quarta-feira, 19 de setembro de 2012

AS CINCO MAGNÍFICAS (11) Contém cenas eventualmente chocantes




Voltou muito convencida, ordenou:
- Queres que prepare alguma coisa para comermos? Estou cheia de fome, e tu?
Continuava impassível. Sentia-me muito desconfortado. Ela tenta arrastar-me:
- Vou-me preparar. A nossa cama está bonita, está à nossa espera. Anda, vou-te lavar. Vou foder contigo toda a noite.
Perdi a calma. Senti-me completamente descontrolado. Peguei-lhe num braço, abri a porta e disse-lhe:
- Rua, nunca mais aqui voltes. Nunca mais te quero ver.
- George fica calmo. Amanhã não poderei aqui vir, vou a um óbito.
Depois dela sair, fechei a porta e ouvia-a chorar.
Telefonava-me a todo o momento. Eu dizia que não estava. De noite na minha casa, assistia a um filme muito interessante quando batem à porta com força. Abro e deparo-me com ela. Bato-lhe com a porta na cara. Pouco depois o telefone toca. Atendo, é ela. Desligo. Volta a ligar. Volto a desligar. O telefone continua a tocar. A única alternativa que me restava era desligar o cabo, para passar o resto da noite em paz.
George levanta-se, suspira, pega na toalha e limpa o suor da testa. Parece preocupado. São quase três horas da manhã. Vai para a porta, abre-a, sai, e diz-me:
- Meu amigo, quase que não chove. Apenas uns ligeiros pingos. Vamos para a praia.
Levámos duas lanternas alimentadas a pilhas. Montámos a sombrinha e duas cadeiras leves de alumínio. Não prescindi do cobertor. A brisa era de vez em quando um pouco forte, suficiente para afastar os mosquitos. George montou uma pequena mesa. Abriu um recipiente de plástico e colocou gambas à nossa disposição. Abriu a garrafa de conhaque, encheu o copo até meio e engoliu tudo de uma só vez. Olhou para a água, depois mirou o horizonte, mas como o céu estava enevoado, não deixava ver nada, acrescentou:
- Encontrei-me ocasionalmente com um oficial das comunicações que conhecia a Ana. Disse-me que ela esteve na sua casa, e que depois deu pela falta de vários talheres valiosos. Senti um grande desgosto na minha alma. Tive o cuidado de lhe perguntar qual era o seu valor. Mas ele recusou diplomaticamente. Senti-me muito envergonhado. Decerto este incidente seria comentado entre as chefias. Mas posteriormente não notei nada que me desagradasse. O oficial teve o discernimento necessário para guardar sigilo, e nunca mais abordou o assunto. Aliás ficámos grandes amigos. A sua esposa e filhos eram encantadores. Tinham uma educação esmerada. Ele e ela tinham o sétimo ano do liceu colonial. Recebiam-me muito bem na sua casa. Eram extremamente exigentes na educação dos seus três filhos. Não lhes permitiam o mínimo deslize. Ele gabava-se:
- Filho de oficial superior tem que ser muito bem-educado. George… somos amigos. Essa mulher com quem andas é muito perigosa. Uma prima da minha esposa é sua vizinha, deve estar aí a chegar. Vai-te contar tudo. Enquanto aguardamos vou-te servir um uísque. Preferes com gelo e soda?
- Não, prefiro puro.
Agitou a garrafa com violência. Intrigado perguntei-lhe:
- Porque fazes isso?
- Aprendi com os russos. Dizem que assim a bebida fica mais saborosa.
A prima chegou. Sou apresentado sem muitas cerimónias. Diz-me:
- Sinto imensa pena pelo senhor. Sou vizinha da Ana, e como é amigo da minha prima acho que devo contar-lhe o que sei. Ela estudou pouco em Cuba. Fizeram-lhe operação à vagina para que não pudesse ter filhos. Lá, a sua vida era apenas prostituir-se. Comentou com as suas amigas que já conseguiu dominar o branco. Quando o senhor esteve de férias engatou um italiano idoso, conseguiu ficar na sua casa como esposa. À noite anda com o carro dele no processo. Enche o carro de homens, e factura. Depois torna a enchê-lo, e factura. O parvo do italiano pensa que ela lhe é fiel. Não suspeita de nada. Anda com qualquer homem. Quando ela lhe disse que foi a um óbito, na realidade foi dormir com o italiano. Não tem nenhuma maturidade. Muitos homens gostam dessas que vieram de Cuba. Elas são máquinas de sexo, muito experientes. Fazem tudo. São verdadeiras estações de serviço sexuais. O que pretendia era explorar os dois ao mesmo tempo. Não tem nenhum escrúpulo. Essas mulheres nem se preocupam com a transmissão da Sida.
Retirei a Ana do meu pensamento. Nos meses seguintes, de vez em quando recebia um telefonema dela:
- George, o meu marido está na Itália há três meses. Tenho fome. Estou a passar mal. Deixa-me ir a tua casa por favor. Vem-me apanhar, o meu carro está avariado.
Não lhe prestava qualquer atenção. Mudou de táctica quando me telefonava:
- George, aqui fala do Ministério da Defesa, do Gabinete do Ministro.
Era duma vulgaridade impressionante. O último telefonema que atendi era quase do mesmo teor:
- George, nunca mais te vi. Porque não me telefonas? Olha, agora sou a chefe da informática do Ministério do Interior. Sou a chefe do comando. Está tudo sob as minhas ordens.
Aqui ocorreu-me o seguinte pensamento: Devemos estar sempre preparados para qualquer desilusão.

CAPÍTULO V
NINFÉIA

Num domingo de manhã pelas nove horas, a campainha da porta tocava insistentemente. Suspeitei que fossem as Testemunhas de Jeová, porque costumavam aparecer a essa hora. Antes de abrir pensei no que lhes diria. Simplesmente que estava muito ocupado, e que ficaria para a próxima semana. Era sempre o mesmo diálogo. Abri e vejo um jovem vizinho que me diz:
- Vizinho, vizinho, bateram no teu carro.
Pensei que o domingo estava estragado. Perguntei:
- É algum bêbado?
- Não, é uma senhora.
- Vamos já descer.
O meu carro não estava muito mal. Apenas ligeiramente amachucado no guarda-lamas traseiro esquerdo. A senhora disse:
- Desculpe, assumo a responsabilidade.
- Está bem.
- Fiz mal os cálculos para estacionar e toquei sem querer.
Ela pergunta-me:
- Como se chama?
- George.
- O meu nome é Ninféia.
Ela andava aí pelos trinta anos. Rechonchuda, peituda e nadeguda. Trocámos as nossas moradas e números de telefone. Ela disse para eu levar o carro a uma oficina, e depois dizer-lhe quanto seria a despesa para depois pagar.
Ninféia ligou-me e convidou-me para jantar. Disse-lhe para não se preocupar. Ela insistiu tanto que acabei por aceitar o convite. Quando entrei na sua casa, um pormenor despertou-me a atenção. As paredes do corredor e da sala de jantar estavam revestidas de espelhos. Isto permitia que quem estivesse em qualquer local, seria observado. O jantar estava na mesa, carne grelhada com batatas fritas. Para beber havia cerveja. Não me surpreendeu a exibição das suas mamas volumosas. Um ligeiro tecido fino branco, amarrado evitava que o peito caísse no prato. Ela diz qualquer coisa ao acaso:
- Se não fosse o trânsito horrível não teria batido no seu carro.
- Não se preocupe com isso. Quem anda à chuva molha-se.
Ela olhou-me com malícia. Baixou-se intencionalmente e os mamilos ficaram visíveis. Perguntou-me de modo provocador:
- George, estás a gostar do ambiente?
- Sim. Não sei se o coqueiro suporta os cocos.
- Ai George depende… da ventania.

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