domingo, 13 de outubro de 2013

República das torturas e das milícias.




01 A 04 de Setembro de 2013. Diário da cidade dos leilões de escravos
01 de Setembro
Os que não têm ideias eliminam aqueles que as têm.
Será que alguém pretende embelezar as ruas de Luanda com cadáveres?
Confiar nesta democracia totalitária que nos é imposta é confiar no Diabo.
Os meus sentimentos de pesar vão para a população do Cacuaco, que ao votar massivamente na UNITA sofre, resiste heroicamente às investidas do minoritário, que lhes corta a água e a energia eléctrica, e como se não fosse suficiente ainda lhes envia a barbaridade chinesa que lhes destrói as ruas, para que quando chover – já começou – ninguém se possa deslocar. A ideia é transformar o Cacuaco numa ilha, mais um pantanal. E talvez imitando os israelitas na Faixa de Gaza, o minoritário parte-lhes as casas de chapas de zinco conseguidas com o esforço da venda de qualquer coisa. A população do Cacuaco é uma população corajosa, como os sitiados Cátaros.
Os meus sentimentos de pesar vão para os jornalistas – de qual jornalismo? – dos comprados, vendidos órgãos de informação sob o Politburo, da batuta do minoritário. Os coitados não podem pisar o risco vermelho e preto sob pena de serem bombardeados para a rua. É um jornalismo com jornalistas estatais, ao serviço do Estado e da sua ideologia leninista. Só olham para um lado, pois têm viseiras que lhes permitem isso. Jornalismo controlado por um só partido nunca será jornalismo, porque quem nele trabalha jamais será jornalista, será apenas um propagandista, um presidiário sem ideias, apenas com a ideia do totalitarismo. Não são jornalistas, são sectaristas. E porque não cumpriram as orientações do departamento de propaganda não terão emprego, a não ser o único que lhes resta: o absinto, pois como não têm ideias próprias conseguem sobreviver na selva militante. E entre eles há muitos escritores e poeta apenas conhecidos na cidade dos militantes, porque fora dela não têm nenhum valor, ninguém lhes liga, ninguém os lê. É o nosso lixo interno para consumo palaciano.
Os meus sentimentos de pesar vão para os portugueses que imitam a todo o custo a gesta dos outros heróicos portugueses que desbravaram o mar, e conseguiram Angola encontrar – não, não a descobriram – e que agora os tugas jogam o tudo por tudo para manterem a soberania portuguesa da Angola ultramarina. Estão ultra convencidos de que os tempos não se alteraram. As crianças continuam nas costas das mamãs, a descoberta das paisagens exóticas das chuchas nuas, apetitosas. Da miséria latente a cada sol nascente, tão tropical, tão feliz porque é um povo que se contenta com tão pouco – e nós portugueses estamos aqui para os ajudar, para os espoliar como nunca, pois o tempo de Salazar tinha regras – apenas têm os assaltos como lei de sobrevivência. E cada português que chega – qualquer, não há regras – é a diminuição até à extinção, até ao mais vulgar emprego que nos resta, até que os tugas finalmente tomem conta de todo o mercado de trabalho e então uma nova era de desgraça recomece, porque antes os tugas chicoteavam porque Angola era deles, agora voltaram com o chicote psicológico na Angola que já não é deles, e então esperam-se dias muito trágicos, de contendas sem fim por um povo que luta pela afirmação de independência e liberdade numa Angola que ainda não lhe pertence. Não, o povo angolano não é burro, é demasiado paciente, mas quando ouve o soar das badaladas do relógio da liberdade, ergue-se e liberta-se das cordas que o enforcam. E em coro os gloriosos chineses de duvidosa tecnologia – é só aldrabar, clonar - escravizam crianças porque a contenda assim o aprova.
Os meus sentimentos de pesar vão para toda a população de Angola que não pode construir casa própria porque alguém surge e a parte, a desaba como uma forte tempestade, porque quem pode construir casas em Angola são os estrangeiros, e como ainda os angolanos não beneficiam do estatuto de estrangeiro residente não têm direitos, excepto os dos escravos.
Os meus sentimentos de gratidão vão para o nosso querido presidente, José Eduardo dos Santos, que nos garante esta paz, esta democracia e esta liberdade. Angola atinge um desenvolvimento, uma evolução nunca antes sonhada graças à clarividência de tão insigne filho desta Pátria abençoada. Com o nosso querido presidente, muitas mais vitórias Angola conseguirá. O angolano é por vontade própria um desportista. Façamos do desporto a alma do desenvolvimento. Onde existe um angolano, existe necessariamente um futebolista, um basquetebolista, um andebolista e um hoquista. E isto é garantia de um futuro de felicidade para a nossa juventude. Viva Angola!
Eis um país que só tem balanços positivos porque a miséria é extremamente negativa.
Muito fácil é ganhar o campeonato africano de basquetebol, muito difícil - impossível - é ganhar o campeonato do fingir que temos energia eléctrica, do fingir que temos tudo, mas não temos nada. Aqui estamos sempre em último lugar. Que me interessam essas coisas lúdicas se a miséria e a instabilidade - os assaltos - me invadem, invadem-nos. Esta madrugada, três da manhã acordei, não foi por causa do Afrobasquete, era uma mulher que chorava intensamente, gritava, porque o seu consorte lhe surrava, surrava, e ninguém ligava porque estavam concentrados, condenados no álcool da vitória do basquetebol. E quem continua a ganhar o campeonato nacional e mundial da corrupção? E quem é o detentor nacional e mundial do campeonato da miséria? E do arrasar de casas? E da perseguição - e censura - só porque não se pode criticar os excelentíssimos dinossáurios, as excelências do partido único? Angola não ganhou o campeonato africano de basquetebol, perdeu-o... mais uma vez.
Como é possível o maior partido da oposição não fazer uma manifestação em Luanda? Como é possível manter-se na oposição sem manifestação? Assim, fica o menor partido da oposição. A política e a religião deram a mão. Estão em peregrinação, em comunhão.
Na verdade vos digo, meus manos e manas, que o 27 de Maio ainda não acabou. Basta ver a sujeição do abandono da população do bairro do Cacuaco e de todos os bairros de Angola, e os que morrem à fome no Sul de Angola, e noutros pontos cardeais e colaterais. O contínuo arrasar de casas tendo como compensação um campo de concentração, a perseguição e morte aos opositores políticos.
Eis a imprensa estatal dos jornalistas do partido único. O 27 de Maio ainda não acabou não, porque as forças revolucionárias da liberdade continuam soltas, e fazem julgamentos a qualquer um, ainda fazem julgamentos marciais.
E para quando a auscultação dos problemas dos adultos da governação e da oposição?
Eis-nos de regresso ao danado reino da podridão absoluta. Sempre na mira do mesmo objectivo estratégico, a destruição da energia eléctrica que se apagou às 07.04 e voltou às 08.01, pouco depois às 10.41,adormeceu e despertou às 11.38. Às 11.41 fugiu para regressar às 22.47 horas.
02 de Setembro
Muito cuidado mwangolés!
O Ministério da Saúde de Angola, através da sua Inspecção-geral, divulgou um comunicado lido na Rádio Ecclesia, em que alerta a população para a proibição de bwé de medicamentos falsificados vindos de Portugal.
Em Luanda a guerra química continua na Angola da República dos Geradores. A grande vigarice persiste, tudo na mesma. Esta cidade é uma monstruosidade, só dá para futebol, basquetebol, andebol e hóquei em patins. O resto? Não existe, é o viver como selvagens. E outra vez nos apagaram das 12.59 às 13.40 e das 13.58 às 14.20 horas.
E quando em Luanda um dia tivermos energia eléctrica, então sim, já poderemos pensar em qualquer coisa. Porque dos militantes que vivem da venda de geradores, isso não é futuro, e muito menos qualquer coisa da vida nova. E eles – tão cegos e tão surdos – não pressentem o terramoto político e social que os espera.
03 de Setembro
Ao desligar uma ficha macho – dessas da energia eléctrica – os pinos desfizeram-se. Made in China. E também num computador de secretária a ficha de alimentação de vez em quando desliga-se sozinha. Não há espaço de profundidade para a inserção da ficha, etc, etc.
Que marasmo! Outro apagão às 23.52 horas.
04 de Setembro
O apagão cessou às 00.21 horas. E ninguém que desgoverna a energia eléctrica sofre nenhuma sanção. A anarquia africana está omnipresente?
E para quando uma auscultação à corrupção?
Eu acho que a PGR devia de intervir com uma chamada de atenção ao vandalismo dos comentaristas do Klub-k. Aquilo é só liamba, insultam, agem como vulgares criminosos. Não respeitam nenhuma regra. Há que pôr fim urgente a este vandalismo de pessoas de tão baixos instintos animalescos. Parecem ratos nos esgotos.
Entretanto, os militantes da informação continuam na sua fugaz arte – a nobre arte do boxe – do informar sempre com a verdade. Informar é corromper as mentes. Claro que onde a corrupção comanda, a informação desmanda.

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