Manuel Nito Alves, outro dos presos políticos na
prisão sem acusação, à espera que faleça na prisão, para que prevaleça a
corrupção, a grande aliada da lei do terror.
Os presos políticos são as flores
Os amores
Que embelezam a podridão
Desta nação
Ó pátria dos escravos esfomeados
Todos os dias condecorados
Dos dólares do petróleo confiscados
Ó pátria dos estrangeiros empregados
Ler livros sobre ditadores dá prisão
Só se pode ler livros de corrupção
Onde estará a rendida oposição
Que muito faz lembrar um camaleão
Já sem nenhum intelectual
O Mpla faz o seu funeral
A constituição não vale nada
E por isso deve ser rasgada
E tudo ruiu, ficou um lodaçal
Está a ruína moral
E também a ruína social
Uma ditadura nunca é sazonal
Com uma oposição ocasional
Tudo fica anormal
Este é que é o grande mal
Surge sempre de modo acidental
E eis chegada a hora
De eles se irem embora
E nunca mais voltarem
Basta de tanto nos desgraçarem
Zungueiras
com crianças às costas são arrastadas
As
crianças choram como que afogadas
Na
república das crianças abandonadas
Para
elas tudo o que merecem, pancadas
Não
há dúvida que este inferno
Quer
a confrontação
Com
a população
Sob
a absurda passividade
Da
oposição
Que
tem muito medo
Da
manifestação
São
apenas políticos
De
ocasião
Com
presos políticos vai a hipocrisia
Inexorável
abismada está a economia
Da
sociedade que antes existia
Tanta
tortura, tanta morte, tanta razia
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