sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O amor também é um preso político. Diário de um preso político (05)



A, Manuela

O cacimbo acabou
O calor chegou
A ditadura continuou
O amor nos levou

As crianças sempre a chorar
E ninguém para as consolar
Sem amor para as aconchegar
É a fome que lhes está a embalar

O amor já aqui não tem lugar
Enquanto a ditadura aqui morar
E a pólvora da miséria nos odiar
Faz a morte do amor rebentar

Até o amor ousam esmagar
Fazem tudo para nos silenciar
Mas há sempre uma voz para lutar
Resistiremos no tempo feliz voltar

O amor está muito errante
De nós anda muito distante
Ninguém lhe dedica um instante
Agora só se ama o metal sonante

E eles promovem a destruição
Que é assim que se faz uma nação
Vem aí uma chuvada de repressão
Como se vivêssemos uma maldição

Prisioneiros sem destino
Da governação sem tino
Que nos reprimindo
Se vê o amor extinguindo

As nossas almas se vão exaurindo
E os nossos corpos extinguindo
Não se vê uma criança sorrindo
A ferocidade nos vai reprimindo

Vão reprimindo a liberdade de amar
Preso político será quem o contrariar
Pronunciar a palavra amar
Vai para a lista dos a eliminar

O regime não deixa ninguém amar
Porque é considerado subversivo
Poucos são os que ousam lhe escapar
Têm que agir como caçador furtivo

E quem ousar amar
Será acusado de conspirar
Preso donde não possa escapar
E na prisão não se poderá visitar












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