quinta-feira, 21 de agosto de 2014

08-14Ago14. República das torturas, das milícias e das demolições





Diário da cidade dos leilões de escravos

08 de Agosto
Ano de 1961 segundo a Lwena: os portugueses desembarcaram de um submarino na Missão da ilha do Cazanga em Luanda. Assim que viram muitos negros e negras jovens apontaram as armas para os fuzilarem porque tudo o que era negro era terrorista, para matar. Mas o padre da Missão também andava armado e vigiava o seu rebanho, e quando viu o pelotão de execução sumária dos portugueses colocou-se à sua frente pronto para morrer na defesa do seu rebanho e disse para os portugueses: «Não os matem, são cristãos, são gente de bem, são paroquianos, são cristãos inofensivos, não façam isso… em nome do Senhor! Primeiro terão que me matar!» E os portugueses foram-se embora tristes porque ali não deu para irradiar a raiva de matar tudo o que fosse negro. E a Lwena acrescentou que se não fosse esse padre hoje não estaria viva, ela e muitos e muitas colegas.
Extrema miséria: os portugueses são categóricos ao afirmarem que em Angola se vive muito bem. Claro, se eu na minha profissão de técnico de contas não consigo arranjar emprego, porque eles até numa tasca fazem contabilidade, e até uma portuguesa se apresentou como contabilista, que podia muito bem trabalhar em Angola porque tinha alguma experiencia na matéria. Angola é uma maravilha para essa matilha, mas para mim – para nós – é a extrema miséria. Espoliar empregos com a cobertura do Governo não é solução para nós, é a extrema miséria que rebentará com as consequências inevitáveis da desgraça que é Angola fabricar pólvora para gratuitamente explodir.
Se Deus aprova o assassinato de milhares, milhões de crianças, é porque elas não acreditam Nele?
Os bancos são a pátria dos alimentadores do terrorismo. A algumas dezenas de anos na minha profissão de Técnico de Contas, quando me davam documentos para movimentar, diminuir o lucro, com falsos pagamentos pensava: oh! Se isto continuar assim o sistema económico vai rebentar porque é impossível viver de papéis que acumulados somarão biliões de dólares e isso é dinheiro que não existe. A seguir outros bancos cairão, porque têm mesmo que cair, porque estamos a ser ludibriados pelo sistema da democracia bancária. A democracia é isto mesmo: é bancária. E como ninguém acredita nela, os bancos caiem como no tiro aos pratos.
09 de Agosto
Se uma pessoa vive uma vida anormal, é evidente que as coisas são anormais.
A riqueza de Angola só serve para transferir dinheiro para o exterior.
No tempo do Salazar não se admitiam falhas na apresentação de contas. Agora, nem contas se apresentam.
De todos os males que enfermam a nossa sociedade, um se destaca pela proporção desastrosa: a legião de abutres que paira sempre ávida pelo arrasar mais casas e casebres, construindo miséria, delinquentes que não nos poupam, que nos matam, para depois erguerem palácios luxuosos para residências de estrangeiros que entram e saiem fortemente escoltados por seguranças com coletes à prova de bala. Sempre movimentados, perseguidos, viverem no permanente terror de serem assaltados, baleados.
10 de Agosto
Se as leis não se cumprem, então para que servem.
Com os horrorosos acontecimentos da morte fácil que circula por muitos países, especialmente o desporto terrível da arte de matar milhares – milhões – de crianças, as Nações Unidas não nos servem mais, são a actual montanha de caveiras humanas da humanidade.
Os políticos e os sacerdotes utilizam a democracia para nos convencerem, perverterem
11 de Agosto
Uma coisa que considero a mais idiota é ver indivíduos disfarçados de civilizados, engravatados e indumentados ostentando a riqueza do petróleo. Claro que não se apercebem da exposição do ridículo. Eles nasceram assim, assim são, e assim continuarão, assim abundarão.  
E a embaixada portuguesa em Luanda parece uma agência bancária do banco BES/BESA.
De um segurança: este mundo está porreiro! Afinal os brancos também fumam liamba. Comentário a propósito de um branco que o segurança viu escondido entre carros num largo escuro a fumar liamba. E garantiu que não é o único. Outro segurança confirma: «É mesmo! Este mundo está perdido! Eu vi uma branca com uma saia muito curta. O vento levantou-lha, mas não tinha biquíni.
12 de Agosto
A principal preocupação diária é garantir o abastecimento de água e o seu transporte braçal para casa e fazer dois pagamentos, um ao Estado e outro aos empregados braçais. Na nossa extrema miséria quem é que aguenta isto?
E um só homem querer comparar-se a Deus com o apoio descarado do clero, da nobreza, dos portugueses, brasileiros e chineses, arrasta os agora reduzidos à condição histórica da tomada do poder pelos escravos. E quem está há muito tempo no poder arrasta infindáveis problemas sem resolução. E quando o gerente do poder eterno cessar a sua actividade, segue-se o caos, porque não se resolveu nada, apenas se multiplicaram catástrofes.
13 de Agosto
O que se passa com o ebola a nível mundial significa que já vivemos num filme de ficção científica.
Hoje o termómetro na varanda subiu até aos 25 graus. O tempo está a mudar, o calor reaparece para vencer o tempo muito húmido, muito palustre.
Na LAC – Luanda Antena Comercial, quase há um ano foi noticiado que um fazendeiro há três meses que aguarda pela autorização de um engenheiro rural do Brasil.
14 de Agosto
“Procuro especialista em contabilidade, com conhecimentos em primavera, com residência em Angola, dupla Nacionalidade ou Nacionais, se conhecer alguém interessado queira me enviar mensagem privada.” Carlos Reis. Portugueses em Angola. Facebook
Está muito difícil falar com os jovens porque não sabem acompanhar – não têm conhecimentos – uma conversa. Não sabem conversar. A propagação do analfabetismo faz com que esta coisa esteja cada vez mais difícil. A bandeira do analfabetismo ergue-se bem alta.
A guerra química iniciou. Ouve-se o barulho das câmaras de gás da morte – os geradores - a energia eléctrica, esotérica, foi-se.
Continuam a enxotar pessoas para lhes apanharem os terrenos e neles construírem a infâmia.
O Durão Barroso que é contra a guerra na Síria disse há uns meses que têm que ser resolvido por meios políticos. Actualmente creio que ninguém sabe o que isso significa. E também já ninguém liga aos políticos que infernizam as nossas vidas. Basta só ver a abstenção nas últimas eleições da UE – União Europeia.
E o Papa Francisco no seu afã de evangelizar os árabes - isso do cristianismo está uma fragilidade confrangedora – diz que não pode haver mais guerra. A Igreja não pode nem deve ter qualquer poder político na terra dos homens, porque a Igreja é do Céu.
Recordo-me do prémio Maboque de jornalismo, para dizer que são sempre os mesmos a ganharem os mesmos prémios. Por exemplo: Nunca, jamais alguém que escreva no FOLHA 8 ganhará qualquer prémio sob a égide do petróleo. Isto prova que não existe jornalismo em Angola.
E os portugueses insistem, defendem os seus amos do petróleo que tudo em Angola está a reluzir, mas para nós tudo está a cair. Entristece-me ver milhares – trezentos mil - de portugueses que para garantirem o seu pão molestam os angolanos e se ajoelham aos seus patrões do petróleo que lhes garantem – mesmo sem gabarito técnico, qualquer merda serve – a saída dos dólares e dos euros para Portugal. Nunca pensei que ganhassem o estatuto da ciganada.

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