quarta-feira, 3 de junho de 2015

TERRA DE CADÁVERES




Deliciam-se os jacarés
Nos rios de cadáveres amontoados
No reino das chacinas
Já não há flores
Na terra dos cadáveres brota o sangue
Do povo exangue
O banco millennium na rua rei Katyavala
Apoia o genocídio dos angolanos
Com o seu gerador da morte
E o seu fumo mortífero
É preciso matar
Sem isso não se pode trabalhar
Destruir para facturar
É a palavra de ordem, matar
E as crianças quem as vai salvar
Da chacina estrangeira a apoiar

O meio mais fácil de enriquecer
É o feiticeiro ir ver
Ministros e outros governantes
Sonham com palácios
E muitas, muitas jovens virgens
Que os salvam da SIDA
O petróleo era a sua riqueza
Secou, agora é a fonte da tristeza
Nos prédios é raro ver uma flor
Quem não ama plantas é um estupor
E assim extinguem o amor

O registo eleitoral faz-se marcial
E as eleições um feito marginal
Sobe o preço do combustível
Sobe, sobe tudo no inconcebível
E as leis não são para cumprir
Rasga-se a Constituição a rir
O poder não quer sair
Mas forçosamente terá que fugir
E quando se viola a Constituição
O povo tem que dizer não!
Na rua vejam a miséria que passa
Do poder que nos trespassa
A propaganda faz da miséria beleza
Neste reino da realeza
Que cairá, isso é uma certeza
Quanta mais repressão
Mais alento há na revolução

Quando o poder se faz
Nos galhos das árvores
O circo da macacada ri
E circula a momice por aí
O rei e a sua corte saúdam
O poder do circo atrai
Multidões de fiéis
Da Igreja do poder
Outro Ruanda se está a ver




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