quinta-feira, 23 de agosto de 2012

AS CINCO MAGNÍFICAS (10) Contém cenas eventualmente chocantes



Já era noite, as mesas do cabrité estavam lotadas. Ficámos no balcão a aguardar. O proprietário chamou um empregado que retirou quase à força alguém de uma mesa, e com uma grande cerimónia o dono do estabelecimento afastou pessoalmente os outros clientes, para que eu e a Ana nos sentíssemos à vontade. Limpou cuidadosamente a nossa mesa, mandou vir uma toalha, avisando a empregada que se ela, a toalha, não estivesse devidamente limpa seria despedida. Era visível o pânico no rosto da pobre empregada. Antes de nos sentarmos limpou devidamente as nossas cadeiras. Uma toalha muito clara foi colocada na nossa mesa. Vieram guardanapos de papel. Copos de vidro que pareciam ser de luxo. As garrafas de cerveja antes de serem abertas sofriam uma limpeza algo exagerada. O proprietário passava e repassava o seu pano como se pretendesse retirar algo que nos contaminasse. Finalmente deu instruções para que os clientes fizessem pouco barulho. Confessou-me num mau português mas perfeitamente compreensível:
- É a primeira vez que um branco vem aqui comer cabrité. Assim o meu negócio vai melhorar. Trás todos os brancos teus amigos para aqui. Serão bem tratados.
Gostei do cabrité. Apeteceu-me outra dose. Disse à Ana para seleccionar outra parte do cabrito. Não demorou muito tempo a ser servida. Era a primeira vez que comia cabrité. Aproximei os meus lábios ao ouvido da Ana e segredei-lhe:
- Obrigado, afinal isto é bom.
- Não te disse, confia em mim.
íamos na quinta cerveja. Havia música permanente difundida por uma aparelhagem sonora barata. Uma música de Pépé Kalé escuta-se. Fico com os ouvidos atentos porque a música é uma das minhas preferidas. Ana não suporta, dança na cadeira. Dá-me um beijo demorado. Levanta-se e vai para o pequeno espaço vazio junto ao balcão. Antes disso grita-me:
- Querido vou dançar para ti!
Estava com uma mini-saia preta. Com sapatos de salto não muito altos. Uma leve camisola bastante decotada sem sutiã, mostrava os seios provocantes. Dançava na pista de dança improvisada. Revelava ser exímia dançadora. Levantava os braços bem alto, e a saia subia revelando as suas coxas apetecíveis, que antes por elas tinha-lhes passado um creme que as fazia brilhar sob o efeito da luz. Acredito que a mulher negra é o único ser humano que nasce com a música no corpo. Tudo nela a qualquer momento isso se revela. Qualquer som agradável que surge fica inexplicavelmente possuída por ele. Tudo o que nela existe é transmitido pela dança. Uma dança sensual que enlouquece qualquer um.
Os clientes ficaram entusiasmados. Batiam palmas de acordo com os compassos musicais. Um deles levantou-se e entendeu que seria o companheiro de dança da Ana. Levantava os braços e pretendia acompanhá-la no ritmo. Dançava muito bem. Ficou atrás dela e ostensivamente com as mãos pegou nas suas nádegas, e arrastou-a à força de encontro ao seu sexo. Ana não teve meias medidas. Deu-lhe uma sonora chapada na cara. Burburinho entre a assistência. O proprietário fez um sinal para um dos seus empregados. Vieram dois homens corpulentos. Cada um segurou nos braços do infractor. Fiquei pasmado com o que aconteceu a seguir. Deram-lhe vários socos e pontapés, levantaram-no no ar e deixaram-no cair no contentor do lixo. Na assistência ninguém ousou acudir em seu auxílio. Ana fora de si gritava:
- Seus atrasados. Pensam que uma negra quando está com um branco é puta. Nunca irão à frente. Não podem ver uma negra com um branco. O amor não tem raças. Digo-lhes mais seus atrasados! Prefiro um milhão de vezes um branco, do que um negro. Com eles aprendo muita coisa, com vocês não aprendo nada. O que vocês nos dão é miséria para sempre. E com os brancos não passo fome. Seus atrasados! Seus atrasados!
O proprietário visivelmente apreensivo por perder um bom cliente chamou a Ana para dentro do balcão. Conversou com ela durante uns bons minutos. Ana veio sentar-se ao meu lado e confidenciou-me:
- O senhor disse-me que nos pede muitas desculpas pelo sucedido e oferece-nos uma dose de cabrité e cerveja. Tudo por conta da casa.
Fomos ao Cacuaco comprar bagre fumado, tomate, beringela, quiabos, etc. Acompanhados por uma irmã da Ana regressámos a casa. Esta aproveita, retira metade das coisas. Vai à cozinha e acrescenta mais coisas. Diz que é para levar para casa. Ana preparou tudo. Fez um delicioso funje de bombó. Revelou-se uma boa cozinheira. Perguntei-lhe onde aprendeu:
- Foi o meu pai que me ensinou... ele sabe muito de cozinha.
Ana gostava muito de festas e jantares em restaurantes de luxo. Na maioria das vezes eu não estava de acordo. Os ambientes eram muito barulhentos, prefiro o silêncio. Quase todos os fins-de-semana íamos à praia. Ana insistia no seu pedido:
- Leva-me para Inglaterra. Gosto muito de viajar pelo mundo. Compra-me um carro, compra-me uma casa.
- Aguarda, veremos isso depois.
- Estás sempre a dizer a mesma coisa.
Mostra-me a vagina, e diz:
- Já viste como ela está, não é?
- Já.
- Fiz operação, não faço filhos.
Numa das nossas saídas aponta para uma pensão. Conta-me uma pequena história:
- Olha, já estive nessa pensão com uma amiga. Saímos de carro com dois amigos. Eles pagaram-nos o almoço, o jantar e as bebidas. Depois passámos a noite na pensão. Fizemos amor com eles. Assim pagámos a nossa parte da despesa.
Numa noite Ana vem com a sua irmã e duas amigas. Fico surpreso pela invasão. Instalam-se, depois vão para a cozinha. Começam a beber de tudo o que existe. Cozinham tudo o que encontram. Depois de comermos, a sua irmã começa a despir-me. Todas se despem. Uma após outra chupam-me o pénis. Ana observa enquanto se masturba. Aproxima-se de mim, afasta-as e coloca a sua vagina no meu pénis. Fui agraciado com uma grande orgia. Depois delas saírem disse à Ana que iria para Inglaterra de férias:
- George, por favor leva-me contigo.
- Desta vez não é possível. Fica para a próxima.
Quando regressei trouxe algumas coisas que lhe entreguei. Agradeceu imenso. Disse-me que faria anos no dia seguinte e pediu-me algum dinheiro como forma de contribuição. Daria uma festa na casa onde estivera antes. A farra estava bem animada. Entre os convidados está um comandante da polícia. Ana presta-lhe muita atenção. Surpreende-me quando se abraçam e se beijam amorosamente. Ana despreza-me, abandona-me. Fico mais um bocado a aguardar. Quando passa por mim lança-me olhares de desprezo. Considerei que nada mais me restava senão ir-me embora. Fi-lo sem dar nas vistas.
No dia seguinte, Ana aparece com as suas habituais gargalhadas:
- Abandonastes a festa porquê?
- Achei que a minha presença não era necessária. Aliás estavas bem acompanhada.
- Não sabia que és ciumento. Deve ser por causa do comandante… ele é meu primo.
Dei-lhe o devido desprezo que merecia. Ana sente-se insegura:
- George, meu querido, porque me desprezas?
- Não passas de uma vulgar prostituta.
- Tens provas?
Ela estava a tornar-se demasiado incómoda. Mudou de conversa:
- Estou cheia de sede. Não me ofereces nada para beber?
- Infelizmente não tenho. Da última vez que aqui estiveste com as tuas amigas, deixaram-me seco. Optei pela lei seca.
- Já não gostas de mim, não é?
Estava a começar a ficar descontrolada, devido a que não lhe prestava a mínima atenção. Sentou-se à minha frente, e com um pé acariciou o meu pénis. Tentou convencer-me:
- Vou arranjar a nossa cama.

Imagem: paideguadosertao.blogspot.com

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