quinta-feira, 2 de agosto de 2012

AS CINCO MAGNÍFICAS (07) Contém cenas eventualmente chocantes


- Olha, as crianças estão a dormir, vamos aproveitar.
Ajoelha-se, retira o meu pénis, coloca-o na boca e protesta:
- Porra! Entesa lá essa merda!
Dá-me chupadelas furiosas. Os seus dentes ferem-me. Sinto uma dor ligeira:
- Cuidado, estás-me a magoar!
- Como é você. Essa merda não entesa porquê?
- Se me estás a magoar como é que queres que fique teso?
- Está bem, vou ficar quieta. Vá, faz na boca.
Assim estava bom. O meu leite encheu-lhe a boca e escorreu pelos seus lábios. Encostou-os aos meus e deixou-me saborear tão precioso líquido. Foi buscar uma toalha pequena. Limpou os seus lábios. Depois limpou os meus. Arrumou a toalhinha e disse-me:
- George estou muito chateada contigo.
- Porquê?
- Compraste sapatos para a minha irmã e para mim não. As minhas amigas fizeram-me pouco, sabes. Disseram-me que com um marido branco, como é que tu andas assim tão mal vestida, tão mal calçada. Faz-me favor de me dares dinheiro para comprar roupas e sapatos. As crianças também precisam. Assim não dá George.
O dinheiro que lhe dava era mais do que suficiente para os gastos que necessitava. Não entendia porque é que ela reclamava. Algo não corria bem. As suas intenções já eram bem evidentes. Pretendia terminar com a relação, mas preferi aguardar mais um pouco. Ver até onde ela ia chegar. Disse-lhe simplesmente:
- Vou-me embora. Vou dormir na minha casa.
- Oh, querido estás aborrecido comigo?
- Não, não. Por favor, não penses numa coisa dessas. Amanhã vais trabalhar?
- Vou.
- Então vou-te apanhar no aeroporto.
De manhã ao sair de casa, dirigi-me para o meu carro. O aspecto exterior parecia que há muitos dias não era limpo. Entrei e olhei para o banco de trás. Em cima dele e no chão viam-se restos de milho e de cana-de-açúcar por todo o lado. A farinha de bombó espalhada na cor preta dos assentos, e no chão, dava um aspecto de violência, como se alguém tivesse acabado uma luta, e conseguiu sobreviver. Uma mancha vermelha chamou-me a atenção. Aproximei-me bem de perto. Era sangue de menstruação. Preferi limpar o carro sozinho, para evitar as perguntas que decerto me fariam. Esta situação a manter-se não duraria muito tempo. Era uma questão de horas ou talvez poucos dias.
Estávamos quase a chegar ao largo. Gilda está muito meiga. Encosta o seu rosto ao meu. Parece uma gata. Segreda-me:
- George… põe o carro no meu nome.
A chuva não era abundante. Devido a ela fazia um pouco de frio. Fui buscar uma camisola grossa para me proteger. Bebemos mais café e conhaque. Perguntei:
- George, puseste o carro no nome dela?
- Não. Nunca mais apareci. E nunca mais a vi.

CAPÍTULO IV
ANA

Uma vizinha apresentou-me a Ana. Morava no primeiro andar. Tinha acabado de chegar de Cuba. Esteve lá a tirar um curso de educação física, e outro de alfabetização de adultos. Tinha vinte e sete anos, baixa e forte. Olhos grandes, cabelo postiço com longas tranças. Rosto liso, não era muito bonita. Mas conseguia despertar interesse. Lamentou-se:
- George, quero trabalhar, arranja-me um emprego.
- Vou ver o que posso fazer por ti.
De regresso a casa encontro-a na escada. Lembra-me:
- George, já tens alguma coisa para mim?
- Não, ainda não consegui nada. Sabes trabalhar com um computador?
- Sei, tirei um curso.
- Acompanha-me. Tenho um computador, vou-te fazer um teste.
Liguei a máquina e dei-lhe uma folha de papel manuscrito para ela trabalhar. Afastei-me, não demorou muito tempo a chamar-me:
- George, não consigo entrar no programa.
Abri o processador de textos. Deixei-a, e fui para a cozinha preparar um petisco. Voltei alguns minutos depois. Olhei para o monitor. As palavras que escrevia continham erros. Estava com imensas dificuldades:
- Não sabes escrever português?
- Sei. Só estou um pouco destreinada.
- Então continua, estou na cozinha.
Acabei de preparar o meu serviço. Voltei para junto dela. Chamei-lhe a atenção:
- Estás a jogar às cartas?
- Já tirei o curso há muito tempo. Este computador é muito diferente. Não me entendo bem com ele.
Era evidente que estava a mentir. Nestas condições era-me difícil arranjar-lhe emprego. Suplicou-me:
- George, estou com fome.
- Vem para a cozinha, faz-me companhia.
Ana acomodou-se. Servi-lhe meia dúzia de gambas. Ela regozija-se:
- Ai! Meu Deus! Nunca mais comi disto.
Estava mesmo com fome. Num ápice o seu prato ficou vazio. Levantou-se e perguntou:
- Onde é que tens o balde do lixo?
- Está na varanda.
Perguntou-me se podia tirar mais gambas. Acabou-as. Era visível que estava satisfeita. Já ia na quarta cerveja. De repente dá sonoras gargalhadas, que acho se ouviram em todo o prédio. Cala-se e fica muito séria:
- Dá-me um cigarro.
- Não fumo, mas tenho sempre um ou dois maços guardados.
Levantei-me e fui buscá-los. Tirou um cigarro, acendeu-o e aspirou profundamente. Coloca o seu rosto na mesa e desata a chorar copiosamente:
- Ana, estás a chorar porquê?
Retirou a cabeça da mesa. Endireitou-se e recostou-se na cadeira. Tirou um guardanapo de papel, limpou as lágrimas e confessou-me:
- Não sei o que será de mim. Estou na miséria. Já estou arrependida de sair de Cuba. As coisas que trouxe, as minhas irmãs estão a roubá-las. Já me resta pouca coisa, ou quase nada. Para conseguir trabalho, temos que foder com o chefe. Temos que ser amantes dele. Durmo numa cama com duas irmãs. É quase impossível dormir.
- Tens pai e mãe?
- Tenho. A minha mãe está no Caxito, nasci lá. Tem uma lavra grande. Quando as coisas que semeiam começam a despertar, os filhos roubam-lhe tudo. O meu pai é do Uíge. Se houvesse um campeonato de ralis de mulheres grávidas, o meu pai ficaria em primeiro lugar. São tantas, tantas, que ninguém consegue saber quantos filhos é que ele fez. Nem ele se lembra.
- Mas isso não faz parte da vossa tradição?
- Isto é tradição? São mas é uns grandes atrasados de merda. Estou à espera que ele me arranje um quarto, numa casa que lhe pertence próximo ao bairro militar. Onde está – salvo erro – a quarta ou a quinta mulher.
- Onde estás neste momento, também é de uma das suas mulheres?
- Sim. Ele conseguiu dominá-la. Ela troca dólares. Já lhe fez quatro filhos. Quando vem em casa, apanha-a distraída e rouba-lhe o dinheiro, depois sai com uma mulata que tem carro e casa. Quer impressioná-la dizendo que dinheiro não lhe falta. A mulata já está grávida.

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