quarta-feira, 6 de junho de 2012

AS MILÍCIAS DA BAJULAÇÃO



Para alguns a riqueza absoluta, para milhões a pobreza absoluta.
E os meninos a queimarem-se na fogueira/ mostram como é que se incendeia uma nação.
Mamã, mamã, eu quero bajular, quero esta chupeta para mamar.
Não dá mesmo para entender. Então, obrigar populações à miséria, isso é que é governar?
Os preços do petróleo sobem, e o desenvolvimento económico de Angola também. Sinceramente, isto não será a apologia do analfabetismo económico?
Este mês de Agosto é de intensa actividade. É o mês dos bajuladores, que correndo das suas tocas reaparecerão em público com documentos forjados provar que o Altíssimo é da família de Jesus Cristo, e como divindade obrigatoriamente venerado. Além das milícias nacionais, apresentar-se-ão também milicianos bajuladores estrangeiros que anunciarão a Boa-Nova: o Altíssimo é o construtor, o criador do Universo. E os corruptos rejubilarão porque os seus bolsos encherão. E as crianças treinadas à Kim-Il-Sung um mar de lágrimas chorarão, verterão. E os dos casebres demolidos as suas mãos estenderão. Viva a bajulação da escrava nação. Bajular é inovar.
Entretanto, por tudo quanto é canto, as populações festejam todos os dias a bajulação do PIB/F, Produto Interno da Brutal Fome. Bajular é uma mais-valia, uma certeza a realizar. Os bajuladores são o princípio e o fim de todas as coisas da farsa desta Pátria. A bajulação é a engenharia da corrupção. E quem conhecer um bajulador a ele se atrele, pois no palácio imperial entrará, e luxos maravilhosos verá, e recompensas ganhará. Não sei não, o que seria de Angola sem as milícias da bajulação. Se nas milícias da bajulação queres entrar, com barras de ferro terás de treinar, e manifestantes terás de esmagar. Viver sem bajular não é salutar. Bajular é um acto lícito para a corrupção libertar.
E com a notável obra já nas livrarias, A Arte de Bem Bajular, patrocinada pelo Fundo da Cultura dos Sempre os Mesmos, donde emanam magistrais poetas das palavras sem sabor a nada, até o vento lhes foge, os candidatos a bajuladores têm agora uma ferramenta indispensável no nosso acervo cultural para desenvolver e aprofundar a nobre arte do bajular. É só sucessos sucessivos à vista. Lídimo e de tão vastos conhecimentos, é o autor que estampou trabalho quiçá deveras superior a Luís de Camões (1524-1580), Fernando Pessoa (1888-1935), Clarice Lispector (1920-1977), e a tantos outros poetas medíocres. A arte de bem bajular é pois seguramente um êxito internacional das bibliotecas, porque nacionais não as há, e quando as haverá? Nos seus lugares destinados estão as bibliotecas das torres e condomínios, e os constantes derrames petrolíferos das bibliotecas do petróleo. A bajulação é a involução da corrupção.
E se Luanda pretendes incinerar e intoxicar, um gerador tens que comprar. Investir num gerador é um dever patriótico. Há sociedades modernas que medem o seu desenvolvimento económico e social pela miséria, fome das suas populações. Assim, quanta mais degradação social significa um óptimo desempenho no aprimoramento sustentável, a aclamada mais-valia.
Sou bajulador, é bom, é nacional, eu gosto. E quanto mais no bajular me empenhar, umas corruptas transferências bancárias para os nossos bancos vou ganhar. O petróleo sempre a jorrar e nós a bajular. Bajular é que está a dar. Bajulação e corrupção são uma mais-valia. O futuro da Nação está na corrupção e na bajulação. Sem bajulação não existiria nação. Se você bajular até nunca se fartar, escreva um livro de poesia, e o prémio de literatura vai ganhar. E no navio Angola a Bajular, há sempre lugar. Não temas, que o petróleo ainda não vai acabar, por isso está na hora de bajular. Eis a vida dos bajuladores: nenhum por todos e todos por nenhum. A união da nação depende da bajulação. Sem bajular não há manjar. Se te queres doutorar, é fácil, vai no chefe bajular.
E os pastores das igrejas… são tantas, tantas, que até já ultrapassaram os campos destinados à agricultura. São um perigo para a unidade da Nação que a desagregam, mas ninguém parece preocupar-se com isso, só quando surgir a desordem, então sim, é que serão elas. Entretanto, essas igrejas já mudaram de patrono, já não é Deus não, é outro, o do petróleo. E já lhe erigiram estátuas, quadros e demais imagens. Este deus do petróleo é muito valioso, e por isso é recomendável a sua adoração. E para convencer os crentes não é nada difícil. Até já os pressionam para a edificação de lugares de culto, catedrais em forma de sondas e oleodutos. Este deus é que está a dar. E os pastores empenham-se em que os fiéis mudem de deus, que afinal Deus é petróleo, o futuro, amor, paz, perdão, etc.
Tendo o nosso Pravda e órgãos associados concluído os estudos levados a cabo na nossa praça, através de competente sondagem realizada junto da massa militante, isto é, todo o nosso povo, onde como um só homem e uma só mulher, opinaram que ninguém aprova manifestações contra o nosso iluminado regime dos bajuladores.
Ouvidas as milícias, o Conselho Espontâneo e demais Comités Especializados:
§ São suspensas de imediato todas as manifestações que sejam contrárias ao regime. Mantendo-se as habituais efectuadas pelos competentíssimos órgãos da bajulação.
Publique-se
O Conselho da Revolução
Entretanto, um analista-bajulador dizia na RNA- Rádio Nacional de Angola, que o conflito no Egipto nada tem a ver com o da Tunísia. Neste houve uma genuína revolta popular, e no Egipto não, é uma revolta comandada por partidos políticos, e como tal não terá sucesso.
Entretanto, o navio da corrupção navega no mar da ditadura, de ondulação insegura. Um cortejo de tubarões bajuladores cerca-o, na avidez constante de que algum opositor político ou de simples crítico do navegar do seu rumo incerto, abismal, seja atirado pela borda fora, e claro, devorado.
Saudemos a gloriosa centralidade do Kilamba-Kiaxi, a três gargantas de Angola.
E os bajuladores ao atribuírem um subsídio tão irrisório, um punhado de dólares, trata-se de uma campanha da milícia financeira para extinguir definitivamente a oposição e restar apenas um partido e seus manos na votação eleitoral? Isto não é o esperado golpe mortal definitivo na mediocracia angolana?
La cucaracha, la cucaracha/ já não pode caminhar/ porque ainda não consegui/ um prato para bajular.
Os portugueses são os campeões da bajulação para conseguirem um emprego? A TV-ZIMBO já tem um director estrangeiro, o que é ilegal perante a lei. Estão as portas abertas para entregar tudo a estrangeiros incluindo a presidência da República?
República de Luanda. E que tal o barulho dos motores dos autocarros chineses que parecem caldeiras a vapor prestes a explodirem? Uma mais-valia dos bajuladores?
Eis a divisa dos bajuladores nacionais e estrangeiros: Neocolonialismo é bom, é nacional, eu gosto!
Ah, se os corruptos conseguissem corromper os honestos, que bom seria viver num mundo só de corruptos.
Muito curioso sim senhor. Na Síria, Assad garante que nada tem a ver com o massacre das crianças, e em Angola, a Polícia, a PGR, etc, também ninguém sabe quem são as milícias que massacram angolanos. Se governos e oposição em alguns países limítrofes utilizaram milícias, será que esses milicianos ficaram desempregados e conseguiram emprego em Angola? Os bajuladores conseguiram-lhes empregos?
Hum, a CASA parece ultrapassada, porque atira-nos com conferências de imprensa, e disso já estamos cansados. É mais um partido do ramo dos clubes desportivos, recreativos e culturais. Ó Senhor Abel, por favor, envie os seus vices para promoverem comícios e agitação política nos bairros. Senão assim não se safam. O gabinete não é para políticos mas para directores administrativos. Política não é nada disso, é no terreno.
E para as coisas se coadunarem com a actual conjuntura, a Angola apenas lhe falta para funcionar em pleno, o Ministério da Corrupção. É que a corrupção necessita de facto de um ministério que crie leis, que oriente os corruptos, porque andam tão desorientados, coitados.
E quanta mais miséria, mais capelas religiosas se constroem para que as populações orem na esperança de que alguma coisa lhes caia do céu, enquanto o demónio da corrupção festeja as delícias das riquezas desta terra.
Chico Buarque vem a propósito, tão actual, quem diria: Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal/ Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo (além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar, o meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Como sabem, a última moda generalizada é o não pagamento dos vencimentos dos trabalhadores por parte das empresas da institucionalizada corrupção e até, pasme-se, algumas dos democratas, e novos-democratas. Bom, a coisa funciona assim: se por exemplo os vencimentos dos trabalhadores correspondem a cinquenta mil dólares mensais, e durante seis meses não se pagam os vencimentos, isto dá trezentos mil dólares que o gestor (?) utiliza como financiamento noutras negociatas, e depois com os lucros daí advindos paga, por exemplo, os vencimentos de dois meses, e o ciclo repete-se. Ora, isto não é um país, é uma coisa de escravidão neocolonizada, sem lei, de funestas consequências no futuro a muito curto prazo.
Imagem: O TEMA É MILÍCIA nanihumor.com






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