segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os Jasmis da Lwena (14) Aiué!!! o nosso vulcão Angola que vai entrar em actividade.



Aumento dos combustíveis em 8%, salários da função pública também aumentam 5%, e corte da subvenção aos combustíveis. Extinção em simultâneo do mercado Roque Santeiro que movimenta todo o mercado informal e que gera empregos a milhares ou milhões (?) de pessoas.
O cemitério do quilómetro 14 em direcção ao Cacuaco, arredores de Luanda, estão a retirar-lhes as ossadas para prosseguirem a escalada da especulação imobiliária.
Entretanto, o Grande Líder das Massas passeou calmamente por algumas ruas de Luanda, escudado nos seus centuriões impressionantemente bélicos, – está em terra de bárbaros – agora nas veste de agente imobiliário – seleccionando e orientando quais das dez mil residências para alargamento (?) das vias rodoviárias receberão o prémio da confiscação para demolição sem mais, que somadas ao anterior milhão dão mais uma caterva de um milhão e dez mil problemas sem solução. Claro que isto não é prioritário, provavelmente é mais uma imposição dos agora amigos chineses de longa data. Como prioridades, não são o abastecimento de água e a energia eléctrica que estão num plano secundário desde a independência. Angola é muito grande, mas os cérebros que a governam desenham-na muito pequena, na mesquinhez.
E nas Lundas, revelando peculiar mestria política, o garante da governação diamantífera decretou a probidade da utilização de bandeiras dos partidos políticos.
Nesta banda tudo o que é anormal, decreta-se normal. Que o PIB cresce, o desenvolvimento económico prospera. Bom, só pode ser um novo sistema económico que inventaram e que permanece desconhecido. Provavelmente o Economic Jungle. Este petróleo é da cor dos espoliados.


O que aconteceria se desvendássemos, falássemos, abríssemos a nossa alma? Fazer o invisível, visível? Há muito receio supersticioso. As pessoas vivem noutro mundo possuídas pelos cultos religiosos.
A História recheia-se de guerras santas, de extermínios, de cultos de libertação. Todas, asseguram-nos, são libertadoras. Então porque continuamos oprimidos? Porque não são guerras de libertação, são guerras de continuação da opressão.
Durante muitos anos da minha vida ensinaram-me que os outros povos eram atrasados, incivilizados. Necessitavam do alimento feérico da fé cristã, da condução paradisíaca. Libertar-se-iam dos seus deuses, desconheceriam a maldade, sombras, trevas do paganismo demoníaco. Em consonância os políticos arremetem-nos vida melhor, e a religião promete-nos viver no paraíso eterno. Mas quando um governo se irresponsabiliza perante os cidadãos no abastecimento mínimo de água, luz, comida, chapas de zinco para refazer casebres e alguma roupa, isto é escravidão. Comparando os tempos, os modernos ultrapassaram os antigos. Nunca aconteceu na História tanta escravidão, submissão, espoliação como actualmente.
Os Jingola autóctones colonizados libertaram-se. Os seus libertadores sangraram o fim colonial e esclavagista. Em seguida como navios escuteiros desbordaram a humanização da História. Submetidos às leis modernas da nova escravatura, às leis da imutável fome, às leis das epidemias que a acompanham. É o destino dos povos, a frustração da História. Isolados como ilha perdida algures em qualquer oceano, à espera da morte salgada. Regimes de excepção suspensos em actos anticonstitucionais, empresariais, actos gratuitos. Não há mandados de citação, há mandatos penais. O poder empresarial é oculto, temeroso. Governante que não caminha pelo meio do seu povo, é impopular, receoso.
A tuberculose galopante inscreveu-se no quadro das epidemias. No hospital os lugares disponíveis são insuficientes. Apesar de alguns novos focos, a cólera, dizia-se, já não assustava. A equipa médica afirmou que seria extinta nos próximos cinco anos.
Este é mundo de dinossauros, seres de pedra com mentes de fontes incoerentes que inutilizam a validade da luz natural, cerebral. Ocos de linha dura, anzolam-nos na sua demência. Prescrevem-se choques nos tecidos tenebrosos mas, os encéfalos teimam que dependemos da inutilidade deles… perfeccionistas da lei de Murphy. Carentes, crentes no poder vitalício permanecem esqueléticos até à morte, a desordenar. Desusam o sentimento de culpa, não antecipam formação de jovens substitutos. Enfadam-se na demagógica criação de empregos, nas oportunidades à massa cinzenta rejuvenescida. As pontes desabam, a do poder não.
O homem mais poderoso e o homem mais fraco não têm a mesma importância. O homem mais fraco é mais importante, porque a qualquer momento derruba o homem mais poderoso
O meu melhor amigo é o silêncio do odor da santidade florestal embalsamado, dos lamentos confessados, convictos. Os meus inimigos são os quatro cavaleiros do apocalipse: o especulador imobiliário, o advogado, o especulador financeiro e o agente funerário. Mas, o meu maior receio é ser queimada por heresia.
Acreditamos, defendemos resoluções, revoluções, e depois deixamo-nos arrastar na correnteza da odienta pobreza
Educaram-me, ensinaram-me, reeducaram-me que a civilização Ocidental é superior. Mais tarde descobri com sorrisos solitários, o quanto estava lesada. Não produzi estátuas ou outras obras de arte porque a minha beleza, o purismo das minhas formas, são renascimentos para os artistas amantes dos superiores primitivismos. A minha civilização é inferior na tecnologia, mas é superior na minha outra impressão de sol nascente.
Ajustei o campo binocular. Um jornalista de fraqueza física, mas de espírito forte, tentava amainar um antagonista latagão. Discutiam-se e improperavam-se. O jornalista ao correr da pena ecoava que apenas dera um leve toque na traseira da viatura do latagão. Estavam a ficar intransitáveis, porque o latagão não aquiescia. Ao contrário, publicitava que era formado em pugilismo pelos ringues mais violentos que ainda subsistem. Sem pena, remexeu os toros musculados e desembainhou os punhos de aço natural. A bater o aço no intelecto do jornalista, que apenas conhecia defender-se com caneta e papel ou computador portátil. As palavras desvaneciam-se na mente redactorial. Perdeu o sentido da vida. O latagão como animal enjaulado não despegava a vítima, incansável como máquina metálica programada para matar. Braçais possantes conseguiram imobilizá-lo quando desligaram o disjuntor principal que alimentava a sua máquina desumana. Sentiu-se plenamente realizado porque odiava jornalistas. Assassinou um jornalista por cinquenta dólares, que era o preço da batidela. Triunfante, basculante, inocentou-se que apenas usou as mãos.
Os Jingola finalizaram a inaptidão da religião da vida interior. Deus expandiu o céu e a terra, depois contratou o Demónio para criar o Homem. Os animais selvagens vivem nas cidades, os animais civilizados nas selvas. Aperfeiçoam utensílios, inventam, renovam descobertas. Surgem novas doenças, novas epidemias. Rematam-se cada vez mais, com novas armas.
Alarmada, certifico que não evoluímos: fabricamos os filhos conforme preceituado na antropologia física. Não alterámos: beijamo-nos e acariciamo-nos antropologicamente. Não há nada de novo no ovo cósmico.
Desbravadores do roubo e da morte, início e fim do idealismo subjectivo. Então, que utilidade tem o ser humano? Nascer, destruir, matar. Um louco manso apelidou-o Homo sapiens. O nome correcto é: Homo Credo quia absurdum, (Homem creio por ser absurdo). Deus é a imaginação do Homem. Só existe quando necessário, aparece e desaparece. Sempre fomos e seremos pagãos. Falta-nos coragem para o confessar.
Quando a informação escasseia com intenção, os oratórios ambulantes costumam ser especulativos e evoluem para observatórios de rua. Um acontecimento de vulto é relatado, com o tempo torna-se lendário, um mito. Os Jingola instituíram observatórios de rua, nas ruas clandestinas. Popularmente, naturalmente, chamaram-lhes observatórios boca a boca. Num destes boca a boca, o orador especulava que um simples plano sem director seria suficiente para Jingola estacionar, ficar bem estacionada. Era somatório dos proeminentes que estudavam a degradada jurisdição. De improvisado púlpito e de jurisdição contenciosa esgrima-se:
- É o relativismo moral. Os Europeus refizeram-se, refrescaram-se, depois da secundária guerra universal. Porquê!? Porque é constante a corruptela das sociedades sem um plano económico. Depois da economia de guerra, de palitos, dirigida, fechada, informal, invisível, mista, popular, velha, uf!... E de mercado… o que necessitamos é estourar um grande Plano Marcial.
Os ouvintes, desempregados sistemáticos desentendiam-no perfeitamente. Eram natas, a fina-flor do ensino superior.
- Oh! Há quase cinquenta anos que estamos com esse plano de emergência.
- Carecemos da informação, da refracção da perda de intensidade da luz do backbone.
- Impaciento-me com semelhanças, inverosimilhanças.
- O plano quinquenal?!
- Sim! Esse mesmo, o das quintas.
- Não! O trienal.
- A caubóiada do ir por um plano inclinado.
Um participativo escuda-se no prudente silêncio. Receia falar porque lhe podem atirar o primeiro pedregulho da incompetência, ou uma bala perdida. Os convivas atiçam-no, então descongestiona a perda de coragem da garganta, refina o espírito, evidencia-se e reprova a turma do deixa-disso:
- Os Jingola querem rever os estatutos da fome. Os políticos falam bwé, muitos comícios, muitos debates, chuvas de palavras, seca alimentar. Fome canina de vento desabrigado. A fome supera os caudais oceânicos. Os lucros dos bancos sobem, a fome também. Palavras… dar o dito pelo não dito e os reditos maldosos aterram-se, vítimas da sua maldade. Políticos que sorteiam justificação, todos são deuses, daqueles inacessíveis.
O contumaz orador sentiu a boca colar-se. Era um esforço desabituado, contaminado pelo pó dos casebres sistematicamente demolidos, tempestivo que inundava a cavidade bucal. Solicitou água mineral, só havia desmineralizada devido às constantes fervuras. A garganta arranhava-se, entupia-se, congestionava-se. Na aflição qualquer água serve. Fez um sorvedouro, uma goleada de goles. Com a garganta reparada desfilou a temática. 

Sem comentários:

Enviar um comentário