A menina brincava no regato e as flores perseguiam-na. Ela afastava-as
teimosamente e as flores redobravam a perseguição. A menina ria, ria, ria. Ela
olhou e obrigou o regato a mudar de posição. E as flores ficaram tão
embaraçadas, e a menina muito zangada bateu-lhes muito, de beijar. E elas choraram
muito. A menina comovida disse para o regato voltar ao que era antes. E as
flores voltaram à perseguição. E a menina ria, ria, ria.
Um amigo é aquele que estejas onde estiveres, te guarda eternamente no seu
coração. Um amigo é aquele que te protege sempre, com ou sem tempestades. Um
amigo é aquele que mesmo que lhe abandones o teu coração, ele entrega-te sempre
o dele. Um amigo é aquele que mesmo ferido, abandonado, esquecido e desprezado
por ti, guarda sempre o seu eterno amor, na esperança de que um dia regresses,
e o seu coração se transforme num mar de amor, de jasmins, de perfumes, de
fusão de dois numa floresta de recém-nascidos. Um amigo é aquele que te oferece
o Universo, tudo, pois ele acha que só tu o podes valorizar. Um amigo é aquele
que te entrega a sua alma sem nada exigir como retribuição. Finalmente, um
amigo é aquele que olha sempre para ti sem jamais se cansar.
Que banalidade apresentar o amor como uma mercadoria.
O verde da vegetação pairava, fluía no rio, e a corrente do vai e vem do
vento aprazível lançava gotas de sol prateadas sobre a sua superfície. As aves
gratas teclavam no seu chilrear. Tudo agradecia porque parecia, não, tudo é a
nona sinfonia de Beethoven.
Povo possesso pelos óbitos constantes, que são festas do
voto eleitor que legalizou a votação da maioria absoluta para o submergir no
extermínio da velha vida. Está tão idiota, tal e qual os sons desconexos que
afligem o que resta dos seus circuitos neuronais. Resignou-se dependente
tolamente das estações psiquiátricas dos comboios circulantes da loucura
colectiva. Já não é povo, é o elogio da loucura. E tudo lhes serve de incitação
ao alcoolismo, ao qual já é adepto propenso. Esta cidade (?) de Jingola jaz
decretada, agigantada num necrotério de mortes súbitas. E a democracia tão
absurdamente mal decretada por um poder no sonho da ilegitimidade. O povo Jingola
votou nas urnas da morte, funerárias. E por isso os seus óbitos são as suas
constantes farras horrivelmente barulhentas dos seus enterros abundantes. O
povo jingola não nasce, não vive, só falece. Nunca é demais recordar que nas
traseiras dos prédios abundam crimes contra a segurança do Estado Jingola. Nas
infinitas imbecilidades reside o nosso futuro. Nos cofres da opulenta
espoliação governamental acumula-se o desdém dos despojos humanos na selva
petrolífera. Este povo já deixou de o ser. É apenas um campo de prisioneiros
para a reentrada dos democráticos envenenamentos das câmaras de gás.
É um governo muito desportivo, apresentou mais um
torneio: o girabola do sorteio de casas. Já não governa, é um casino das
lotarias nacionais. Que desorientado o pastor deste rebanho está: a fase dos
abismos terminou. Já não existe povo, apenas uma chuva de cadáveres. Viver é
laborar no premente erro de ser humano. Errar é humano?! Não! Porque o homem é
um erro. Logo, tudo o que faz está errado.
As cobras atacaram o hospital de Ondgiva e os doentes fugiram. Caminhamos
bem, debaixo do salmo, da bênção da democracia chinesa. O problema não é
económico, é político. O principal aspecto da invasão estrangeira é o rapto dos
nossos empregos. O poder ufana-se em empregar estrangeiros, e desemprega-nos.
Até as nossas almas venderam ao diabo deles. A nova Constituição veio para
reforçar as banheiras nas cabeças das jingolas. É a Constituição do
embrutecimento. Há governos que são como potentes terramotos, arrasam casas,
casebres, tudo. Lutar contra o colonialismo branco foi relativamente fácil.
Agora, lutar contra o colonialismo negro está difícil. Já não existem mentes
libertadoras, apenas o culto da destruição. Jingola, a maior desilusão de todos
os tempos. É como o amor: é muito bonito nos primeiros dias, depois vira
palhaçada, não é possível conceber o amor numa sociedade de capitalismo
selvagem. O amor é ingénuo, e de certo modo desonesto, porque já não é humano.
Actualmente o amor é uma brincadeira, um passatempo. Transformaram o povo jingola
numa outra gigantesca maré negra.
Dos jovens afogados em uísque bebido com cerveja, e na companhia dos mais
potentes e loucos sons projectados dos carros estacionados, e de portas
esventradas, escancaradas numa ode à idiotice dos analfabetos.
Estamos sem água e sem energia eléctrica, porque os prédios deles destroem,
espoliam-nos o mais elementar, a luz e a água. Porque a lei do ruído demora
muito a sair, está silenciosa. Até os escravos chineses já são senhores em Jingola
e das aldrabices clonadas e comercializadas. Do esvaziar dos cofres nacionais e
transferi-los, investi-los nas contas bancárias estrangeiras. Isto está bom, é
para chinês, que até já constituíram um império natal, um paraíso celestial.
Tantos facínoras organizados e em quadrilhas mandatados. A miséria cresce, e o
desenvolvimento económico também, e o desenvolvimento social está betonizado na
ESCOM, ODEBRECHT, e demasiado achinesado. E de outra vigarice dos setenta por
cento dos trabalhadores jingolas nas obras chinesas, mas o neocolonizado é
zerado.
Jingola no dia da África, e os discursos que ninguém escuta. Exceptuando a
recolha do lixo, a prestação dos outros serviços em Jingola é a fingir, convém
dizer, atestar que funcionam muito mal. Está igual aos que assentam em cima, os
entronizados. Que desolação: o que resta da espécie humana, ou melhor, da
espécie desumana, dos homens das soluções finais. Enquanto o jingola festeja,
não se sabe bem o quê, como se fosse um partido das festas, festejos
naufragados em álcool. Depois lamentam-se que os estrangeiros estão a dominar Jingola,
a escravizar o jingolano. Povo que festeja as noites e os dias é povo sem
futuro. O mwangole suicida-se nas cátedras alcoólicas. Está cursado, varredor
nato colocado nos pódios das olimpíadas do amigo mais sincero, o álcool. Até já
lhes chamam não jingolano, mas homo etilicus.
Se Jingola tivesse um presidente eleito de facto e de jure, decerto não
estaríamos a fingir democracia. Este governo é uma fábrica de assaltantes. E em
algumas zonas de Jingola há recolher obrigatório. Entretanto, a venda de Jingola
aos estrangeiros prossegue. O que é que faremos com uma população feiticeira?!
E o número da besta, está confirmado pelo Senhor, são quatro letras: quem
souber que as desvende. Os portugueses foram os descobridores de Jingola, o
actual poder é o encobridor.
É bom salientar que sem energia eléctrica qualquer projecto em curso é de
fachada, cambalachada. Até quando continuaremos no fingimento de que aconteceu
independência? E nesta república do bananal, já nenhum e nenhuma banana se
aproveitam. Não deixa de ser muito interessante o facto de que a cidade jingola
não foi destruída durante a guerra. Em pouco tempo de país a sua destruição
está por demais evidente.
Todos os acontecimentos criminosos actuais têm que ser julgados e
condenados sob a acusação de neocolonialismo. Dizem que o feiticeiro de Katete
quando morreu, até os animais choraram. Se toda a oposição aceitou os
resultados fraudulentos das últimas eleições legislativas em Jingola, então
também são desonestos porque pactuaram com fraudes. Isto é o que se pode
apelidar de república das bananas na extrema perfeição.
Ser mulher de casa não dá. Amante é que está bom, tem mais regalias. Num
mundo de selvagens, mesmo nós honestos para sobrevivermos temos também que
sermos selvagens. Mas que isso não nos cegue até ao ponto de vermos alguns
valores morais que apesar de tudo ainda resistem a todas as intempéries
humanas. Esses valores permanentes devem-se respeitá-los, senão é o nosso fim e
o de todos os selvagens humanos. Os Lordes estão irremediavelmente ultrapassados,
o lixo da história espera-o. Isto é Jingola onde qualquer é presidente
vitalício, e lá sentado no palácio presidencial ousa jamais dele sair,
justificando que foi eleito pelos nossos antepassados. É este o destino de Jingola
e de quem se elege pelas suas divindades. A democracia moderna parece ser o
auge da mais selvagem destruição capitalista. Lutemos e libertemo-nos desta suprema maldade.
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