Para alguns a riqueza
absoluta, para milhões a pobreza absoluta.
E os meninos a
queimarem-se na fogueira/ mostram como é que se incendeia uma nação.
Mamã, mamã, eu quero
bajular, quero esta chupeta para mamar.
Não dá mesmo para
entender. Então, obrigar populações à miséria, isso é que é governar?
Os preços do petróleo
sobem, e o desenvolvimento económico de Angola também. Sinceramente, isto não
será a apologia do analfabetismo económico?
Este mês de Agosto é de
intensa actividade. É o mês dos bajuladores, que correndo das suas tocas
reaparecerão em público com documentos forjados provar que o Altíssimo é da
família de Jesus Cristo, e como divindade obrigatoriamente venerado. Além das
milícias nacionais, apresentar-se-ão também milicianos bajuladores estrangeiros
que anunciarão a Boa-Nova: o Altíssimo é o construtor, o criador do Universo. E
os corruptos rejubilarão porque os seus bolsos encherão. E as crianças
treinadas à Kim-Il-Sung um mar de lágrimas chorarão, verterão. E os dos
casebres demolidos as suas mãos estenderão. Viva a bajulação da escrava nação.
Bajular é inovar.
Entretanto, por tudo
quanto é canto, as populações festejam todos os dias a bajulação do PIB/F,
Produto Interno da Brutal Fome. Bajular é uma mais-valia, uma certeza a
realizar. Os bajuladores são o princípio e o fim de todas as coisas da farsa
desta Pátria. A bajulação é a engenharia da corrupção. E quem conhecer um
bajulador a ele se atrele, pois no palácio imperial entrará, e luxos
maravilhosos verá, e recompensas ganhará. Não sei não, o que seria de Angola
sem as milícias da bajulação. Se nas milícias da bajulação queres entrar, com
barras de ferro terás de treinar, e manifestantes terás de esmagar. Viver sem
bajular não é salutar. Bajular é um acto lícito para a corrupção libertar.
E com a notável obra já
nas livrarias, A Arte de Bem Bajular, patrocinada pelo Fundo da Cultura dos
Sempre os Mesmos, donde emanam magistrais poetas das palavras sem sabor a nada,
até o vento lhes foge, os candidatos a bajuladores têm agora uma ferramenta
indispensável no nosso acervo cultural para desenvolver e aprofundar a nobre
arte do bajular. É só sucessos sucessivos à vista. Lídimo e de tão vastos
conhecimentos, é o autor que estampou trabalho quiçá deveras superior a Luís de
Camões (1524-1580), Fernando Pessoa (1888-1935), Clarice Lispector (1920-1977),
e a tantos outros poetas medíocres. A arte de bem bajular é pois seguramente um
êxito internacional das bibliotecas, porque nacionais não as há, e quando as
haverá? Nos seus lugares destinados estão as bibliotecas das torres e
condomínios, e os constantes derrames petrolíferos das bibliotecas do petróleo.
A bajulação é a involução da corrupção.
E se Luanda pretendes
incinerar e intoxicar, um gerador tens que comprar. Investir num gerador é um
dever patriótico. Há sociedades modernas que medem o seu desenvolvimento
económico e social pela miséria, fome das suas populações. Assim, quanta mais
degradação social significa um óptimo desempenho no aprimoramento sustentável,
a aclamada mais-valia.
Sou bajulador, é bom, é
nacional, eu gosto. E quanto mais no bajular me empenhar, umas corruptas
transferências bancárias para os nossos bancos vou ganhar. O petróleo sempre a
jorrar e nós a bajular. Bajular é que está a dar. Bajulação e corrupção são uma
mais-valia. O futuro da Nação está na corrupção e na bajulação. Sem bajulação
não existiria nação. Se você bajular até nunca se fartar, escreva um livro de
poesia, e o prémio de literatura vai ganhar. E no navio Angola a Bajular, há
sempre lugar. Não temas, que o petróleo ainda não vai acabar, por isso está na
hora de bajular. Eis a vida dos bajuladores: nenhum por todos e todos por
nenhum. A união da nação depende da bajulação. Sem bajular não há manjar. Se te
queres doutorar, é fácil, vai no chefe bajular.
E os pastores das igrejas…
são tantas, tantas, que até já ultrapassaram os campos destinados à
agricultura. São um perigo para a unidade da Nação que a desagregam, mas
ninguém parece preocupar-se com isso, só quando surgir a desordem, então sim, é
que serão elas. Entretanto, essas igrejas já mudaram de patrono, já não é Deus
não, é outro, o do petróleo. E já lhe erigiram estátuas, quadros e demais
imagens. Este deus do petróleo é muito valioso, e por isso é recomendável a sua
adoração. E para convencer os crentes não é nada difícil. Até já os pressionam
para a edificação de lugares de culto, catedrais em forma de sondas e
oleodutos. Este deus é que está a dar. E os pastores empenham-se em que os
fiéis mudem de deus, que afinal Deus é petróleo, o futuro, amor, paz, perdão,
etc.
Tendo o nosso Pravda e
órgãos associados concluído os estudos levados a cabo na nossa praça, através
de competente sondagem realizada junto da massa militante, isto é, todo o nosso
povo, onde como um só homem e uma só mulher, opinaram que ninguém aprova
manifestações contra o nosso iluminado regime dos bajuladores.
Ouvidas as milícias, o
Conselho Espontâneo e demais Comités Especializados:
§ São suspensas de
imediato todas as manifestações que sejam contrárias ao regime. Mantendo-se as
habituais efectuadas pelos competentíssimos órgãos da bajulação.
Publique-se
O Conselho da Revolução
Entretanto, um
analista-bajulador dizia na RNA- Rádio Nacional de Angola, que o conflito no
Egipto nada tem a ver com o da Tunísia. Neste houve uma genuína revolta
popular, e no Egipto não, é uma revolta comandada por partidos políticos, e
como tal não terá sucesso.
Entretanto, o navio da
corrupção navega no mar da ditadura, de ondulação insegura. Um cortejo de
tubarões bajuladores cerca-o, na avidez constante de que algum opositor
político ou de simples crítico do navegar do seu rumo incerto, abismal, seja
atirado pela borda fora, e claro, devorado.
Saudemos a gloriosa centralidade
do Kilamba-Kiaxi, a três gargantas de Angola.
E os bajuladores ao
atribuírem um subsídio tão irrisório, um punhado de dólares, trata-se de uma
campanha da milícia financeira para extinguir definitivamente a oposição e
restar apenas um partido e seus manos na votação eleitoral? Isto não é o
esperado golpe mortal definitivo na mediocracia angolana?
La cucaracha, la cucaracha/
já não pode caminhar/ porque ainda não consegui/ um prato para bajular.
Os portugueses são os
campeões da bajulação para conseguirem um emprego? A TV-ZIMBO já tem um
director estrangeiro, o que é ilegal perante a lei. Estão as portas abertas
para entregar tudo a estrangeiros incluindo a presidência da República?
República de Luanda. E que
tal o barulho dos motores dos autocarros chineses que parecem caldeiras a vapor
prestes a explodirem? Uma mais-valia dos bajuladores?
Eis a divisa dos
bajuladores nacionais e estrangeiros: Neocolonialismo é bom, é nacional, eu
gosto!
Ah, se os corruptos
conseguissem corromper os honestos, que bom seria viver num mundo só de
corruptos.
Muito curioso sim senhor.
Na Síria, Assad garante que nada tem a ver com o massacre das crianças, e em
Angola, a Polícia, a PGR, etc, também ninguém sabe quem são as milícias que
massacram angolanos. Se governos e oposição em alguns países limítrofes
utilizaram milícias, será que esses milicianos ficaram desempregados e
conseguiram emprego em Angola? Os bajuladores conseguiram-lhes empregos?
Hum, a CASA parece
ultrapassada, porque atira-nos com conferências de imprensa, e disso já estamos
cansados. É mais um partido do ramo dos clubes desportivos, recreativos e
culturais. Ó Senhor Abel, por favor, envie os seus vices para promoverem
comícios e agitação política nos bairros. Senão assim não se safam. O gabinete
não é para políticos mas para directores administrativos. Política não é nada
disso, é no terreno.
E para as coisas se
coadunarem com a actual conjuntura, a Angola apenas lhe falta para funcionar em
pleno, o Ministério da Corrupção. É que a corrupção necessita de facto de um
ministério que crie leis, que oriente os corruptos, porque andam tão
desorientados, coitados.
E quanta mais miséria,
mais capelas religiosas se constroem para que as populações orem na esperança
de que alguma coisa lhes caia do céu, enquanto o demónio da corrupção festeja
as delícias das riquezas desta terra.
Chico Buarque vem a
propósito, tão actual, quem diria: Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal/ Ainda
vai tornar-se um imenso Portugal!
"Sabe, no fundo eu
sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de
lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas
em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente
chora..."
Como sabem, a última moda
generalizada é o não pagamento dos vencimentos dos trabalhadores por parte das
empresas da institucionalizada corrupção e até, pasme-se, algumas dos
democratas, e novos-democratas. Bom, a coisa funciona assim: se por exemplo os
vencimentos dos trabalhadores correspondem a cinquenta mil dólares mensais, e
durante seis meses não se pagam os vencimentos, isto dá trezentos mil dólares
que o gestor (?) utiliza como financiamento noutras negociatas, e depois com os
lucros daí advindos paga, por exemplo, os vencimentos de dois meses, e o ciclo
repete-se. Ora, isto não é um país, é uma coisa de escravidão neocolonizada,
sem lei, de funestas consequências no futuro a muito curto prazo.
Imagem:
O TEMA É MILÍCIA nanihumor.com
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