí
em nome dela matarem com a maior das facilidades, fazerem rituais de dia e de
noite com sacrifícios humanos, preferentemente de crianças e idosos na cobardia
dos que não se podem defender da psicopatia endémica. Já não há hipótese de
salvação para Angola, pudera, com a eleição da hipocrisia política e religiosa
os seus eleitos batem palmas e dizem que Angola está no caminho da paz, do desenvolvimento
económico e social, e que tudo faremos para salvaguardar as conquistas
democráticas.
Sediangani Mbimbi, presidente do PDP-ANA,
Partido Democrático para o Progresso-Acção Nacional Angolana, disse na Rádio
Despertar que, fila de camiões com contentores na fronteira de Angola com a
RDC-República Democrática do Congo, na localidade do Luvo, atinge dois quilómetros
de comprimento. Contentores com produtos alimentares importados pelos chineses,
libaneses, paquistaneses e indianos. Produtos importados por Angola ao câmbio
oficial e reexportados para a RDC, vendendo-os a preços especulativos, obtendo
daí lucros astronómicos. Esses estrangeiros dos produtos que importam, trinta
por cento fica em Angola e os setenta por cento são vendidos na RDC. Angola
importa comida e depois exporta-a. E os zairenses perguntam muito intrigados
como é que Angola tem tanta comida que até dá para exportar.
Angola não tem noção de gestão porque não tem contabilidade.
Angola vive do controlo da corrupção e daí o descalabro. Sem contabilidade não
há sobrevivência. Um bom gestor vê-se quando não há dinheiro. Quando o há
qualquer um é bom gestor. E gestor sem imaginação é um papagaio.
Samakuva diz que vai ganhar as eleições de 2017.
Não vejo como, pois se 2016 será o ano do caos, como disse, e como o seu eleitorado
já mudou de partido para o exército de famintos, em 2017 não haverá eleitores
porque foram dizimados pela fome. É bom que Samakuva repense a sua estratégia eleitoral
e tudo faça para manter o seu eleitorado vivo, longe do destino final da fome. E
em 2017 Angola estará reduzida a um manto de retalhos. A Unita reduziu Angola a
pó, e o Mpla reduziu-a à fome.
Que Deus ilumine os nossos governantes para que
a miséria e a fome se fortaleçam.
Angola continua mergulhada no analfabetismo, e
povo analfabeto é povo religioso. E a Igreja e as igrejas empurram-no para a
repressão daquilo que alguém chama de fortalecimento da nossa democracia. Povo
de fervor religioso é povo que vive na miséria, faminto. Vive para a
extrema-unção de um deus que se satisfaz imenso com as filas de mortos. O céu é
um imenso cemitério de injustiças celestiais. A hipocrisia da Igreja olha para
o cortejo de presos políticos e finge que nada vê. Onde há corrupção a Igreja
velozmente estende a sua mão.
Angola acordou demasiado tarde para salvar a
miséria e a fome, porque o seu chefe é dorminhoco. É como aquele adágio popular
que diz: camarão que dorme a onda leva.
Li num noticiário que os macacos estão em risco
de extinção devido às experiências médicas. Fiquei na dúvida porque não sei a
qual das espécies de macacos a notícia se refere. Se aos macacos que vivem nas selvas
das cidades ou aos que vivem nas selvas tropicais.
Continua tudo na mesma, muito pior. Ao longo de
quarenta anos os métodos de trabalho não se alteraram. Culminando nos exércitos
de famintos, outra coisa não se podia esperar. E assim Angola não escapa da tradição
africana dos exércitos de famintos.
Os portugueses em Luanda continuam na sua missão
do assédio sexual civilizador, dos trabalhadores qualificados. A esposa de um
amigo disse-me que fugiu de uma empresa dos portugueses porque eles queriam que
ela lhes abrisse as pernas. Uma vizinha também me disse que uma sobrinha também
fugiu de uma empresa dos portugueses pelo mesmo motivo. Para os portugueses
Angola é a república das angolanas que lhes abrem as pernas.
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