Algures no
bairro da Cuca, as desgraçadas petrolíferas com os seus produtos para venda ao
ar livre, que conseguiram no crédito do banco popular das amigas, aguardavam
pacientemente como pescador na paciência que algum peixe se anzole. Mas os
defensores da imposição da Nova Constituição rondam-nas como ratos. E de
surpresa caiem-lhes em cima e espoliam-nas, recebendo o prémio da
independência… ficarem de mãos vazias, arrestadas. E as marginalizadas do petróleo
gritam-lhes nas calmas: «Olhem! Digam lá no vosso chefe que nós não vamos votar
nele!»
Somos uma fábrica de lixo ambulatório.
Onde chegamos, ficamos, poisamos, deixamos tudo lixado. As nossas mentes
fabricam imundícies.
A população com dedicação falsifica
documentos. Cumpre o dever, o endereço do poder executivo, falsário poder.
O falso poder é narcótico, entorpece,
adormece.
Quando os preços do petróleo sobem os
bancos aumentam. Quando os preços baixam demasiado, os bancos também.
Há povos que ascendem à escravidão. Há
povos que sempre dominarão.
Prefiro mil vezes viver humilhada na
pátria dos colonizadores do que morrer à fome no meu reino.
Quando um maldito morre alegram-se os
corações porque a maldade diminuiu. É sol curto, outro nasce, e grandes choros
e tristezas renascem.
A morte prova que não há ninguém
imprescindível.
Quando um reino não tem estradas,
viaja-se pé ante pé.
O vulgar da gente, de quem não sabe
fazer mais nada, especialmente os preguiçosos, inventa, festeja o dolce far
niente.
Zebra, onde vais? Sem pés, sem pernas, sem cascos!
O comportamento infantil e juvenil é o espelho dos
adultos O comportamento zebra espelha os outros animais.
Para sobreviver, o mais fácil é revender.
Com palavras se elege democraticamente o próximo
governante, mas o que trabalha com denodo não é eleito.
Com tanta prostituição e droga, não é possível
avançar, melhorar.
Já não há instantes, tudo é distante.
A arrogância, desumanidade, desrespeito
pela vida humana, e o belicismo dos poderosos, fortalecem o comunismo,
islamismo e o terrorismo.
Um governo tem o direito de se defender
dos ataques internos e externos.
Serão válidas eleições com generais no
poder?!
Nascemos para beber, só o álcool nos
liberta.
Quando um
milionário elogia… elogiou os serviços prestados durante trinta anos de um
subordinado destacado, e depois o despede alegando que era insignificante, esse
homem milionário merece ser ensacado com serpentes e lançado no mar.
As tempestades que
nos devastam são o opróbrio, o merecimento da indignidade humana.
Para destruir uma
cidade, não é necessária uma guerra.
Não sei de que lado
a bondade está. Ela e a maldade deram-se as mãos.
Quem vive feliz, é
porque fez alguém ficar infeliz.
O amor... são muitos sentimentos, qual deles devemos
seguir? Normalmente mergulhamos no sentimento da carne, mais tarde
amaldiçoamo-nos pela escolha. Terminamos na eterna dúvida, não sabemos o que é
amar, não sabemos o que é o amor. Nos ritos do casamento, o sacerdote costuma
prevenir: «Neste dia unem a plenitude dos tempos eternos. Mostrem-se tolerantes
quando se provocarem. Mantenham-se firmes no amor, nos muitos momentos
difíceis, e momentâneos felizes».
É como a amizade. Tive muitas mas nunca consegui
descobrir quem era de facto amiga. Também tive muitas amigas, também fiquei sem
saber qual delas me era fiel. E assim continuamos nesta angústia do augusto
eterno. E tudo se acaba, se recompõe, tudo volta ao que já era.
Bendigo a Deus esses instantes que me lembram, que
sempre me acompanharam, mas que só agora notei.
Iam com os embondos da adversidade nas cabeças. Aos
quitundulos apressavam-se. Não havia tempo a perder. O destino das balas é
muito rápido, macabro. A morte é muito paciente, sabe esperar. Não se preocupa
muito, porque sabe que todos a procuram. Tem sempre um lugar vago na
eternidade.
Retornaremos às matas, cumpriremos o nosso destino, a
nossa odisseia. Defraudaram-nos os quitutes. Vamos para Kalunga, regressamos às
nossas raízes, ao reencontro do tempo dos Aymaras, no templo do lago Titicaca.
Antes da chegada dos colonizadores, os Aymara viviam
felizes no lago Titicaca.
Depois confinaram-nos, acamparam-nos, concentraram-nos
em campos murados. Ainda existem muitos muros, agora nas ditaduras democráticas
de contenção. E prometem que sempre existirão. Assim o garante o comunismo
chinês que se prepara subtilmente para conquistar, impor ao mundo um sistema
político e económico ultrapassado. Mais muros da fome, do arame farpado,
electrificado dos monumentos do sofrimento da civilização: Auschwitz-Tsirkenau,
Neuengamme, Bergen-Belsen, Mittelbaudora, Buchenwald, Flossenberg, Natzweiler,
Ravensbruk, Sachsenhausen, Terezin, Dachau, Mauthausen, Stutthof, Chelmno,
Gross-Rosen, Treblinka, Sobibor, Lublin-Maidanek, Belzec, Plaszow. Os campos de
Valeriano Weyler, Nisei, Estaline, do marechal de campo britânico, Roberts, e
do seu sucessor Kitchener.
Se tenho fome e não tenho nada para comer, que mal
fiz? Porque não me dão comida? Vivo entre pessoas ou com seres irracionais?
Espero que Zeus acabe brevemente com isto. Uns – a minoria – merecem viver. A
maioria é para Jingola ver. Mas, quem merece viver?
Coloquem lá as nossas fotografias nos vossos murais da
fome para que se lembrem de nós. De mais vítimas que tentaram atravessar os
muros desumanizados da vergonhosa fome e não conseguiram. Agora impuseram-nos
os campos modernos da concentração da fome global, globalizada.
O dia aparece, clareia, mais um, outro tempo sem
esperança. Mais um dia de fome. Que comeremos hoje? Não sei! Não sabemos,
ninguém sabe, ninguém quer saber. É assim a nossa vida. É este o legado da
civilização do homem branco. Fome! Sempre fome! A civilização da fome. Não
fazemos parte da História, perderam-nos nela.
Quando a fome aperta, os lobos descem das montanhas.
Os humanos afirmam categoricamente que são animais muito perigosos, que devem
ser abatidos. Mobilizam-se esforços, as feras estão esfaimadas, defendem-se
para sobreviverem, os humanos também. Estes humanos destruíram o local onde os
lobos viviam e comiam. Que diferença há entre os lobos e os humanos? Só uma: os
lobos viviam pacificamente antes de os humanos chegarem. Haverá fera mais
perigosa que o ser humano? Não, não há!
Qual é a espécie que merece
ser extinta? «Os bípedes!». Quais?!
Aqueles que juram quando o anel lhes é colocado no
dedo que:
E depois do casamento, das promessas de amor para toda
a vida à sua amada, vão exercitar as suas armas nos pobres e indefesos animais
para provarem a sua virilidade. Para oferecerem os troféus de caça da inglória
infelicidade. Nesse dia pompas e arraiais são lançados. Mais um nobre cavaleiro
foi edificado. Os Cavaleiros do Templo rejubilam. Mais uma estátua será
erigida. O melhor, o que mais matou, o que mais fome e sofrimento provocou…
recebe como prémio uma estátua e uma fundação. Durante mil anos ou mais, os seus
seguidores proclamarão que ele inventou o amor. Sangue será derramado, mil
vezes incontido. Todos levantarão as suas espadas ao ar e perante juramento
dirão: este veio dos céus, e para sempre será abençoado.
Das pedras que restam da Terra surgirá uma espada
gigantesca, tão enorme como o Universo, todos a verão. E dirão: que grande raio
laser conseguiram para nos distrair. E de repente, depois da grande espada que
subiu no Universo, ela desce sobre a Terra e espeta-se no grande Oceano. A
Terra fende-se, abre-se em duas e o fim começa. Tudo o que é humano é
arrastado, biliões de corpos são engolidos para o abismo. O fim da espécie
humana, fim da Criação.
Surgem trovões no céu. Cantam-se salmos. Naves
espaciais, os tais discos voadores, sobrevoam o que resta da Terra. Os que
foram sempre chamados de Deuses, finalmente cumprem as profecias. Desceram, e
aqui estão, aqui chegaram. Apresentam-se de vestes invisíveis, aquilo a que os
mortais imploram, vestidos como a neve. Há muito que estavam entre nós, mas
cegos como somos, nunca o notámos. Para quê? Pois se apenas nos contentávamos
em amaldiçoar, fazer mal! E eles estavam lá… sempre disfarçados na neve.
E nós, na eterna superioridade da raça eleita…
recebemos a ordem divina, de exterminar tudo o que estiver ao nosso alcance. E
se mais não exterminámos, foi porque não conseguimos, porque já estávamos
fartos. Mas havia sempre alguém que não se cansava… esses incansáveis que
recebiam as últimas instruções. Umas parcas ou perdulárias moedas eram
suficientes, e lá ia o pouco que restava da biologia.
Algumas espécies teimavam em resistir à extinção, como
aqueles pobres loucos que ainda teimavam em acreditar no amor. Teimavam na
chamada de atenção, imolando-se como Romeu e Julieta. De nada lhes servia,
porque era mais um episódio da tragicomédia humana. Os humanos cansaram-se do
amor.
A não ser que se ganhasse com isso… que desse para
ganhar dinheiro com alguma reportagem de TV em directo. O negócio era
mais importante. Daqui os humanos cavaram uma célebre máxima: primeiro o
negócio, depois o amor. Vestiram-se, e depois despiram-se quando inventaram a
lingerie. Provaram que sem isto não é possível fazer amor. Os fetiches são
necessários, para despertar o instinto animal. Nas selvas dos castelos das
muralhas humanas, um animal espreita-nos em cada ameia. Dia e noite as setas
são lançadas ao acaso. Os opressores resguardam-se, os malfeitores vivem na sua
sombra, os esfomeados vivem das setadas. Mas ai dos que escaparem das setadas,
porque as infalíveis flechas de Ulisses estão sempre à espera.
A civilização branca entrou bem nas outras civilizações alegando que eram
inferiores, selvagens, que ritualizavam sacrifícios humanos. Com estas
justificações invadiram-nos e submeteram-nos à escravidão. Perguntavam-lhes
sempre: onde está o ouro, onde estão os diamantes, onde estão as esmeraldas? Os
povos não davam valor a essas coisas. Preocupavam-se em amar os deuses da sua
natureza e da Natureza.
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