Sem lei, não temos onde queixar-nos. É mentira,
não há paz nenhuma. As pessoas continuam a morrer até gaseadas. Dantes era a guerra
contra a Unita, agora é a guerra do petróleo. A guerra continua em grande força
nesta república da morte e da guerra de Angola. O uso dos geradores tem que ser
proibido nos prédios, e obrigatoriamente substituídos por energia solar. Parece
um filme de ficção científica ou de um país em guerra, porque só se ouve o
barulho de geradores. É como se estivesse numa ilha cercado de fumo mortal por
todos os lados. Mas não, como estamos no reino da morte, e quem governa
factura, é gasear, é gasear. Obrigam-nos a respirar o veneno desta cidade
perigosamente envenenada pelo fumo mortal do progresso económico e social dos
geradores. Quantos mais cadáveres, mais desenvolvimento económico. E por isso
mesmo estou rodeado de demónios. O inferno mora aqui. Uma grande desgraça
acontecerá e quem sobreviverá? Estou cercado por monstros que me perseguem para
me devorarem. Isto parece um laboratório onde cientistas loucos fazem experiências
macabras com os nossos corpos. É uma sociedade onde reina a hipocrisia, onde
não há nada que justifique ficar mais de dois dias sem energia eléctrica. Mas
creio que estou errado porque Luanda vive permanentemente assediada por
ciclones, terramotos e tempestades violentas. E assim facilmente se percebe que
apenas teremos energia eléctrica ocasionalmente. Governar é aterrorizar. E
desta histeria hipócrita jamais sairemos. Os portugueses inventaram o colonialismo,
e nós inventámos a hipocrisia. Não podemos viver de falsidades. Não existe
coisa mais horrorosa do que aqueles por quem lutámos e aos quais lhes oferecemos
o poder de bandeja, e depois como recompensa nos tratam como cães vira latas. É
por isso que deixei de confiar nos partidos políticos. E tudo começa e acaba em
tragédia.
25 de Outubro 2014. Desde as 10.15 horas
que o banco millennium Angola, na rua rei Katyavala faz o trabalho que lhe
compete, matar-nos. Este trabalho é obra de portugueses da Teixeira Duarte, e
como ao longo dos anos permanecem insensíveis, - quem mata é insensível - claro
que os povos lhes chamam de brancos racistas. Estamos com as janelas e portas
fechadas pois o fumo do seu gerador da morte é muito intenso. Apesar de uma
vizinha já ontem, - tipo porta-voz – queixar-se que
os olhos lhe ardiam – o primeiro sintoma de envenenamento – e que o seu neto de
cinco anos respirava com dificuldade, - é capaz de já ter lesões pulmonares,
pois este fumo é altamente tóxico – uma funcionária chefe do banco de nome
Teresa, respondeu-lhe hipocritamente que: «Mas eu estava convencida que isso já
estava ultrapassado.» E a vizinha acrescentou que os brancos nos querem matar.
Outra vizinha falando de assaltos comentou: «Os brancos estão a ser muito
assaltados.» E outra vozinha disse: «Não tenho pena nenhuma deles, isso ainda é
pouco, deviam fazer-lhes muito pior, que Deus me perdoe!»
As grandes revoltas
começam com coisas pequenas.
As crianças e bebés precocemente
morrerão vítimas deste hediondo crime na Luanda cidade dos horrores, à qual os
portugueses chamam paraíso. Estão loucos, não têm noção do que dizem. Como pode
um inferno ser um paraíso. Pobres coitados! Já vêm para Angola por mil e quinhentos
dólares mensais aumentando as filas da miséria e da morte, vivendo sempre aterrorizados
pelos assaltos, pelo caos que criam ao tentarem impor outro Portugal, outra
Europa em terras africanas. Ganham o dinheiro que nos pertence dos empregos que
nos espoliam. Sempre com a mania de que em Angola não há ninguém que saiba
trabalhar. Exportar miséria e insucesso empresarial para Angola é a solução
encontrada para quem no seu país não consegue safar-se. Em Portugal não têm
ideias, em Angola tem-las em demasia.
Isto está tão
podre, tanto da oposição como do partido que nos enterra tudo, que não adianta
mais bater nas mesmas teclas. Angola é um estado falhado.
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