(Com tanto ultraje à democracia, o nosso futuro é imprevisível. Já
não existe país, está retalhado numa fábrica que produz jovens delinquentes
altamente perigosos. Este cais da democracia está muito inseguro, o navio do
Politburo sente-se impedido de acostar. A âncora está solta e o leme sem comandante. A luta pela democracia
está adiada neste tempo imprevisivel, ávido de violência vampiresca.)
Mesmo sem trovoada oiço muitos trovões.
Esses que saem dos escapes das motos. Esses mesmos, os da civilização Branca.
Quando o fumo sai branco é bom. Quando escuro é mau. É contrário aos desígnios
do deus Branco.
Um deus com cores: Preto, branco, vermelho,
amarelo… um deus para cada cor, para cada povo, para cada raça. Ah, os humanos,
só eles podiam inventar uma coisa assim. Ah, … tão cansada destas coisas estou,
que já não sei o que sou. A relatividade do tempo gerou-me e estacionou-me na
ceifa do divulgado, grandioso desastre ecológico. Por mais que tente desadapto-me
a este dormente terreno.
Quando retornarei à nebulosa cometária? Há
infindáveis anos espero que me venham resgatar. Impossibilito-me neste planeta.
No outro vivia tão feliz… com os meus pais na irmandade familiar. Não sei,
desfaço-me porque sou incapaz de entender. Quero voltar, levem-me!
No mundo dos desumanos vou morrer só,
abandonada, ninguém me ligará. Para quê… não é preciso. Só pensam no dinheiro.
Se isto é viver, que o meu Deus, o meu anjo Verde me ouça, que não me abandone,
que me transporte.
ESTOU A ALERTAR PARA O RUMO QUE NOS QUEREM
LEVAR. Não é o menino, não são as chuvas, vulcões, ciclones, tufões, maremotos,
terramotos – isto sempre aconteceu, e acontecerá – são os malditos políticos
que nos desgovernam, que querem o mundo só deles. RENEGUEMOS MAIS VIVER COM
CONSTRUTORES DE PAREDES.
O esmeraldino das folhas das plantas
desaparece. Sofre, porque as forças de intervenção rápida odeiam o verde. Tudo
o que é cinzento, vermelho da cor do inferno em vida é negociável. Chegaram,
estão entre nós, ninguém parece
aperceber-se. Estamos comandados, escravizados, por seres deste mundo,
terríveis, impiedosos… parece ficção científica mas não é. A raça humana está a
ser exterminada. Despertem gentes antes que seja tarde. Os que nos governam, os
mais poderosos, os donos do nosso mundo, das nossas vidas, do nosso destino,
aterraram na terra, não vieram de outro planeta. Vão acabar com as nossas
vidas. OS SENHORES DO MUNDO SECRETO ESTÃO AQUI PARA SEMPRE.
O namorador adulterou-se com mais uma.
Brilhou o popó, e abrilhantou-a numa serenata passeata. Dançaram, festejaram,
farrearam, reviveram o paganismo. Concordaram-se no término do descaminho
nocturno no rio da kanvuanza (falta de ordem, confusão). Encaminhavam-se bem às
mil e uma apalpadelas. Cupido desarmou-se, esgotou as setas. Estavam já no
momento oportuno das vias de facto sexuais quando ouvem forte restolhar.
Alarmam-se, suspendem a emissão e a recepção. O namoradeiro vasculha a área, e
o que vê deixa-o gélido. Treme-treme como um castelo assombrado. O instinto de
conservação liga a ignição. De pé na tábua faz-se de disco voador, pára e não
repara onde está. Deve ter voado uns cem quilómetros distanciado. Suores frios
inundam-lhe o rosto e as costas. A namoradeira desperta-o com o resto do frio
da noite. Ele justifica-lhe porque retirou tão abruptamente o pénis da sua
quentinha.
- Meu bombom temos que avisar os outros
para não virem aqui… era uma sereia.
Esta civilização está muito
desenvolvida, dizem. Mas não perdemos os hábitos da idade da pedra.
A religião e a ditadura são as algemas
da mente.
Os ditadores não deixam os democratas
descansarem.
Gritos da morte na noite escura. Mais
um esfomeado que disse adeus à ditadura.
Preciso de uma chave para abrir as sete
chaves da fechadura desta ditadura.
Na democracia incipiente até os cães são
hipócritas.
Nas sociedades modernas as prisões
estão sempre com a lotação esgotada.
As esquinas da política enchem-se de
aventureiros.
Vivemos sempre no receio, que a prisão
da noite nos bata à porta.
Estamos sempre a reviver os momentos do
Conde de Monte Cristo.
O melhor partido político é a fome, e
esta é a melhor conselheira.
Os abutres estão no poder, mas o
albatroz vigia-os.
As colunas militares avançam na
madrugada. Vão enviar balas aos esfomeados.
A fome é proporcional aos discursos dos
políticos.
Se mais petróleo houvera, lá chegara.
Sempre mais adiante há um fosso, mais
um poço de petróleo.
Até o surdo ouve o murmurar das
promessas de liberdade.
As estruturas do poder estão
ferrugentas, cairão por falta de manutenção.
A maldade é a bíblia dos ditadores.
Para sentir o vento da liberdade basta
uma janela aberta.
Somos como aves engaioladas na
ditadura.
Até o surdo faminto consegue ouvir o
barulho da fome.
Os incompetentes eternizam-se no poder,
mas não são eternos.
As ondas do mar repousam na areia, os
ditadores dormem nas areias movediças.
A noite termina, a manhã começa, o dia
do poder não acaba.
A luz dos faróis deles cega-nos, roubaram-nos
as lâmpadas da democracia.
As contas bancárias secretas são para
alguns. O banco dos esfomeados tem muitos depósitos a prazo.
Receio que me amarrem o pensamento.
Muitos generais pouca democracia.
As seitas religiosas dão-nos o alimento
caído do céu, as grandes corporações tiram-nos o petróleo.
Camaradas! Do alto deste palácio
milhões de esfomeados nos contemplam.
Sinto-me na prisão como o Conde de
Monte Cristo, de lá sairei.
Se uma família tem um país debaixo de
mão e havendo eleições, isso chama-se guerra intestina.
Se a bondade surge das seitas
religiosas, então somos escravos da mentira.
Tudo tem uma saída, basta encontrar, procurar o
Caminho.
Sou apenas um dos biliões, uma vítima da miséria, da
fome, da maldade humana.
As coisas não se vêem, sentem-se.
Olhem para as folhas de uma planta. Tudo acaba e
recomeça numa semente.
A bebida extrema a sabedoria. É por isso que os bêbados se acham
sábios.
E o Governo finalmente decidiu-se: decretou benefícios para os
esfomeados e isenção de impostos: premiou-os com água, electricidade, saúde,
livros, habitação, vestuário, automóvel, cartão de crédito, etc.
Nunca supus, mas vi um país com oposição política silenciosa.
Os animais humanos fugiram do jardim zoológico, é por isso que vivemos
na selva.
Quem governa mal supera o lodaçal.
Os maus filhos são como os maus governos. Quando os esperamos numa
desdita dizem-nos sarcásticos que gastaram o dinheiro em banquetes.
Nunca acreditar em mestiços, negros e brancos. Defendem os mesmos
princípios, mas diferem nos fins: aviltam o erário público e estatal. De noite
todos os gatos são pardos.
São medievos os sons actuais nas noites
destes sonhos eleitorais.
Nas batalhas da vida de todos os
tempos, o amor é sem dúvida a mais terrível.
A demagogia é a arma atómica da
política.
Há povos que nasceram para construir,
outros nasceram para destruir.
As nossas bibliotecas são alcoólicas.
Estão apetrechadas com os piores mestres da vinicultura mundial
O ódio, a corrupção, o racismo, o
alcoolismo são maus conselheiros.
A corrupção é a lei. As leis protegem
os legisladores.
O tempo muda, os tempos mudam, este
poder não.
As nossas ruas são imensos navios
negreiros encalhados.
Os reis absolutos perseveram, não
acabam. É a inflação reinante.
As injustiças e a fome alimentam
revoluções. Grandes naus, grandes tormentas.
Governar é comandar. A chefia não se
impõe, nasce naturalmente.
Leio muitos livros para quê?! Os livros
não me dão dinheiro, dão-me perda de tempo?! Mas eu não quero dinheiro! Somente
sabedoria para compreender porque vocês perdem o tempo no dinheiro!
A História da Humanidade? Nasceram,
viveram e morreram na maldade.
E todos ficaram presos da maldade,
porque a bondade terminara. Como um rio na prisão de uma grande represa.
Depois da tempestade vem outra.
Democracia ornamental é: se roubar um
pão recebo a graça da prisão.
Milhares de anos-luz a lutar contra a
fome, e não conseguimos vencê-la. A melhor estabilização económica é matar o
povo à fome… e também o meio mais eficaz para combater a inflação.
Não se perde tempo com leituras. O
tempo é para exagerar, amealhar, e carregar para as neometrópoles.
Quando se revoluciona sem bibliotecas,
as vivas – bibliotecas – são desvalorizadas, despersonalizadas.
O maldoso já foi bondoso. Vinha com
bondade, viu tanta maldade…
A faceta mais subtil do ser humano é a
doentia traição, patologia da razão. Inundada de goleadores, a sua mente não
tem sabor, nem cor.
Preparei-me para a fragilidade do sono
da noite. Deus existe ou subsiste?
O choque do humanismo com a selva
humana é como um mar infestado de tubarões.
Há alguma guerra legal? As guerras são
legais? Invadir um país é legal? Não… é a letargia letal.
Estamos devidamente preparados para
sermos neocolonizados. Servos voltam a servir medievos.
Não havendo ideais humanistas as nações
esmorecem.
A Bíblia, a Revolução Francesa e Marx
alavancaram a História. Biliões de mortos testemunham-nos.
Quando se aprova o orçamento geral dum
reino absoluto, vota-se a continuação da miséria na generalidade.
Imagem: Aléxia Gamito
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