quinta-feira, 8 de outubro de 2015

DIÁRIO DE UM PRESO POLÍTICO (04)



Manuel Nito Alves, outro dos presos políticos na prisão sem acusação, à espera que faleça na prisão, para que prevaleça a corrupção, a grande aliada da lei do terror.



Os presos políticos são as flores
Os amores
Que embelezam a podridão
Desta nação

Ó pátria dos escravos esfomeados
Todos os dias condecorados
Dos dólares do petróleo confiscados
Ó pátria dos estrangeiros empregados

Ler livros sobre ditadores dá prisão
Só se pode ler livros de corrupção
Onde estará a rendida oposição
Que muito faz lembrar um camaleão

Já sem nenhum intelectual
O Mpla faz o seu funeral
A constituição não vale nada
E por isso deve ser rasgada

E tudo ruiu, ficou um lodaçal
Está a ruína moral
E também a ruína social
Uma ditadura nunca é sazonal

Com uma oposição ocasional
Tudo fica anormal
Este é que é o grande mal
Surge sempre de modo acidental

E eis chegada a hora
De eles se irem embora
E nunca mais voltarem
Basta de tanto nos desgraçarem

Zungueiras com crianças às costas são arrastadas
As crianças choram como que afogadas
Na república das crianças abandonadas
Para elas tudo o que merecem, pancadas

Não há dúvida que este inferno
Quer a confrontação
Com a população
Sob a absurda passividade
Da oposição
Que tem muito medo
Da manifestação
São apenas políticos
De ocasião

Com presos políticos vai a hipocrisia
Inexorável abismada está a economia
Da sociedade que antes existia
Tanta tortura, tanta morte, tanta razia




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