- Olha, as crianças estão a dormir, vamos aproveitar.
Ajoelha-se, retira
o meu pénis, coloca-o na boca e protesta:
- Porra! Entesa lá essa merda!
Dá-me chupadelas furiosas. Os seus
dentes ferem-me. Sinto uma dor ligeira:
- Cuidado, estás-me a magoar!
- Como é você. Essa merda não entesa porquê?
- Se me estás a magoar como é que queres que fique
teso?
- Está bem, vou ficar quieta. Vá, faz
na boca.
Assim estava bom. O meu leite encheu-lhe
a boca e escorreu pelos
seus lábios.
Encostou-os aos meus e deixou-me saborear tão precioso líquido. Foi buscar uma toalha pequena. Limpou os seus
lábios. Depois
limpou os meus. Arrumou a toalhinha e
disse-me:
- George estou muito chateada contigo.
-
Porquê?
-
Compraste sapatos para
a minha irmã e para
mim não.
As minhas amigas fizeram-me pouco, sabes. Disseram-me que
com um
marido branco,
como é que
tu andas
assim tão
mal vestida,
tão mal
calçada. Faz-me favor
de me dares
dinheiro para comprar roupas e sapatos.
As crianças também
precisam. Assim não
dá George.
O dinheiro que lhe dava era mais do que suficiente para os gastos que
necessitava. Não entendia porque é que ela reclamava. Algo
não corria bem.
As suas intenções
já eram bem evidentes. Pretendia terminar
com a relação,
mas preferi aguardar
mais um
pouco. Ver até onde ela ia chegar. Disse-lhe simplesmente:
-
Vou-me embora. Vou dormir na minha casa.
- Oh, querido estás aborrecido
comigo?
- Não, não. Por favor, não penses numa coisa
dessas. Amanhã vais trabalhar?
-
Vou.
-
Então vou-te apanhar no aeroporto.
De
manhã ao sair
de casa, dirigi-me para
o meu carro.
O aspecto exterior
parecia que há muitos
dias não
era limpo.
Entrei e olhei para o banco
de trás. Em
cima dele e no chão
viam-se restos de milho e de cana-de-açúcar por
todo o lado.
A farinha de bombó
espalhada na cor preta
dos assentos, e no chão,
dava um aspecto
de violência, como
se alguém tivesse acabado
uma luta, e conseguiu sobreviver.
Uma mancha vermelha
chamou-me a atenção. Aproximei-me bem de perto. Era sangue de menstruação. Preferi limpar o carro sozinho, para evitar as perguntas que decerto me
fariam. Esta situação a manter-se não duraria muito
tempo. Era
uma questão de horas
ou talvez
poucos dias.
Estávamos
quase a chegar
ao largo. Gilda
está muito meiga.
Encosta o seu
rosto ao meu.
Parece uma gata. Segreda-me:
-
George… põe o carro no meu nome.
A chuva não era abundante.
Devido a ela
fazia um pouco
de frio. Fui buscar
uma camisola grossa
para me proteger. Bebemos mais
café e conhaque. Perguntei:
-
George, puseste o carro no nome dela?
-
Não. Nunca mais apareci. E nunca mais a vi.
CAPÍTULO IV
ANA
Uma vizinha apresentou-me a Ana. Morava no primeiro andar. Tinha acabado de chegar de Cuba. Esteve lá a tirar um curso de educação física, e outro de alfabetização de adultos. Tinha vinte e sete anos, baixa e forte. Olhos grandes, cabelo postiço com longas tranças. Rosto liso, não era muito bonita. Mas conseguia despertar interesse. Lamentou-se:
-
George, quero trabalhar, arranja-me um emprego.
-
Vou ver o que posso fazer por ti.
De
regresso a casa
encontro-a na escada. Lembra-me:
-
George, já tens alguma coisa
para mim?
-
Não, ainda não consegui nada. Sabes trabalhar com um computador?
-
Sei, tirei um curso.
-
Acompanha-me. Tenho um computador, vou-te fazer um teste.
Liguei
a máquina e dei-lhe uma folha de papel manuscrito para ela trabalhar. Afastei-me, não demorou muito
tempo a chamar-me:
-
George, não consigo
entrar no programa.
Abri
o processador de textos.
Deixei-a, e fui para a cozinha
preparar um petisco. Voltei alguns
minutos depois.
Olhei para o monitor.
As palavras que
escrevia continham erros. Estava com imensas dificuldades:
-
Não sabes escrever português?
-
Sei. Só estou um pouco destreinada.
- Então continua, estou na cozinha.
Acabei
de preparar o meu
serviço. Voltei para
junto dela. Chamei-lhe a atenção:
-
Estás a jogar às cartas?
-
Já tirei o curso há muito tempo. Este computador é muito diferente. Não me
entendo bem com ele.
Era
evidente que
estava a mentir. Nestas condições
era-me difícil arranjar-lhe emprego. Suplicou-me:
-
George, estou com fome.
-
Vem para a cozinha,
faz-me companhia.
Ana
acomodou-se. Servi-lhe meia dúzia de gambas. Ela
regozija-se:
-
Ai! Meu Deus! Nunca mais comi disto.
Estava
mesmo com
fome. Num ápice
o seu prato
ficou vazio. Levantou-se e perguntou:
-
Onde é que tens o balde do lixo?
-
Está na varanda.
Perguntou-me
se podia tirar mais
gambas. Acabou-as. Era visível que
estava satisfeita. Já
ia na quarta cerveja.
De repente dá sonoras gargalhadas, que
acho se ouviram em todo
o prédio. Cala-se e fica muito séria:
-
Dá-me um cigarro.
- Não fumo, mas tenho sempre
um ou
dois maços
guardados.
Levantei-me
e fui buscá-los. Tirou um cigarro, acendeu-o e aspirou profundamente.
Coloca o seu rosto
na mesa e desata a chorar
copiosamente:
- Ana, estás a chorar porquê?
Retirou
a cabeça da mesa.
Endireitou-se e recostou-se na cadeira. Tirou um guardanapo
de papel, limpou as lágrimas
e confessou-me:
- Não sei o que
será de mim. Estou na miséria. Já
estou arrependida de sair de Cuba.
As coisas que
trouxe, as minhas irmãs estão a
roubá-las. Já me
resta pouca
coisa, ou quase nada. Para conseguir trabalho,
temos que foder
com o chefe.
Temos que ser
amantes dele. Durmo numa cama com
duas irmãs. É quase impossível
dormir.
-
Tens pai e mãe?
-
Tenho. A minha mãe
está no Caxito, nasci lá. Tem uma lavra grande. Quando as coisas que semeiam começam a despertar, os filhos roubam-lhe tudo.
O meu pai
é do Uíge. Se houvesse um campeonato de ralis
de mulheres grávidas, o meu pai ficaria
em primeiro lugar. São
tantas, tantas, que ninguém
consegue saber quantos
filhos é que
ele fez. Nem
ele se lembra.
- Mas isso não faz parte
da vossa tradição?
- Isto é tradição?
São mas
é uns grandes atrasados de merda. Estou
à espera que ele me arranje um quarto, numa casa que lhe pertence próximo ao bairro militar. Onde está – salvo erro – a quarta ou a quinta mulher.
- Onde estás neste momento,
também é de uma das suas
mulheres?
-
Sim. Ele conseguiu dominá-la. Ela troca dólares. Já lhe fez quatro filhos. Quando
vem em casa, apanha-a distraída e rouba-lhe o dinheiro, depois sai com uma
mulata que tem carro e casa. Quer impressioná-la dizendo que dinheiro não lhe
falta. A mulata já está grávida.
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