terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Cavaleiro Mwangolé e Lady Marli na Demanda do Santo Graal (30)



Não existem batalhas que suplantem a batalha do amor.
E quando na totalidade a miséria prevalece, tudo, o amor incluído, se esquecerá. Enquanto nos pátios das fortunas, a riqueza ilícita dos ilícitos se venera, se engrandece.

Será que existimos realmente? Não seremos o produto de um sonho? Há algo ou alguém que nos controla a mente? Além de perdermos tempo, que mais sabemos fazer? Somos a coisa mais inútil que existe no Universo? Nem sequer sabemos quem somos? Apenas algo que imagina que pensa?

Sonho de uma independência tropical
A independência contempla-me afastada, fugidia, triste, escureceu como breu.
É uma independência ao luar. E tudo ela me levou, me espatifou, me espoliou.
Agora resta-me o direito, o retorno da milenar lei da escravidão. Olho para o luar, a única coisa que me resta destas noites tão frias com a minha filhinha apátrida, e fingimos que estamos no palácio presidencial a assistir na Televisão Privada do Rei os campeonatos de futebóis nacionais e internacionais. E quando alguma estrela se move, rio-me para a minha filhinha que o nosso Pai da Nação nos abandonou, e ensino-lhe que aquela estrela é uma novela que está a passar nos confins do céu. Que deve ser uma princesa errante a brincar com o seu amante. 
E a minha filha alenta-me aquela música que costuma tocar na Rádio da Verdade Jingola: «Levanta-te mamã! Qual é a barreira que te impede de avançar? Levanta-te mamã!»
Mas porque é que esta independência está tão escura, de maldade tão obscena, de tão odiosos e desintegrados túneis.
Esta é a independência para os brancos e para alguns negreiros, para nós apenas alguns trapos e os destroços da opulenta corrupção petrolífera.
Tudo acaba como começou.
Choro neste universo de chão deserto, órfã sem direito à terra que me pertence espoliada pelos bancos brancos do petróleo do negro poder.
Olhai-me nobreza negra sob disfarce branco! Das profundezas dos vossos poços petrolíferos, e do alto dos vossos palácios fendidos, um milhão de casas-casebres destruídas vos contemplam! E nelas erguerão mais fachadas da corrupção chinesa fissuradas.
Sim, insisto! Um milhão de casas-casebres destruir-se-ão, e um comboio subterrâneo de Kabinda ao Kunene descarrilará.
Não, não posso culpar o meu Presidente, porque quando ele milenarmente por aqui passa escoltado pelos seus carros de combate, a poeira agitada é tamanha que ele não vê nada. Sim! O muito pó do betão progressista ofusca-lhe os movimentos, o olhar e a mente. Deve ser por isso que ele não vê, não sente nada. Será que ele tem sentimentos?
Porquê que aqui só há direito a viver em palácios e em apartamentos de um milhão de dólares? E eu não posso viver num casebre de um punhado de dólares?

Acerca-se mais um eleitor muito desiludido, um dos integrantes dos comícios de rua itinerantes e dardeja o que se almeja: «Nós votámos no Lorde porque acreditámos em tudo o que ele nos prometeu. E ele enganou-nos. Nada do que nos prometeu nos dá. Ele que tenha muito cuidado! Afinal é tudo para ele e para a sua família e para os estrangeiros seus amigos. Ele está muito confiado nos militares. Ele que tenha muito cuidado! É melhor que ele comece já a cumprir o que nos prometeu.»

Porque tarda o julgamento de tanto crime, de tantos e tantos criminosos?
De notar o silêncio convincente das Santas Madres Igrejas perante a ditadura do Lorde.
Mas, o silêncio revela que as coisas nas mãos de um partido matador trazem muitos conflitos, mais guerras.
Saí de um país atrasado e quando me dei conta estava noutro muito mais a andar para trás.
Os cães deixaram de ladrar, há muita miséria para lhes dar.
As noites fizeram-se para dormir, para descansar. Quem nelas perde tempo, também lá perde a vida.
Todos bêbados porque se esgotaram os recursos do intelecto.
Quando se perturba o silêncio da noite é porque as mentes estão doentias.
Sem solução é o fim da governação.

Admirável silêncio, o dos portugueses que votaram no partido do petróleo sem futuro. Dantes tão participativos, tão putativos. E que Jingola deves-lhes tanto, dizem.
O sistema político da civilização ocidental não se alterou. Assenta na formação indirecta de terroristas. O relacionamento em nada se alterou com os outros povos ditos atrasados, colonizados. No caso vertente jingolano, os portugueses são os tradicionais fornecedores de revoluções e terrorismos. Os portugueses ao apoiarem governos que deveriam desaparecer, desempoleirar, para explorarem, pilharem as suas populações, incorrem no grave risco da revolta popular generalizada. É que se houve em surdina todas as vozes autóctones neste sentido. Todos à espera do pretexto. Estamos todos no contra dos portugueses e no seu desejo de nos continuarem a humilhar. A continuar, a manter-se nestes moldes, a cooperação portuguesa não nos serve para nada, como muito bem afirmou Graça Machel
Estes portugueses em Jingola portam-se como os cães da pradaria. Mais um exemplo relatado por um amigo. Algures em Luanda, uma empresa de informática de portugueses disponibilizavam serviços de Internet de banda larga. Mas não tinha nenhuma banda. Era uma vigarice. O meu amigo ameaçou-os, desmontou-lhes a vigarice, e os pobres idiotas, mais criminosos, pararam, bazaram. Andam por aí à vontade, na descoberta sem a coberta das naus de mais vigarices. Os crimes impunes incham até explodirem.

Também um país só a viver da anarquia petrolífera não tem futuro. Fica estado-falhado. Agora com tanta gente para sustentar, num governo que mais parece um harém que nunca mais acaba. São tantos governantes, que ninguém os ousa contar, quem lhes vai sustentar?! Com um orçamento no barril a 55 dólares? Vão desviar dinheiro? Passar ao lado do orçamentado? Salve-se quem puder, que a governação submarinou-se. E o barulho das obras de noite, os fumos dos geradores que nos matam, o roubo de terrenos, o camartelar casas, o falso controlo dos preços no dia-a-dia, tudo continuará, prosseguirá?
Isto acabou meus senhores! Veremos o neocolonialismo com toda a sua força, com toda a sua escravidão? Acabaram-se os sonhos, dominam os pesadelos? Será um desastre imobiliário, o subprime Jingola? O petróleo já não dá para pagar dívidas. Falsa riqueza na extrema pobreza. Todo o dinheiro que existia, esbanjaram-no, ultrajaram-no… estamos feitos! Que será de nós!?
Devemos exigir a esses agentes provocadores, contas. Onde o gastaram, delapidaram os dólares dos petrofamintos. Adeus futuro sem Nação?  

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