A noite agitava-se, cansava-se, estava quente. Ana
pede-me a chave do carro.
Regressa vestida
com um
maiô. Apresenta-me um
calção para vestir:
-
Vai ao carro e veste
este calção para
tomarmos um banho.
No outro lado
das pedras está bom.
A profundidade é suficiente.
Avançámos
até ficarmos cobertos
de água pela
cintura. Ana
abraça-me e beija-me demoradamente. Retirou os seios
e colocou-os à minha disposição.
Um após outro suguei-os demoradamente. Já
estava muito excitada, movia-se pelo meu corpo como uma serpente. Retirou o meu
pénis. Masturbou-o durante momentos que me pareceram infindáveis.
Parou de repente e sentenciou:
- Aqui não, vamos
para casa. Os
polícias têm ordens
para quem encontrarem
a fazer amor
na Ilha para os prenderem.
Já
em casa,
Ana sai da casa
de banho com uma minúscula
toalha que
não chega
para lhe cobrir o corpo.
Parece uma minissaia muito extravagante,
provocante. Enquanto acaba de secar o resto do corpo, os seus braços balançam e os seios
nus agitam-se convidativos,
rejuvenescidos depois de massajados pela água fria. Retirou a toalha,
limpou os sovacos e depois
os seios. A vagina
ficou descoberta. Não
tinha um
único cabelo.
Sussurrou:
-
Vai-te lavar.
Lavei-me
rapidamente. Olhou para o meu
pénis e comentou:
-
És muito cabeludo, vou-te fazer a barba.
Voltou
com uma lâmina
e rapou todos os cabelos
à volta do meu
instrumento do prazer.
Levou-me para a casa
de banho, retirou com
água os restos
dos cabelos, pegou numa toalha e secou-o devidamente.
A seguir iniciou uma série
de beijos, e de vez
em quando
passava a língua pelo
canal urinário. Senti uma leve saída de líquido, que ela depois me mostrou na sua
língua. Já
estava próximo da loucura.
Ela diz-me em
voz alta:
-
Vou-te dar a sobremesa do
nosso jantar! Agora
é que eu
vou apreciar o Farol do Ponto Final da Ilha!
Mergulhou
a sua boca
profundamente, e senti que estava tudo
terminado. Calmamente engoliu tudo o que lhe enviei. Com
a língua absorveu o que
restava. Exclamou:
-
Uau! O jantar foi delicioso, mas gostei mais da sobremesa.
Não
era nenhuma amadora. Pelo
contrário, era
uma mulher muito
experiente na arte do sexo. Vestiu-se e fez-me um
desejo:
-
Porque é que não me compras um carro? Olha, amanhã conto contigo para me
ajudares a carregares umas coisas. Vou para o quarto que o meu pai me arranjou.
Antes
de chegarmos na sua nova
morada, advertiu-me que
não desse confiança
a ninguém, apenas
que dissesse bom
dia, boa tarde
ou boa noite.
Notei de imediato que
o sustento das pessoas
que estavam em
casa, era
tanta gente
que alguns
dormiam nas escadas, limitava-se à venda de cerveja
e de refrigerantes. Ana,
depois de arrumar
as coisas que
trouxemos, ordena-me:
-
Tens que me dar dinheiro para comprar uma garrafa de gás, uma mangueira e um
redutor, uma arca congeladora e um pequeno frigorífico.
Dormi
ao seu lado,
na sua nova
cama. O colchão de molas era muito usado. Acho que
o apanhou numa lixeira qualquer, porque
não se conseguia dormir.
O aço das molas
feria a todo o momento
o meu corpo.
Não conseguia entender
como ela
era capaz
de dormir profundamente.
Como eram cerca
de quinze pessoas que
habitavam a casa, as nossas necessidades, como
urinar ou defecar, tornavam-se um
grande tormento.
Para urinar, a Ana cortava o gargalo
de uma garrafa grande
de água mineral,
e convidava-me a fazer o mesmo.
Para defecar ficava a vigiar, e quando alguém desocupava a casa
de banho, chamava-me rápido, e lá
ia.
Enquanto
satisfazia as minhas necessidades, notei que
o local servia também
de lavandaria. Alguidares de plástico uns em
cima dos outros,
cheios de roupas.
Os locais livres
serviam para pendurar biquínis e sutiãs depois
de lavados. Parecia uma butique de roupa
íntima. De manhã bem
cedo, a Ana
acordava e arrumava o quarto silenciosamente,
evitando que eu
acordasse. Lá fora,
ouviam-se algumas vozes ruidosas. Ela afastava as cortinas
da janela, abria-a e inclinava-se profundamente, mostrando os seios
nus para gáudio dos assistentes,
que comentavam:
-
Agora estás bem. Já arranjaste um branco. Dá-nos dinheiro para bebermos alguma
coisa.
Ana
estava convicta que eu ainda dormia – mas
não – escutei tudo
perfeitamente. Soergui-me e lancei-lhe um olhar reprovador. Ela
reagiu atrapalhada:
-
Já acordaste? Estava a cumprimentar os meus amigos.
- Estranho modo
de cumprimentar com
os seios nus.
Ela
não se mostrou desconcertada,
pelo contrário:
-
Consegui arranjar trabalho
na Educação. Colocaram-me no ensino de adultos.
O vencimento é uma miséria, mas é melhor que nada. Quando
sairmos leva-me até lá.
No fim do dia
fico à tua espera para carregar o resto das coisas.
Entrámos
abraçados. Fomos recebidos por uma das suas inúmeras madrastas.
Esta exclama com uma grande alegria:
- Até que enfim! Chegou o nosso
bosse. Hoje não
vamos passar fome.
Senta-te aí pá.
Dá o dinheiro para comprar pão e frango.
Sem
cerimónias vasculha-me os bolsos. Encontra o que procura. Retira
uma quantia e envia uma das filhas
comprar o que antes
dissera. Quando a filha chega, retira o
frango do embrulho,
junta-lhe o pão e todos
comem avidamente. Parecia que há muitos dias não comiam, porque
devoravam a comida com
extrema rapidez.
Ana cochicha
no meu ouvido:
-
Esta madrasta é assim. Gosta muito de explorar as pessoas. Mandou as filhas
para a prostituição. De manhã, quando elas regressam, tem que apresentar o
dinheiro que ganharam, de contrário não há comida para ninguém.
Entra
o pai da Ana.
Ela apresenta-mo. Depois
de me saudar faz-me um
pedido:
-
É pá. Tenho aí
uma dama que
acabo de conquistar. Empresta-me o teu carro aí por duas horas, para tomar
conta do assunto.
-
Desculpe mas não
é possível. Tenho compromissos
aos quais não
posso faltar. Quando
estiver livre, decerto
satisfarei os seus desejos.
No
fim-de-semana Ana está agitada, quer ir a Porto Quipiri comer
cacussos assados. Recomendo prudência:
-
Tão longe, se temos isso aqui tão ao pé de nós?
-
Sabes, adoro viajar, ir a festas, jantar nos melhores restaurantes. Adoro
perder-me na noite. Não imaginas o quanto é delicioso mergulhar na noite. Mais
uma vez te peço, porque não me levas para Inglaterra? Tira-me desta vida. O meu
sonho é viver na Europa. Ter um marido branco para amar, uma casa bonita com
piscina, e receber os meus amigos e amigas. Será que isso é pedir muito?
-
No fundo, é isso
que todos
desejamos. Mas para
o conseguir é necessário muito trabalho e muito
sacrifício.
Satisfiz-lhe
os seus desejos.
A estrada era
cheia de armadilhas.
Muito estreita
e com falhas
nas bermas muito perigosas. Um descuido e
seria o fim. O pior
era quando
surgia um camião em
alta velocidade.
O espaço era
muito reduzido para
manobras. Se coincidisse com uma falha
da berma o acidente era
inevitável. Voltar
ao escurecer era
pura loucura.
Alguns condutores
que retornavam desse local, vinham com
uma mão no volante e outra na garrafa. A iluminação era inexistente.
Depois
de narrar tudo
isto à Ana ela
entendeu e aceitou. Acabámos os cacussos assados,
perguntou-me se podia comprar o que parecia ser um papagaio.
Concordei mas não
entendi. Acho que a pobre
ave não
sobreviveria muito tempo.
O meu receio
verificou-se poucos dias
depois, a pobre
ave acabou por
sucumbir.
Ela
descobriu na cidade um
local onde
serviam cabrité. Um prato
tradicional gerido por senegaleses. As condições higiénicas deixavam muito
a desejar. O empregado
convidava o cliente a escolher a parte do cabrito
que queria. Era
cortado em pequenas
fatias, assado
e entregue ao cliente
num pedaço de papel, que dava a impressão
eram restos de embalagens
aproveitadas para o efeito.
O jindungo e o sal vinham acondicionados num outro pedaço de papel.
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